O poder do faraó no Egito Antigo

O governo da civilização egípcia estava centralizado no monarca, também denominado por faraó, o qual era também chefe religioso supremo. O Estado controlava todas as atividades económicas. Os reis declaravam a sua condição divina e os súbditos aceitavam. O faraó era o símbolo do poder divino, venerado como um Deus, considerando-se possuir uma dupla natureza, humana e divina. O carácter sagrado do faraó era recebido na festa da entronização, que era realizada ao ar livre e com todos os representantes das nomos (unidades administrativas, sepat, em egípcio antigo) do país. Em vida, o Faraó exercia o poder de Sumo-Sacerdote. Aos faraós eram atribuídos vários títulos: Hórus, rei do Alto e do Baixo Egito, filho de Ré, entre outros. O governo dos faraós era hereditário. Todo o poder era organizado a partir do palácio. O palácio era a sede do governo. O poder do faraó era absoluto, interferindo na administração judicial, religiosa, militar, económica, em todos os níveis da vida egípcia.
A sociedade egípcia foi evoluindo desde o período do paleolítico. A sociedade egípcia dividia-se em vários estratos sociais. O faraó era a autoridade máxima, considerado como um deus que habitava na terra. Os sacerdotes, os militares e os escribas ganharam, lentamente, importância nesta sociedade. Os artesãos, camponeses e os pequenos comerciantes sustentavam a sociedade egípcia através do seu trabalho e dos impostos que pagavam. A sociedade egípcia era ainda composta pelos escravos (se bem que estes não possam ser considerados escravos como na Grécia e na Roma Antiga, já que no Egito eram homens livres), os quais eram, normalmente, capturados nas guerras.
A partir da Terceira Dinastia (meados do III milénio a. C.), o Egito passou por um novo ritmo de crescimento, o qual respondeu às necessidades de desenvolvimento do próprio Estado. Foi com a Quarta Dinastia que o desenvolvimento atingiu níveis elevados, assistindo-se neste período a um notável progresso político, económico, social, cultural e administrativo. O faraó continuou sempre a ser a figura que governava o país. Todos os poderes, humanos e divinos, estavam pois centrados na sua pessoa, agindo muitas vezes como se fosse um deus. A figura da rainha tendia muitas vezes a ser esquecida, embora não se deva, por isso, ignorar a sua importância política e até no seio da administração. Por regra, a mulher do faraó provinha de linhagem real, podendo ser filha de um soberano já falecido, uma irmã do reinante ou até filha de outra mãe. O papel da rainha adquiriu maior importância a partir do Império Novo (1550-1075 a. C., XVIII-XX dinastias).
Todavia, a partir da IV dinastia, o cargo de Vizir (Tyaty em egípcio antigo) adquiriu também uma crescente notoriedade, assumindo-se como um autêntico "primeiro-ministro" todo-poderoso. A sua função era essencialmente de administração financeira, de coordenar a recolha dos impostos, que não eram em moeda, pois esta não existia no Egito Antigo). Os impostos eram pagos de acordo com as produções e rendas, ou então em trabalho, de acordo com o produto obtido no exercício da atividade profissional. As cobranças eram depois mantidas em armazéns, tutelados pelos subordinados do Vizir. O Estado requisitava também, todos os anos e durante um determinado período (normalmente durante a grande cheia do Nilo, entre junho e setembro), que os cidadãos cumprissem umas semanas de trabalho público nas grandes obras do Estado, dos faraós (túmulos, templos, palácios, etc., como ocorreu nas pirâmides, por exemplo), na limpeza de canais e vias, entre outras. As atividades eram reguladas e dirigidas pela administração central em nome do faraó. Os mais ricos e poderosos contratavam trabalhadores para os substituírem no exercício destas tarefas obrigatórias.
A partir do Império Novo, o exército passou a ocupar também um lugar mais importante na sociedade egípcia, como um forte auxiliar da administração.
O Antigo Egito dividia-se em vários nomos (circunscrições independentes), 42, 20 no Baixo Egito e 22 no Alto, sendo cada um governado por um nomarca, com relativa autonomia, como já o era na época pré-dinástica (antes de 3100-3000 a. C.). O nomarca era uma espécie de governador provincial, com autoridade regional.
A sociedade egípcia era uma sociedade de agricultores, a massa camponesa (felahs) era quem trabalhava manualmente as terras, as quais pertenciam maioritariamente aos reis, a templos ou a particulares importantes. Os escribas, os funcionários menores, os artesãos e os capatazes inserem-se naquilo a que se pode denominar de classe intermédia, ou "média". Os túmulos destes são mais modestos do que os dos Faraós e altos funcionários do Estado.

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Faraó ( /ˈfɛər/, /USalsoˈf.r/ FAY-roh;[1] em copta: ⲡⲣ̅ⲣⲟ) é o título comum atualmente utilizado para se referir aos monarcas do Egito Antigo da Primeira Dinastia (c. 3 150 a.C.) até a anexação do Egito pelo Império Romano em 30 a.C.,[2] embora o termo "faraó" não fosse usado contemporaneamente para um governante egípcio até Merneptá, circa 1 210 a.C., durante a Nona Dinastia, com "rei" sendo o termo usado com mais frequência até o meio da Décima Oitava Dinastia. Nas dinastias do milênio anterior, os antigos reis egípcios costumavam ter até três títulos diferentes: Hórus, o Junco e a Abelha (nswt-bjtj) e as "Duas Senhoras" ou Nebty (nbtj). O Hórus Dourado, bem como os títulos de nome e prenome, foram adicionados posteriormente.[3]

Na sociedade egípcia, a religião era uma peça central da vida cotidiana. Um dos papéis do faraó era o de ser o intermediário entre as divindades e o povo. O faraó, portanto, representava as divindades em uma função que era tanto de administrador civil quanto religioso. Ele era dono-proprietário de todas as terras do Egito, promulgava leis, coletava impostos e defendia o Egito de invasores externos na posição de comandante em chefe do exército.[4] Religiosamente, o faraó oficiava cerimônias religiosas e escolhia os locais de novos templos. O faraó era responsável por manter o Maat (mꜣꜥt), ou ordem cósmica, equilíbrio e justiça, e parte disso incluía ir à guerra quando necessário para defender o país ou atacar outros quando se acreditava que isso contribuiria para o Maat, como para obter recursos.[5]

No período anterior imediato a unificação do Alto e Baixo Egito, o Dexerete, ou "Coroa Vermelha", era uma representação do reino do Baixo Egito, enquanto o Hedjete, ou "Coroa Branca", era usada pelos reis do reino do Alto Egito. Após a unificação de ambos os reinos em um Egito unido, o Pesxente, a combinação das coroas vermelha e branca, era a coroa oficial dos reis egípcios. Com o tempo, novos cocares e ornamentos foram introduzidos durante diferentes dinastias, como o Khat (um lenço de cabeça usado pela nobreza), o Nemés (o famoso pedaço de lenço listrado), o Atefe (um ordenamento branco emplumado utilizado na coroa), a coroa de Hemhem e o Jeprexe (uma peça azul utilizada na cabeça). Às vezes, foi descrito que uma combinação desses toucados ou coroas seriam usados juntos.[3]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O termo de egípcio "faraó", atribuído aos reis com estatuto de deuses, tem origem no latim tardio pharăo-onis, que derivou do grego Φαραώ, com origem no hebraico par῾ōh, que significava propriamente lit. 'a grande casa' ou "casa elevada", indicando inicialmente o palácio real. Seu adjetivo é o faraônico.[6]

História[editar | editar código-fonte]

É difícil determinar datas precisas na história dos faraós, já que os testemunhos desta época são escassos, além de virem de uma época em que a própria história estava nos seus primórdios (isto é, a escrita ainda estava nos seus inícios). A tradição egípcia apresenta Menés (ou Narmer, em grego) como sendo o primeiro faraó ao unificar o Egito (até então dividido em dois reinos). Segundo esta tradição, este seria o primeiro governante humano do Egito, a seguir ao reinado mítico do deus Hórus. Documentos históricos, como a Paleta de Narmer, parecem testemunhar essa reunificação sob o faraó Menés, cerca de 3 100 a.C., ainda que os egiptólogos pensem que a instituição faraónica seja anterior. Por isso, se fala também de uma dinastia 0.

Quanto ao último dos faraós, todos estão de acordo em dizer que se tratou de Cesarião (Ptolomeu XV), filho de César e Cleópatra VII, pertencente à Dinastia Lágida.

Estatuto e papel dos faraós[editar | editar código-fonte]

Mais que um simples rei, o faraó era também o administrador máximo, o chefe do exército, o primeiro magistrado e o sacerdote supremo do Egito (sendo-lhe, mesmo, atribuído carácter divino).

Em muitos casos, cabia ao faraó decidir, sozinho, a política a seguir. Na prática era frequente que delegasse a execução das suas decisões a uma corte composta essencialmente por:

  • Escribas, que registravam os decretos, as transações comerciais e o resultado das colheitas, funcionando como oficiais administrativos e burocracia de Estado;
  • Generais dos exércitos e outros oficiais militares, que organizavam as campanhas das guerras que o Faraó pretendesse empreender;
  • Um Tjati (Vizir), que funcionava como primeiro-ministro, e auxiliava o faraó nas mais variadas funções, da justiça as campanhas militares.
  • Sacerdotes, incumbidos de prestar homenagem aos deuses, no lugar do faraó.

De acordo com a mitologia egípcia, o próprio corpo do faraó era divino, já que o seu sangue teria origem no seu antepassado mítico, o deus Hórus.

O poder do faraó no Egito Antigo

O estatuto e papel do Faraó são, portanto, hereditários, transmitindo-se pelo sangue. Apesar do papel subalterno das mulheres nesta sociedade, os egípcios preferiram, por vezes, ser dirigidos por uma mulher de sangue divino (como Hatchepsut) que por um homem que o não seja (sendo interessante que até Hatchepsut é representada em esculturas ostentando uma farta barba, símbolo de masculinidade e sabedoria). As linhagens faraónicas nunca chegaram, contudo, a prolongar-se durante muito tempo, interrompidas que eram por invasores e golpes de estado.

Quando o reinado de um faraó perfizesse um longo número de anos (em geral, trinta anos), era comum organizar-se uma Heb-Sed, com o fim, ritual, de restabelecer o seu vigor, de forma a mostrar ao povo que o seu governante ainda era capaz de comandar os destinos da nação.

A Festa de Opet[editar | editar código-fonte]

A Festa de Opet, rituais celebrados para o rejuvenescimento do faraó e dos deuses, era realizada todos os anos. Estas celebrações podem ter sido criadas pelo faraó Amenófis III e ampliado por Ramessés II, onde a estátua do deus Amon-Rá era levada de Carnaque a Luxor e retornava em uma barcaça.

As referências disponíveis sobre a festa de Opet datam do início do Reino Novo e afirmam que a celebração começava no segundo mês da época das cheias do Nilo e se estendiam por 11 dias. Ao final do reinado de Ramessés II passa a ocupar 27 dias.

Durante a 18ª Dinastia o itinerário da festa se deslocou da terra para o rio. O rei se deslocava para Luxor a bordo de sua barca cerimonial e cada estátua era transportada numa embarcação parecida. No fim da festa, as correntes do rio Nilo os traziam de volta a Carnaque. E quanto mais os Faraós fortaleciam seu poder, mais recursos canalizavam para construção de seus túmulos e estas construções eram feitas em boa parte na época das cheias do Nilo.

Roma, e depois[editar | editar código-fonte]

O Egito tornou-se numa província de Roma, sob a soberania de Augusto, em 30 a.C., até 395. Desta data até 642, fez parte do Império Bizantino. É, depois, conquistado pelos muçulmanos da dinastia dos omíadas.

O titulo de faraó caiu em desuso. Durante a dominação romana e bizantina o país passou a ser administrado pelos chamados prefeitos do Egito. Após a conquista muçulmana o país alternaria períodos em que era governado por governadores indicados por governantes estrangeiros e períodos em que recuperava a independência, porém devido a islamização do país seus lideres passariam agora a usar títulos de nobreza muçulmanos como emir (no caso das dinastias tulúnida e iquíxida), califa (no caso da dinastia fatímida) e sultão (no caso das dinastias aiúbida, bahri e burji). A ultima casa real a governar o Egito foi a Dinastia de Maomé Ali, sendo que estes utilizaram os títulos de quediva e de malique (rei em língua árabe).

Dinastias faraónicas[editar | editar código-fonte]

Esta é a lista cronológica das diversas dinastias e os faraós respectivamente (para mais detalhes veja lista de faraós):

Período arcaico: até 2686 a.C.[editar | editar código-fonte]

  • Pré-dinastia: Baixo Egito: Hedju-Hor, Ni-Hor, Hessequiu, Caau, Tiu, Texe, Neebe, Uazner, Meque e, Falcão Duplo.
  • Pré-Dinastia: Alto Egito: Elefante e, Escorpião I.
  • Dinastia 0: Iri-Hor, Crocodilo, Cá e, Escorpião II.
  • Primeira dinastia: Narmer, Atótis, Quenquenés, Uenefés, Merneite, Usafedo, Miebido, Semempsés e, Bienequés.
  • Segunda dinastia: Boco, Queco, Binótris, Setenés, Peribessene, Sequemibe e, Quenerés.

Império Antigo: 2686-2181 a.C.[editar | editar código-fonte]

  • Terceira dinastia
  • Quarta dinastia
  • Quinta dinastia
  • Sexta dinastia

Primeiro período intermediário: 2181-2040 a.C.[editar | editar código-fonte]

  • Sétima dinastia (fictícia)
  • Oitava dinastia
  • Nona dinastia
  • Décima dinastia

Império Médio: 2134-1782 a.C.[editar | editar código-fonte]

  • Décima primeira dinastia
  • Décima segunda dinastia

Segundo Período Intermediário: 1782-1570 a.C.[editar | editar código-fonte]

  • Décima terceira dinastia
  • Décima quarta dinastia
  • Décima quinta dinastia
  • Décima sexta dinastia
  • Décima sétima dinastia

Época Baixa: 730-343 a.C.[editar | editar código-fonte]

  • Vigésima quinta dinastia
  • Vigésima sexta dinastia
  • Vigésima sétima dinastia
  • Vigésima oitava dinastia
  • Vigésima nona dinastia
  • Trigésima dinastia

Domínio Persa e Grego: 343-309 a.C.[editar | editar código-fonte]

Dinastia Ptolomaica: 305-30 a.C.[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Wells, John C. (2008), Longman Pronunciation Dictionary, ISBN 9781405881180 3rd ed. , Longman
  2. Clayton, Peter A. Chronicle of the Pharaohs the Reign-by-reign Record of the Rulers and Dynasties of Ancient Egypt. Londres: Thames & Hudson, 2012. Print.
  3. a b Wilkinson, Toby A.H. Early Dynastic Egypt. Routledge, 2001 ISBN 978-0-415-26011-4
  4. «Pharaoh». AncientEgypt.co.uk. The British Museum. 1999. Consultado em 30 de outubro de 2021
  5. Mark, Joshua (2 de setembro de 2009). «Pharaoh - World History Encyclopedia». World History Encyclopedia. Consultado em 20 de dezembro de 2017
  6. «Signficado do adjetivo faraônico». dicionarioweb.com.br. Consultado em 13 de março de 2015

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Shaw, Garry J. The Pharaoh, Life at Court and on Campaign, Thames and Hudson, 2012.
  • Sir Alan Gardiner Egyptian Grammar: Being an Introduction to the Study of Hieroglyphs, Third Edition, Revised. London: Oxford University Press, 1964. Excursus A, pp. 71–76.
  • Jan Assmann, "Der Mythos des Gottkönigs im Alten Ägypten," in Christine Schmitz und Anja Bettenworth (hg.), Menschen - Heros - Gott: Weltentwürfe und Lebensmodelle im Mythos der Vormoderne (Stuttgart, Franz Steiner Verlag, 2009), pp. 11–26.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O poder do faraó no Egito Antigo

  • «Faraós do Egito Antigo». no InfoEscola

Qual era o poder do faraó no Egito Antigo?

O poder dos faraós Os faraós eram os reis do Egito Antigo. Possuíam poderes absolutos na sociedade, decidindo sobre a vida política, religiosa, econômica e militar. Como a transmissão de poder no Egito era hereditária, o faraó não era escolhido através de voto, mas sim por ter sido filho de outro faraó.

Por que os faraós eram tão poderosos?

Os egípcios acreditavam que estes governantes eram filhos diretos do deus Osíris, portanto agiam como intermediários entre os deuses e a população egípcia. Os impostos arrecadados no Egito concentravam-se nas mãos do faraó, sendo que era ele quem decidia a forma que os tributos seriam utilizados.

Como era o poder político do faraó?

O faraó mantinha a posição de rei, e governava como senhor absoluto, e era chamado de deus vivo. Todo o Egito era considerado sua propriedade. O faraó governava apoiado em um grande número de funcionários. Subordinavam-se ao soberano os monarcas, os escribas e os militares.

Quais são as fontes de poder do faraó?

A fonte teórica do poder do faraó era os deuses. O faraó era a reencarnação de Osíris. A fonte real era a riqueza . O faraó era literalmente dono de tudo no Egito, direta ou indiretamente.