Por que bolsonaro nao sangrou

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Vídeo gravado por apoiador e que está no processo mostra pequena mancha de sangue depois da ação de Adélio. Ferimento superficial?

Bolsonaro, em 6 de setembro e no hospital depois do camarão indigesto

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Ao deixar o Vila Nova Star, em São Paulo, depois de três dias internado, Jair Bolsonaro falou pela primeira vez sobre a hipótese de armação no episódio da facada ou suposta facada em Juiz de Fora. Ele tentou explicar por que não saiu sangue depois da ação de Adélio, mas um vídeo inédito mostra que saiu sim, mas bem pouco.

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“O pessoal tem dúvida, alguns. Seria uma armação da minha parte. Foi deixar bem claro aqui. A faca entrou. Na hora lá alguns falam: ‘não sangrou’. Uma facada nessa região não sangra. Uma facada nessa região não sangra porque tudo vai para dentro, né, Dr. Macedo?”, disse ele, pedindo ajuda a seu médico, que respondeu: “Exatamente”.

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Porém vídeo gravado por um seguidor de Bolsonaro o desmente, porque mostra mancha de sangue pequena na camiseta do então candidato logo depois do episódio.

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A camiseta desapareceu, e uma outra foi usada em uma montagem que começou a circular como propaganda eleitoral horas depois da facada ou suposta facada.

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Nesta aparece um rasgo vertical entra as letras Brasil, da frase “O meu partido é o Brasil”. Bolsonaro também justifica a impossibilidade de armação com um argumento risível.

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“Eu fui um candidato paupérrimo, pobre, miserável. Se eu quisesse armar, eu ia armar em cima do hospital Alberto Einstein (sic)? Em cima do hospital lá de Juiz de Fora? Pelo amor de Deus”, comentou.

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A declaração tem como base a hipótese de que, com muito dinheiro, poderia comprar médicos e dirigentes dessas duas instituições. 

Bolsonaro, como se sabe, foi financiado por milionários, como Luciano Hang, que em vídeo exibido durante a campanha deixou escapar que faria disparos em massa de propaganda eleitoral em favor dele.

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Esses disparos custam muito dinheiro, como começou a apurar a CPI das Fake News (paralisada no Congresso Nacional).

A campanha de Bolsonaro teve também a participação de pelo menos um conselheiro estrangeiro, Steve Bannon, líder do movimento da extrema direita internacional, em que dinheiro não falta.

Esse movimento tem suporte de milionários estrangeiros interessados na liberação de armas nos países em que seus representantes governam.

Eduardo Bolsonaro teve encontro público com Bannon alguns dias antes do ato de campanha em Juiz de Fora.

Nesse encontro, conforme ele mesmo contaria à revista Piauí, Bannon disse que Bolsonaro precisava reforçar sua segurança porque sofreria um atentado.

Em 2016, durante a campanha presidencial nos Estados Unidos, Donald Trump — de quem Bannon foi formalmente conselheiro — capturou noticiário depois de dois supostos atentados, um deles com a participação de um jovem com diagnóstico de distúrbio mental.

Mais recentemente, Eduardo Bolsonaro foi citado em reportagem de um site de jornalismo investigativo sobre a invasão do Capitólio, evento que foi uma tentativa de melar o resultado da eleição naquele país.

Segundo Olivia Little, da Media Matters, Eduardo foi o único estrangeiro a participar de uma reunião do chamado “conselho de guerra” de Trump, na residência privada do então presidente dos Estados Unidos.

Na entrevista em que falou da facada ou suposta facada, Bolsonaro demostrou que está disposto a continuar politizando o caso em Juiz de Fora, mesmo que a versão de que Adélio era militante de esquerda disposto a eliminar adversário político não se sustente em fatos.

Adélio era pregador evangélico e, na rede social, defensor das ideias de Bolsonaro, como a da redução da maioridade penal.

Adélio tinha sido filiado ao PSOL entre 2007 e 2014, mas sua atividade política mais recente o ligavam ao ex-deputado da bancada ruralista Marcos Montes, do PSD, que integra hoje o governo Bolsonaro, como secretário-executivo do Ministério da Agricultura.

Adélio só passou a atacar Bolsonaro depois que fez o curso de tiro em Florianópolis, no clube frequentado por Eduardo e Carlos Bolsonaro.

A reabertura do caso autorizada pela Polícia Federal poderia elucidar dúvidas, como a da pequena quantidade de sangue na camisa. Teria sido um ferimento superficial? Para isso, teria que ser feita perícia em Bolsonaro e também nos prontuários médicos.

Mas, na mesma entrevista, Bolsonaro indicou que a investigação segue em outra direção. “Vai chegar em gente importante”, declarou, ao mesmo tempo em que citou os casos Celso Daniel e Toninho do PT.

Bolsonaro afirmou também que hoje teme por sua segurança, em razão da violência que, segundo ele, se fez presente na política com a ascensão da esquerda.

Considerando a hipótese de que o evento em Juiz de Fora tenha sido autoatentado, é de se perguntar se estaria nos planos de seus aliados mais próximos a organização de outro ato de violência para favorecer eleitoralmente Bolsonaro.

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Veja o vídeo com imagens inéditas do dia da facada ou suposta facada em Juiz de Fora:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

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FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro após ser esfaqueado durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG)

O diretor da Associação Médica Brasileira José Luiz Bonamigo afirmou que a ausência de sangue na roupa de Jair Bolsonaro assim que o candidato à Presidência foi esfaqueado nesta quinta-feira (06) não é incomum por conta da região em que o deputado foi atingido, onde ficam vasos sanguíneos internos.

‘O fato de não ter sangrado exteriormente não é incomum porque as artérias mais posteriores sangram para dentro da barriga, para a cavidade ao redor do vaso’, explicou em entrevista à Jovem Pan.

Sangramentos como os que são exibidos em filmes e novelas são causados por artérias superficiais – o que não foi o caso de Bolsonaro. ‘Os sangramentos de cinema são de vasos mais superficiais. Na cavidade abdominal o mais comum é o sangramento interno e não o que vemos na televisão’, disse.

Bonamigo afirmou que a lesão sofrida pelo deputado federal foi grave e, apesar do risco inicial ter sido superado pela cirurgia rápida, o pós-operatório pode apresentar complicações que precisem de mais operações.

‘A lesão na artéria pode causar obstrução da circulação, uma trombose. Se soma a isso que com a lesão no intestino, principalmente no intestino grosso onde já tem fezes formadas, houve vazamento das fezes para a cavidade abdominal fizeram forte reação inflamatória que vai gerar necessidade de monitoramento proximo nos próximos dias’, falou.

Segundo a previsão do médico, Bolsonaro deve continuar na UTI pelos próximos dias e deve permanecer hospitalizado por duas semanas. O candidato à Presidência também não deve conseguir retomar a agenda no ritmo intenso que estava fazendo.

Estamos vivendo uma era de grande exposição à violência no Brasil. Imagens de vítimas de tiros e facadas, que antes só víamos em filmes e séries de TV, inundam telejornais e mídias sociais. O caso atual mais emblemático é o do candidato à presidência Jair Bolsonaro, que foi esfaqueado durante um evento de sua campanha.

Esses fatos geram discussões entre os telespectadores. Tem até quem duvide da gravidade de um ferimento porque viu um vídeo, mas não viu sangue.

Talvez essa “descrença” na veracidade do fato aconteça porque durante décadas os filmes de ação nos ensinaram coisas erradas. Se o personagem fosse atingido por um tiro no peito ou no abdômen e logo depois saísse sangue pela boca, a morte era iminente. Outra cena clássica que o cinema ensinou errado é que não importam as lesões provocadas pelo tiro, desde que o médico retire a bala, a pessoa ferida vai sobreviver.

Em primeiro lugar, após sofrer um trauma, como um acidente de trânsito, uma queda de grande altura, um tiro ou uma facada, o que mata o paciente mais rapidamente não é o sangramento, e sim a dificuldade de respirar. Isso acontece se a passagem do ar até os pulmões está comprometida ou se os próprios pulmões ou a membrana que os reveste são afetados.

Imagine uma pessoa que sofreu uma facada nas costas. Praticamente não se vê sangue saindo pela ferida, mas talvez ela esteja correndo risco de morrer em minutos por um pneumotórax, condição na qual o pulmão é esmagado pelo ar que se acumulou nas membranas ao redor dele. Se esse quadro não for tratado, o indivíduo pode morrer sem que tenha havido um sangramento. E esse é apenas um exemplo de lesão grave que não sangra.

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Agora vamos tentar esclarecer algumas coisas sobre os sangramentos intensos e que podem matar. As pessoas pensam naquelas cenas com o sangue jorrando, roupas ensanguentadas e poças de sangue pelo chão. Isso acontece quando vasos sanguíneos muito grossos são rompidos no traumatismo. Contudo, sangramentos que se exteriorizam em grande quantidade geralmente decorrem de ferimentos que atingem o pescoço, a virilha ou a coxa, onde há vasos sanguíneos calibrosos (artérias e veias).

Mas há uma situação em que o paciente sangra muito sem que se exteriorize uma gota de sangue. É chamada hemorragia interna, que acontece quando o trauma atinge um órgão que sangra muito, como o fígado ou o baço, por exemplo, ou rompe um grande vaso sanguíneo dentro do tórax ou do abdômen.

Nessas situações o sangramento é grande, mas acontece dentro do corpo. Os médicos frequentemente precisam operar o tórax ou o abdômen para interromper a hemorragia, que pode ser grave.

Algo parecido aconteceu com o candidato a presidente Jair Bolsonaro. A facada no abdômen provocou lesões nos intestinos grosso e delgado e em vasos sanguíneos. Traumas assim podem gerar grandes sangramentos internos, que, se não forem controlados a tempo, às vezes levam à morte do paciente.

Dependendo da estrutura acometida, traumas vasculares penetrantes no abdômen podem ser fatais em até 90% dos casos. Chegar ao hospital no menor tempo possível é muito importante, assim como ter na equipe médica um cirurgião vascular para controlar a hemorragia interna.

*Dr. Adenauer Marinho de Oliveira Góes Jr. é coordenador do Departamento Científico de Trauma Vascular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

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