Afta e sapinho são a mesma coisa

10 de setembro de 2015

“Sapinho” é um termo popularmente usado para falar de doenças, lesões ou inflamações da cavidade oral. Mas, na verdade, estes problemas se chamam estomatites e existem diferentes tipos de infecções.

A estomatite pode ter causas diversas, como infecções por vírus, bactérias, fungos e até traumas, quimioterapia e aparelhos dentários. Transmitida por contato direto com lesões ou secreções orais de pessoas infectadas, o problema causa feridas bucais e pode provocar febre, irritabilidade e perda de apetite, principalmente em crianças entre 1 e 4 anos.

“Em 60% dos pacientes, ocorrem sintomas entre um e dois dias antes do aparecimento das bolhas, como dor, queimação e coceira no local onde irá aparecer a lesão”, explica a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Paula Valladares Guerra.

Foto: reprodução/internet.

Já as aftas são ulcerações doloridas, de tamanho variado, que podem reaparecer ao longo da vida. Segundo a professora, a genética, alterações imunológicas e estresse são fatores predisponentes ao aparecimento de lesões, além de deficiências nutricionais ou distúrbios gastrointestinais, por exemplo. “Em casos de lesões maiores que um centímetro, extremamente dolorosas e profundas, ou que demoram a cicatrizar, é preciso procurar um médico”, diz.

Quando feridas semelhantes a aftas, redondas e amareladas, se espalham pela boca, o problema é candidíase oral, o sapinho, comum em bebês. Causada pela Candida Albicans e por outras espécies de fungos, ela pode estar relacionada ao uso prolongado de antibióticos ou corticóides ou da queda de imunidade do organismo.

“O sapinho pode atingir a gengiva, a língua e até o começo da faringe, próximo às amídalas”, esclarece Paula. Os sintomas também incluem febre, irritabilidade e falta de apetite, já que se torna dolorido comer.

A pediatra aconselha que a placa branca que se forma não seja raspada da boca, já que pode deixar a superfície vermelha, ferindo-a. O tratamento do problema é feito através da higiene bucal, com tecido limpo umedecido em água com bicarbonato, e uso de antifúngico tópico.

“Para prevenir esse mal, é preciso manter a boca da criança sempre limpa, evitar o uso indiscriminado de antibióticos e fatores que alterem a imunidade”, conclui a professora.

Em todos os tipos de estomatites, o tratamento deve ser orientado pelo médico, especialmente em crianças, pois há medicamentos que não são indicados para algumas faixas etárias. Normalmente, são usadas medidas locais para tratar os sintomas da dor, como anestésicos ou antissépticos.

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O que é o sapinho?

A candidíase oral, chamada também de monilíase oral ou sapinho, é uma infecção da orofaringe provocada pelo fungo Candida albicans.

O sapinho na boca é uma forma branda de candidíase, que acomete, principalmente, a mucosa da língua e a parte interna da bochecha.

Para se ter candidíase oral não é necessário existir uma imunossupressão importante. Ao contrário do que muita gente pensa, a candidíase na boca não é uma problema exclusivo de pacientes com HIV ou com outra doença grave. A monilíase realmente pode ser um dos sinais de AIDS, mas ela também costuma surgir com frequência em crianças, idosos ou pessoas com alguma alteração do sistema imunológico.

Do mesmo jeito que existem bilhões de bactérias vivendo harmoniosamente em nosso organismo, o fungo cândida também é considerado um microrganismo natural da nossa flora microbiana.

Ter pequenas colônias do fungo cândida vivendo na nossa pele, boca e trato digestivo é perfeitamente normal. Quando o nosso sistema imunológico encontra-se intacto, ele é plenamente capaz de manter a população deste fungo sob controle, impedindo que o mesmo possa causar qualquer tipo de doença.

Porém, sempre que houver alguma fraqueza no nosso sistema imunológico, a população de Candida albicans pode crescer rapidamente e se tornar capaz de invadir as camadas mais profundas da pele, provocando inflamação. Quanto mais grave for o grau de imunossupressão do paciente, mais agressiva e perigosa será a infecção pelo fungo cândida, podendo, inclusive, haver invasão da corrente sanguínea, do coração ou sistema nervoso central.

A imensa maioria dos casos de sapinho é provocada pela Candida albicans, mas outras espécies de cândida também podem ser as responsáveis, como Candida glabrata, Candida krusei ou Candida lusitaniae.

Fatores de risco para candidíase oral

A candidíase oral pode surgir em qualquer pessoa, mas ela é bem mais comum naquelas que apresentam as seguintes características:

  • Idade avançada.
  • Crianças no primeiro ano de vida.
  • Grávidas.
  • Uso dentadura.
  • Uso recente de antibióticos.
  • Uso prolongado de corticosteroides.
  • Uso de drogas imunossupressoras.
  • HIV positivo.
  • Diabetes mellitus mal controlado.
  • Estar sob tratamento de quimioterapia ou radioterapia.
  • Fumantes.
  • Pessoas com xerostomia (boca seca).
  • Internação hospitalar.
  • Desnutrição.
  • Usuário de drogas pesadas.

Sintomas

As lesões orais provocadas pela Candida albicans são placas brancas, com aspecto meio cremoso ou tipo queijo ricota, acometendo língua, parede interna das bochechas, e, às vezes, palato (céu da boca), gengivas ou amígdalas.

As lesões da candidíase oral podem surgir pequenas e assintomáticas, passando despercebidas por algum tempo. A tendência, porém, é que elas evoluam, tornando-se facilmente visíveis e com sintomas, como dor e diminuição do paladar. Uma sensação de algodão na boca também é sintoma de sapinho bastante frequente.

Candidíase oral

Nos idosos que usam dentadura, essas lesões brancas que são típicas da candidíase podem não estar presentes, havendo apenas intensa vermelhidão na gengiva abaixo da prótese dentária. A presença de queilite angular, conhecida popularmente como boqueira, também é muito comum (leia: COMO CUIDAR DA BOQUEIRA | Queilite angular).

Nos bebês, a lesão da candidíase pode ser confundida pelas mães com restos de leite na boca. É importante saber que o leite some espontaneamente depois de algum tempo, e ao se passar uma gaze na língua, ele sai facilmente.  Já a candidíase,  as placas brancas são bem aderidas à boca. Quando se tenta raspá-las, pode haver sangramentos e a mucosa por baixo fica ferida e bem avermelhada.

Em casos mais graves, a candidíase pode evoluir para a laringe e/ou esôfago, provocando sintomas como rouquidão e dor/dificuldade para engolir os alimentos. A candidíase do esôfago é geralmente um sinal de imunossupressão mais grave, sendo muito comum nos pacientes com AIDS.

O diagnóstico da candidíase oral é simples. Em muitos casos, a lesão é típica e a história do paciente apontando a presença de um fator imunossupressor facilita o diagnóstico. Caso o médico deseje uma confirmação, ele pode raspar um pedaço da lesão e levar ao microscópio para identificar a presença de leveduras.

Imagens

Tratamento

O tratamento da candidíase oral pode ser feito com bochechos e deglutição de nistatina 4 vezes por dia por pelo menos 1 semana.

Se não houver melhora, indica-se o uso de fluconazol em comprimido. A dose recomendada é 200 mg no primeiro dia, seguido de 100 a 200 mg uma vez ao dia durante 7 a 14 dias; esse tratamento tem taxa de sucesso acima de 90%.

Para ajudar no tratamento, indica-se suspensão do cigarro, escovar adequadamente e regularmente os dentes (mas evitar o uso de anti-sépticos bucais) e evitar bebidas alcoólicas e comidas ricas em açúcares. Iogurtes sem açúcar ajudam a restaurar a flora natural de bactérias da boca, aumentando a competição por alimentos, o que inibe a proliferação da Cândida.

Em bebês, é importante limpar bem chupetas, talheres ou mamadeiras após o uso para evitar a colonização de fungos. Seguindo o mesmo raciocínio, um creme antifúngico deve ser aplicado ao mamilo da mãe após correta limpeza do mesmo.

Referências

  • Clinical Practice Guideline for the Management of Candidiasis: 2016 Update – Infectious Diseases Society of America.
  • Candida infections of the mouth, throat, and esophagus – Centers for Disease Control and Prevention
  • Clinical manifestations of oropharyngeal and esophageal candidiasis – UpToDate.
  • Treatment of oropharyngeal and esophageal candidiasis – UpToDate.
  • Millsop JW, et al. Oral candidiasis. Clinics in Dermatology. 2016

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Qual a diferença entre aftas e sapinhos?

As aftas são lesões que se caracterizam por uma parte vesicular que depois estouram e produzem ulceras que são feridas na boca , já a candidíase não necessariamente provoca ulceras e tem como uma das características a presença de uma massa branca que são os fungos (hifas).

O que causa afta é sapinho na boca?

Conhecida como sapinho, a candidose oral, candidíase ou monilíase é a doença provocada por um fungo chamado Candida albicans. Fungos são estruturas simples que existem na natureza há milhões de anos.

O que é bom para afta sapinho na boca?

O tratamento da candidíase oral pode ser feito com bochechos e deglutição de nistatina 4 vezes por dia por pelo menos 1 semana. Se não houver melhora, indica-se o uso de fluconazol em comprimido.

Quanto tempo dura o sapinho na boca?

Nessas situações o tempo de duração do "sapinho"costuma ser em torno de uma semana; porém, um dentista poderá prescrever um antifúngico para melhora dos sintomas.

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