Como a floresta amazônica interfere no regime das chuvas no Brasil?

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Não apenas a sua rica biodiversidade, mas sua relação com o clima também tem grande importância para o planeta.

Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Amazônia influencia na geração de chuvas e na manutenção do clima ameno e sem grandes eventos extremos da América do Sul. É o que aponta o relatório "O futuro climático da Amazônia", divulgado em 2014, no qual os cientistas mostram a relação entre a Amazônia e a regulação do clima no planeta.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A atmosfera é carregada de gotículas de água em estado gasoso, mais leves que o ar. Esses são provenientes da evaporação da água dos oceanos e quando se juntam formam as nuvens. Quando as nuvens ficam “carregadas”, as gotículas caem em forma de chuva.

Os cientistas brasileiros do INPE citam a chamada “teoria da bomba biótica de umidade”, para nos ajudar a entender a função climática que a Amazônia teria.

A teoria proposta pelos físicos russos Anastassia Makarieva e Victor Gorshkov diz que o fenômeno de chuvas longe da costa é possível graças à existência de florestas. A transpiração das plantas seria responsável por criar um fluxo de vapor de água que é lançado à atmosfera, capaz de reduzir pressão e arrastar o ar úmido, no que seria uma espécie de “bomba de elevar vapor”.

Makarieva e Gorshkov afirmam que o desmatamento de uma floresta pode reduzir a incidência de chuvas em até 95%, transformando o local num deserto.

O que os pesquisadores do INPE concluíram é que a Amazônia tem uma grande capacidade de puxar a umidade do oceano para o continente. Em lugares sem cobertura florestal, o ar que entra no continente acaba secando e resulta em desertos em terrenos distantes do litoral.

A floresta amazônica atuaria então como uma bomba d'água que “puxa” a umidade dos oceanos. Na Amazônia, as árvores extraem grande volume de água do solo e do oceano e o lança na atmosfera através da transpiração.

Segundo o relatório, cada árvore amazônica de grande porte pode evaporar mais de mil litros de água por dia. A estimativa é que floresta amazônica transpire 20 bilhões de toneladas de água por dia (20 trilhões de litros).

A grande umidade evaporada pelas árvores gera “rios voadores” na atmosfera, que carregam vapor e geram correntes aéreas (ventos) que irrigam regiões distantes. O fluxo de água é conduzido por territórios a leste dos Andes e para áreas continente adentro, no sentido oeste e sudeste.

A Amazônia também seria responsável por evitar eventos climáticos extremos em regiões de florestas e arredores. Isso porque a copa das árvores provoca um efeito de “frenagem’ dos ventos que vem do oceano, o que equilibra a distribuição e o efeito dissipador da energia dos ventos. Assim, sua cobertura vegetal seria uma proteção contra furacões e tornados.  

Por esse motivo, o desmatamento da Amazônia ameaça não apenas quem vive na região hoje coberta pela floresta, mas também quem vive além dela.

O desmatamento altera os padrões de pressão e pode causar o declínio dos ventos carregados de umidade que vem do oceano para o continente. Sem árvores, a chuva na região pode cessar por completo.

DIRETO AO PONTO

A Amazônia não é apenas a maior floresta tropical do mundo. Ela influencia na geração de chuvas e na manutenção do clima ameno e sem grandes eventos extremos da América do Sul.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostra que existe uma a relação direta entre a Amazônia e a regulação do clima no planeta e, consequentemente, com a frequência das chuvas em outras regiões.

O que os pesquisadores do INPE concluíram é que a Amazônia tem uma grande capacidade de puxar a umidade do oceano para o continente. Em lugares sem cobertura florestal, o ar que entra no continente acaba secando e resulta em desertos em terrenos distantes do litoral. A floresta amazônica atuaria então como uma bomba d´água que “puxa” a umidade dos oceanos.

Com o avanço do desmatamento, a floresta tem os padrões de pressão alterados, o que pode causar o declínio dos ventos carregados de umidade que vem do oceano para o continente. Sem árvores, a chuva na região pode cessar por completo.

A Amazônia não é o único bioma brasileiro que está ameaçado. Enquanto a maior floresta tropical do mundo registrou recorde de queimadas em junho —além de aumento em julho e um crescimento acumulado de 25% no semestre— o Pantanal teve em julho o maior número de focos de incêndios desde 1998, início do registro da série histórica pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Foram 1.684 queimadas registradas ante 494 no mesmo mês em 2019, aumento de 3,4 vezes. O bioma é a maior planície alagada do mundo, e se estende pelo Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, e pelos vizinhos Paraguai e Bolívia. Também é habitat de milhares de espécies, algumas exclusivas do local.

Mais informações

O aumento da devastação do bioma tem relação com uma forte estiagem registrada no primeiro semestre deste ano, o que facilita a propagação das chamas: choveu um volume 50% menor nos primeiros meses do ano. E esta falta de chuvas pode ter relação com o que ocorre há milhares de quilômetros dali. Apesar da distância, especialistas apontam para uma ligação entre o que acontece na maior floresta tropical do mundo e no Pantanal. “Existem muitos estudos no Brasil que mostram como a umidade que sai da Amazônia abastece outras regiões do país, no Centro Oeste, Sudeste e Sul”, explica Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Isso se dá por um fenômeno conhecido como rios voadores: “Em função de ventos alísios [que formam uma espécie de ciclo] e da cordilheira dos Andes, este rios voadores empurram a umidade da transpiração da floresta para baixo. Quando há uma estação mais seca na floresta ou um aumento do desmatamento ocorre desequilíbrio desses rios voadores e de todo o sistema hidrológico envolvido”, explica Astrini. A consequência seria uma redução nas chuvas e na umidade no Pantanal, o que favorece a proliferação de incêndios.

Na linha de frente do combate às queimadas na região está Alexandre Pereira, analista ambiental do Ibama que atua no programa de combate ao fogo da entidade, conhecido como Prevfogo. “Este ano está sendo atípico com relação às questões climáticas, com chuvas abaixo da média e temperaturas acima”, afirma. Ele explica que uma das consequências disso é uma alteração no regime de cheias e vazantes do Pantanal: “Este ano vemos uma cheia muito baixa, uma das menores desde a década de 1970, quanto o bioma viveu uma grande seca”. Isso cria “um cenário perfeito para os grandes incêndios florestais”, diz.

A situação da Amazônia também é vista como um fator que influencia a devastação do Pantanal, segundo Pereira. “O desmatamento da floresta tem reflexo sobre a dinâmica aqui, uma vez que as chuvas provocadas pelos rios voadores regulam as cheias desta região”, diz. O analista aponta que já se observa um desregramento do regime de chuvas no local, com um volume grande de pluviometria se concentrando em poucos dias. “Este volume grande de chuva caindo em um curto espaço de tempo não permite que o solo absorva a água e alimente o lençol freático. Então ela escoa”, afirma.

Os especialistas ouvidos pela reportagem são unânimes em apontar que praticamente todos os incêndios no bioma este ano tem origem humana, uma vez que fogos provocados por descargas elétricas estão descartados tendo em vista a não formação de nuvens de chuva nos últimos meses. Então quem são os responsáveis pelas queimadas? “Culturalmente no Pantanal, a exemplo do que houve em 2019, a imensa maioria delas são causadas por renovação de pasto em grandes propriedades rurais”, explica André Siqueira diretor-presidente da ECOA, uma organização não-governamental voltada para a proteção sócioambiental. Ele aponta que há uma tentativa do Governo de tentar imputar a devastação às comunidades ribeirinhas, mais vulneráveis socialmente, “como se fosse possível que sejam as roças de subsistência que estão por trás de todos estes incêndios”. O presidente Bolsonaro chegou a acusar, no final do ano passado, as ONGs pela devastação da Amazônia.

A ‘boiada’ que o Governo deixa passar

Já prevendo uma situação dramática na Amazônia e no Pantanal e enfrentando críticas até mesmo de grandes empresas e bancos pela condução da política ambiental, o Governo proibiu em 16 de julho queimadas nas duas regiões por até 120 dias. De acordo com o texto, assinado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “ficam autorizadas as queimas controladas em áreas não localizadas na Amazônia Legal e no Pantanal, quando imprescindíveis à realização de práticas agrícolas, desde que autorizadas previamente pelo órgão ambiental estadual”. O teor se sobrepõe a uma lei estadual do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso que já proíbe queimadas nos Estados neste período.

Apesar deste passo no sentido de controlar a devastação dos biomas brasileiros, Salles tentou alterar a meta de redução de desmatamentos e incêndios ilegais no início de agosto, segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo. O plano plurianual do Governo, com validade até 2023, previa redução de 90% da devastação. Depois de propor a troca deste objetivo por outras metas que delimitavam a diminuição das queimadas a certas áreas, o ministro deu sinal de que recuou da ideia, criticada por ambientalistas e partidos de oposição. A polêmica fez com que até a pasta comandada por Paulo Guedes se manifestasse sobre o assunto: “O Ministério da Economia lembra que o Brasil já tem meta de redução de 100% do desmatamento ilegal até 2030, previsto na nossa NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), a qual está mantida”. Ainda não está claro, no entanto, se haverá uma redução da meta para 2023.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES), usou as redes sociais para criticar a atitude de Salles. “A promessa de aproveitar a pandemia para ‘passar a boiada’ [frase dita por Salles em uma reunião ministerial feita pública, em referência ao desejo de mudar regras ambientais durante a emergência sanitária] está sendo cumprida: Bolsonaro entregou o patrimônio florestal nas mãos de criminosos, grileiros, garimpeiros ilegais e desmatadores. O prejuízo ao país será irreversível!”, escreveu.

Como a floresta amazônica pode influenciar o regime de chuvas no Brasil?

De acordo com os pesquisadores, a floresta emite vapores orgânicos para o ar por meio da evapotranspiração, provocando o condensamento e a formação das chuvas. O ar úmido que também é gerado pode precipitar-se e deslocar-se para outras regiões, incluindo o Centro-Oeste do país, o Sudeste e também o Sul.

Qual a relação entre as chuvas da floresta amazônica e a presença da floresta?

A explicação para a alta incidência de chuvas na Amazônia está em uma combinação de fatores, mas principalmente pela existência da própria floresta, pois esta é responsável pela geração de uma grande quantidade de umidade na atmosfera.

Qual a importância da floresta amazônica para as chuvas?

A Amazônia funciona como uma bomba d`água. Toda a umidade evaporada do Oceano Atlântico segue floresta adentro pelos ventos alíseos, é descarregada em forma chuva, que cai na floresta, e é muita chuva, que coloca a região em uma das mais quentes e úmidas do planeta.

Como a floresta amazônica pode influenciar o regime de chuvas na região Sudeste do Brasil explique com base na formação dos rios voadores?

A origem dos rios voadores acontece da seguinte forma: as árvores da Floresta Amazônica “bombeiam” as águas das chuvas de volta para a atmosfera, através de um fenômeno denominado evapotranspiração, ou seja, a água das chuvas que fica retida nas copas das árvores evapora e permanece na atmosfera em forma de umidade.

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