Como os animais obtêm substâncias com nitrogênio se eles não conseguem utilizar o nitrogênio do ar e as plantas com elas?

Mestre em Ciências Biológicas (UFRJ, 2016)
Graduada em Biologia (UFRJ, 2013)

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O gás nitrogênio (N2) é o mais abundante na atmosfera terrestre, representando 79% do volume do ar. Nos organismos, átomos de nitrogênio fazem parte de diversas substâncias orgânicas, como proteínas e ácidos nucleicos. Porém, a maioria dos seres vivos não consegue utilizar o nitrogênio na forma molecular N2. Apenas algumas espécies de bactérias são capazes de utilizá-lo, incorporando os átomos de nitrogênio em suas moléculas orgânicas e disponibilizando-o em outras formas moleculares para o uso de diversas espécies. A esse processo de incorporação de nitrogênio em moléculas orgânicas a partir do N2 dá-se o nome de fixação do nitrogênio, sendo uma etapa essencial do ciclo do nitrogênio. Da mesma forma, as bactérias que realizam a fixação são chamadas de fixadoras de nitrogênio.

Elas podem ter vida livre como é o caso das cianobactérias, ou viver em simbiose com outros organismos. No segundo caso, o exemplo mais conhecido é a associação entre as bactérias do gênero Rhizobium e raízes de plantas, principalmente leguminosas como feijão, soja e ervilha. Essas bactérias fixadoras invadem e se reproduzem no interior das células das raízes das plantas, estimulando a multiplicação das células infectadas, o que leva o desenvolvimento de tumores conhecidos como nódulos das raízes. Essa relação oferece vantagem tanto para a bactéria, que se encontra protegida no interior das raízes e se alimenta dos compostos orgânicos produzidos pela planta, quanto para a planta que usufrui da fixação do nitrogênio.

A fixação do nitrogênio ocorre pela conversão do gás nitrogênio (N2) em amônia (NH3). As bactérias fixadoras possuem um complexo enzimático chamado nitrogenase, que se liga ao gás nitrogênio e doa elétrons para ele em uma sequencia de reações com gasto de energia de moléculas de ATP. Essas reações provocam a redução do N2 produzindo duas moléculas de amônia. A equação geral desse processo é a seguinte:

As leguminosas são capazes de aproveitar a amônia produzida pela fixação de nitrogênio de suas bactérias simbióticas e, dessa forma, são capazes de conquistar ambientes com solo pobre em compostos nitrogenados, onde outras plantas não conseguem se desenvolver. Além disso, quando morrem, essas leguminosas são degradas por bactérias decompositoras liberando no solo o nitrogênio de suas moléculas orgânicas na forma de amônia. Embora muitas plantas ainda não consigam utilizar o nitrogênio na forma de amônia, bactérias nitrificantes do solo são capazes de transformá-lo em nitrito (NO2–) e em seguida em nitrato (NO3–). Este último é o composto nitrogenado mais facilmente assimilado pelos vegetais.

Nos oceanos, a principal fonte de nitrogênio também é o gás nitrogênio atmosférico. A partir dele, as cianobactérias marinhas atuam como fixadoras de forma semelhante a que ocorre no ambiente terrestre, podendo estar associadas a algas. Essas cianobactérias possuem estrutura filamentosa e muitas vezes apresentam uma célula especializada na fixação de nitrogênio chamada de heterocisto, o qual contém enzimas nitrogenase. Assim como no ambiente terrestre, a fixação do nitrogênio no oceano tem um papel fundamental no equilíbrio do ecossistema, sendo um dos principais nutrientes limitantes da produção primária marinha.

Referências:

Amabis, J. M. & Martho, G. R. 2006. Fundamentos da Biologia Moderna: Volume único. 4ª Ed. Editora Moderna: São Paulo, 839 p.

Capone, D. G. 2008. The marine nitrogen cycle. Microbe, 3 (4): 168-192.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/biologia/fixacao-do-nitrogenio/

A atmosfera contribui com o fornecimento do nitrogênio gasoso e com pequena parcela de nitrogênio combinado nas formas de amônio (NH4+) e de nitrato (NO3–), originados da queimas industriais, de atividades vulcânicas e de incêndios florestais e pela oxidação do N2 na presença de descargas elétricas ou de radiação ultravioleta. O amônio e o nitrato produzidos na atmosfera são transportados para o solo pela chuva, podendo ser prontamente absorvidos pelas raízes.

Geralmente as formas disponíveis ou combinadas de nitrogênio para a nutrição dos seres vivos incluem as combinações amoniacais (NH4+), nítricas (NO3–) ou orgânicas (R-NH2) que são metabolizadas visando a construção de biomassa. Salienta-se que a disponibilidade biológica do nitrogênio (N) no solo, juntamente com o fósforo (P), enxofre (S) e potássio (K) tem relação direta com a produtividade agrícola. Certas bactérias do solo e as algas azuis dos oceanos convertem o nitrogênio do ar em amônia, que pode ser diretamente absorvida por alguns vegetais.

O nitrogênio combinado no solo é o mais susceptível dos compostos às transformações biológicas. As plantas geralmente o absorvem na forma de compostos altamente oxidados, dos quais o nitrato é o principal deles. Após absorção, esses compostos devem ser reduzidos para que sejam incorporados nos diversos constituintes celulares. Portanto, nos animais e nas plantas, o nitrogênio encontra-se, na sua maioria, na forma reduzida como íon amônio (NH4+) ou amina (NH2–). No outro extremo, o nitrato, principal forma em que o nitrogênio é encontrado no solo, é altamente oxidado, sendo necessária a adição de 8 elétrons para que se converta em amina, o que demanda um grande gasto de energia. O nitrogênio disponível para as plantas pode ser também oriundo diretamente de fertilizantes industriais, representando uma parcela muito pequena em relação ao total do nitrogênio fixado biologicamente.

Apesar de abundante na atmosfera, o nitrogênio molecular não pode ser absorvido pelas plantas. Exceto pelos microrganismos fixadores ou via adubação nitrogenada, a principal forma de obtenção desse elemento pelas plantas é o aproveitamento do nitrogênio combinado na matéria orgânica. Com o uso das plantas na alimentação dos animais, os compostos nitrogenados são utilizados para produção de novas proteínas. Com a morte dos organismos, bactérias presentes no solo decompõem os compostos orgânicos nitrogenados em aminoácidos, que, por sua vez, são oxidados pelos microrganismos do solo como bactérias e fungos com produção de gás carbônico, água e amônia (amonificação). Em determinadas situações, como os solos frios, ácidos e deficientes em oxigênio, o amônio é a principal fonte de nitrogênio, sendo utilizado na constituição de aminoácidos, uma vez que as bactérias nitrificantes não são abundantes e, quando presentes, são menos eficientes.

Em solos úmidos e quentes, o amônio oxidado a nitrito (NO2–) por bactérias nitrificadoras, como as Nitrosomonas, e este a nitrato (NO3–), por bactérias como as Nitrobacter. No solo, o íon amônio encontra-se adsorvido nas partículas coloidais, enquanto o nitrato, por ter carga negativa, torna-se componente da solução sendo facilmente lixiviado nessa condição. A perda de compostos nitrogenados do solo para a atmosfera, ou mesmo para rios, lagos ou mares, pode ocorrer de várias formas, principalmente por volatilização da amônia, por desnitrificação ou por lixiviação. A adubação excessiva com sais de nitrato, seguida de chuva abundante, faz com que esses sais sejam carreados para lençóis freáticos, lagos ou rios, constituindo fortes agentes poluidores. Além disso, os vegetais perdem, por lixiviação, pequenas quantidades de NH3+, N2O, NO2 e NO.

Esse tipo de processo ocorre em camadas relativamente profundas do solo, em solos compactados, em áreas alagadas, situações típicas de anoxia, ou mesmo em regiões próximas da superfície, com baixa concentração de oxigênio, em função de sua rápida utilização na oxidação da matéria orgânica. As formas oxidadas de nitrogênio na atmosfera têm importante papel ecológico porque, quando convertidas para NO, contribuem para formação do ácido. Com isso podemos resumir todas essas reações no ciclo do nitrogênio (Figura 1).


Figura 1. Ciclo do Nitrogênio (Fonte: Google Imagens)

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Como os animais obtêm substâncias com nitrogênio se eles não conseguem utilizar o nitrogênio do ar?

Os animais obtêm o nitrogênio somente por meio dos alimentos. Essa transformação é feita por bactérias que vivem na raiz das plantas conhecidas como leguminosas (feijão, soja, ervilha, alfafa, amendoim, lentilha, grão-de-bico).

Como os animais obtêm o nitrogênio de que precisam?

Os animais obtêm o azoto a partir das plantas, alimentando-se delas e passando-o ao longo da cadeia alimentar. Finalmente, quando os animais e plantas morrem, são decompostos. As bactérias desnitrificantes libertam o azoto da amónia para a atmosfera na forma de azoto livre, fechando o ciclo.

Como os animais e as plantas conseguem o nitrogênio para suprir as suas necessidades?

Os animais conseguem utilizar o nitrogênio na forma de compostos orgânicos, tais como aminoácidos e proteínas. As plantas e algas, por sua vez, utilizam o nitrogênio na forma de íons nitrato (NO3-) ou íons amônio.

Como a maioria das plantas e dos animais obtêm o nitrogênio?

As plantas obtêm o nitrogênio através das bactérias fixadoras, que conseguem capturar o N2 e transformar em nitratos, que servem como nutrientes às plantas. Os animais herbívoros se alimentam dos vegetais, consequentemente, adquirem o nitrogênio.

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