Como os determinantes sociais em saúde interferem na saúde da população?

Autores

  • Diana dos Santos Alves Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)
  • Flaviane Jericó dos Santos Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)
  • Larissa Paiva Barbosa Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)
  • Marcos Antônio de Oliveira Oliveira Ricardo Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)
  • Meurylaine Pereira Da Mata Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)
  • Maria Elaine Santos Carvalho Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF)

Resumo

Introdução: Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) são fatores socioeconômicos, biopsicossociais e comportamentais, que vão influenciar na ocorrência de problemas de saúde, atuando em conjunto com os fatores de risco da população em questão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define que os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham.  O estudo dos DSS visa analisar as iniquidades em saúde, ou seja, as desigualdades de saúde existentes entre determinados grupos populacionais e que são extremamente relevantes para uma compreensão do processo saúde-doença e como essa disparidade social pode afetar ou influenciar no adoecimento do ser humano que está inserido naquele contexto. O presente trabalho relata a experiência de acadêmicos do primeiro período de Enfermagem da FACESF, em uma atividade de extensão realizada pela disciplina de Saúde Coletiva e Ambiental da instituição supracitada. Esta disciplina proporciona a compreensão da situação de saúde da população brasileira por meio de conhecimentos multidisciplinares. Aborda a criação de políticas governamentais do âmbito da saúde e investiga de que forma os DSS podem interferir socioeconomicamente em uma comunidade ou indivíduo no desenvolvimento do processo saúde-doença. Para executar a atividade extensionista, os alunos foram em uma comunidade do município de Belém do São Francisco. Por apresentar várias situações de vulnerabilidade social, baixas condições econômicas e da precária assistência à saúde, esta comunidade chamou a atenção para a realização da atividade de “Conscientização da População Belimita acerca dos Determinantes Sociais da Saúde”.  Essa atividade possuiu como propósito levar para a comunidade visitada o conhecimento acerca de algumas doenças como alcoolismo, hanseníase, tuberculose, dengue, hipertensão e diabetes, e do seu modo de transmissão, diagnóstico, tratamento, sinais e sintomas. Desta forma, com o acesso à informação, a população terá capacidade de minimizar o seu processo de adoecimento. Marco Teórico: A definição do processo saúde-doença passou por uma construção regada de contexto histórico. A importância dos Determinantes Sociais da Saúde dentro deste conceito está em constante adaptação porque eles possuem um enorme impacto dentro do processo saúde-doença. Pode-se dizer que Hipócrates com o tratado “Ares, Águas e Lugares”, datado no século V a.C., foi o primeiro modelo de representação das relações causais existentes entre o meio que o homem está inserido e o processo de adoecimento. Com o avanço da ciência e do conhecimento dos microorganismos, conceitos e orientações voltadas para o controle da proliferação de doenças infectocontagiosas, foi sendo percebida a interação existente entre meio ambiente, social e o processo-saúde doença. Sendo o saneamento básico um dos pontos mais debatidos.  (GARBOIS, 2014). A falta de saneamento básico é um ponto crucial para que ocorra o aumento do índice de doenças infectocontagiosas dentro de uma comunidade. Como foi o caso da população visitada pelos alunos do primeiro período de Enfermagem. Onde eles puderam realizar essa associação de forma prática. Somente em meados da década de 90, a nomenclatura “determinantes sociais da saúde”, teve uma maior utilização. Sendo TARLOV (1996), o primeiro a utilizar o termo de forma coerente. Havendo para ele, quatro categorias básicas de determinantes que eram classificadas da seguinte forma: fatores genéticos e biológicos, atenção médica, comportamental individual e características sociais das quais a vida se dá. Existem diversos modelos que visam explicar a relação entre os determinantes e o processo saúde-doença. O mais conhecido e utilizado é o de Dahlgren e Whitehead (1991), que atualmente é adotado pela Comissão Nacional Sobre os Determinantes Sociais da Saúde. Onde os determinantes sociais da saúde são distribuídos em camadas que pretendem explicar de forma mais detalhada a relação entre o indivíduo e o meio que está inserido e como esta interação pode influenciar no seu processo de adoecimento. Nas camadas mais proximais, estão situados os determinantes relacionados ao indivíduo, como fatores genéticos. As camadas mais distais estão dispostos os macrodeterminantes, que se relacionam com as condições nas quais as pessoas vivem ou trabalham (CNSS, 2014). Em 2006, foi criada no Brasil a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde por meio de Decreto Presidencial. Composta por especialistas e personalidades da vida social, econômica, cultural e científica do país. Desta forma, a CNDSS pretende gerar debates visando diminuir as iniquidades sociais e dentro da saúde no país (BRASIL, 2006). Para a CNDSS: “os determinantes estruturais e as condições de vida quotidianas constituem os determinantes sociais da saúde e são responsáveis pela maior parte das desigualdades na saúde dentro e entre países” (CDSS, 2010). Metodologia: O relato de vivência que será abordado ocorreu em uma comunidade do município de Belém do São Francisco. A atividade foi realizada pelos alunos de Enfermagem do primeiro período, por meio da distribuição de Folders explicativos abordando algumas doenças que possuem o seu processo de adoecimento intrinsecamente relacionado às questões biopsicossociais. Sendo assim, os acadêmicos de Enfermagem levaram o conhecimento do processo saúde-doença e de que forma os Determinantes Sociais da Saúde podem interferir neste processo para a população. Resultados observados: Nós alunos do 1º Período de Enfermagem, juntamente com os professores Emmanuelle Alves e Dina Lyra, nos reunimos no pátio da FACESF para receber algumas orientações com relação à execução da atividade extencionista. Em seguida, nos dirigimos para uma comunidade do município de Belém do São Francisco, onde algumas residências foram visitadas. Neste momento, identificamos fatores biopsicossociais, econômicos, educacionais, alimentares e condições de saúde precárias. Tais fatores tornam a população desta comunidade vulnerável e susceptível a inúmeras doenças. Principalmente por não possuírem informações coerentes e suficientes a respeito deste processo de adoecimento. No primeiro contato com a comunidade ocorreram duas situações antagônicas. Enquanto algumas pessoas (a sua maioria) realizava uma escuta dos temas de forma atenta, levantava questionamentos e se mostrava interessada com relação a obter um maior conhecimento sobre os temas abordados, houve a outra parcela da população que se negou a nos receber. Tal fato evidencia o quanto é importante a realização de visitas às residências das pessoas de comunidades vulneráveis, para que haja uma disseminação do conhecimento de forma mais natural, sem gerar temor ao se falar de saúde, pois a população carece de informação e tal atividade desenvolvida em campo, gerou esse esclarecimento. Analisando o impacto gerado nas pessoas, notamos o quanto o papel do enfermeiro dentro da atenção básica é imprescindível e essencial. Falar sobre promoção e prevenção à saúde são pontos de extrema importância e relevância social, que podem proporcionar uma diminuição da proliferação das doenças infectocontagiosas. No nosso primeiro contato com algumas pessoas percebemos que elas não possuíam muita compreensão acerca das doenças trabalhadas ou apenas obtinham um conhecimento de base cultural. Ao fornecer as informações da área da saúde, foi recompensador perceber que estávamos proporcionando um impacto positivo e uma posterior melhora da qualidade de vida destas pessoas, por meio da disseminação do conhecimento científico e não empírico. Ao distribuir os folders explicativos, conseguimos analisar as peculiaridades da comunidade. Onde foi visível uma defasagem educacional, sendo encontradas algumas pessoas com baixo nível de alfabetização. Para esta ação foram abordadas as seguintes patologias: diabetes, hanseníase, dengue, alcoolismo, tuberculose e hipertensão, pois estão entre as que mais acometem a sociedade atualmente. Foi possível observar que muitas pessoas eram portadoras de algumas das doenças referidas e relatavam a sua própria experiência no enfrentamento do diagnóstico até a maneira como conduzem o seu tratamento. Além de referenciarem a forma como foram infectados ou desenvolveram a doença. Por meio desta atividade, tivemos a capacidade de estabelecer uma conexão direta baseada na prática sobre a influência dos Determinantes Sociais da Saúde no processo saúde-doença. Pudemos perceber que vários indivíduos daquela comunidade estão em situação de risco para várias doenças, devido à falta de saneamento básico, precárias condições de moradia e uma péssima qualidade de vida. É inegável que o papel do enfermeiro, no campo prático, é fundamental e a sua atuação é impar, pois agrega à comunidade mais entendimento a respeito das patologias que as mesmas podem estar sujeitas todos os dias. Foi essencial a realização desta atividade para a nossa formação acadêmica. Considerações Finais: É perceptível que existem muitos campos de atuação para o enfermeiro e que vão além da prática hospitalar, e para que ocorra uma boa atuação deste profissional dentro, ele precisa ter uma visão holística sobre a realidade em que seu paciente está inserido. Portanto, conclui-se que os determinantes são fundamentais para o diagnóstico do paciente, para uma avaliação eficaz do seu tratamento e de uma análise dos pacientes de acordo com a realidade em que estão inseridos. A atividade extencionista tornou possível aliar a teoria e a prática, proporcionando uma melhor qualificação profissional e uma visão diferenciada com relação às populações que possuem uma fragilidade social e necessitam de uma assistência de saúde multiprofissional voltada para minimizar os impactos dos determinantes sociais da saúde no processo saúde-doença.

Como Citar

Alves, D. dos S., Santos, F. J. dos ., Barbosa , L. P. ., Oliveira Ricardo, M. A. de O., Da Mata, M. P. ., & Carvalho, M. E. S. . (2019). A INFLUÊNCIA DOS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE NA DISPARIDADE SOCIAL E NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Fórum Regional De Pesquisa E Intervenção (FOR-PEI), (1). Recuperado de //periodicosfacesf.com.br/index.php/FOR-PEI/article/view/84

Edição

Seção

GT2: SAÚDE E INTERDISCIPLINARIDADE- TEORIA, METODOLOGIA E PRÁXIS

Qual a importância dos determinantes sociais da saúde Quais são os principais objetivos?

Três principais objetivos: Produzir conhecimentos e informações sobre os DSS no Brasil. Apoiar o desenvolvimento de políticas e programas para a promoção da equidade em saúde. Promover atividades de mobilização da sociedade civil para tomada de consciência e atuação sobre os DSS.

Qual a relação entre determinantes sociais de saúde e conceito de saúde?

As diversas definições de determinantes sociais de saúde (DSS) expressam, com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde.

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