Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio para os que entram no mesmo rio correm outras é novas águas

Heráclito, um dos filósofos pré-socráticos mais influentes afirmava que ninguém toma banho no mesmo rio duas vezes. O nobre pensador queria dizer com isso que tudo flui e segue seu ciclo natural. Os momentos são sempre únicos e as águas da vida não mais retornarão, porquanto já fluíram. Ou seja, os momentos não mais se repetirão, pelo menos não da mesma forma, pois serão diferentes uns dos outros. Daí a necessidade de vivermos intensamente cada segundo da existência, porque não voltaremos a tomar banho naquele rio que, não viveremos mais da mesma forma aquele instante que passou e naturalmente seguiu seu fluxo.

E quantas pessoas passam pela nossa vida. Quanta gente cruza nosso caminho fazendo-nos banhar nos rios de suas sabedorias, compartilhando conosco suas próprias vivências. Não fossem essas criaturas que pousam em nosso aeroporto existencial e muito provavelmente estaríamos estagnados, parados marcando passo na existência.

Aproveitar os momentos, portanto, equivale a dedicar atenção especial àqueles que estão ao nosso lado em determinadas circunstâncias. Porém, muitas vezes, esquecidos de que esse rio passa, nós não damos o devido valor ao momento. Atendemos ao celular em meio ao desabafo do amigo, passamos mensagens ininterruptamente sem perceber que em nossa frente está alguém que merece atenção e, não bastasse isso, olhamos várias vezes ao relógio, como se quiséssemos dispensá-lo, e a vida fosse um intenso correr, correr e fazer as coisas da forma mais rápida possível, para depois fazer mais coisas e mais coisas... Tornamo-nos, assim, em algumas ocasiões reféns do relógio. Há horário pra tudo: almoçar, jantar, ir pra escolar, trabalhar, mas certamente esquecemo-nos do que disse Heráclito: de que não tomamos banho no mesmo rio duas vezes. E lá se vão as oportunidades. E nossos amigos seguem seus destinos deixando saudades e provocando exclamações de nossa parte: "Ah, se eu soubesse que ele iria partir teria dedicado mais atenção, teria amado mais, me empenhado mais"!

Uma pena esquecermos de que a existência na Terra é curta, apenas um sopro que passa rapidamente, uma simples brisa na noite da eternidade. Quando percebemos, pronto, acabou-se o que era doce. E fica a saudade e o gostinho de que faltou alguma coisa. Talvez tempo, talvez um pouco mais de amor e dedicação ao próximo mais próximo... Ah, mas este rio já passou, suas águas fluíram e não mais retornam. Agora não adianta mais chorar o leite derramado, ou, melhor dizendo, não adianta mais chorar o rio derramado... Eis a vida e sua dinâmica própria, ensinando-nos a banhar-nos de corpo e alma nas águas que passam por nós; amigos, familiares, momentos felizes... eis as águas que nos lavam e proporcionam-nos o progresso. Vamos aproveitar esse rio?

O autor, Wellington Balbo - [email protected], é colaborador de Opinião

Heráclito de Éfeso desenvolveu este pensamento há mais de 2.500 anos, no século VI a. C., na Ásia Menor. Seus estudos afirmam que tudo é “vir a ser”, e que tudo se transforma num processo permanente e constante.

O filósofo compara este pensamento como um rio “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas e o próprio ser humano já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos.

Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários.

O que mais encantava Heráclito eram as mudanças as quais tudo está submetido, pensamento descrito no conceito de devir.

Devir é o movimento contínuo do mundo e do universo, a mudança incessante. Dizer que algo está em devir é dizer que algo está em vias de se tornar outra coisa, ou seja, que está em transformação, em mudança constante.

No caso do mundo, da natureza, da vida, não existe nada estático, paralisado (nem mesmo a matéria sólida deixa de sofrer alterações, de modificar-se). A isto chamamos de devir: o estado de mudança permanente. O conceito de devir se opõe, na metafísica socrático-platônica, ao conceito de ser, sendo o ser aquilo que é eterno, imóvel e imutável.

Estamos no devir porque mudamos, porque as coisas mudam, mas algo em nós permanece o “mesmo”, e é esse “mesmo” é o que nos define.

O “mesmo” é o ser, a essência, ou seja, segundo esse filósofo, mudamos apenas na superfície, e não em profundidade. Isso quer dizer que nossa essência permanece a mesma e é ela que nos define como humanos.

O filósofo apresenta a causa e a lei deste pensamento, que é tida como princípios da mesma natureza. Heráclito pensava, ainda, que é o homem responsável pelo seu destino, e que poderá seguir uma das duas vias, sendo a ascendente a correta, e que no ato da morte, o homem retorna ao fogo eterno e tornando assim um imortal.

É claro que nem todos concordam com isso. Para Heráclito, o próprio ser é devir, ou seja, a verdadeira realidade das coisas é a mudança e não a permanência.

Retirando qualquer aspecto metafísico do termo devir (como movimento em si, puro), ousamos defini-lo como “matéria em movimento”, pois não existe movimento sem matéria, nem matéria sem movimento. Enfim, a ideia do devir e da diferença está para as filosofias nômades (pensador nômade / pensador sedentário), assim como a ideia de ser e permanência estão para a metafísica sedentária.

Parmênides de Eléia, século V a.C., foi o mais influente dos filósofos que precederam Platão, poeta de grande destaque escreveu o poema “Sobre a natureza”, composto de duas partes: Da verdade e Da opinião. Ele propôs que tudo o que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível e, portanto, imóvel.

Ele sustenta a ideia do ser e o não-ser, dando destaque a realidade do ser. Contrariando o pensamento de Heráclito e afirmando que: “ou algo é ou não é”, e não há possibilidade de vir a ser, pois “se é não pode vir a ser, porque já é”. Afirmando essa ideia, ele explica que do nada não se tira nada, porque ela precisa existir, e está existindo.

Buscando a explicação lógica do ser, ele apresenta a relação entre o ser e o pensamento, e ambos são a mesma coisa, sendo assim, o pensar se encontra expresso no ser. Com esse pensamento, Parmênides comprova que o objeto do pensamento é o ser e que o não ser seria algo impossível.

O que quer dizer a frase ninguém se banha duas vezes no mesmo rio?

Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários”.

Qual era o pensamento do filósofo Heráclito?

Segundo esse pensador, o mundo e a natureza são constantes movimentos. Tudo muda o tempo todo, e o fluxo perpétuo (movimento constante) é a principal característica da natureza. Essa afirmação condensa o significado do fluxo heraclitiano, pois o movimento constante é a marca principal da natureza.

Qual foi a grande questão de Parmênides deixou quando estabeleceu a diferença entre o ser e o Não

Parmênides declarou: o princípio de tudo é o Ser. Todas as coisas têm o Ser, mas o Ser não é aquilo que vemos, pois tudo o que vemos nasce, cresce e perece, ou seja, faz parte do movimento da natureza. O Ser é imóvel, caso contrário pereceria. É percebido apenas através da razão.

Quem disse tudo está em tudo?

Heráclito de Éfeso (540 a.C. a 470 a.C.), como o próprio nome indica, nasceu na cidade de Éfeso.

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