Por que Kant é tido como um pensador que fez uma Revolução Copernicana na teoria do conhecimento?


Caro leitor(a), você já se perguntou como é possível atingir o conhecimento? Como o homem consegue entender a si mesmo e o mundo externo? Mais do que isso, você já se perguntou se todas essas coisas são realmente possíveis para a mente humana?

O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) refletiu sobre essas questões e o resultado causou uma verdadeira revolução na filosofia. O impacto fora tão grande que ficou conhecido como a “revolução copernicana” de Kant.

A REVOLUÇÃO DE COPÉRNICO
Você deve lembrar que  Nicolau Copérnico (1473-1543) combateu a tese que concebia a Terra como o centro do universo. Tal teoria, foi defendida na Antiguidade Clássica e prevaleceu por toda a Idade Média. Os homens daqueles tempos acreditavam que todos os astros giravam ao redor do nosso planeta, essa tese ficou conhecida como geocentrismo.  Pois bem, a partir de observações e cálculos matemáticos Copérnico defendeu que a Terra era só mais um astro que girava ao redor do sol, formando assim a teoria heliocêntrica. A descoberta de Copérnico mudou radicalmente a maneira do homem se conceber na natureza, ou na criação divina, pois descobriu que  nunca estivera no centro do universo.

A DÚVIDA KANTIANA
Kant que fora professor universitário na Prússia, mesmo sem jamais ter saído de sua província (atual Kaliningrado), tornou-se um filósofo internacionalmente conhecido ainda em vida.  Kant se perguntou como é possível o conhecimento e o papel da razão humana nesse processo.

ENTRE RACIONALISTAS E EMPIRICISTAS
Outros filósofos já tinham se debruçado sobre essa questão e estavam divididos basicamente em duas correntes filosóficas: o racionalismo e o empiricismo. Os racionalistas, como por exemplo René Descartes, acreditavam que a razão era o meio de alcançar o conhecimento. Os empiricistas como John Locke, por sua vez, defendiam que nosso conhecimento partia da experiência, proporcionada por nossos sentidos.

Kant via pontos positivos nas duas correntes, mas entendia que ambas cometiam um grande erro: colocavam os objetos do conhecimento no centro e a mente (pelos sentidos ou razão) ao redor de tais objetos. Ou seja, o homem sempre se perguntou sobre a verdade, sobre a realidade dos objetos, mas nunca tinha se perguntado se realmente era possível conhecer algo e como funcionava nossa mente que produzia tal saber.

CRÍTICA DA RAZÃO PURA
Com essa inquietação, Kant escreve A Crítica da Razão Pura onde propõe uma revolução na filosofia, tal como Copérnico realizou na astronomia. Antes de buscar o conhecimento, devia-se questionar a natureza da própria razão e seus pressupostos. Kant escreve que até agora julgava-se “que nosso conhecimento devia ser regulado por objetos”, mas agora devemos admitir que “os objetos devem regular-se pelo nosso conhecimento”.

Por exemplo, você já viu aqueles óculos infantis de lentes coloridas? Lembre-se que ao colocar um óculos azul, todos os objetos tornam-se azuis, e assim acontece com o rosa e as demais cores. Já imaginou se o que vemos do mundo só nos aparece como é, porque nossa mente tem um formato que assim os faz parecer? Talvez as cores e formas que vemos só exista nas nossas mentes. Também exista coisas e seres que nossa mente não tem capacidade para detectar… Isso parece bem maluco, né? Mas pense bem… Pode ser real!

Logo, para Kant o importante era entender o funcionamento e os limites da nossa própria razão.  Na sua teoria, por exemplo, tempo e espaço eram apenas formas da razão, pois tudo que conhecemos encontra-se nessas duas categorias. Espaço e tempo seriam apenas uma maneira da nossa razão reconhecer a realidade.

Quer dizer que tempo e espaço não existem?

Calma… Kant  diz que é impossível saber ao certo, e que na verdade essa questão não importa. Devemos entender como nossa mente funciona, as limitações da razão para tentarmos chegar a algum conhecimento. Tempo e espaço são formas a priori da nossa mente, ou seja, existem antes mesmo de qualquer experiência sensorial ou pensamento.

Desse modo, Kant escreve uma Crítica da Razão Pura. Crítica porque quer descobrir como o conhecimento racional é possível. Pura porque se trata do exame da razão antes e sem os dados oferecidos pela experiência.

Assim como Copérnico retirou a Terra do centro do universo, Kant retirou o objeto do conhecimento, a verdade, do centro da dúvida  e colocou a própria razão.

Para Kant, tanto os sentidos, como a razão são indispensáveis para a formulação do conhecimento, tal como defendia os empiricistas e racionalistas, respectivamente. Porém, todos os sentidos e pensamentos se adaptam às características estruturais da nossa própria razão.  Em última instância, Kant coloca o pensador como sujeito ativo na construção do próprio objeto.

E você, o que  achou de Kant? Acha que tudo o que conhecemos no mundo está sujeito as formas da nossa razão? Acredita que não podemos conhecer um objeto realmente, mas só o que nossa razão forma sobre ele?

Thaís Teixeira

Referências bibliográficas:

-Chauí, Marilena. Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2012.
– DELEUZE, G. A filosofia crítica de Kant. Trad.de Germiniano Franco. Lisboa: Edições 70, 2000.
-Gaarder, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
–  KANT, I. Crítica da  – Razão Pura. Tradução de Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger.  São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Os Pensadores)
– Kim, Douglas (tradução). O Livro da Filosofia. São Paulo: Globo, 2011.

Qual é a proposta de Kant para a teoria do conhecimento?

A teoria do conhecimento de Kant − a filosofia transcendental ou idealismo transcendental − teve como objetivo justificar a possibilidade do conhecimento científico do século XVIII. Ela partiu da constatação de que nem o empirismo britânico, nem o racionalismo continental explicavam satisfatoriamente a ciência.

O que Kant apresenta enquanto revolução filosófica?

Kant propôs inversão semelhante em filosofia. Até então, as teorias consistiam em adequar a razão humana aos objetos, que eram, por assim dizer, o "centro de gravidade" do conhecimento.

Qual foi a principal ideia de Kant?

Principais Ideias de Kant Kant revela que o espírito ou razão, modela e coordena as sensações, das quais as impressões dos sentidos externos são apenas matéria prima para o conhecimento. O julgamento estético e teleológico unem nossos julgamentos morais e empíricos, de modo à unificar o seu sistema.

Qual a importância da Revolução Copernicana?

O legado copernicano Ao descobrir que a Terra e os planetas se moviam em torno do Sol, Copérnico deu início a uma enorme revolução no pensamento científico, que mudou totalmente a forma como as pessoas viam o céu e os planetas entre as estrelas.

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