Por que o Oceano Ártico é o mais prejudicado dos oceanos em relação as emissões de CO2

Mares árticos: emissões de CO2 elevam acidez

Os mares árticos estão ficando mais ácidos como resultado de emissões de dióxido de carbono (CO2), segundo um relatório científico. Cientistas do Center for International Climate and Environmental Research em Oslo, na Noruega, vêm monitorando mudanças na composição química das águas em vastas porções dos oceanos da região.

Cientistas têm monitorado mudança na composição química das águas

Se as emissões parassem agora

Mesmo que as emissões cessassem agora levaria milhares de anos para que a composição química do Oceano Ártico fosse revertida para seu estado original, anterior ao início da atividade industrial.

Mudanças no ecossistema marinho

Os especialistas preveem grandes mudanças no ecossistema marinho. Mas não sabem ao certo quais serão.

A absorção é particularmente rápida em água fria, por isso o Ártico é mais suscetível. As diminuições recentes nas quantidades de gelo presentes nos mares durante o verão vêm expondo mais superfícies do mar ao CO2 existente na atmosfera.

A vulnerabilidade do Ártico é exacerbada por quantidades cada vez maiores de água fresca provenientes de rios e gelo terrestre derretido – já que a água fresca é menos efetiva em neutralizar quimicamente os efeitos acidificantes do CO2.

Os pesquisadores dizem que os mares nórdicos estão se acidificando em diferentes profundidades, embora mais rapidamente nas camadas mais superficiais.

Ártico: índices diferentes de pH

Em entrevista à BBC, o coordenador do relatório, Richard Bellerby, disse que a equipe mapeou um mosaico de índices diferentes de pH na região. O nível de alteração foi determinado pela quantidade de água fresca entrando na área. Bellerby explicou:

Grandes rios fluem para o Ártico. Temos uma espécie de lente de água fresca na superfície do mar em algumas áreas, e a água fresca diminui a concentração de íons que impedem a mudança no pH. O gelo no mar tem sido uma ‘tampa’ no Ártico, então a perda de gelo está permitindo a absorção rápida do CO2

Esse processo é agravado por carbono orgânico que chega pela terra – um efeito secundário do aquecimento regional.

Mudanças rápidas e contínuas são uma certeza. Já ultrapassamos limites críticos. Mesmo se pararmos as emissões agora, a acidificação vai durar milhares de anos. É um experimento imenso.

Mares da Islândia e Barents

Nos mares da Islândia e Barents, a equipe de pesquisadores monitorou diminuições de cerca de 0,02 no pH da água a cada década, desde o final dos anos 60. Efeitos químicos associados à acidificação também foram encontrados nas águas de superfície do Estreito de Bering, e Bacia do Canadá.

Acidez é 30% mais alta que antes da Revolução Industrial

Cientistas calculam que hoje a acidez média das águas superficiais dos oceanos no mundo é cerca de 30% mais alta do que antes da Revolução Industrial. Eles dizem que é muito provável que haja mudanças profundas no ecossistema marinho do Ártico como resultado.

Roger Harrabin

Analista de Meio Ambiente, BBC News

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O Oceano Glacial Ártico é um conjunto de águas que banham as terras mais setentrionais do planeta, situadas acima do Círculo Polar Ártico. Abrange o Polo Norte e países da América, Europa e Ásia. Trata-se do menor dos cinco oceanos que recobrem a Terra, com área de 15 milhões de km².

Uma população de cerca de 4 milhões de pessoas vive nas suas proximidades e depende dele para a sua subsistência por meio da atividade pesqueira. O aquecimento global, no entanto, tem sido um grande problema e tem levado ao degelo uma superfície significativa de áreas antes congeladas por longos períodos, trazendo sérias consequências ao clima global, aos habitantes das terras banhadas por esse oceano e à sua biodiversidade.

Leia também: Qual é a influência das correntes marítimas no clima?

Tópicos deste artigo

  • 1 - Características do Oceano Glacial Ártico
  • 2 - Geografia do Oceano Glacial Ártico
  • 3 - Importância do Oceano Glacial Ártico
  • 4 - Degelo do Oceano Glacial Ártico
  • 5 - Continentes e países banhados pelo Oceano Glacial Ártico
  • 6 - Curiosidades sobre o Oceano Glacial Ártico

Características do Oceano Glacial Ártico

O Oceano Glacial Ártico é um conjunto de águas situado na extremidade norte do planeta Terra, acima do paralelo de 90º N ou Círculo Polar Ártico. Trata-se do menor dos cinco oceanos que recobrem a superfície terrestre, com área de 15,55 milhões de km². Em se tratando de volume, o Oceano Ártico é composto por 18,7 milhões de km³ de água, quase quatro vezes menos do que o Oceano Antártico, que está na quarta colocação.

Uma parcela significativa das águas do Ártico permanecem congeladas durante a maior parte do ano. Sua temperatura varia, atualmente, na faixa dos 3,8º C a -1,8º C. A profundidade média é de 1.205 metros, o que configura esse oceano como o mais raso dentre os cinco oceanos terrestres. O ponto mais profundo, denominado Molloy Deep, está localizado próximo da Groenlândia e fica a aproximadamente 5.500 metros abaixo da superfície.

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O Oceano Ártico é dividido em cinco mares principais. São eles:

  • Mar de Chukchi;

  • Mar Siberiano Oriental;

  • Mar de Laptev;

  • Mar de Kara;

  • Mar de Barents.

Destacam-se, além deles, os mares Beaufort, Lincoln, da Groenlândia, Wendel e Branco.

Esse oceano abarca ainda a Baía de Baffin, a Baía e o Estreito de Hudson e a Passagem do Noroeste. Essa última consiste em uma rota marítima formada por estreitos que conectam as áreas banhadas pelos oceanos Atlântico e Pacífico. Possui, além do mais, outra importante conexão com o Pacífico por meio do Estreito de Bering, uma passagem de 85 km localizada entre a Sibéria e o Alasca.

Geografia do Oceano Glacial Ártico

Recobrindo a porção mais setentrional da Terra, as águas do Oceano Glacial Ártico estão sujeitas ao clima extremo do tipo polar, marcado pela baixa amplitude térmica e frio persistente. No inverno, as temperaturas podem chegar a quase -70º C em algumas regiões. Em função disso, uma extensa área central se encontra congelada todo o ano, havendo o degelo parcial no período correspondente ao verão. No entanto, com o passar do tempo e o avanço do aumento das temperaturas do planeta, o descongelamento foi ganhando maiores dimensões.

Uma de suas peculiaridades é a área ocupada pela plataforma continental, que chega a representar um terço do fundo oceânico. A maior extensão fica nas proximidades da Sibéria, no norte da Rússia. Nas regiões onde há ocorrência dessa formação, o relevo é caracterizado por um conjunto de vales, que chega a 180 quilômetros de largura.

O Ártico pode ter até metade da sua superfície congelada nos meses de inverno.

O relevo do Oceano Ártico é composto também por três dorsais paralelas, que servem como divisor para as porções mais rebaixadas. A primeira delas é a Cordilheira de Lomonosov, onde as altitudes atingem pouco mais de 3 mil metros. A segunda é a Cordilheira de Gakkel ou Montanhas Nansen-Gakkel, cujas cristas possuem até 5 mil metros. A cordilheira Alfa fica em uma área mais elevada a oeste de Gakkel, com picos de 2.700 metros. Compõe esse conjunto também a Dorsal de Mendeleev, que parte do Mar Siberiano Oriental na direção noroeste-sudeste até a Bacia Amerasiana na porção central do Ártico.

Além disso, duas grandes bacias formam o fundo oceânico do Ártico: a Bacia Amerasiana e a Bacia da Eurásia, as quais se dividem em outras quatro bacias menores.

Leia também: Quais são os agentes exógenos do relevo?

Importância do Oceano Glacial Ártico

As expedições exploratórias no Ártico tiveram início somente no século XX, mas a região já era habitada há muito mais tempo. Cerca de 4 milhões de pessoas vivem hoje nas áreas banhadas por esse oceano, o que o torna uma importante fonte de subsistência para os moradores das pequenas vilas que se distribuem pelas extremidades ao norte dos continentes asiático, americano e europeu. A pesca é a principal atividade econômica praticada por essas populações. Destaca-se também o valor do turismo para alguns desses agrupamentos, atividade que vem ganhando um número cada vez maior de adeptos.

Cerca de quatro milhões de pessoas vivem nas regiões banhadas pelo Oceano Ártico.

Os recursos naturais de maior valor econômico encontrados no Ártico são o petróleo, gás natural, reservas de água doce, espécies de peixe e focas. A exploração dos combustíveis fósseis se dá de forma mais intensa nos territórios do Alasca (Estados Unidos) e norte da Rússia. Com a presença dessas reservas, cresce também o interesse pelo domínio político e militar da área.

O Oceano Ártico serve como habitat para espécies únicas adaptadas às condições extremas de frio, pressão e baixíssima luminosidade. Em outras áreas e nas superfícies congeladas, podem ser observadas:

  • baleias (baleia-da-groenlândia, chamada de “bowhead”, baleia-branca ou beluga),

  • peixes,

  • morsas,

  • focas-aneladas e

  • ursos-polares.

Alguns desses animais estão em extinção.

A importância do Ártico atinge escalas ainda maiores quando levamos em conta o seu papel na regulação térmica do planeta. Assim como o Oceano Antártico, as amplas áreas cobertas por gelo refletem a maior parte dos raios solares que atingem a superfície, enquanto as águas são responsáveis pela sua absorção.

Degelo do Oceano Glacial Ártico

A maior preocupação da comunidade científica internacional em torno do Oceano Ártico diz respeito ao derretimento das áreas cobertas com gelo, trazendo consequências a médio e longo prazo tanto para os habitats daquela região quanto para o planeta como um todo.

De acordo com o Greenpeace, a perda resultante do degelo foi maior do que a soma das superfícies da Noruega, Suécia e Dinamarca. A camada recoberta permanentemente por gelo (chamada de gelo multianual) hoje chega a apenas 3% do total do Ártico, enquanto na década de 1980 essa porcentagem era de 20%. O principal responsável por esse fenômeno é o aquecimento global.

O degelo no Ártico é ocasionado pelas mudanças climáticas em curso.

O derretimento do gelo ártico ocorre em maior velocidade do que em qualquer outro lugar do planeta, o que se deve ao aumento das temperaturas duas vezes mais rápido do que nas demais regiões. É importante ressaltar que não somente as camadas de gelo são afetadas pelo aquecimento, pois a água propriamente dita acaba absorvendo ainda mais calor, o que promove gradativamente a alteração do ambiente marinho. Elencamos abaixo outras consequências que já são observadas e que podem vir a acontecer nas próximas décadas.

  • Intensificação do aquecimento do planeta, tendo em vista o papel de regulagem que as áreas congeladas possuem.

  • Extinção do habitat de muitos animais, como os ursos-polares, que, em busca de alimentos, acabam avançando em áreas habitadas.

  • Em escala local, o derretimento pode afetar diretamente as populações que vivem e dependem das águas do Oceano Ártico para a sua subsistência.

  • Elevação do nível dos oceanos em 7,4 metros até o ano de 2100.

  • O derretimento atinge o permafrost, que é o solo congelado. Isso ocasiona a liberação de enormes quantidades de CO2 e de gás metano na atmosfera terrestre. No total, o permafrost contém aproximadamente 1,5 bilhão de toneladas de CO2. Outras substâncias que podem ser liberadas por esse processo são mercúrio tóxico e também vírus e bactérias muito antigos e há muito tempo fora de circulação.

Veja também: Relação entre o aquecimento global e a extinção das espécies

Continentes e países banhados pelo Oceano Glacial Ártico

O Oceano Ártico banha as extremidades norte da Ásia, Europa e América do Norte, que abrange os seguintes territórios:

  • Canadá;

  • Groenlândia;

  • Islândia;

  • Noruega;

  • Suécia;

  • Finlândia;

  • Rússia;

  • Estados Unidos (Alasca).

Muitas ilhas compõem as áreas emersas banhadas por esse oceano, dentre as quais destacamos:

  • Arquipélago Canadense;

  • Ilhas Faroe;

  • Jan Mayden;

  • Arquipélago Svalbard;

  • ATOW 1996, pequena ilha pertencente à Groenlândia e ponto mais setentrional da Terra.

Curiosidades sobre o Oceano Glacial Ártico

  • A superfície coberta pelo Oceano Ártico é quase duas vezes a área do território brasileiro e equivale a aproximadamente 33% da superfície do planeta.

  • O nome do Oceano Ártico é derivado do grego e significa nortenho (do norte) e também “próximo ao urso”, em referência às constelações Ursa Maior e Ursa Menor, esta que contém a Estrela Polar ou do Norte.

  • A camada de gelo central encontrada no Ártico possui uma média de 3 metros de espessura.

  • A zona costeira banhada por esse oceano é de 45.389 km.

  • O Ártico abriga a baleia narval, conhecida como “unicórnio do mar”, por possuir um dente canino que se projeta para fora do corpo, assemelhando-se a um chifre.

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Por que o Oceano Ártico descongelado representa um potencial econômico mundial?

Resposta verificada por especialistas Isso porque o Oceano Ártico pode ser apresentado como a porção de água congelada presente na região do extremo norte do planeta. Caso descongeladas, tornaria-se um meio de navegação e de passagem por meios de transporte de mercadorias.

Qual a importância do oceano Ártico?

O oceano Glacial Ártico tem uma grande importante ambiental, econômica e estratégica. Ele possui grande influência nas dinâmicas climáticas do planeta, sendo um dos principais pontos de degelo na superfície terrestre — processo de descongelamento das geleiras em razão do aumento da temperatura da Terra.

Qual é o nome do oceano mais frio do mundo?

A temperatura da superfície do oceano Ártico é praticamente constante, próxima do ponto de congelação da água do mar, pouco superior a 0 °C.

Quais são as principais características do Oceano Glacial Ártico?

O Oceano Glacial Ártico (ou simplesmente Oceano Ártico) é o menor oceano do mundo com cerca de 14 milhões de km². Além disso, é o oceano mais raso, com uma profundidade média de 1050 metros e máxima de 5500 metros, e o que apresenta menor salinidade.

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