Porque quando estamos com nariz entupido não sentimos o gosto da comida?

  • Michelle Roberts
  • BBC

19 agosto 2020

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

O Covid-19 não é como outras doenças respiratórias virais típicas e tem algumas características únicas, dizem especialistas

A perda do olfato que pode acompanhar o coronavírus é única e diferente daquela experimentada por alguém com um forte resfriado ou gripe, dizem pesquisadores europeus que estudaram as experiências de pacientes.

Quando os pacientes com covid-19 apresentam perda de olfato, ela tende a ser repentina e severa.

E geralmente não envolve nariz entupido, congestionado ou escorrendo — a maioria das pessoas com coronavírus ainda consegue respirar livremente.

Outra coisa que os diferencia é sua contundente perda do paladar.

Não é que seu paladar esteja um pouco prejudicado porque seu olfato está fora de ação, dizem os pesquisadores em artigo publicado na revista científica Rhinology. Pacientes com coronavírus que perderam o paladar realmente não conseguem distinguir entre amargo ou doce.

Os especialistas suspeitam que isso ocorre porque o vírus afeta as células nervosas diretamente envolvidas com a sensação de cheiro e paladar.

Os principais sintomas do coronavírus são:

  • Febre alta

  • Tosse nova contínua

  • Perda de cheiro ou paladar

Qualquer pessoa com esses sintomas deve se autoisolar e fazer um teste para verificar se tem o vírus. Outros membros da família também devem se isolar para evitar uma possível disseminação.

Pesquisa olfativa

Responsável pelo estudo, o professor Carl Philpott, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, realizou testes de cheiro e sabor em 30 voluntários: 10 com covid-19, 10 com resfriados fortes e 10 pessoas saudáveis sem sintomas de resfriado ou gripe.

A perda de cheiro foi muito mais profunda nas pacientes com covid-19. Eles eram menos capazes de identificar cheiros e não eram capazes de distinguir sabores amargos ou doces.

Philpott, que trabalha com a ONG Fifth Sense, criada para ajudar pessoas com distúrbios de olfato e paladar, diz: "Realmente parece haver características distintas que distinguem o coronavírus de outros vírus respiratórios".

"Isso é muito interessante porque significa que testes de olfato e paladar podem ser usados para discriminar entre pacientes com covid-19 e pessoas com gripe ou resfriado comum."

O especialista diz que as pessoas podem fazer seus próprios testes de cheiro e sabor em casa, usando produtos como café, alho, laranja ou limão e açúcar.

Mas Philpott ressalva que testes ainda são essenciais se alguém pensa que pode ter coronavírus.

Os sentidos do olfato e do paladar retornam em poucas semanas na maioria das pessoas que se recuperam do coronavírus, acrescenta.

O professor Andrew Lane é especialista em problemas de nariz e seios faciais na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Ele e sua equipe têm estudado amostras de tecido da parte de trás do nariz para entender como o coronavírus pode causar a perda do olfato e publicaram as descobertas na revista científica European Respiratory Journal.

Os especialistas identificaram níveis extremamente altos de uma enzima que estava presente apenas na área do nariz responsável pelo cheiro.

Essa enzima, chamada ACE-2 (enzima conversora de angiotensina II), é considerada o "ponto de entrada" que permite que o coronavírus entre nas células do corpo e cause uma infecção.

O nariz é um dos locais por onde o Sars-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, entra no corpo.

"Estamos agora fazendo mais experimentos no laboratório para ver se o vírus está realmente usando essas células para acessar e infectar o corpo", diz Lane.

"Se esse for o caso, podemos ser capazes de combater a infecção com terapias antivirais aplicadas diretamente pelo nariz."

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Paladar é o sentido que nos faz sentir o gosto. E o olfato, o cheiro. Seus receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são excitados por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto que, os olfativos, por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na percepção dos sabores. O centro do olfato e do paladar no cérebro combina a informação sensorial da língua e do nariz.

A mucosa olfatória também tem grande responsabilidade sobre o paladar. As papilas gustatórias da língua são responsáveis para identificar as quatro sensações gustativas tradicionais, como o doce, salgado, azedo, amargo. Quando tapamos o nariz, comemos e bebemos, não conseguimos sentir nem o gosto nem o cheiro da comida. Quando a pessoa tem uma perda olfativa, ela tem uma perda do paladar muito acentuada. Paladar envolve o olfato e papilas gustatórias.

Como os distúrbios do olfato e do paladar raramente constituem uma ameaça à vida, eles podem não receber a atenção médica devida. Entretanto, esses distúrbios podem chegar a ser frustrantes uma vez que afetam a capacidade do indivíduo de desfrutar de comidas, bebidas e aromas agradáveis. Além disso, eles interferem na capacidade do indivíduo em perceber a presença de substâncias químicas e gases potencialmente perigosos, o que pode acarretar graves consequências. De qualquer maneira, um distúrbio que compromete o olfato e o paladar pode ser grave. O olfato e o paladar estão intimamente relacionados. As papilas gustativas da língua identificam o sabor e os nervos do nariz identificam o odor.

As duas sensações são comunicadas ao cérebro, que combina as informações para identificar e apreciar os sabores. Embora alguns sabores (p.ex., salgado, amargo, doce e ácido) possam ser identificados sem o olfato, os sabores mais complexos (p.ex., de framboesa) exigem tanto o paladar quanto o olfato. A perda ou a redução do olfato (anosmia) é o distúrbio mais comum do olfato e do paladar. Como a diferenciação entre dois sabores depende em grande parte do olfato, os indivíduos frequentemente percebem a sua redução quando os alimentos parecem não ter sabor. O olfato pode ser afetado por alterações do nariz, dos nervos que conectam o nariz ao cérebro ou do cérebro. Por exemplo, se as fossas nasais forem obstruídas por causa de um resfriado comum, o olfato pode ser diminuído simplesmente porque os odores não conseguem chegar aos receptores do olfato.

"A gripe pode dar uma perda olfativa por condução ou por lesão nas células receptoras da mucosa olfatória. A perda condutiva é causada por uma rinite alérgica ou um desvio de septo, por exemplo". 

Então, há várias causas de alteração do paladar e do olfato, assim como há diferentes níveis de perda. Elas podem ser perdas de condução e perdas sensoriais. A gripe pode dar uma perda olfativa por condução ou por lesão nas células receptoras da mucosa olfatória. A perda condutiva é causada por uma rinite alérgica ou um desvio de septo, por exemplo. A perda sensorial é a perda em que há lesão dos neurônios que estão na mucosa olfatória dentro da cavidade do nariz. O vírus do resfriado ou da gripe pode destruir o neurônio olfatório, e ele pode ou não se regenerar. Se a pessoa teve uma lesão do neurônio olfatório e esse neurônio não se regenerou, ela pode manter essa perda olfativa por anos ou nem recuperar. O resfriado lesa as papilas gustatórias, fazendo com que o paciente possa perder a gustação. 

Fumar pode alterar a percepção olfativa, pois o cigarro tem substâncias químicas que podem levar à destruição do “neurônio olfatório”. Medicamentos podem também causar a perda olfativa e do paladar, como alguns anti-hipertensivos. Normalmente após a interrupção do uso, a função retorna ao normal.

O paladar pode ser alterado por gripe, resfriado, rinossinusite, infecções respiratórias, traumatismo cranioencefálico e causas indeterminadas. Alguns traumatismos podem levar à perda olfativa, como a lesão do córtex olfatório. Neste caso, é imediato. Após o trauma, a pessoa já refere que perdeu o olfato. Não é gradativo. No caso das doenças respiratórias, pode haver perda olfativa transitória por causa do nariz obstruído. Se ocorrer lesão do neurônio olfatório, a perda pode persistir. Contato com produtos químicos pode levar à perda também. Inseticidas, pesticidas, níquel, cádmio, cigarro, podem lesar a mucosa olfatória de forma reversível ou irreversível.

Quem tem perda do paladar pode ter consequente perda do olfato. Gustação é a sensação gustativa do doce, salgado, amargo, azedo...Gosto + aroma = sabor.  Paladar, gosto, sabor, todos envolvem o olfato. Se uma pessoa só tem perda da mucosa olfatória, ela não tem alteração na gustação, consegue perceber o doce, salgado, azedo, amargo. Mas o gosto das comidas sofre forte ajuda da mucosa olfatória. Se ela tiver uma perda olfatória, a capacidade gustativa fica bastante prejudicada. 

A alteração de paladar e olfato pode ocorrer em qualquer idade. Os idosos têm propensão a uma maior perda olfativa após uma infecção, por exemplo, porque a mucosa olfatória se degenera com o passar dos anos. O paciente de 70 anos tem, teoricamente, muito menos mucosa olfatória funcionante do que o indivíduo de 20. Se contrair um resfriado e o vírus comprometer essa mucosa olfatória funcionante, ele pode ter perda olfativa maior do que o indivíduo jovem. 

A redução ou a perda do paladar (ageusia) é normalmente causada por condições que afetam a língua. São exemplos a boca muito seca, o tabagismo intenso (especialmente fumar cachimbo), a radioterapia da cabeça e do pescoço e os efeitos colaterais de drogas como a vincristina (um medicamento anticâncer) ou a amitriptilina (um antidepressivo). A distorção do paladar (disgeusia) pode ser consequência dos mesmos fatores que acarretam a perda do paladar. As queimaduras da língua podem destruir temporariamente as papilas gustativas, e a paralisia de Bell (uma paralisia unilateral do rosto causada pela disfunção do nervo facial) pode ocasionar a perda do paladar em um lado da língua. A disgeusia também pode ser um sintoma de depressão.

Diagnóstico

Os médicos podem testar o olfato utilizando óleos aromáticos, sabonetes e alimentos (p.ex., café ou alho). O paladar pode ser testado com o uso de substâncias doces (açúcar), ácidas (suco de limão), salgadas (sal) e amargas (aspirina, quinina, aloé). O médico ou o dentista realiza um exame da cavidade bucal em busca de infecção ou ressecamento (salivação escassa). A realização de uma tomografia computadorizada (TC) ou de uma ressonância magnética (RM) do cérebro raramente é necessária.

Tratamento

Dependendo da causa do distúrbio do paladar, o médico recomendará a troca ou a suspensão do medicamento suspeito, Foi afirmado que os complementos de zinco, refluxo gastroesofágico, faríngeo, doenças de glândulas salivares, dentes em mau estado, arcada dentária com problemas, cáries e infecções de gengiva podem levar à alteração da gustação. Se tratados, o paladar melhora. 

Alguns fármacos podem alterar a produção de saliva, causado por boca seca e aumentando a ocorrência de cáries, estomatite ou glossite, como é o caso dos antidepressivos tricíclicos que provocam um paladar metálico ou amargo. Outros fármacos podem ser secretados na saliva, causando paladar amargo como é o caso de antibióticos como a claritromicina, outros antibióticos como a tetraciclina podem resultar em crescimento excessivo de fungos provocando, por exemplo, a candidíase. Antineoplásicos causam estomatite, glossite e esofagite. Estes efeitos são consequências normais do uso dos medicamentos em questão e que passam em geral logo que o uso for suspenso.

O que fazer para desentupir o nariz e sentir o gosto da comida?

Para tratar a congestão nasal e voltar a sentir o gosto dos alimentos normalmente, vale apostar em métodos simples, tais como usar soro fisiológico, beber bastante água sempre e consumir alimentos ricos em minerais e vitaminas importantes para manter a imunidade alta.

Quando não se sente o gosto da comida?

A perda do olfato ou do paladar é um sinal da covid-19. Por esse motivo, os médicos ficam em alerta máximo quando seus pacientes lhes dizem que a comida não tem mais sabor —e é importante fazer o exame o quanto antes para saber se você está infectado com o coronavírus.

Porque perdemos o paladar com a gripe?

Quando um indivíduo fica gripado ou resfriado é comum que sinta anosmia e ageusia. Isso porque o muco obstrui as fossas nasais, impedindo que ele possa sentir aromas normalmente.

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