Bolcheviques e Mencheviques são as duas correntes nas quais se dividiu o Partido Operário Social-Democrata da Rússia.
As palavras “Bolchevique” e “Menchevique” vêm do russo e significam, respectivamente, maioria e minoria.
Divisão entre bolcheviques e mencheviques
A ruptura do Partido Operário Social-Democrata da Rússia aconteceu quando a organização realizava seu segundo congresso, em 1903.
Naquela reunião, dois grupos se formaram: os bolcheviques, liderados por Lenin, e outro, os mencheviques, por Yuli Martov (também conhecido como Julius Martov).
Durante as deliberações, houve um intenso debate sobre as possibilidades de como e quando instalar um regime socialista na Rússia.
As teses de Lenin saíram vitoriosas durante a votação do Comitê Central ou seja foram a maioria e por isso receberam o nome de "bolchevique". Após este fato, o partido ficaria fraturado até 1912, quando os mencheviques (minoria, em russo) optaram por fundar seu próprio partido.
Apesar das divergências, os mencheviques tiveram uma participação fundamental durante a Revolução Russa em 1917.
Diferenças entre bolcheviques e mencheviques
Segundo Lenin, o partido deveria estar constituído de revolucionários profissionais que se encarregariam de conduzir às massas ao regime socialista.
Também defendia a tese que o aliado da classe operária deveria ser os camponeses, pois estes também eram oprimidos tanto pelo regime czarista quanto pela burguesia. Finalmente, quando os operários tomassem o poder, seria instalada a ditadura do proletariado.
Já Yuli Martov argumentava que o partido deveria se abrir a todo aquele que desejasse entrar e militar na causa revolucionária.
Para fazer a revolução, dizia Martov, a classe operária precisaria se aliar à burguesia liberal e, desta maneira, desenvolver plenamente o capitalismo na Rússia. Primeiro, deveriam fazer uma revolução burguesa e somente depois disso, iniciar a construção de uma sociedade socialista, sem passar pela ditadura do proletariado.
O Socialismo e a Revolução Russa (1917)
A repressão exercida pela polícia política czarista e as duras condições de vida do operariado russo fazem muitos intelectuais admirarem as ideais socialistas de Karl Marx.
Ao longo do século XIX, em toda Rússia, são fundadas várias organizações de trabalhadores inspiradas nas ideias marxistas. A fim de unificá-los, em 1898, é fundado o Partido Operário Social-Democrata da Rússia, cujos presidentes seriam Lenin e Yuli Martov.
Ambos eram vigiados pela polícia e foram mandados para a Sibéria por conta de suas atividades políticas, até que foram exilados em Londres.
As ideias de Lenin saíram vitoriosas e passaram a constituir a “maioria” na organização. Por sua parte, as teses de Yuli Martov tornaram-se a “minoria” dentro do partido.
Líderes bolcheviques e mencheviques
Lenin, junto com Leon Trotsky, foi um dos mais destacados dirigentes bolcheviques e da Revolução Russa. Mais tarde, este núcleo daria origem ao Partido Comunista da União Soviética - PCUS.
Por sua parte, o líder dos mencheviques, Julius Martov, foi afastado da vida política russa após 1917 e obrigado a se exilar na Alemanha, onde faleceria em 1921.
Temos mais textos sobre o assunto:
- Domingo Sangrento
- Questões sobre Revolução Russa
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Em fevereiro de 1917, o partido menchevique tomou o poder do Czar Nicolau II, na Rússia. Era o fim do absolutismo monárquico.
A partir do século XIX, a Rússia passou por uma rápida modernização. Houve a abolição da servidão camponesa, entretanto a situação social e econômica dos operários e dos camponeses não melhorou e o poder absolutista exercido por Nicolau II, ao contrário, determinava para a sociedade o pagamento de altas taxas de impostos, para a manutenção de uma nobreza falida.
As crises sociais foram acentuadas com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A manutenção da Rússia na guerra e o grande número de soldados (camponeses) russos mortos no conflito foram fatores essenciais para a explosão de uma revolta social, já que os impostos pagos pela população tiveram uma ascensão para garantir o poder bélico da Rússia.
Ainda no ano de 1917, todos os antagonismos de classe se voltaram para um objetivo comum: derrubar o poder absolutista do Czar Nicolau II. Sendo assim, trabalhadores das indústrias, camponeses e soldados russos se voltaram contra o czarista e obrigaram o imperador a deixar o trono. Feito isso, instalou-se um governo provisório republicano formado por liberais e progressistas que constituíam as bases do partido menchevique.
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Liderados pelo socialista moderado Alexander Kerenski, o governo provisório controlado pelo partido menchevique tinha como principal objetivo transformar a Rússia em uma República parlamentarista democrática. Os planos de Kerenski foram executados durante o governo menchevique, mas sua visão divergia dos marxistas revolucionários. Para o líder menchevique, seria necessário primeiramente o desenvolvimento das forças produtivas (indústrias russas) como uma etapa fundamental para se chegar a uma revolução burguesa, para depois se alcançar o socialismo.
Dentro dessa lógica burguesa, Kerenski governou sem atender às reivindicações da sociedade, não retirou a Rússia da guerra, nem resolveu o problema da fome e da miséria da população. A partir dessa crescente impopularidade, trabalhadores e camponeses juntamente com o partido bolchevique organizaram os sovietes (Conselhos de operários, camponeses e soldados) para derrubar os Mencheviques do poder. Em julho de 1917, começavam os primeiros confrontos entre policiais e grevistas. Em outubro de 1917, os bolcheviques derrubaram Kerenski do poder e instauraram a Revolução Socialista na Rússia.