Quais foram fatores que favoreceram o êxodo das áreas rurais contribuindo para o crescimento económico industrial da cidade?

Dentre as principais características da industrialização tardia do Brasil, ocorrida ao longo do século 20, destaca-se o processo de concentração geográfica na região Sudeste, especialmente em São Paulo, o que acabou reproduzindo uma série de desigualdades regionais no território brasileiro.

Esse fato, contudo, não permite afirmar que as primeiras indústrias capitalistas brasileiras, no início do século 20, foram desenvolvidas de maneira concentrada na região Sudeste. Ao contrário. Naquele período, por exemplo, a indústria têxtil nordestina era bastante desenvolvida, sendo que já foi até mesmo contada em filme a saga do ilustre Delmiro Gouveia, um industrial que ficou conhecido pelo seu pioneirismo no aproveitamento hidrelétrico do baixo rio São Francisco e pela perseguição e assassinato que sofreu, por se recusar a vender suas indústrias à companhia inglesa Machine Cotton.

Assim, para entender o crescimento vertiginoso de São Paulo - em 1872, a capital da província cafeeira, com módicos 32 mil habitantes, era apenas a décima maior cidade do Brasil -, que permitiu à cidade se consolidar como, atualmente, a quarta maior metrópole do mundo, com quase 20 milhões de habitantes, é necessário compreender as características do processo de concentração industrial brasileira, exigindo uma atenção mais detida nos seus dois principais impulsos, no século 20: (a) em 1930, com a indústria de substituição de importações, e (b) na década de 1950, com a indústria automobilística.

Concentração industrial

A gênese da indústria de substituição de importação esteve ligada a uma série de fatores, desencadeados, sem dúvida, pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, que acabou induzindo definitivamente à crise o complexo cafeeiro, até então a principal pauta de exportação brasileira - sendo o Estado de São Paulo responsável por 2/3 das exportações de café no mundo.

Para se ter uma ideia da crise, o preço da saca de café exportada caiu, na Bolsa de Nova York, em torno de 60%, de 4,70 libras para 1,80. Mas, como forma de evitar essa intensa desvalorização, o governo de Getúlio Vargas passou a "socializar os prejuízos" com a sociedade brasileira, comprando e queimando (ou jogando em alto-mar) os estoques encalhados de café.

A Grande Depressão de 1929, além de inviabilizar a exportação do café brasileiro, dificultava a importação de produtos industrializados no país (acredita-se que naquele período a importação tenha diminuído cerca de 60%). Foi nesse contexto que nasceu o processo de industrialização no Brasil, com a função de substituir as importações de produtos industrializados de outros países, inclusive dos EUA.

Assim, a indústria de substituição de importação, capitalizada pela ação do Estado e com farta disponibilidade de mão-de-obra barata - produto de um êxodo rural cada vez mais intenso -, vai se desenvolver especialmente no ramo das indústrias de bens de consumo não-duráveis, com destaque às indústrias têxtil e alimentícia. Todavia, sua ação foi restringida devido à insuficiência financeira e tecnológica para desenvolver uma fundamental indústria de base.

Foi no Estado Novo que ocorreu a implantação de parte fundamental da infra-estrutura necessária para o desenvolvimento da industrialização. Coube ao Estado um papel relevante no alargamento das bases produtivas, como "empresário" na indústria de base ou rompendo os pontos de estrangulamento em energia e transporte, ou, ainda, como regulador do mercado de trabalho, através de uma complexa legislação trabalhista.

Mas foi com o segundo grande impulso da industrialização no Brasil, no governo de Juscelino Kubitschek (1956-60), que houve a consolidação definitiva do capitalismo industrial brasileiro. No fundo, o famoso slogan do governo de J. K., "Cinqüenta anos em cinco", tinha na indústria automobilística seu carro-chefe.

Investimentos maciços foram feitos para garantir as condições gerais da produção industrial, tais como os realizados nas áreas de energia, de transporte, de aparelhamento portuário, da educação e da saúde.

Porém, a indústria automobilística e toda uma cadeia produtiva de equipamentos e peças para veículos continuaram a reforçar a concentração industrial em São Paulo, em especial na região do ABC paulista. Tanto é verdade que, na década de 1970, a região metropolitana de São Paulo representava quase a metade (45%) do valor da produção industrial no país.

Mas, além das questões econômicas, era cada vez mais evidente que a concentração industrial na metrópole paulista reproduzia e aprofundava as desigualdades inter-regionais, motivando uma intensa dinâmica migratória. Segundo a Fundação Seade, entre 1970 e 1980, o saldo migratório foi positivo de 2 milhões de pessoas. Como conseqüência dessa dinâmica deu-se o que Milton Santos chama de "macrocefalia", caracterizada pelo rápido e desordenado crescimento das cidades, gerando uma série de problemas sócio-espaciais.

Desconcentração industrial

Diante de tais distorções regionais no território brasileiro e problemas sócio-espaciais gerados pelo modelo concentrador do processo industrial na região Sudeste, o planejamento estatal desenvolveu, paulatinamente, na década de 1970, uma série de incentivos fiscais para a desconcentração industrial, levada a cabo regionalmente pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Mas é na década de 1990 que a desconcentração industrial no país vai se intensificar. Apoiada pela maior abertura econômica e pelo desenvolvimento técnico-científico (informática e comunicação), sem esquecer das mudanças constitucionais de 1988 - que concederam aos estados e municípios maior autonomia na definição dos impostos cobrados às empresas -, esse processo de desconcentração acabou gerando o que os geógrafos chamam de "Guerra dos Lugares", ou seja, uma disputa entre estados e municípios, com a intenção de atrair grandes empresas a partir da diminuição ou isenção de impostos.

Porém, não é correto afirmar que, nesse período, teria se iniciado um processo de desindustrialização da Grande São Paulo. Além de concentrar, em 1990, 31% do valor da produção industrial, a metrópole acabou se especializando em atividades mais complexas e competitivas, que exigem o emprego mais qualificado de novas tecnologias, ligadas à informática e à comunicação.

Sem dúvida, a cidade de São Paulo cresceu vertiginosamente, mais de 150 vezes, no século 20. E parece que, no século 21, sua dinâmica a consolidará como o maior centro de serviços especializados em âmbito nacional, detendo a centralização do comando diretivo e financeiro das mais importantes empresas no Brasil: não por acaso, 50% das sedes das 50 maiores empresas brasileiras estavam localizadas, em 2002, na Grande São Paulo.

Quais foram os fatores que favoreceram o êxodo das áreas rurais contribuindo para o crescimento econômico e industrial da cidade?

Êxodo rural é o processo de migração de pessoas do campo para a cidade. Muitas causas podem ser associadas a ele, como a modernização da produção agrícola, a concentração fundiária, a busca por melhores condições de vida e melhores empregos, entre outros fatores.

Quais foram os fatores que favoreceram o êxodo das áreas rurais?

A modernização do campo e a industrialização das cidades são causas importantes do êxodo rural. O movimento de êxodo rural é caracterizado pela movimentação interna da população de uma zona rural para uma zona urbana.

Como o êxodo rural contribuiu para o crescimento das cidades?

O êxodo rural é o movimento de pessoas do campo para área urbana em busca de emprego e melhores oportunidades de vida. Esse processo migratório reduz a força de trabalho para as atividades agrícolas, enquanto provoca uma superlotação nos centros urbanos, contribuindo para o surgimento de problemas sociais.

Porque o êxodo rural foi um fator determinante para o desenvolvimento do capitalismo industrial?

O êxodo rural foi um fator determinante para o desenvolvimento do capitalismo industrial. As pessoas saiam do campo em busca de melhores condições de vida nas cidades, o que resultou numa explosão demográfica e o surgimento de uma nova divisão de trabalho nas fábricas.

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