Quais são as principais ações dos seres humanos que podem causar a extinção de espécies

Criado em 16/03/15 08h52 e atualizado em 16/03/15 09h29
Por Ministério do Meio Ambiente

O processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies ou grupos de espécies em um determinado ambiente ou ecossistema. Semelhante ao surgimento de novas espécies, a extinção é um evento natural: espécies surgem por meio de eventos de especiação (longo isolamento geográfico, seguido de diferenciação genética) e desaparecem devido a eventos de extinção (catástrofes naturais, surgimento de competidores mais eficientes).

Normalmente, porém, o surgimento e a extinção de espécies são eventos extremamente lentos, demandando milhares ou mesmo milhões de anos para ocorrer. Um exemplo disso foi a extinção dos dinossauros, ocorrida naturalmente há milhões de anos, muito antes do surgimento da espécie humana, ao que tudo indica devido à alterações climáticas decorrentes da queda de um grande meteorito.

Ao longo do tempo, porém, o homem vem acelerando muito a taxa de extinção de espécies, a ponto de ter-se tornado, atualmente, o principal agente do processo de extinção.

Em parte, essa situação deve-se ao mau uso dos recursos naturais, o que tem provocado um novo ciclo de extinção de espécies, agora sem precedentes na história geológica da terra.

Atualmente, as principais causas de extinção são a degradação e a fragmentação de ambientes naturais, resultado da abertura de grandes áreas para implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, expansão urbana, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície. Estes fatores reduzem o total de habitats disponíveis às espécies e aumentam o grau de isolamento entre suas populações, diminuindo o fluxo gênico entre estas, o que pode acarretar perdas de variabilidade genética e, eventualmente, a extinção de espécies.

Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de espécies exóticas, ou seja, aquelas que são levadas para além dos limites de sua área de ocorrência original. Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas. Com o aumento do comércio internacional, muitas vezes indivíduos são translocados para áreas onde não encontram predadores naturais, ou ainda são mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos. Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, ocasionando o empobrecimento dos ambientes, a simplificação dos ecossistemas e a extinção de espécies nativas.

Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas.

A conservação dos ecossistemas naturais, sua flora, fauna e os microrganismos, garante a sustentabilidade dos recursos naturais e permite a manutenção de vários serviços essenciais à manutenção da biodiversidade, como, por exemplo: a polinização; reciclagem de nutrientes; fixação de nitrogênio no solo; dispersão de propágulos e sementes; purificação da água e o controle biológico de populações de plantas, animais, insetos e microorganismos, entre outros. Esses serviços garantem o bem estar das populações humanas e raramente são valorados economicamente.

A conservação da biodiversidade brasileira para as gerações presentes e futuras e a administração do conflito entre a conservação e o desenvolvimento não sustentável são, na atualidade, os maiores desafios do Ministério do Meio Ambiente.

O Ministério do Meio Ambiente tem, portanto, enormes responsabilidades em relação às espécies ameaçadas de extinção. Em primeiro lugar, destaca-se a elaboração das listas das espécies ameaçadas, com a finalidade de quantificar o problema e permitir o direcionamento de ações para solucioná-lo; em segundo, a proteção e a recuperação dessas espécies; e em terceiro, e talvez o mais complexo, o desenho de um modelo de desenvolvimento que assegure a utilização sustentável dos componentes da biodiversidade.

Estes objetivos não podem, entretanto, ser alcançados individualmente por um Ministério ou isoladamente pelo governo mas, tão somente, por meio de uma efetiva aliança e de uma concertada ação nacional, que deve envolver as esferas de governo federal, estadual e municipal, além dos setores acadêmico-científico, não-governamental e empresarial.

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postado em 13/03/2019 06:00


Há tempos a ciência alerta que atividades humanas têm um impacto negativo sobre a biodiversidade. Mas agora, pela primeira vez, pesquisadores detalham, em um mapeamento global, como a caça ilegal, a construção de estradas e o desmatamento para fins agrícolas, entre outros, afetam diretamente espécies consideradas ameaçadas de extinção. O resultado, publicado na revista Plos Biology, revela um quadro preocupante. Dos 5.457 mamíferos, aves e anfíbios que se encaixam nesse critério, um quarto está sob risco em quase 90% da sua distribuição geográfica.

;O que é mais angustiante: 395 espécies estão afetadas em todo seu alcance e quase certamente enfrentarão a extinção se não houver ações para acabar com as ameaças;, diz o principal autor do estudo, o pesquisador da Universidade de Queensland James Allan. O Brasil é destaque no mapeamento por conter um dos biomas mais ameaçados, a Mata Atlântica. Florestas tropicais e subtropicais da Malásia, Indonésia, Índia, Mianmar e Tailândia dividem com o sudeste brasileiro a condição de piores regiões para a conservação das espécies. Globalmente, a situação mais crítica está nos manguezais. Quando considerados os países em sua totalidade, os mais impactados pela atividade humana são Malásia, Brunei e Cingapura. No sudeste asiático, em uma área correspondente a 11,7 mil quilômetros quadrados, há mais de 150 espécies ameaçadas por ações antropogênicas.

Embora já preocupante, o retrato revelado pela pesquisa está incompleto: a situação, destacam os pesquisadores, é ainda mais grave. ;É importante notar que nossos dados não compreendem todas as ameaças a todas as espécies. Por exemplo, nossa análise não leva em conta doenças infecciosas, um condutor global do declínio em anfíbios, ou as mudanças climáticas, uma ameaça que já está impactando muitas espécies em todas as unidades taxonômicas. Os resultados são, portanto, conservadores, e muitas espécies serão mais impactadas do que nosso mapa mostra;, diz o artigo.

Refúgios

Além dos hotspots ; locais em que a riqueza das espécies está mais ameaçada pela atividade humana ;, a pesquisa identifica os cool spots, os últimos refúgios onde animais estão seguros e longe dos impactos antropogênicos. Novamente, o Brasil é destaque mas, dessa vez, positivo. Entre esses últimos paraísos na Terra para anfíbios, aves e mamíferos, estão partes da Floresta Amazônica, além das Montanhas Andinas, das florestas de tundra da Rússia e das florestas boreais da América do Norte.

Os autores do artigo acreditam que a identificação dos refúgios poderá ajudar a guiar estratégias de conservação, para que não apenas se recuperem áreas onde as espécies estão mais ameaçadas, mas sejam criados meios de garantir que os santuários não sofram interferência humana. ;É óbvio que a grande maioria das espécies ameaçadas que ainda não está extinta desaparecerá se não tomarmos medidas preventivas. Ainda temos tempo para nos ajustar e melhorar, mas precisamos usar os resultados desse estudo para nos concentrar em salvar as áreas que funcionam como fortalezas para essas espécies;, diz James Watson, pesquisador da Universidade de Queensland e coautor do estudo.

;Nos hotspots, temos de interromper as ameaças, além de identificar a ameaça específica daquele local. Nos cool spots, devemos impedi-las em primeiro lugar, o que pode ser feito por meio de áreas protegidas e reservas indígenas, por exemplo;, afirma James Allan, que liderou o mapeamento. ;Também podemos usar as informações da análise para priorizar os locais em que se deve agir para salvar a maior quantidade de espécies, e é nisso que estou trabalhando no momento.;

Três perguntas para



James Allan, pesquisador da Escola de Ciências Ambientais e da Terra da Universidade de Queensland


Baseado no mapeamento, o senhor pode analisar a situação das espécies brasileiras?

O Brasil é interessante, a Mata Atlântica é um dos mais impactados biomas na Terra. Parar com as ameaças nessa área, restaurar e reconectar os pedaços de floresta são pontos cruciais para acabar com as extinções. A Amazônia também é o último grande refúgio do mundo. Qualquer atividade de desenvolvimento econômico lá é devastadora para a biodiversidade. O Brasil tem um grande potencial para salvar a biodiversidade protegendo a Amazônia, o Pantanal e recuperando a Mata Atlântica.


O desmatamento para fins agrícolas é uma tendência crescente no mundo. O senhor acredita que é realmente possível colocar limites nessa atividade econômica a favor da biodiversidade?

Em alguns lugares, como a Amazônia, é preciso colocar limites de fronteira para acabar com as extinções. Em outros, planejamento estratégico e inteligente da expansão agrícola funcionarão. Como nós mapeamos ameaças específicas contra espécies, é possível descobrir exatamente quais atividades serão prejudiciais em uma área e quais atividades não serão, para que possamos ajudar a orientar o desenvolvimento e a expansão agrícola com baixo impacto.

Pessoalmente, o senhor acredita que será possível prevenir o colapso das espécies ameaçadas?

Sim, absolutamente. A combinação da ciência de peso, publicada pelo bom jornalismo, a atenção do público e o apoio (que está crescendo) devem conseguir fazer isso, apesar da falta de liderança visionária em muitos países. Nem todas as espécies serão salvas, mas, certamente, podemos salvar a maioria.

Quais são as principais ações dos seres humanos que podem causar a extinção?

A extinção pode ocorrer por vários motivos, dentre eles, destacam-se a destruição do habitat, competição, doenças, caça e matanças deliberadas, mudanças ambientais drásticas e catástrofes ambientais.

Quais ações humanas colaboram para a ameaça das espécies?

As necessidades do homem por mais alimentos e energia são os principais causadores desse declínio. Com a população humana passando de 7 bilhões, atividades como agricultura, extração de madeira, caça furtiva, pesca e mineração estão alterando o mundo natural a uma taxa “sem precedentes na história da humanidade”.

Quais atividades humanas intensificam a extinção de espécies?

Essa emissão é provocada por atividades antrópicas, como queima de combustíveis fósseis, gases emitidos por escapamentos de carros, tratamento de dejetos, uso de fertilizantes, atividades agropecuárias e diversos outros processos industriais. Leia também: Aquecimento global pode levar países à extinção!

Quem é o maior responsável pela extinção das espécies?

Ser humano é responsável por 96% das extinções de mamíferos da Terra nos últimos milhares de anos, sugere novo estudo internacional. Muito tem se falado nos últimos anos sobre o impacto das alterações no clima do planeta sobre a sobrevivência – e o desaparecimento – de milhares de espécies de plantas e animais na Terra ...

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