Qual o tempo necessário para realizar a higiene das mãos com produto alcoólico e água e sabonete líquido?

30 abr 2020

Postagem de 17/03/2020 | Atualizada em 30/04/2020

Higienização deficiente das mãos resulta em mãos que permanecem contaminadas.

Médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da saúde podem contaminar suas mãos fazendo coisas simples.

As infecções relacionadas à assistência à saúde afetam milhões de pacientes em todo o mundo e também impactam de forma significativa os sistemas de saúde. Em países desenvolvidos essas infecções representam cerca de 5% a 10% das internações hospitalares e em países em desenvolvimento pode acometer mais de 25% dos pacientes.

As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes e a higienização das mãos é reconhecida como a prática mais efetiva para reduzir as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).

Higienizar as mãos de forma correta é fundamental para da segurança do paciente. A adequada higienização das mãos deve ser realizada:

  • antes do contato com o paciente;
  • após o contato com o paciente;
  • antes da realização de procedimento asséptico;
  • após o risco de exposição a fluidos corporais e,
  • após tocar superfícies próximas ao paciente.

O uso de luvas não substitui a higienização das mãos.

Abaixo, vídeo demonstrativo completo com a correta higienização das mãos com água e sabão e com preparação alcoólica:

Demonstração da correta Higienização das mãos com água e sabão

Demonstração da correta Higienização das mãos com preparação alcoólica

Recomendações sobre produtos saneantes que possam substituir o álcool 70% na desinfecção de superfícies, durante a pandemia da COVID-19

A pandemia de COVID-19 vem causando aumento dos casos de pessoas infectadas, devido à facilidade de transmissão do vírus. Sabe-se que o novo coronavírus denominado SARS-Cov-2 causador da COVID-19 se transmite principalmente:

  • de pessoa a pessoa por gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.
  • por contato com superfícies ou objetos contaminados, onde o vírus pode ficar por horas ou dias, dependendo do tipo de material.

O conhecimento da porta de entrada e do modo de transmissão do agente infeccioso fornece uma base científica para determinar as medidas de controle apropriadas para as ações de saúde pública, que tem como objetivo conter e limitar a propagação de doenças patogênicas, com alta virulência, como é o caso do vírus SARS-Cov-2.

Assim, as medidas adotadas de lavagem frequente das mãos com água e sabonete ou, quando não há acesso a instalações adequadas de  lavagem das mãos, o uso de produtos sanitizantes para as mãos e a prática de desinfecção de superfícies, são recomendadas com base nas formas de transmissão do vírus.

A seguir, Nota Técnica n.º 26 da ANVISA, com Recomendações sobre produtos saneantes que possam substituir o álcool 70% na desinfecção de superfícies, durante a pandemia da COVID-19.

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Higiene das Mãos é Essencial

Embora a higiene das mãos seja uma medida simples, infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) afetam centenas de milhões de pessoas no mundo. “Isso ocorre porque a contaminação das mãos dos profissionais de saúde se dá durante a assistência, por meio do contato com o paciente e com superfícies, que pode ocorrer de forma direta ou indireta”, afirma a médica Gláucia Varkulja, infectologista pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas e membro do IBSP – Instituto para Segurança do Paciente. “Diversos microrganismos, inclusive bactérias multirresistentes podem passar a fazer parte da flora transitória das mãos dos profissionais, e quando a higienização das mãos não é feita, ou é feita de forma inadequada, as mãos permanecem contaminadas, podendo transmitir esses microrganismos para outros pacientes e superfícies”, explica.

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Em entrevista exclusiva ao site do IBSP, Gláucia reforça o papel de uma assepsia correta das mãos e elenca as vantagens e desvantagens de cada tipo de produto para a higienização.

IBSP – Qual a importância da higiene das mãos para controlar a infecção hospitalar?

Gláucia Varkulja: A higiene de mãos é a medida mais importante na prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde, pois data de meados do século 19 o início da associação de mãos contaminadas com infecções desenvolvidas pelos pacientes.

IBSP – O que deve ser usado para lavar as mãos e minimizar as infecções em ambientes hospitalares?

Gláucia Varkulja: Para higienizar as mãos, podemos utilizar produtos que dispensam o uso de água, como produtos alcoólicos, seja em apresentação espuma, gel, spray; água e sabão líquido; ou sabão com produto antisséptico.

IBSP – Água com sabão é suficiente? Álcool em gel é uma alternativa segura?

Gláucia Varkulja: O produto alcoólico é considerado o padrão ouro pela Organização Mundial de Saúde: é mais eficiente que higienizar as mãos com água e sabão, por se tratar de produto com ação antisséptica, ou seja, é maior a redução da carga microbiana presente nas nossas mãos com produto antisséptico do que com água e sabão comum.

IBSP – Qual o tempo que o profissional leva para higienizar as mãos?

Gláucia Varkulja: Com a solução alcoólica, é menor a necessidade de tempo para realizar a higienização das mãos comparada a lavá-las na pia (20 a 30 segundos com álcool versus 40 a 60 segundos na pia).

IBSP – Qual é menos agressivo?

Gláucia Varkulja: O produto alcoólico é menos agressivo à pele por conter substâncias emolientes que ajudam a preservar a integridade da pele. Além destes pontos, devemos considerar a disponibilidade de acesso: dispensadores de produto alcoólico podem ser instalados no ponto de assistência, que é aonde estão presentes três elementos: o paciente, o profissional da saúde e um cuidado a ser realizado.

IBSP – Em que momento a solução alcoólica deve ser usada?

Gláucia Varkulja: Sempre, até quando as mãos não estiverem visivelmente sujas.

IBSP – Quais as vantagens da solução alcoólica em relação ao álcool gel?

Gláucia Varkulja: São quase o mesmo produto, porém em diferentes apresentações. As vantagens são as detalhadas anteriormente, mais fácil disponibilização no ponto de assistência, é menos prejudicial à pele que sabonete, é mais rápido e mais prático na sua utilização, além da já mencionada eficácia antimicrobiana. Ainda que haja necessidade de maiores estudos para evidenciar qual apresentação é superior (há estudos com resultados controversos), considero que dispor do produto alcoólico, independentemente da sua apresentação, mas que esta seja bem aceita pela equipe assistencial, é um dos maiores ganhos para garantirmos cuidado limpo e seguro.

IBSP – Existem desvantagens da solução alcoólica?

Gláucia Varkulja: Consideraria apenas vantagens do produto alcoólico, em que pese a maior adesão à prática de higiene de mãos com este produto, principalmente pela rapidez no uso e facilidade de acesso. Contudo, podemos citar alguns pontos de atenção: quando usamos luvas talcadas, o resíduo do talco em contato com produto alcoólico pode formar uma espécie de “pasta”, de textura bastante desagradável e que pode facilitar desenvolvimento de dermatites. E ao cuidarmos de paciente com Clostridium difficile (que é uma bactéria que pode causar quadros diarreicos a colite fulminante, principalmente associados ao uso de antimicrobianos), como a forma esporulada desta bactéria é resistente ao álcool, é importante orientar os profissionais, os contactantes e o próprio paciente a lavarem as mãos para que haja remoção mecânica deste microrganismo.

IBSP – Quais os efeitos colaterais do uso de soluções alcoólicas e álcool gel na pele dos profissionais de saúde?

Gláucia Varkulja: Diria que os efeitos dos insumos para higiene de mãos, sejam eles produtos alcoólicos nas suas diversas apresentações, e também sabão líquido ou antisséptico, podem ser semelhantes, em maior ou menor escala. Daí a importância de ter um produto de qualidade, em que a barreira cutânea seja cuidada e preservada. Pode haver irritação, dermatites, descamação, efeito de ressecamento, sensação de mãos pegajosas.

 IBSP – Qual a qualidade dos produtos?

Gláucia Varkulja: Os produtos atuais evoluíram muito, contendo emolientes e hidratantes na composição, o que dificulta o surgimento deste tipo de efeito colateral. É bastante importante que os insumos, antes de serem escolhidos, sejam avaliados pelos usuários, além dos fóruns técnicos como as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar e de Padronização, ou Farmácia e Terapia. É importante que haja alguma forma de notificação de casos de lesões associadas ao uso destes insumos para que a avaliação de possíveis necessidades de mudanças possam ser feitas.

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Qual o tempo correto para realizar a higiene de mãos com produto alcoólico e água e sabonete líquido?

Duração de todo o procedimento: 40-60 seg. Higienize as mãos com água e sabonete apenas quando estiverem visivelmente sujas! Senão, friccione as mãos com preparações alcoólicas!

Qual o tempo necessário para higiene das mãos com preparação alcoólica?

A utilização de gel alcoólico a 70% ou de solução alcoólica a 70% com 1-3% de glicerina pode substituir a higienização com água e sabão quando as mãos não estiverem visivel- mente sujas. Duração do Procedimento: 20 a 30 segundos.

Qual o tempo mínimo da higienização básica das mãos com água e sabão?

Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a higienização com álcool leve entre 20 e 30 segundos e de 40 a 60 segundos com água e sabão, estudos sugerem que a duração costuma ser menor do que 10 segundos – e que nunca excede os 24 segundos (1).

Como fazer higiene das mãos com preparação alcoólica e com sabonete líquido e água?

Aplique uma quantidade suficiente de preparação alcoólica em uma mão em forma de concha para cobrir todas as superfícies das mãos. Friccione as palmas das mãos entre si. Friccione a palma direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa. Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais.

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