Relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem: fragilidades e fortalezas

INTRODUCAO

A enfermagem e reconhecida como uma pratica social caracterizada por atividades elaboradas por uma equipe, a qual tem duas nocoes distintas: a equipe como agrupamento de agentes, caracterizada pela fragmentacao e a equipe como integracao de trabalhos, caracterizada pela articulacao consoante a proposta da integralidade das acoes de saude1.

Um conjunto de individuos so funciona com perfeicao se seus integrantes estiverem articulados entre si, assim denominando-os de equipe. Dentro desse contexto, destacam-se as relacoes interpessoais, que, no ambiente de trabalho, devem ser compreendidas, a fim de aperfeicoar o vinculo pessoal entre os membros da equipe, estabelecendo relacoes eticas e de respeito (2).

No desempenho da funcao do cuidar, a linguagem e elemento essencial, ja que envolve sujeitos dessa relacao (3).

A acao comunicativa e uma interacao na qual os participantes recorrem a linguagem para reivindicar as pretensoes de validade dos seus respectivos argumentos. Enfatiza-se ainda a diferenca entre comportamento e acao, sendo o comportamento algo que pode ser observado como um fato da natureza, e a acao considerada um comportamento intencional normatizado por regras (4).

A teoria da acao comunicativa compreende que interacao e a solucao para o problema da coordenacao que surge quando diferentes atores envolvidos no processo comunicativo estabelecem alternativas para um plano de acao conjunta. Tal teoria retrata tambem que as atividades orientadas para um flm, dos participantes da interacao, estao integradas umas as outras atraves de um meio: a linguagem (4).

Neste interim, a linguagem flca prejudicada pelo fato da enfermagem exercer suas atividades de forma parcelada, caracterizada por uma equipe heterogenea, fragmentada e diversificada. Vale salientar que as tarefas mais elementares sao executadas pelos membros menos qualificados e as tarefas de supervisao e comando por aqueles que detem o saber (5).

Diante disso, esse estudo teve como motivacao a necessidade do profissional de enfermagem compreender seu ambiente de trabalho, seus conflitos, suas adversidades, suas condicoes de trabalho, mas tambem seus fatores facilitadores do processo de enfermagem.

O presente estudo pretende abordar as relacoes interpessoais da equipe de enfermagem sob a otica da acao comunicativa, contribuindo para o processo de trabalho em saude. Teve como objetivo analisar as relacoes interpessoais da equipe de enfermagem em seu ambiente de trabalho.

REVISAO E LITERATURA

A equipe e formada por sujeitos do processo de trabalho, sendo cada profissional detentor de uma autonomia tecnica, ou seja, uma esfera de liberdade de julgamento e tomada de decisoes de suas atividades, que considera nao apenas as questoes tecnicamente estabelecidas, mas tambem as socialmente legitimadas conforme os graus de autoridade tecnica (1).

As relacoes interpessoais tem grande importancia dentro do contexto do trabalho da enfermagem, pois o grupo necessita agir com respeito as diferencas, a fim de desenvolver um trabalho em equipe satisfatorio (3). Os sujeitos envolvidos no trabalho devem participar de forma integrada, apontando os caminhos para constituir uma equipe integrada, partindo da perspectiva do agir comunicativo e, assim, conceber o elo entre os participantes do grupo.

As interacoes comunicativas sao promovidas por pessoas envolvidas por mesmos propositos, para coordenar e executar seus planos de acao. Nessas acoes, o ato da fala de um sujeito so tera validade se o outro envolvido na comunicacao aceitar a oferta nele contida, acolhendo a posicao de forma afirmativa, mesmo que seja de maneira implicita (4).

Trazendo a pratica comunicativa para o contexto da enfermagem, entende-se, que por meio dessa atividade, os profissionais poderao construir um projeto comum de trabalho mais adequado, diariamente, a fim de possibilitar uma comunicacao favoravel entre a equipe de enfermagem. Ao permitir o agir comunicativo, a equipe buscara o entendimento mutuo entre os sujeitos envolvidos e, assim, possibilitara o cuidado, a partir da melhoria do ambiente laboral e das relacoes interpessoais.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado na enfermaria de um hospital de referencia estadual em urgencia, situado no municipio de Natal/RN.

A enfermaria de clinica cirurgica, caracterizada por admitir pacientes que realizam cirurgias gerais e ortopedicas, contando com 48 profissionais de enfermagem, incluindo enfermeiros, tecnicos e auxiliares. A coleta das informacoes ocorreu no mes de abril de 2012 e foram selecionados para este estudo os profissionais que aceitaram participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e que estavam presentes no hospital no momento da coleta de dados, totalizando 16 sujeitos.

A escolha da enfermaria de clinica cirurgica ocorreu diante da alta rotatividade dos leitos e diversidade de diagnosticos dos clientes, destacando-se, ainda a presenca rotineira da policia, devido ao internamento de apenados. Diante desse cenario peculiar, este ambiente e ainda mais estressor.

Para garantir o anonimato dos entrevistados, durante a apresentacao e analise dos resultados, os nomes de sentimentos que favorecem as relacoes interpessoais foram escolhidos como pseudonimos para os sujeitos da pesquisa, a saber: carinho, alegria, presente, beijo, abraco, atencao, entre outros.

O projeto desta pesquisa foi submetido a apreciacao do Comite de Etica e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), respeitando a normatizacao da Resolucao no. 466/2012, tendo sido aprovado pelo Certificado de Apresentacao para Apreciacao Etica (CAAE) 0289.0.051.000-11 e Protocolo no. 262/11.

A coleta de dados ocorreu atraves de entrevistas semiestruturadas, compostas de perguntas abertas e fechadas. Realizaram-se, apos a coleta, as transcricoes das entrevistas gravadas, seguindo-se as leituras das locucoes, as quais foram submetidas a tematica. Possibilitou-se identificar as principais fragilidades e fortalezas do relacionamento interpessoal, relacionando-as com a Teoria da acao comunicativa de Habermas e a Caracterizacao de equipe e suas relacoes interpessoais de Peduzzi, originando como uma das categorias de analise: Fragilidades e Fortalezas do relacionamento interpessoal.

RESULTADOS E DISCUSSAO

O hospital e um ambiente profissional definido por diversas especialidades e sujeitos, trabalhadores e clientes. E nesse contexto que a equipe de enfermagem esta inserida, como um componente indispensavel na prestacao de assistencia, contudo, as dificuldades de relacionamento dentro da equipe podem prejudicar o andamento do processo do cuidado, alem de tornar o ambiente de trabalho desagradavel.

Nessa atmosfera laboral, os sujeitos falam de sua realidade, muitas vezes com expressoes de sofrimento que antes podem ter passado despercebidas, por se tratarem de profissionais que lidam e cuidam de pessoas doentes diariamente.

O relacionamento interpessoal da enfermagem pode ser um fator facilitador ou conturbador do ambiente laboral, de tal forma que cause consequencias positivas ou negativas tanto nos trabalhadores da saude, quanto nos doentes.

Observou-se na fala das entrevistadas uma preponderancia relacionada a presenca de fragilidades que permeiam o relacionamento interpessoal entre a equipe de enfermagem. Fragilidade significa tornar fragil; debilitar; abater emocionalmente; sensibilizar (6).

As fragilidades destacadas, de acordo com o sentimento das entrevistadas, compreendem um complexo de situacoes, que nesse estudo, dividem-se em objetivas, aqueles que sao extrinsecos ao relacionamento da equipe, como o desgaste do dia a dia, sobrecarga de trabalho e carencia de recursos humanos e materiais; e subjetivas, que referem-se a relacao interpessoal como mal relacionamento com o paciente e seus familiares, falta de comunicacao, relacionamento com a chefia de enfermagem, desuniao, relacao hierarquica e dificuldade no gerenciamento de pessoas.

A primeira fragilidade subjetiva, que fora evidenciada como significante para este estudo, foi a relacao dos profissionais de enfermagem com os pacientes e seus familiares, como nos depoimentos em destaque:

O que atrapalha e porque esta faltando uma questao da educacao em relacao ao acompanhante, postura. [...] Eles [os acompanhantes] desacatam a gente. (Companheirismo)

O paciente e o acompanhante nao querem saber se o hospital nao tem material. Eles nao procuram a pessoa certa para reclamar, reclamam em cima do tecnico ou da enfermagem, que nao tem nada a ver. Os acompanhantes atrapalham o servico da gente. (Empatia)

Essa fragilidade destacada, apesar de dizer respeito a uma falha na integracao entre a equipe (ou um de seus membros) e o paciente ou acompanhante, acarreta em uma falha na interacao da propria equipe. Para o paciente e o acompanhante, a mudanca de profissionais em razao da rotina, a rotatividade de individuos que prestam as diversas atencoes ao doente e, tambem, a ausencia de conhecimento tecnico, de forma geral, acabam por permitir apenas uma identificacao generica das equipes de saude e de enfermagem. Por sua vez, o relacionamento interpessoal (trabalhador de enfermagem-paciente) promove um elo terapeutico entre os envolvidos, influenciando diretamente na pratica do cuidado, uma vez pois perpassam o agir dos sujeitos, determinando a interacao social estabelecida (7,8).

A necessidade de hospitalizacao de um individuo ocorre quando ele precisa de um atendimento especial, embora algumas vezes essa acolhida seja renunciada por parte dos profissionais, os quais visam somente a doenca e se esquecem de que junto a enfermidade existe uma pessoa que requer atencao (9).

A relacao da equipe de enfermagem com sua chefia foi identificada como outra fragilidade recorrente. Esse fator foi diretamente relacionado a hierarquia existente nessa interacao. Foi constante o relato sobre a insatisfacao com a relacao hierarquica que se estabelece na equipe em questao, como verbalizado nas seguintes transcricoes:

Uma coisa que atrapalha e: se voce tiver uma enfermeira que nao lhe ajude, que so queira cobrar de voce. Ela sabendo o profissional que voce e e ficar cobrando, isso ai atrapalha. (Empatia)

Os tecnicos de enfermagem nao gostam de receber ordens. Acham que a gente so quer mandar, nao entendem que a nossa funcao e gerenciar. Isso dificulta muito a relacao. (Agradecimento)

Enfatizando a relacao hierarquica nestas falas, observa-se que o processo de trabalho da enfermagem caracteriza-se por uma divisao do trabalho pautada na qualificacao, legitimada pela formacao escolar, no qual ha uma hierarquizacao de tarefas (10).

Percebe-se diante depoimentos, que o profissional de nivel medio nao se adapta ao fato de receber ordens e ser cobrado em suas atribuicoes. O profissional de nivel superior reconhece no comportamento dos subordinados essa resistencia e julga-a como algo prejudicial a relacao interna da equipe.

Nesse contexto, observa-se que as interacoes sociais sao mais ou menos cooperativas e estaveis, mais ou menos conflituosas ou instaveis. A medida que os atores agem exclusivamente, a fim de influenciar a opiniao do outro, caracteriza-se o agir estrategico. Ja quando os atores tratam de harmonizar suas acoes internamente, de forma que negociem seus objetivos atraves de conviccoes comuns, compreende-se o agir comunicativo (4).

E possivel fazer uma associacao dessa diferenciacao tambem com a caracteristica que ira marcar a relacao estabelecida na equipe de enfermagem: no exercicio das atribuicoes hierarquicas de forma autoritaria, e possivel apenas identificar um agir estrategico. Por sua vez, se a comunicacao for direcionada a melhor gestao da atividade da equipe, e tambem a harmonizacao dos seus componentes, o agir comunicativo podera ser identificado.

Em conformidade com a hierarquia de sua chefia, os profissionais de enfermagem tambem identificaram como uma fragilidade para esta analise, a dificuldade do enfermeiro no ato de gerenciar. A identificacao dessa fragilidade esta exposta no depoimento a seguir:

Em relacao ao enfermeiro, ele fica muito maleavel [...] ele tem que ter uma postura com determinado profissional [...] e e confundida do profissional bom para o rebelde, eu acho que e questao do enfermeiro separar a profissional rebelde, da profissional excelente, ter punho. Tem que separar porque as pessoas abusam disso. (Companheirismo)

Esse trecho reforca que o enfermeiro, ao gerir as pessoas, deve por um lado, estar atento as particularidades e individualidades de cada membro enquanto individuo, e por outro, possuir uma postura isonomica. Nao pode deixar de estar atento ao fato de que lida, nesse momento, com pessoas que possuem desejos, anseios, dificuldades e historias de vida diferentes. Mesmo assim, nao pode fazer de sua administracao um momento de satisfacao pessoal ou de distribuicao de onus, fazendo com que outros membros da equipe sintam-se insatisfeitos em suportar tratamentos distintos indevidamente.

O gerenciamento e fundamental para o papel dos enfermeiros, uma vez que e neste momento que sao definidos os limites e possibilidades de cada componente no grupo, cabendo, entao, a quem o gerencia o exercicio da autoridade, quando se fizer necessario, diferenciado de autoritarismo (2).

A carencia de comunicacao na equipe e outra fragilidade das relacoes interpessoais, que pode ser identificada na explanacao a seguir:

Tem muitas pessoas que sao desunidas, como por exemplo: esse paciente nao e meu, por isso nao farei nada. E nao ha comunicacao, pois nao custa ajudar no que precisar; ha muita desuniao. (Dedicacao)

O deficit de comunicacao foi encontrado como um fator gerador de insatisfacao e competicao entre a equipe de enfermagem que compreendeu que ha uma necessidade de ressignificacao das relacoes na enfermagem, na medida em que o cuidado de si e entre si dos profissionais no ambiente de trabalho e condicao imprescindivel ao cuidado do outro cliente (11).

Nesse sentido, a ausencia da comunicacao conduz a situacoes de relacionamentos interpessoais inadequados e criadores de um ambiente improprio ao trabalho da equipe em pauta.

Portanto, na ausencia do dialogo, nao e possivel alcancar o consenso entre os individuos. Quando nao se estabelece a linguagem como meio de interacao entre os individuos, a socializacao fica prejudicada, pois nao e possivel a formacao e manutencao das identidades pessoais, ou seja, das individualidades e a identificacao do integrante com o seu grupo (4).

As fortalezas destacadas pelas entrevistadas como elementos contributivos para as relacoes da equipe de enfermagem, foram: companheirismo, comunicacao eficaz, convivencia com as diferencas e respeito, capacidade de adaptacao, coleguismo, tranquilidade da equipe, paciencia com os demais, uma boa equipe e a ajuda ao proximo. Fortalezas sao qualidades ou virtudes dos fortes: solidez, seguranca, forca e energia moral (6). Nesse sentido, os trechos a seguir reportam:

E o que ajuda muito no nosso setor e quando nos temos uma enfermeira que ela nos ajuda, que ela nos bota para cima, que ela faz a gente confiar que tem uma pessoa ali para defender a gente na hora em que for necessaria. (Apoio)

Eu gosto muito de dizer o que eu penso, e eu tenho essa liberdade com o pessoal que eu trabalho. Nao tenho problema nenhum nisso. (Dedicacao)

Uma boa equipe, pessoas que voce se sente bem para trabalhar, isso e muito importante, ajuda muito, as colegas e as nossas superioras tambem. (Escuta)

De acordo com os trechos anteriores, percebe-se que a presenca de profissionais colaborativos, atenciosos, tranquilos, seguros e uma equipe que realmente se ajude diante da dificuldade do outro, sao os anseios dos profissionais no relacionamento interpessoal entre a equipe de enfermagem, configurando algumas fortalezas destacadas neste estudo.

Reforcando esse raciocinio, uma equipe por ser constituida de pessoas, surge inerentemente uma interacao afetiva entre seus membros, e a existencia desse vinculo entre os participantes, por sua vez, pode permitir uma vinculacao com a propria organizacao (12).

Apreende-se nos depoimentos, que os sujeitos almejam por uma equipe cuja ajuda seja mutua e saiba ouvir criticas e entende-las como construtivas.

Diante disso, ha necessidade de se enfocar mais a acao comunicativa durante o processo de trabalho da enfermagem, considerando suas divergencias sociais, culturais e subjetividades; para permitir um melhor relacionamento interpessoal, com autonomia de seus agentes e construcao mutua de objetivos comuns entre a equipe.

Entre os destaques apontados pelas entrevistadas, a comunicacao e uma fortaleza que corresponde ao eixo principal analisado nesta pesquisa. Alem disso, a comunicacao se ressaltou na analise por corresponder diretamente ao elemento principal da Teoria da Acao Comunicativa de Habermas.

Nesse sentido, a transcricao seguinte demonstra o valor da comunicacao como fortaleza entre as entrevistadas:

A minha capacidade de me comunicar e de saber pedir, de saber falar com eles. Porque tudo tem que ser com jeitinho. (Carinho)

Identifica-se a importancia de uma veiculacao da comunicacao de forma adequada, proporcionando um clima de satisfacao e valorizacao multiprofissional. A comunicacao em enfermagem de forma coerente fortalece as relacoes interpessoais no ambiente laboral, tornando o processo de trabalho construtivo e prazeroso (11,12).

Alem de contribuir para o processo de trabalho multiprofissional, a comunicacao tem um papel importante no cuidado oferecido ao cliente, favorecendo a promocao a saude, o autocuidado e prevenindo o sofrimento (13). Destacam-se, que no relacionamento entre paciente e enfermeiro, o usuario busca solidariedade e atencao as suas necessidades, evidenciando que esta relacao reflete nas acoes da equipe profissional e no ambiente de trabalho (14,15).

A equipe de enfermagem deve ser direcionada para o agir comunicativo, muito embora tenha sido presenciado o agir estrategico, o qual nao e habil para permitir a superacao das fragilidades encontradas e sua conversao em fortalezas. O agir estrategico compreende as praticas individualistas ou as acoes orientadas pelo interesse para o sucesso, a partir de uma perspectiva de meios e fins (4).

A linguagem e um instrumento capaz de reduzir as fragilidades e potencializar as fortalezas existentes no relacionamento entre os individuos. A compreensao da importancia e a capacidade do agir comunicativo permitem que as individualidades, que formam a heterogeneidade da equipe e as particularidades de seus participantes, deixem de ser elementos prejudiciais a comunicacao e passem a ser reforcos do consenso construido pela participacao plural.

CONCLUSAO

Nas relacoes interpessoais de enfermagem, foram identificadas fragilidades e fortalezas nesse processo. As fragilidades foram mais marcantes para as entrevistadas, sendo mais demonstradas nesta pesquisa.

A comunicacao foi identificada como uma fortaleza e sua ausencia como uma fragilidade, o que representou um elemento marcante na equipe de saude, tornando-se prejudicial no relacionamento interpessoal. Observa-se um dissenso entre os profissionais de enfermagem, os quais sao atores de um cenario em que predomina o agir estrategico, com a presenca de fortes relacoes hierarquicas e autoritarias.

O fortalecimento das relacoes interpessoais na equipe de enfermagem precisa expandir-se ate atingir um grau de consolidacao democratica da profissao. Portanto, e necessario enfocar mais a acao comunicativa durante o processo de trabalho da enfermagem para permitir um melhor relacionamento interpessoal, com autonomia de seus agentes e construcao mutua de objetivos comuns entre a equipe. Assim, os componentes desse processo interativo devem se reconhecer como atores de um mundo social repleto de divergentes culturas, saberes e subjetividades, para possibilitar um relacionamento eficaz.

DOI: //dx.doi.org/10.12957/reuerj.2016.7657

REFERENCIAS

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Mariana Pereira da Silva Araujo (I); Soraya Maria de Medeiros (II); Libna Laquis Capistrano Quental (III)

(I) Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Vila Velha, Espirito Santo. E-mail: .

(II) Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, Rio Grande do Norte. E-mail: .

(III) Enfermeira. Discente do curso de Pos-graduacao em Gestao de Saude Publica da Faculdade Estacio do Rio Grande do Norte. E-mail: .

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O que é relacionamento interpessoal em enfermagem?

O relacionamento interpessoal enfermeiro-paciente se dá por base na comunicação de quem cuida e de quem é cuidado, aproximando-os de forma que o enfermeiro possa compreender a experiência do paciente tendo uma visão holística acerca do atendimento no processo saúde-doença.

Qual a importância da relação interpessoal na equipe de enfermagem?

As relações interpessoais têm grande importância dentro do contexto do trabalho da enfermagem, pois o grupo necessita agir com respeito às diferenças, a fim de desenvolver um trabalho em equipe satisfatório3.

Como deve ser o relacionamento no trabalho da equipe de enfermagem?

O relacionamento enfermeiro-paciente é meta a ser atingida, é função específica da enfermeira, é a interação planejada com objetivos definidos entre duas pessoas, na qual ambas modificam seu comportamento, construtivamente, com a evolução do processo de relacionamento.

Quais as fases do relacionamento interpessoal em enfermagem?

Em sua teoria, Peplau opta por descrever o processo de relação interpessoal da enfermagem em quatro fases: orientação, identificação, exploração e resolução. Essas etapas estão superpostas e devem ser consideradas de forma relacionada.

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