Um dos fatores, em termos macroeconômicos, que mais facilitaram a terceirização da economia foi:

Apesar da melhora do setor registrada em fevereiro, especialista do IBGE cita como prejudiciais pontos como desarranjo da cadeia produtiva, inflação elevada, alta de juros e desemprego

Apesar da melhora da indústria brasileira em fevereiro, frente a janeiro, e também nos últimos quatro meses, fatores macroeconômicos que pressionam a oferta e a demanda permanecem afetando o desempenho da produção. A análise foi feita pelo gerente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) André Macedo, responsável pela Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF).

Desarranjo da cadeia produtiva, inflação elevada, alta de juros, recuperação do mercado de trabalho ainda com 12 milhões de desempregos e renda sem crescimento são alguns dos pontos citados por ele para contextualizar a situação da indústria.

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“Há uma melhora de comportamento, mas ainda permanece na nossa análise todos os fatores sobre os quais estamos falando há algum tempo. Desabastecimento das plantas industriais por insumos, encarecimento do custo de produção, um mercado de trabalho em recuperação, mas ainda caracterizado por um número grande de desempregados fora dele, uma massa de rendimentos que não avança... Há melhora na margem, mas esses fatores permanecem dentro do escopo de análise e dificultam alguma trajetória mais consistente de crescimento”, disse.

Na avaliação de Macedo, para além do crescimento específico do mês de fevereiro, que foi de 0,7% frente a janeiro, o desempenho dos últimos quatro meses mostra alguma diferença em relação ao comportamento observado ao longo de 2021. Entre novembro e fevereiro, a produção industrial teve taxas positivas em três dos quatro meses. No ano passado, foram apenas quatro altas ao longo dos 12 meses.

André Macedo, gerente responsável pela pesquisa da indústria do IBGE — Foto: Divulgação/IBGE

Uma das maiores características da fase atual do sistema capitalista, marcada pela aceleração da globalização e também pelo predomínio da mecanização do campo e da acumulação flexível na produção industrial, é o processo de terciarização da economia. Contudo, para melhor entendermos esse conceito, é preciso lembrar algumas noções básicas a respeito dos diferentes setores que integram as atividades econômicas.

A economia, em termos de classificação de suas atividades, costuma ser dividida em três setores: o primário, o secundário e o terciário, cujas características são:

Setor primário – setor de produção de matérias-primas ou produtos primários. Envolve o extrativismo vegetal, animal (caça e pesca) e o mineral.

Setor secundário – setor de transformação das matérias-primas em mercadorias ou produtos de base. Envolve, basicamente, a indústria, o refino dos minerais, a construção civil e também a produção de energia.

Setor terciário – é o setor mais amplo em termos de classificação, pois envolve duas grandes áreas: o comércio e a prestação de serviços.

Assim sendo, entende-se por terciarização da economia o processo de direcionamento do emprego e da renda para o setor terciário, principalmente para a área de serviços.

Historicamente, a economia das primeiras civilizações e sua posteridade foi marcada pelo predomínio das atividades agropecuárias, em que o espaço geográfico era marcado pela hierarquia predominante do campo sobre a cidade. O mundo era composto por atividades essencialmente rurais. Com as sucessivas Revoluções Industriais e o gradativo processo de industrialização das sociedades, podemos dizer que ocorreu uma espécie de secundarização da economia, com a maior parte da renda das sociedades e do emprego nas indústrias, havendo, assim, uma maior predomínio da cidade sobre o campo.

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Ao longo do século XX e do início do século XXI – primeiramente nos países desenvolvidos, atualmente nos emergentes e, futuramente, nos subdesenvolvidos –, ocorreu a evolução da transferência das atividades para os serviços. As causas da terciarização da economia estão, sobretudo, nas transformações técnicas ocorridas no campo e também nas indústrias, onde houve a implantação da maquinários em substituição ao trabalho manual e também a substituição do fordismo (produção em massa) pelo toyotismo (produção flexível), que, por natureza, emprega menos trabalhadores.

Em face dessas circunstâncias, a maior parte dos trabalhadores migrou para o setor terciário, o que assinala também o que muitos economistas classificam como a terciarização do emprego. Em países como os Estados Unidos, quase 80% dos trabalhadores atuam no setor terciário. No Brasil, esse índice já vem se aproximando dos 70% e continua gradativamente aumentando. Portanto, podemos notar que o processo de terciarização, mais do que um termo econômico, é uma tendência cada vez mais presente nas mais diversas partes do mundo globalizado.

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