Arthur Eloi 02.03.2018, às 15H36 ATUALIZADA EM 09.03.2018, ÀS 16H00 ATUALIZADA EM 09.03.2018, ÀS 16H00 Dentro dos vários subgêneros de terror, o "filme de casa assombrada" é um dos mais antigos e tradicionais. Agora, os irmãos Spierig (Jogos Mortais: Jigsaw) tentam trazer vida nova com A Maldição da Casa Winchester, longa baseado na história da família responsável por algumas da mais
icônicas - e mortais - armas. A trama acompanha Sarah Winchester (Helen Mirren), a viúva de um magnata da indústria armamentista que se vê atormentada pelos fantasmas daqueles que morreram pelas criações de sua família. A diretoria da empresa Winchester, por outro lado, acredita que a mulher está em choque pela perda, e suborna o doutor Eric Price (Jason Clarke) para investigá-la e aplicar um falso diagnóstico para tirá-la do comando. O médico então é
convidado a passar alguns dias na mansão Winchester, residência da viúva em constante expansão e aparentemente assombrada, ameaçando a vida de Price. A narrativa ocasionalmente se perde, não sabendo se deve focar nos dramas pessoais do doutor - também vítima de uma perda - ou na tarefa que ele deve desempenhar. Isso é realçado pela montagem, que pouco sabe como desenvolver cada arco de forma independente ou amarrar a história como um todo. De um lado, o filme acerta em cheio na
temática. Apesar de aparentar ser o tradicional terror de mansão assombrada, o longa se aprofunda em culpa, luto e arrependimento, emoções muito bem carregadas por uma atuação de peso de Mirren como uma mulher sem perspectiva de vida. Essa angústia também é refletida diretamente na fotografia e iluminação, que criam uma ótima atmosfera macabra. A motivação por trás dos espíritos, vítimas de violência armada, também casa perfeitamente com o momento político de seu lançamento, despertando
uma discussão pertinente sobre o potencial destrutivo das armas. No fundo, Winchester é um excelente terror psicológico. Já na superfície, por outro lado, é um horror de sustos baratos. O filme constantemente apela para clichês de gênero, ignorando a construção de tensão e investindo em imagens "perturbadoras" com gritos e sons altos. Levando tudo em conta, a excelente atmosfera e temática de A Maldição da Casa Winchester é ofuscada por falta de direcionamento e foco, que
cria um filme morno e frequentemente gratuíto. O gênero de terror é amplo o suficiente para dar espaço para algo mais contemplativo ou frenético. Tentar atirar para todos os lados, sem equilíbrio ou desenvolvimento apropriado, deixa a sensação de potencial desperdiçado.Filme com Helen Mirren tem potencial de terror psicológico mas corta a tensão com sustos baratos e história confusa
A Maldição da Casa Winchester
Winchester
A Maldição da Casa Winchester
Winchester
Ano: 2018
País: Austrália, EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 99 min
Direção: Michael Spierig, Peter Spierig
Roteiro: Peter Spierig, Michael Spierig, Tom Vaughan
Elenco: Sarah Snook, Marcus Orelias, Thor Carlsson, Adam Bowes, Homero Lopez, Douglas Embry, John Lobato, Jeffrey W. Jenkins, Jeff Lipary, Dawayne Jordan, Eamon Farren, Brad Arnold, Xavier Gouault, Finn Scicluna-O'Prey, Emm Wiseman, Tyler Coppin, Laura Brent, Angus Sampson, Sarah Snook, Helen Mirren, Jason Clarke
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Conheça a verdadeira mansão Winchester, a Winchester Mystery House, que é atração turística nos Estados Unidos O filme “A Maldição da Casa Winchester” (confira a crítica aqui), que estreia nesta quinta (1°/3), é baseado eventos reais. Mas, como todo filme de terror inspirado em acontecimentos, apenas alguns fatos são verídicos. Nós contamos a história real para que, após ver o longa, você consiga
diferenciar a realidade da ficção. a-maldicao-da-casa-winchester-1
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Helen Mirren é Sarah Winchester em "A Maldição da Casa Winchester" (Foto: Divulgação)
A premissa do filme é real. Sarah Lockwood Winchester (1840-1922) foi a única herdeira da fábrica de rifles de sua família. A filha, Annie, morreu com cerca de um mês de vida, em 1866. Quinze anos depois, o marido, William, faleceu de tuberculose.Sarah passou a acreditar que a família estava amaldiçoada e procurou um médium, Adam Coons. Ele lhe disse que os espíritos das pessoas que morreram pelos rifles Winchester, ao longo dos muitos anos, a amaldiçoaram. Para evitar morrer também, Sarah deveria construir uma enorme casa para ela e para os espíritos raivosos. Mas biógrafos que estudaram a vida da senhora Winchester contestam que esse médium de fato existiu.
De qualquer forma, Sarah Winchester se mudou para o que hoje é San Jose, na Califórnia, e comprou uma casa de oito quartos. Ela passou os próximos 38 anos construindo e ampliando o lugar. A construção custou US$ 5,5 milhões (o que equivale a cerca de US$ 70 milhões atualmente) e tem 160 quartos.
Hoje, a mansão é chamada de Winchester Mistery House (Casa Misteriosa dos Winchester) e é uma enorme atração turística – os ingressos para visitá-la custam US$ 39.
A verdadeira Winchester Mystery House, na Califórnia (Foto: Reprodução)
Projetada sem lógica aparente, a casa tem mesmo portas que abrem para o nada e escadas que terminam no teto (como a que aparece no filme).
No longa, Sarah acreditava que o número 13 é poderoso – ela pedia para selar as portas dos quartos com 13 pregos para que os espíritos não saíssem. Na história real, nada é dito sobre 13 pregos. Mas a mansão Winchester tem o número 13 em vários lugares: várias janelas têm 13 quadrados de vidro, há 13 banheiros (o 13º tem 13 janelas), a maioria das escadas têm 13 degraus e vários tetos têm 13 painéis decorativos. Porém, biógrafos defendem que todos esses detalhes envolvendo o número 13 foram adicionados após a morte da senhora Winchester para dar uma valorizada na atração turística.
Realmente houve um terremoto em 1906 – esse é o clímax do filme – e, depois dele, Sarah Winchester teria ficado presa em um quarto por horas. De acordo com a lenda, ela acreditava que os espíritos ficaram zangados porque ela dedicou muito tempo decorando os quartos da parte frontal da mansão. Depois do terremoto, a senhora Winchester se mudou para Atherton, onde morou até sua morte. Ela visitava a mansão de San Jose apenas de vez em quando.
Depois que a senhora Winchester faleceu, seus bens ficaram para a sobrinha, Marion (que aparece no filme). A moça pegou o que quis e vendeu todo o resto. No longa, Marion tem um filho, Henry, mas não há registros de que ele realmente existiu.
De qualquer forma, a lenda dos Winchester ficou famosa nos Estados Unidos. O nome ficou ainda mais famoso na série “Supernatural”: os irmãos protagonistas, Dean e Sam, herdaram o sobrenome.