Como descobrir se estou com cistite?

A cistite (CID 10 - N30) é o termo para descrever uma inflamação na bexiga. Muitas vezes a cistite confundida com uma infecção urinária, no entanto ela não é sinônimo de infecção urinária.

Quando a cistite é de causa infeciosa existe uma bactéria ou fungo na bexiga. Mas existem outros tipos de cistite e alguns não são causados por infecções como, por exemplo, a cistite actínica (provocada por radioterapia) e a cistite intersticial (causada por perda da camada protetora da parede da bexiga).

Podemos afirmar que por razões anatômicas (canal mais curto), geralmente as infecções da bexiga são mais frequentes nas mulheres, particularmente quando sexualmente ativas e após a menopausa. Algumas mulheres podem apresentar vários episódios em curto espaço de tempo sendo chamadas de "cistite de repetição".

Via de regra, são os próprios germes que colonizam (que moram) na região perineal que causam as cistites. Geralmente as bactérias do intestino são as mesmas que habitam a região próxima ao ânus, vagina e meator uretral (canal onde sai a urina). Esses microorganismos podem deslocar-se para o interior da uretra (canal por onde urinamos) e para chegar no interior da bexiga.

Além disso, a cistite entendida como inflamação da bexiga, pode acontecer depois de uma relação sexual, provavelmente porque a uretra sofreu traumas (normais do próprio coito) e tornou-se mais vulnerável à subida das bactérias. Nessa situação chamamos de uretrite/ cistite traumática.

Cistites são menos frequentes nos homens, pois a uretra é mais longa e o orifício por onde sai a urina fica mais protegido dos germes que moram em volta do ânus. Mas existem situações específicas, onde a frequência de infecção masculina aumenta: nos meninos com doenças da uretra ou fimose e nos idosos que possuem hiperplasia (aumento) da próstata.

O sistema urinário inclui rins, ureteres, bexiga e uretra. Todos têm um papel na remoção de resíduos do seu corpo: os rins filtram o sangue, retirando substâncias tóxicas, e também regulam as concentrações de muitas substâncias.

Os ureteres transportam a urina dos rins para a bexiga, onde é armazenada até que ele sai do seu corpo através da uretra. A causa da cistite pode variar, veja as principais:

Ocorre geralmente quando as bactérias que habitam a região perineal conseguem penetrar pela uretra e se multiplicar na bexiga. A maioria dos casos de cistite bacteriana é causada por bactérias do tipo Escherichia coli (E. coli). A atividade sexual é considerada um fator de risco para a ocorrência de cistites. Outro fator que já foi comentado é a existência de urina residual.

Estas infecções ocorrem em pessoas que estão em uma clínica ou hospital para tratamento de alguma condição. As cistites são mais freqüentes em pessoas que estão acamadas, emagrecidas, com doenças crônicas ou que manipularam o trato urinário.

Por exemplo: aquelas que precisaram utilizar um cateter vesical, uma prática comum antes ou após alguns procedimentos cirúrgicos ou exames. Os cateteres são tubos próprios para manter a bexiga vazia, funcionam como um meio de drenagem urinária para idosos ou pessoas que não podem urinar espontâneamente.

Outra situação que pode evoluir com cistite seria a de pessoas que realizaram algum procedimento cirúrgico envolvendo a introdução de aparelhos na uretra e bexiga.

Embora as infecções bacterianas sejam a causa mais comum de cistite, um número de fatores não infecciosos podem inflamar a bexiga. Alguns exemplos:

  • Cistite fúngica, mais comum em pacientes com diabetes e imunodeprimidos
  • Cistite intersticial, uma inflamação crônica de causa incerta
  • Certos medicamentos (como os quimioterápicos) podem causar inflamação da bexiga
  • Tratamento de radiação da região pélvica
  • Uso de um cateter durante longos períodos
  • Cistite "específica" associada com outras condições, como câncer ginecológico, doenças inflamatórias pélvicas, endometriose, doença de Crohn, lúpus, diverticulite ou tuberculose.

Os sintomas da cistite geralmente incluem:

  • Um desejo forte e persistente de urinar
  • Sensação de queimação (ardência) ao urinar
  • Urinar em pequenas quantidades e frequentemente
  • Sangue na urina (hematúria)
  • Urina turva ou com cheiro forte
  • Desconforto na região pélvica
  • Sensação de pressão no abdômen inferior
  • Febre baixa, inferior a 38 ºC (mais do que isso pode significar uma pielonefrite, situação grave em que as bactérias atingiram os rins)

Em crianças pequenas, fazer xixi na calça pode ser um sinal de uma infecção do trato urinário (ITU). Enurese noturna por si só não é susceptível de ser associada a uma UTI.

No entanto, muitas mulheres podem apresentar cistites com nenhum ou mesmo com poucos sintomas.

Se você tiver sintomas da cistite, vá a um hospital assim que possível. Além de fazer uma análise clínica, o médico pode solicitar estes exames:

  • Exame de urina
  • Cistoscopia
  • Raio x ou ultrassom.

Mas saiba que quando a sintomatologia é típica e não se trata de cistite de repetição, o médico está autorizado a tratar o quadro com medicamentos apropriados. Afinal o diagnóstico das cisitites é clinico, ou seja, baseado em sinais e sintomas.

Prepare uma lista de perguntas a fazer ao seu médico sobre o diagnóstico de cistite. Coloque as dúvidas mais importantes em primeiro lugar, pois caso o tempo se esgote você já obteve o que era mais relevante. Algumas perguntas básicas para fazer incluem:

  • Qual é a causa mais provável dos meus sintomas?
  • Existem outras causas possíveis?
  • Preciso de todos os exames para confirmar o diagnóstico?
  • Que fatores você acha que podem ter contribuído para a minha cistite?
  • Que tipo de tratamento que você recomendaria?
  • Se o primeiro tratamento não funcionar, como vai ser?
  • Estou em risco de complicações?
  • Qual é o risco de que esse problema se repita?
  • Que medidas posso tomar para reduzir meu risco de uma recorrência?
  • E não esqueça da principal pergunta: como posso prevenir as infecções urinárias?

Além disso, não hesite em fazer perguntas a qualquer momento durante a sua consulta.

Algumas pessoas são mais propensas do que outras a desenvolver cistites ou cistites recorrentes. As mulheres costumam ter bastante o problema e uma das principais razões é que o contato sexual provoca uma mudança de germes que habitam a região vizinha à uretra.

Essa mudança, associada ao trauma do coito que edemacia (incha) e inflama o canal, seria a causa dessa cistite. Por isso que o uso de preservativos lubrificados póde ajudar: eles reduzem o atrito, o trauma sobre o canal e evitam as trocas de germes que desequilibram a flora genital.

A identificação de fatores de risco para cistite ainda é motivo de discussão mesmo entre os médicos: uma das principais razões para algumas mulheres serem vítimas de cistite de repetição seria o revestimento da uretra que permitiria uma ascensão mais rápida de bactérias que chegariam na bexiga e se multiplicariam.

Como se em algumas mulheres o canal fosse uma escada mais simples de subir que em outras.

Outra hipótese é que em algumas mulheres o líquido vaginal seria mais “bonzinho” com essas bactérias que chegariam mais facilmente e em maior número ao orifício uretral e em seguida à bexiga. Existe ainda a questão da quantidade de hormônio feminino circulando.

O estrogênio desempenha um importante papel protetor pois ele alimenta as células que revestem a uretra. O canal precisa do estrogênio para ficar fechado enquanto não urinamos.

Somente durante a micção a uretra se abre como se fosse um zíper. Por isso mulheres na menopausa, momento em que ocorre uma queda drástica do estrogênio, têm mais infecções urinárias.

Mas não podemos esquecer que o principal mecanismo de defesa do organismo contra as cistites é natural: baseia-se no fluxo de urina. Portanto beber pouca água e “prender muito tempo a urina” significam fatores de risco para infecções urinárias. O intervalo entre as micções e para quem bebe líquidos deve ser de no máximo duas horas durante o dia.

O risco de cistite aumenta em pessoas que:

  • Bebem pouca água
  • Urinam raramente (prendem a urina por mais de duas horas)
  • São sexualmente ativas (e não usam preservativos)
  • Usam diafragma para controle de natalidade
  • Estão grávidas (pois a gravidez muda o corpo da mulher)
  • Sofrem obstruções ao fluxo de urina, como aquelas que têm cálculo renal, estreitamento da uretra ou próstata aumentada
  • Possuem sistema imunológico baixo (imunodeprimidos e diabéticos)
  • Fazem uso prolongado de cateteres no trato urinário.

Você provavelmente conversará com um urologista ou ginecologista, mas o problema também pode ser analisado por um clínico geral. Como as consultas médicas costumam ser muito curtas, você já pode chegar preparado:

  • Anote seus sintomas, incluindo os que parecem alheios à cistite
  • Faça uma lista de todos os medicamentos, vitaminas ou outros suplementos que você toma
  • Leve um caderno, tablet ou bloco de notas com você. Use-o para anotar informações importantes durante a consulta
  • Informe sobre cistites no passado e leve documentos, receitas, exames da época

Vá ao hospital imediatamente sentir esses sinais e sintomas:

  • Febre e calafrios
  • Dor nas costas ou de lado
  • Náuseas e vômito
  • Micção urgente, frequente ou dolorosa
  • Sangue na urina

Se os sintomas voltarem após um tratamento para cistite, também contate o médio. Você pode precisar de um tipo diferente de medicamento. Lembre-se que é recomendado em pacientes que já tiveram uma infecção recente controlar a cistite mesmo após a cura. Ou seja, fazer um exame de urina algum tempo depois do uso de medicamentos. Converse com seu médico.

Se o seu filho começa a ter perdas de urina durante o dia, chorar na micção ou evitar urinar, ligue para o pediatra.

Tudo começa com a recomendação de beber líquidos e urinar com frequência. Seria como uma tentativa de “lavar” a bexiga.

Os antibióticos são a primeira linha de tratamento da cistite quando ela é causada por bactérias. Quais os medicamentos usados e por quanto tempo dependerá de sua saúde, do histórico de doenças preexistentes e eventualmente das bactérias encontradas na urina.

Os sintomas costumam melhorar significativamente dentro de um ou dois dias de antibiotico se você tem uma cistite chamada “comum”. No entanto, é provável que você precise tomar antibióticos durante um, três dias, ou até por uma semana, dependendo da sua situação clínica, seu histórico e da gravidade da sua infecção.

Não importa qual a duração do tratamento, tomar todo o curso de antibióticos prescritos pelo seu médico para garantir que a infecção cessará completamente é importante.

Se você tem cistites recorrentes, o médico geralmente solicitará uma cultura de urina inicial e outra ao final da terapia. Ele poderá recomendar o tratamento com um antibiótico menos utilizado e fazer uma avaliação mais completa para tentar identificar fatores de risco que podem ser removidos.

Tomar uma dose única de antibiótico após cada relação sexual também pode ajudar a controlar o problema. Isso é chamado quimioprofilaxia. Mas este esquema só estaria indicado quando existe uma relação entre atividade e surgimento da cistite.

Para cistites hospitalares o tratamento é mais complexo, uma vez que as bactérias encontradas nos hospitais são mais resistentes aos tipos comuns de antibióticos. Por esse motivo, podem ser necessários diferentes tipos de antibióticos e diferentes abordagens de tratamento. Nesse caso não se usa esquemas de curta duração.

Mulheres na pós-menopausa podem ser particularmente suscetíveis à cistite como já explicado. Como parte do tratamento, o médico pode recomendar um creme vaginal de estrogênio para melhorar a proteção da uretra e até a lubrificação vaginal.

Na cistite intersticial a causa da inflamação é incerta. Essa síndrome é complexa e mesmo os médicos têm muitas dúvidas sobre as causas e sobre o tratamento ideal. Por isso, não há um tratamento único que funcione sempre – a conduta irá variar conforme o caso. Terapias utilizadas para aliviar os sinais e sintomas da cistite intersticial incluem:

  • Medicamentos por via oral ou inseridos diretamente em sua bexiga
  • Procedimentos sob anestesia em que o urologista examinará sua bexiga para confirmar o diagnóstico e tentar melhorar os sintomas, tais como esticar a bexiga com soro fisiológico (hidrodistensão da bexiga) e em casos indicados cirurgia ou aplicação de toxina botulínica
  • Estimulação nervosa com impulsos eléctricos suaves para aliviar a dor pélvica e, em alguns casos, reduzir a frequência urinária.

Se você é hipersensível a certos agentes químicos de produtos de banho ou de espermicidas (como aqueles que estão no diafragma), evitar esses produtos pode ajudar a aliviar os sintomas e prevenir novos episódios de uretrite e cistite.

O tratamento da cistite que se desenvolve como uma complicação da quimioterapia ou radioterapia incide sobre o manejo da dor, geralmente com medicamentos e hidratação para expulsar substâncias irritantes da bexiga. A maioria dos casos de cistite induzida por quimioterapia tende a se resolver algum tempo após a conclusão da terapia.

Os medicamentos mais usados para o tratamento de cistite são:

  • Amicacina
  • Amoxicilina + Clavulanato de Potássio
  • Ampicilina Sódica
  • Androfloxin
  • Bacteracin e Bacteracin-F
  • Cipro
  • Clocef
  • Clordox
  • Cloridrato de Lidocaína
  • Bactrim
  • Ceclor
  • Cefalotina
  • Ciprofloxacino
  • Clavulin
  • Cystex
  • Doxiciclina
  • Flanax
  • Macrodantina
  • Monuril
  • Nitrofen
  • Norfloxacino
  • Novamox 2x

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

  • Beba mais água e outros líquidos.Mantenha a cor da urina parecida com a água
  • Urine a intervalos regulares evitando mais do que 2 horas sem urinar
  • Quando você urinar, certifique-se de que esvaziou toda a bexiga
  • Urine imediatamente após a relação sexual, impedindo que as bactérias se movam para a uretra
  • Troque os absorventes com frequência
  • Ao usar o banheiro, a vagina deve ser limpada de frente para trás, para evitar a propagação de bactérias do ânus para o seu trato urinário
  • Se você tem cistite recorrente, pergunte ao médico sobre a possibilidade de tomar antibióticos logo após a relação sexual para prevenir a cistite
  • Mulheres na pós-menopausa podem fazer uso de estrogênio vaginal para prevenir cistite recorrente. Consulte seu ginecologista e lembre-se que nem todas as mulheres podem usar esses produtos
  • Faça a higiene adequada no pênis puxando a pele do prepúcio e expondo a cabeça (glande) no banho e toda vez que urinar. Urine com calma e depois da micção cubra a glande com o prepúcio (quando não for circuncisado)
  • Meninos que tiveram infecção urinária e irritação no prepúcio precisam visitar o urologista
  • Homens adultos devem verificar a saúde da próstata anualmente.

Cistite pode ser dolorosa, mas você pode tomar medidas para aliviar o desconforto:

  • Faça uma compressa quente para aliviar a dor
  • Mantenha-se hidratado
  • Urine com frequência
  • Tome um banho de assento.

Se você tem infecções urinárias recorrentes, avise seu médico. Juntos, vocês podem desenvolver uma estratégia para reduzir as recorrências e o desconforto que a cistite pode trazer.

Quando tratada rapidamente e corretamente, a cistite raramente leva a complicações. Mas se não for não tratada pode se tornar algo mais sério, como infecção renal ou alteração na parede da bexiga. Em ambos os casos, deve-se ser feito tratamento médico adequado e investigação de outras possíveis causas.

Revisado por: Urologista Valter Javaroni, membro do Departamento de Sexologia Humana da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) (gestão 2012-2013) e membro do Departamento de Educação Continuada da SBU seccional Rio de Janeiro (gestão 2014-2015)

Manual Merck

Mayo Clinic

Ministério da Saúde

Sociedade Brasileira de Urologia

Como descobrir se é cistite?

Diagnóstico de cistite Para o diagnóstico da cistite, o especialista costuma pedir exames de urina. No caso de uma infecção, o exame apontará a presença de bactérias e deverá ser tratada com antibióticos e muito líquido.

Como é a dor de cistite?

O sintoma clássico da cistite é dor ou ardor para urinar e a necessidade frequente de urinar eliminando apenas pequena quantidade em cada micção. Em alguns casos, o paciente pode urinar sangue ou apresentar dor na pélvis (parte baixa da barriga). A cistite, porém, pode ser absolutamente assintomática.

O que provoca a cistite?

Cistite é uma infecção e/ou inflamação da bexiga. Em geral, é causada pela bactéria Escherichia coli, presente no intestino e importante para a digestão. No trato urinário, porém, essa bactéria pode infectar a uretra (uretrite), a bexiga (cistite) ou os rins (pielonefrite).

Como saber se estou com cistite ou infecção urinária?

Basicamente, o que difere a cistite de uma infecção urinária é a região em que está acometida pela doença. Na prática, as cistites se caracterizam pela inflamação da bexiga. Já a infecção urinária pode acometer todo o sistema urinário, desde os rins até a uretra.

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