Como ocorre a quebra dos carboidratos estruturais e não estruturais pelos animais ruminantes?

Pilhas são dispositivos de conversão espontânea de energia química em energia elétrica. Existem diversos formatos de pilhas desde sua descoberta até os dias de hoje. Vamos entender um pouquinho mais sobre esse assunto bastante cobrado no Enem.

Doutorando em Zootecnia do programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba.
  • Roberta de Lima Valença Doutorando em Zootecnia do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho - UNESP/Jaboticabal.
  • Barbará Cristina Dantas da Silva Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Bahia.
  • Ana Caroline Pinho dos Santos Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Bahia.
  • DOI:

    //doi.org/10.14393/VTv22n2a2016.32660

    Keywords:

    AGV, flora microbiana, rúmen

    Abstract

    Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes da natureza, exercem função estrutural e energética. Os carboidratos são os principais constituintes das plantas forrageiras, sendo por tanto a principal fonte de energia para os ruminantes. Os carboidratos podem ser classificados de acordo com sua estrutura, função e do ponto de vista nutricional, que o dividi em carboidratos fibrosos e não fibrosos. Os carboidratos são fermentados no rúmen por ação da flora microbiana, a qual tem seu desenvolvimento afetado diretamente pelo tipo de carboidrato, pois os microrganismos ruminais apresentam especificidade quanto ao substrato que fermentam. Além de que, a taxa de fermentação dos carboidratos no rúmen altera as condições de ambiente ruminal, afetando diretamente o desenvolvimento dos microrganismos nele presente. Os carboidratos não fibrosos apresentam alta taxa de fermentação, levando ao abaixamento do pH ruminal, influenciando o desenvolvimento da flora ruminal, já os carboidratos não fibrosos apresentam baixa taxa de fermentação, e estimulam a ruminação e maior salivação do animal, o que auxilia no tamponamento do pH do rúmen. Por essa razão, o equilíbrio no fornecimento de carboidratos fibrosos e não fibrosos é importante para manter o ambiente ruminal estável. O principal produto da fermentação ruminal dos carboidratos são os AGV's, que são utilizados pelos ruminantes como sua principal fonte energética. 

    Downloads

    Download data is not yet available.

    Author Biography

    Vinicius da Silva Oliveira, Doutorando do programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Bahia.

    Graduado em Zootecnia pela Universidade Federal de Sergipe, com Mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Sergipe e Doutorando em Zootecnia pela Universidade Federal da Bahia. Atua na área de produção e nutrição de ruminantes, bem como em forragicultura.

    Downloads

    • PDF (Português (Brasil))

    Published

    2016-10-19

    How to Cite

    Oliveira, V. da S., Neto, J. A. S., Valença, R. de L., Silva, B. C. D. da, & Santos, A. C. P. dos. (2016). CARBOIDRATOS FIBROSOS E NÃO FIBROSOS NA DIETA DE RUMINANTES E SEUS EFEITOS SOBRE A MICROBIOTA RUMINAL. Veterinary News, 22(2). //doi.org/10.14393/VTv22n2a2016.32660

    Além disso não podemos esquecer dos problemas relacionados ao fornecimento de dietas com alto teor de grãos (amido), como a acidose ruminal, laminite... E dietas que não fornecem glicose suficiente para o animal como a cetose devido ao excesso de corpos cetônicos no rúmem comum em vacas de alta produção. Um novo artigo pode surgir somente falando de problemas relacionados a dieta com alto teor de grãos/volumoso, qual a importância das dietas volumoso:concentrado? quais problemas podem aparecer? qual a melhor dieta para bovinos em confinamento? Para vacas com alta produção de leite? Qual a importância dos aditivos... em breve.

    This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.

    A cólica em equinos é por muitos considerada uma síndrome. Ou seja, um conjunto de sintomas e sinais que coexistem em determinada doença e que a definem clinicamente.

    As perdas que se verificam nos casos de cólica de equinos devem-se quase exclusivamente à morte do paciente.

    No entanto, há que considerar também o custo do tratamento, que pode chegar a valores muito elevados, principalmente quando envolve procedimentos cirúrgicos. Além disso, o trauma emocional provocado nos donos que vêem o seu animal atingido por uma potencial doença fatal.

    Cólica: um grande perigo

    Neste artigo, vamos falar sobre a alimentação dos equinos, seu sistema digestivo, os fatores de risco que levam a cólica, os exames realizados e como tratar o animal com cólica.

    Caso você queira ir para uma parte específica de seu interesse no artigo, clique em um dos links abaixo:

    Introdução e Alimentação dos Equinos

    O desempenho e a saúde dos cavalos estão totalmente relacionados com o equilíbrio de quatro pilares:

    • Genética

    • Manejo

    • Treinamento

    • Alimentação

    O manejo, treinamento e alimentação são fatores profundamente relacionados que influenciam drasticamente o fenótipo do indivíduo, oferecendo características externas boas ou ruins, dependendo das condições a que os animais são submetidos.

    O cavalo, como qualquer ser vivo, é muito suscetível ao humor de quem o trata.

    O despreparo de um profissional pode levar a situações quase irreversíveis para o equilíbrio mental do cavalo. Essas situações irão interferir na forma de ingestão e absorção de nutrientes, comprometendo a performance do animal.

    4 pilares de desempenho e saúde

    Alimentação dos Equinos

    A alimentação visa uma boa saúde, buscando sempre o bem­-estar físico e mental do animal. 

    À medida que avança a especialização genética, aumentam as  necessidades de uma nutrição e uma alimentação mais especializadas  para se aproveitar melhor esse potencial genético.

    Uma alimentação básica do cavalo deve ser composta de no mínimo 50% de volumoso, sob diversas apresentações, e o restante pode ser distribuído entre ração concentrada e suplementos.

    Exemplo de alimentação com volumosos e concentrados

    Volumoso

    Os alimentos volumosos de qualidade, compostos por células vegetais das folhas, são de extrema importância na alimentação do cavalo, pois possibilitam uma mastigação mais demorada e vigorosa.

    Essa mastigação mais demorada tem como benefícios:

    • Evitar o aparecimento de anormalidades na cavidade bucal;

    • Garantir o funcionamento intestinal, a absorção de nutrientes e a multiplicação dos microrganismos desejáveis no intestino grosso;

    • Mantém os animais ocupados, evitando vícios de estábulo, além de promover o bem-estar e reduzir os riscos de distúrbios digestivos.

    Concentrado e Suplementos

    Dependendo principalmente das necessidades do animal, deve-­se ofertar aquilo que o cavalo realmente precisa.

    A escolha da melhor ração concentrada e o uso de suplementos podem otimizar e potencializar o desempenho do animal.

    Os suplementos podem melhorar a performance de um animal sem caracterizar doping, pois são substâncias naturais que, aliadas ao treinamento e ao manejo correto, estimulam o organismo do animal até o limite de seu potencial genético.

    Anatomia e Fisiologia do Sistema Digestório

    Para conhecer mais sobre a cólica em equinos, suas causas e seu tratamento, primeiro devemos conhecer mais da anatomia e fisiologia do sistema digestório.

    O sistema digestório garante o suprimento contínuo de água, eletrólitos e nutrientes ao animal. 

    Para tanto, requer movimentos contínuos e secreção de diferentes soluções, além do controle de todas as suas funções por mecanismos neurais e endócrinos específicos.

    Esse sistema possibilita ao animal a ingestão, a mastigação e a redução do alimento ingerido a partículas capazes de se deslocar, por mecanismos de transporte específicos, para o sistema circulatório e, a partir daí, para todos os demais sistemas orgânicos. 

    É por meio do sistema digestório que o animal terá suprimento contínuo de água, eletrólitos e nutrientes. 

    Os equinos são classificados como herbívoros não ruminantes com capacidade de digerir grande quantidade de alimento e obter energia por meio das forrageiras, consumida de maneira lenta e constante.

    Eles têm estômago simples, com capacidade gástrica que representa apenas 10% de todo o volume do sistema digestório.

    O trato gastrointestinal é dividido em:

    • Cavidade oral

    • Faringe

    • Esôfago

    • Estômago

    • Intestino delgado

    • Intestino grosso

    Representação da anatomia do sistema digestório equino
    Fonte: Arenales

    Representação anatômica do sistema digestório dos equinos
    Fonte:  Jordão et al.,; Considerações sobre a Anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: aplicações no manejo nutricional

    Cavidade Oral

    O cavalo é um animal de pastoreio contínuo. 

    Tem por hábito um pastoreio seletivo e tendem a evitar comer a forragem em locais com esterco e urina.

    A cavidade oral é o primeiro segmento do trato gastrointestinal, realizando movimentos de apreensão (lábios e dentes incisivos) e mastigação (dentes molares, língua e músculos bucais).

    Cavalos realizando a apreensão

    Cavalo realizando a mastigação

    Ciclo Mastigatório

    Em seu habitat, solto na pastagem, um equino mastiga até 20 h/dia, o que provoca um desgaste natural de seus dentes.
    Esse pastoreio contínuo leva a crer que a mastigação é um ato prazeroso para o cavalo.

    A mastigação envolve as ações da mandíbula, da língua e das bochechas, em movimentos que consistem no primeiro ato da digestão.

    • Movimento vertical – Abertura da boca;

    • Movimento diagonal – Fechamento da boca;

    • Movimento lateral – Impacto e atrito (onde acontece a quebra do alimento do tipo forragem). A deficiência deste movimento leva a falhas na quebra do alimento);

    • Movimento vertical-diagonal – Retorno.

    Ciclo mastigatório do cavalo:

    Abertura da boca (movimento vertical) – 1 e 2
    Fechamento (diagonal) – 3 a 5
    Impacto e atrito (lateral) – 6 a 9
    Retorno (vertical­-diagonal) – 10 e 1

    Fonte: Alimentação Equina – Nutrição, Saúde e Bem-Estar – 2016

    A mastigação é responsável por triturar, misturar e lubrificar o bolo alimentar, promovendo um aumento da superfície de contato, o que facilita a ação das enzimas digestivas.

    Digestão

    A digestão do cavalo inicia-se pelo estímulo sensorial, através dos três pares de nervos cranianos: o nervo óptico, nervo olfatório e nervo trigêmeo.  

    Nervos craniais em equinos

    Óptico – rosa claro
    Olfatório – verde claro
    Trigêmio – laranja

    Fonte: VET PHYSIO PHYLE

    O animal ao perceber o tratador, no qual respeita a rotina alimentar do cavalo, já fica ansioso e o organismo compreende que logo vai chegar alimento no estômago. Isso deixa o animal pronto para receber seu alimento.

    Com a informação visual do tratador e do alimento, do cheiro e logo que o cavalo realiza a apreensão, o organismo prepara-se para a digestão e absorção dos nutrientes essenciais.

    Saliva na mastigação e digestão dos Equinos

    Está preparação do organismo inclue o aumento de saliva pela glândula parótida (que faz parte das glândulas salivares junto com a submandibular e sublinguais), para a realização da lubrificação, digestão enzimática e antibacteriana do bolo alimentar. 

    Glândulas salivares dos equinos

    A saliva ainda funciona como tampão, minimiza o atrito e estimula a  renovação da mucosa.

    Da união do alimento triturado e saliva, resulta um bolo lubrificado pronto para a deglutição. A salivação facilita a mastigação assim como a deglutição.

    A saliva do equino é composta por água (99%), muco, bicarbonato, ureia e o fator de crescimento epidermal.

    Atenção

    Os cavalos necessitam de um pasto de boa qualidade. Além disso, deve-se realizar uma avaliação odontologia periodicamente para verificar o desgaste dos elementos dentários.

    Isso pode prejudicar a mastigação, levando pedaços muito grandes do alimento e possivelmente, causando uma futura cólica e lesões na mucosa do esôfago.

    É necessário observar:

    • Os cavalos que estão deixando comida no cocho;

    • Que deixam a cama com restos de comida;

    • Os que no momento da apreensão deixam o alimento cair no chão;

    • Cavalos com mastigação lenta e demorada fora do comum ou que bebem pouco ou nada de água.

    É muito importante prestar atenção nos sinais citados acima

    É importante lembrar que quanto menor o tempo de mastigação, menor será a produção de saliva. Essa diminuição da saliva resulta em uma redução do potencial de digestibilidade da ingesta.

    Em 2005, um importante fabricante de ração de equinos no Brasil identificou que, na maioria das vezes, o problema da perda de peso dos cavalos poderia não estar relacionado ao manejo nutricional e sanitário, mas sim à capacidade de mastigação, trituração e digestão dos alimentos fornecidos ao cavalo. 

    Faringe

    É uma estrutura tubular, comum ao aparelho digestório e respiratório, cuja região é denominada de orofaringe.

    Possui a finalidade de unir a boca ao esôfago. 

    Divisões da faringe:

    • Nasofaringe – Parte correspondente ao trato respiratório;

    • Orofaringe – Parte correspondente ao trato digestório;

    • Laringofaringe – Parte comum dos tratos digestório e respiratório. É a maior parte da faringe.

    Figura representando a Nasofaringe, Orofaringe e a Laringofaringe.

    33 – Epiglote
    35 – Palato mole
    44 – Laringe
    46 – Traqueia
    48 e 50 – Esôfago

    Fonte: Veterinado UFPA

    É na laringofaringe que há a entrada para a laringe, que apresenta a epiglote e o palato mole que farão o direcionamento para a continuidade do trato digestório ou respiratório.

    A epiglote e o palato mole fecham a entrada para a laringe e consequentemente o caminho para a traquéia. Dessa forma, é evitado que o cavalo tenha pneumonia aspirativa comprometendo sua saúde. 

    Esôfago

    O esôfago é um longo tubo muscular que conecta a faringe ao estômago.

    É subdividido regionalmente em partes cervicais, torácicas e abdominais. Possui uma forte musculatura lisa que proporciona a formação de ondas peristálticas responsáveis pelo transporte dos alimentos ao estômago.

    O esôfago comunica-se ao estômago pela cárdia, uma forte estrutura muscular que se abre na passagem do alimento e permanece fechada durante a digestão gástrica.

    Esôfago e as outras divisões do sistema digestório
    Fonte: Ortovet

    Geralmente, a posição anatômica do esôfago é na face dorsal da traqueia no nível da 1ª vértebra cervical e inclina-se para a superfície lateral esquerda da traqueia ao nível da 4ª vértebra cervical.

    A porção torácica do esôfago passa dentro do mediastino e é posicionado dorsal à traquéia até o nível da bifurcação traqueal.

    O esôfago passa a dorsal à base do coração e continua caudalmente até penetrar no diafragma.

    A porção abdominal do esôfago é curta e passa sobre a borda dorsal do fígado, antes de se unir à cárdia do estômago.

    Esfíncteres Esofágicos

    Divididos em esfíncteres esofágicos superior e o inferior. Esse último é o anel de músculos que mantém a parte inferior do esôfago fechada para evitar o refluxo de alimentos e ácido gástrico para dentro do esôfago.

    Quando o esôfago se encontra em repouso, esses esfíncteres se fecham para evitar o refluxo de alimentos e ácido gástrico do estômago para a boca.

    Durante a deglutição, os esfíncteres se abrem para permitir a passagem dos alimentos até o estômago.

    Estômago

    O estômago está localizado a 9ª e 15ª costelas e está posicionada na metade esquerda do abdômen, caudal ao diafragma e fígado e cranial ao baço.

    O tempo de permanência do alimento no estômago varia entre 2 e 6 horas, dependendo diretamente da frequência da ingestão e do tipo de alimento.

    Ele raramente fica completamente vazio e a ingestão de alimento estimula a passagem do conteúdo gástrico ao duodeno. O maior volume do fluido do estômago origina-se pela secreção ácida contínua com ou sem presença de alimento, variando de 10 a 30 litros dia.

    Além do ácido clorídrico, o conteúdo gástrico contém saliva, ácidos graxos voláteis e secreção intestinal por refluxo duodenal.

    O estômago do cavalo tem uma capacidade que varia entre 7,5 a 15 litros. Ele é pequeno em relação aos compartimentos subsequentes do trato digestório, já que só representa entre 8 e 10% de seu volume.

    Compartimentos do Estômago Equino

    O estômago possui quatro compartimentos: cárdia, fundo, corpo (possui curvaturas maior e menor), terminando na região pilórica.

    Representação anatômica do estômago
    Fonte: Aprenda Bio e modificada por Talissa da Corte Galvão

    • Cárdia – A cárdia é a região mais craniana e é firmemente fixado ao diafragma.

    • Fundo – É dorsal à cárdia e é revestido por uma mucosa não-glandular.

    • Corpo – É a maior parte do estômago e se estende entre a região não-glandular ventral à cárdia ao ângulo da curvatura menor.

    • Região Pilórica – Se estende entre a incisura angular até o duodeno. É subdividida em antro pilórico e o forte esfíncter muscular pilórico (capaz de controlar a passagem do conteúdo gástrico para o duodeno e, ao mesmo tempo, impedir o refluxo do conteúdo duodenal para o estômago).

    O piloro é a única parte do estômago localizada à direita do plano mediano. As regiões cardíaca e pilórica estão próximas devido ao ângulo da superfície côncava do estômago, a curvatura menor.

    Mucosa não-glandular e glandular

    A parede gástrica é constituída pela serosa, três camadas musculares, submucosa e mucosa. A mucosa possui duas áreas que são denominadas de não-glandular e glandular, pelo que se considera um estômago unicavitário composto.

    A mucosa glandular do estômago representa os 2/3 da superfície gástrica interna, em que há produção de ácido clorídrico e pepsinogênio. Também é onde há efetivos mecanismos protetores, como a produção de muco, bicarbonato e rápida re-epiteliação da mucosa.

    A – Anatomia do estômago
    B – Representação da mucosa não glandular e glandular do estômago
    Fonte: Biologia Pontal

    As glândulas no estômago desempenham o papel de secreção de diversas substâncias como gastrina, somatostatina, HCl, pepsina e bicarbonato. Elas são responsáveis pela digestão alimentar, esvaziamento gástrico e manutenção do pH.

    A somatostatina por exemplo, acelera o esvaziamento gástrico interferindo na motilidade. Além disso, apresenta um efeito inibitório sobre a gastrina e sobre a secreção de ácido clorídrico pela mucosa gástrica.

    Na região não-glandular ocorre à fermentação sob atividade de microrganismos que degradam açúcares, amido e proteínas. O resultado é a produção de ácido lático, ácidos graxos e pequenas quantidades de gases.

    Contudo, é a área em que ocorrem aproximadamente 20% das úlceras. A área não-glandular, aproximadamente 1/3, tem epitélio escamoso estratificado sem auto-proteção eficiente. Isso leva à predisposição para a ocorrência de 80% das lesões úlceras.

    estômago normal x estômago com úlceras
    Fonte: Equisport

    Intestino Delgado

    O intestino delgado é divido em duodeno, jejuno e íleo, sendo este trecho responsável pela digestão química promovida pela ação do suco entérico (produzido pelas glândulas de sua parede), suco pancreático e pela bile, cuja atividade é a de emulsionar a gordura dos alimentos.

    É a principal região de absorção de nutrientes, como carboidratos solúveis, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais. 

    Esquema do Trato gastrointestinal de um equino
    Fonte: Repositório UFPB

    O cavalo não possui vesícula biliar. Sendo assim, a liberação de bile é constante, característica evolutiva relacionada ao hábito desse animal em se alimentar constantemente. 

    O intestino delgado vai realizar a mistura de alimentos com a saliva e suco gástrico vindos do estômago. Medindo cerca de 20 a 25 metros, representa cerca de 30% do TGI e tem a capacidade de receber 56 L de ingesta.

    Divisão do Intestino Delgado

    O intestino delgado está ligado à parede dorsal do corpo pelo grande mesentério, que é composto pelo mesojejuno e mesoileo. O grande mesentério contém os vasos sanguíneos, linfáticos e nervos que irrigam os intestinos.

    Duodeno

    É a primeira parte do intestino delgado e está situado no lado direito do abdômen, onde desembocam os canais biliares e pancreáticos.

    Apresenta aproximadamente 1m de comprimento e está ligado à parede dorsal do corpo por um mesentério curto, o mesoduodeno. 

    A parte cranial do duodeno, que é adjacente ao fígado, tem uma curva inicial acentuada. A segunda curva do duodeno, chamada de flexura craniana, envolve o pâncreas. Essa parte do duodeno está ligada ao fígado pelo ligamento hepatoduodenal, que contém os ductos pancreático e biliar.

    O duodeno está conectado ao cólon transverso por uma porção do mesoduodeno chamada prega duodenocólica. Esta prega duodenocólica é frequentemente usada durante a cirurgia abdominal como um ponto de referência para identificar o duodeno.

    Jejuno

    A segunda parte do intestino delgado é o jejuno, que se encontra no meio do abdômen.

    Existem aproximadamente 25m de jejuno no cavalo adulto e devido ao longo mesentério; as espirais do jejuno têm mobilidade considerável.

    O comprimento do mesentério aumenta acentuadamente no jejuno. Isso cria uma situação em que as alças do intestino delgado podem ficar encarceradas por meio de fendas no mesentério, pelo canal inguinal ou pelo forame epiplóico. Essas alças também podem ficar torcidas na raiz do mesentério.

    Íleo

    A última parte do intestino delgado é o íleo, que termina no ceco.

    O íleo tem cerca de 30 – 50 cm de comprimento e tem uma parede muscular espessa que termina na face dorsomedial do ceco.

    Um mesentério, denominado prega ileocecal, liga o íleo à banda dorsal do ceco.

    Digestão no Intestino Delgado

    A mucosa do intestino apresenta vilosidades de 0,5 a 1mm revestidas por:

    • Células epiteliais cilíndricas – Possuem projeções filiformes (microvilosidades) que aumentam a superfície para absorção;

    • Células caliciformes – Responsáveis pela secreção de muco;

    • Glândulas – Secretam suco entérico.

    Abaixo da mucosa encontra-se a camada muscular lisa que é responsável pelo peristaltismo. Os movimentos servem tanto para misturar o conteúdo como também para propulsão através de contrações rítmicas em sentido crânio-caudal.

    Enzimas

    A digestão química no intestino delgado ocorre através da ação de enzimas que quebram o alimento em partículas menores por hidrólise, adicionando uma molécula de água a estrutura.

    São os enterócitos que produzem enzimas que realizam quebra específica do alimento nas menores unidades possíveis para que sejam absorvidos.

    As secreções pancreáticas são importantes para a digestão de nutrientes (proteínas, amido e triglicerídeos).

    Localização do pâncreas e outras glândulas dos equinos

    Algumas enzimas produzidas pelo pâncreas como tripsina, quimiotripsina, elastase, carboxipeptidades A e carboxipeptidase B quebram proteínas em di e tripeptídeos.

    Já a lipase, quebra a gordura já emulsificada pela bile em ácidos graxos e a amilase quebra o amido.

    Essa digestão ocorre efetivamente no conteúdo celular dos vegetais, presentes nas células das folhas novas, o que reforça a necessidade de fornecer uma dieta composta por alimentos volumosos de qualidade.

    A baixa concentração de enzimas no suco pancreático, citada anteriormente, reforça a incapacidade do sistema digestório dos cavalos em digerir grandes quantidades de alimentos ricos em amido e proteínas (concentrados).

    Os minerais absorvidos são aqueles que estão livres ou serão liberados das macromoléculas pela digestão enzimática.

    Quanto maior a quantidade de conteúdo celular na dieta, maior é a absorção de minerais, como o cálcio, fósforo, magnésio, cloro, potássio, sódio, enxofre, iodo, ferro, manganês, selênio e zinco.

    Intestino Grosso

    O intestino grosso inclui o ceco, cólon, reto, e canal anal.

    É uma das estruturas mais importantes do trato digestivo, onde há presença de microrganismos que realizam a fermentação das fibras e dos nutrientes não absorvidos no intestino delgado.

    Ceco

    Na porção distal do íleo, encontra-se o ceco, sendo uma grande cuba de fermentação em forma de vírgula que pode acomodar 30L ou mais de ingesta.

    O ceco tem 1m ou mais de comprimento e é subdividido em base, corpo e ápice. Está ligado dorsalmente à superfície ventral do rim direito, do pâncreas e da parede abdominal dorsal na raiz do mesentério. O ceco tem saculações, também conhecidas como haustras e quatro tênias.

    É no ceco que a celulose é desdobrada e nele e que se da a decomposição bacteriana, fornecendo nutrientes essenciais ao hospedeiro.

    O ceco está ligado ao cólon ventral direito, o qual, juntamente com o cólon ventral esquerdo e as porções esquerda e direita do cólon ventral, compõem o cólon maior, que mede cerca de 3 a 4 metros e tem o dobro da capacidade do ceco.

    Cólon

    Os segmentos do cólon estão conectados por dobras. Conhecidas como flexuras, tem como ponto de relevância a mudança na população microbiana de região para região.

    O ceco e o cólon são estruturados para terem um maior tempo de retenção da digesta, permitindo maior período para a microbiota intestinal agir sobre os carboidratos estruturais presentes no volumoso.

    O cólon maior é longo e amplo, acomodando 80 ou mais litros de ingesta. Origina-se no lado direito do abdômen.

    Representação das partes do intestino grosso equino

    Quando a dieta é divida em duas ou três refeições diárias, normalmente ocorre uma ingestão de grande quantidade de concentrado. Como o estômago equino possui pequena capacidade, a velocidade de passagem da digesta aumenta através do trato gastrintestinal.

    Com isso, grande parte desse concentrado na forma de carboidratos solúveis chega intacta ao ceco e cólon sofrendo rápida e intensa fermentação pela microbiota, com grande produção de gases e intensa produção de lactato, que é mal absorvido.

    Dessa forma, graves consequências como baixo pH intestinal, atonia cecal, endotoxemia e laminite podem se desenvolver. 

    Cólon Ascendente (ascending colon na imagem acima), ou cólon grande

    Se origina no lado direito do abdômen em sua junção com o ceco. Estende-se para a frente até o esterno e continua ao redor do lado esquerdo do abdome até a região pélvica.

    Perto da entrada da entrada pélvica, o cólon dobra acentuadamente dorsalmente, e seu diâmetro diminui de cerca de 20 cm para cerca de 8 cm. Essa região, chamada de flexura pélvica (pelvic flexure na imagem acima), é um local comum para impactações.

    Nesse ponto, o cólon inverte sua direção. O cólon dorsal esquerdo se estende para a frente até o diafragma e depois gira caudalmente para se tornar o cólon dorsal direito.
    O cólon dorsal direito termina no cólon transverso curto.

    Com exceção de sua origem e terminação, a maior parte do cólon maior é potencialmente móvel e livre dentro da cavidade abdominal, tornando-o sujeito a deslocamentos e vólvulos.

    Cólon Transverso (transverse colon na imagem acima)

    É um segmento curto do intestino que conecta os cólons ventral e dorsal. Ele está posicionado dorsalmente, cranial à artéria mesentérica cranial e tem um diâmetro de aproximadamente 8 cm. 

    Cólon Descendente (descending colon na imagem acima), ou cólon pequno

    Tem cerca de 3 metros de comprimento e um diâmetro de aproximadamente 8 cm.

    Contém saculações, regiões circulares fecais e tem duas faixas longitudinais. Ele possui segmentação que dá a forma as fezes, além de recobri-la com muco.

    Microbiota Intestinal e Água

    A microbiota intestinal é composta de bactérias, principalmente gram-negativas não esporuladas, protozoários e fungos anaeróbios.

    Os principais produtos da fermentação microbiana são os ácidos graxos voláteis, (principalmente acetato, propionato e butirato), além de CO2, metano, possivelmente hidrogênio, vitaminas do complexo B e alguns lipídios.

    A água e os eletrólitos são absorvidos principalmente no ceco e cólon. Num equino adulto, a água constitui de 65 a 75% de seu peso corporal e num animal jovem pode chegar a 80%.

    Em sua dieta, água fresca e potável à vontade deve estar sempre disponível. Cerca de 90% dos líquidos extracelulares do cavalo circulam diariamente através dos intestinos, carreando eletrólitos para serem absorvidos.

    Este fluxo participa ativamente na manutenção da volemia e no equilíbrio eletrolítico do organismo do animal.

    Reto

    O reto é a porção terminal do intestino, estendendo-se da entrada pélvica até o ânus.

    Sua função é estocar os produtos fecais que não foram digeridos. Seu conteúdo material é mantido neste segmento do sistema digestório até acumular suficientemente. Então ocorre um estímulo nervoso e as fezes são evacuadas através do ânus.

    A defecação é um ato fisiológico e ocorre em torno de 7 a 12 vezes ao dia, na dependência de quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos (forragem, grãos, ingestão de água).

    Relação comprimento e capacidade volumétrica total das estruturas do sistema digestório

    Todo o trato gastrointestinal dos equinos

    Fatores de Risco da Cólica em Equinos

    A determinação da causa de uma cólica em equinos nem sempre é fácil.

    Enquanto em alguns casos é evidente, como no caso da ingestão excessiva de concentrado, ou de um enterólito, torna-se difícil chegar a um diagnóstico.

    É importante determinar os fatores de risco e muitas vezes é possível através destes, reduzir a incidência da cólica, diminuindo a exposição ao fator de risco e realizando medidas preventivas. 

    Mudança de habitat e hábitos

    A pastagem constitui a alimentação natural do cavalo e, para tanto, seu aparelho digestório está preparado para digeri-la.

    Com o advento da equideocultura, o cavalo passou a ser uma espécie altamente diferenciada, principalmente com o estimulo aos esportes equestres.

    Sendo por estas razões a mudança de sua alimentação a níveis insuportáveis para a capacidade funcional do seu aparelho digestório. Dessa forma, o número de casos de cólica em equinos tem aumentado pelo mundo, levando muitas vezes o animal a óbito.

    Cavalos selvagens em seu habitat natural

    A mudança recente de habitat também foi associada ao aumento do risco de cólica. Isso contribui para o aumento de estresse nos cavalos, levando aos casos de cólica espasmódica.

    É possível incluir, dentro do estresse, o aumento de pessoas próximas ao cavalo, outros animais desconhecidos e barulhos de alta intensidade.

    Questões Anatômicas

    Anatomicamente, podemos considerar um estômago pequeno, em relação a uma grande capacidade digestiva total.

    Jejuno longo e preso a um amplo mesentério, livre na cavidade abdominal e colón maior contendo as flexuras esternal, pélvica e diafragmática, regiões estas de possível obstáculo a passagem de alimentos de baixa qualidade.

    O movimento retrógrado de ingesta e estreitamento do lúmen na flexura pélvica também é uma causa para a cólica em equinos. 

    O cavalo é uma espécie que possui baixo limiar a dor, isto é, pequenos estímulos produzem grandes sensações dolorosas, principalmente vindo do sistema digestório. 

    O cavalo possui um estômago pequeno, em relação a uma grande capacidade digestiva total.

    A impossibilidade de vomitar é uma predisposição a cólica. Isto devido à disposição das fibras musculares em torno do cárdia, na parede do estômago, que impedem o movimento retrógrado da ingesta por ausência de abertura do cárdia. É importante lembrar que o cavalo não possui o centro do vômito na região cerebral. 

    A súbita exposição a uma grande quantidade de alimentos ricos em hidratos de carbono (pastagens), e o excesso de concentrados em relação à alimentação forrageira têm sido, tradicionalmente, considerados como fatores de risco para a cólica.

    Um estudo reporta que fornecer 2.5 a 5 kg e >5 kg de concentrado por dia, aumenta o risco da cólica. As alterações bruscas da alimentação também podem ser importantes.

    Ingesta Hídrica

    O consumo insuficiente de água, que leva à desidratação do conteúdo intestinal e a compactação do cólon maior, tem sido também sugerido como um importante fator de risco.

    As dilatações gástricas podem resultar de um excesso de consumo de água após exercício ou após um período de privação.

    Parasitas

    O parasitismo pode levar a cólica.

    É possível considerar a cólica mais comum como a trombose da artéria mesentérica por Strongylus vulgaris.

    Há estudos que informam que os potros, após uso de vermífugos podem desenvolver cólica devido a obstruções intestinais resultantes da rápida morte de ascarídeos intraluminais.

    Vícios e alterações Dentárias

    Os cavalos que manifestam determinados vícios como aerofagia, estão mais predispostos a desenvolver cólicas.

    Existe estudos que afirmam a associação entre este vício e o encarceramento de intestino delgado no forâmen epiplóico.

    Esta associação pode ser explicada pela elevação da cavidade torácica que ocorre durante o ato e, por sua vez, cria uma pressão negativa intra-abdominal com consequente expansão do forâmen epiplóico e encarceramento de alças de intestino delgado, levando a ser uma cólica com resolução cirúrgica. 

    A alteração dentária como o aparecimento de pontas dentárias, má-oclusão e cáries pode predispor o animal a cólica.

    Problemas dentários são um dos fatores de risco para cólicas

    Sabe-se que uma reduzida mastigação dos alimentos, com consequente ingestão de partículas fibrosas maiores, pode ser importante no desenvolvimento da obstrução.

    Outros fatores de risco incluem abortamentos (parto prematuro e torções uterinas), um componente doloroso retal (proctites, lacerações e ruptura por palpação) e causas iatrogênicas (drogas parassimpatomimeticas).

    Etiologia da Cólica

    Dilatação Gástrica

    A dilatação gástrica ocorre na forma primária ou secundária, em decorrência da sobrecarga e indigestão de alimentos. 

    Primária

    A primária é caracterizada por severa distensão do estômago por gases, ocorrendo após uma rápida e excessiva ingestão de alimentos altamente fermentáveis, sob a forma de grãos ou rações fareladas, com altas concentrações de hidratos de carbono.

    Ração peletizada com milho

    Ração farelada

    A ingestão desse material resulta na geração de uma quantidade excessiva de gás, fechamento da junção gastroesofágica e distensão do estômago.

    Geralmente ocorre em cavalos estabulados e alimentados com rações concentradas. A dilatação gástrica pode ocorrer após excessiva ingestão de água, em animais que sofreram jejum hídrico por longos períodos.

    Cavalo bebendo água após exercitar-se
    Fonte: Cavalus

    Quando o processo for primário, o pH do Iíquido é ácido, ao contrário do pH do refluxo enterogástrico, que é básico.

    Isso contribui para a elaboração do diagnóstico diferencial. A sondagem permite a eliminação de gases e Iíquidos que ficam acumulados no estômago e principalmente, evita a ruptura do estômago.

    Secundária

    A forma secundária ocorre devido ao acúmulo de fluido proveniente do intestino delgado, devido a obstrução luminal, obstrução por estrangulamento, inflamação severa e processos obstrutivos no piloro.

    A dor é decorrente do maior ou menor grau de dilatação que causa redução do fluxo sanguíneo e estimulação nervosa na parede do estômago, sendo considerada uma dor moderada a severa.

    Além do cavalo não possuir o centro do vômito, a dilatação proporciona um obstáculo mecânico ao esvaziamento do estômago em virtude da modificação do angulo formado entre o esôfago e a cárdia.

    Sonda Nasogástrica

    Esta modificação dificulta a passagem da sonda nasogástrica e pode ser o fator determinante da ruptura do estômago.

    Durante o exame retal, é possível encontrar alças de intestino delgado distendidas palpáveis, nos casos de dilatação gástrica secundária e na avaliação do fluido peritoneal pode estar alterado, devido ao aumento da contagem de leucócitos e concentração de proteína.

    É de suma importância o uso de esvaziamentos e lavados gástricos pela sonda nasogástrica através da infusão de água morna até que todo o conteúdo causador da fermentação tenha sido eliminado, independente do problema primário ou secundário.

    Sonda nasogástrica fixada no cabresto do cavalo para retirar refluxo enterogástrico
    Fonte: Thomassian, 2005

    No caso do fator secundário, a administração de medicamentos podem ser necessários para o tratamento do problema primário e a sonda deve ser mantida até que não se obtenha mais conteúdo de refluxo.

    A passagem da sonda nasogástrica produz alivio imediato da dor, eliminando algumas vezes a necessidade de tratamento com analgésicos, principalmente quando o processo for primário.

    Se a dilatação for primária, o cavalo não sentirá mais dor após o alívio da pressão gástrica excessiva. Se, entretanto, a dilatação for secundária a um problema do intestino delgado, o alívio será temporário.

    Caso ocorra uma ruptura gástrica, o cavalo irá parar de mostrar sinais de dor. A ingesta ficará evidente no fluido peritoneal e a eutanásia é indicada.

    Cólica Espasmódica

    A cólica espasmódica pode ser a forma de cólica mais comumente diagnosticada e menos compreendida em cavalos.

    É ocasionada por alterações neurovegetativas, geralmente decorrentes de estresse, por ingestão de alimentos deteriorados e de hemoparasitose. 

    Este tipo de cólica é provocado pela contratilidade exagerada de um ou vários segmentos intestinais que por excesso de contração da parede, provoca desconforto.

    A contração espástica da musculatura da parede intestinal acomete tanto os movimentos segmentares quanto os progressivos, produzindo isquemia. A dor tem uma intensidade leve a moderada, considerada súbita.

    Diferenças entre o movimento normais e com espasmos
    Fonte: Horse Vet UK

    O animal apresenta-se angustiado e difícil de ser manejado. Após o evento doloroso, pode-se seguir momentos de acalmia e tranquilidade. A hipovolemia raramente ultrapassa de 3%, não desencadeando grandes alterações no estado circulatório.

    A auscultação do abdômen revela ruído hipersonoro e metálico em quase todos os focos de auscultação, sendo acompanhado de aumento do numero de defecações.

    É importante lembrar que o animal deve ser acompanhado clinicamente, pois os processos de espasmo intestinal associado ao rolamento no solo são condições desencadeadoras de grandes deslocamentos de alças, intussuscepção e encarceramentos do intestino delgado, levando a alterações muito graves.

    Compactação de Cólon Maior

    As compactações do cólon maior desenvolvem-se nos sítios de estreitamento no diâmetro do lúmen intestinal, tais como flexura pélvica e transição proximal do cólon dorsal direito para o cólon transverso.

    Uma compactação pode ocorrer quando o alimento seco ou digerido inadequadamente não consegue se mover através da flexura pélvica, causando obstrução simples no lúmen intestinal.

    Fenos ressecados, rações a base de milho de baixa qualidade, cana triturada, aliada a baixa ingestão de água e problemas dentários são os maiores responsáveis pela instalação da afecção.

    Como o material de alimentação impactado não pode passar pela flexura pélvica, a ingesta adicional preenche todo o cólon ventral esquerdo. À medida que isso ocorre, o cólon impactado se alonga e movimenta-se em direção ao lado direito da cavidade abdominal.

    Compactação de cólon maior
    Fonte: Thomassian, 2005

    Como uma das funções do cólon grande é reabsorver água do conteúdo intestinal, a ingesta na flexura pélvica e cólon ventral esquerdo torna-se ainda mais seca, e o a parede do cólon fica fortemente aderida à ingesta.

    O cavalo sente dor como resultado do alongamento da parede do cólon e da contração dos músculos contra o material impactado.

    Sinais da Compactação

    Redução da produção fecal, fezes ressecadas e cobertas por muco e diminuição da ingestão de alimento são reconhecidos como sinais comuns das compactações do cólon maior.

    O abdômen poderá estar abaulado na região ventral esquerda, quando a compactação atingir o cólon ventral esquerdo, ou bilateralmente quando também estiver comprometido o cólon direito ou todos os segmentos.

    Equinos com compactações do cólon maior têm histórico de sinais de dor abdominal moderada e intermitente, com diminuição dos borborigmos intestinais.

    As compactações de flexura pélvica são identificadas pela palpação transretal que revela uma massa localizada no quadrante ventral esquerdo do abdome caudal. Além disso, equinos com compactação nesta região podem desenvolver timpanismo cecal secundário, distensão abdominal e sinais mais graves de dor abdominal.

    O tratamento cirúrgico é indicado nos casos de não houver resposta ao tratamento clínico. Inclui-se o massageamento da massa compactada e sua drenagem através de enterotomia.

    Os casos de compactação com evolução de vários dias podem levar a necrose do segmento entérico comprometido e o seu rompimento, causando a morte do animal. 

    Enterotomia de cólon maior
    Fonte: Imagens da aula administrada pelo médico veterinário Pedro Augusto

    Exames Clínicos

    Anamnese

    A anamnese do paciente é de extrema importância para fornecer dados e chegar à causa da cólica.

    Deve-se buscar as informações sobre:

    • Sistema de criação;

    • Alimentação e suplementação alimentar utilizados;

    • Informações sobre o controle de parasitoses da propriedade e do animal;

    • Características do processo com sua forma de início e evolução e se já houve episódios anteriores;

    • Se foi administrado alguma medicação até a chegada do veterinário na propriedade (pois isso pode influenciar na apresentação dos sintomas do cavalo).

    Nos casos de cólicas em fêmeas, são necessárias as informações sobre:

    • Cobrições e partos;

    • Primeiros sintomas que o animal apresentou;

    • Se o animal defeca e a consistência das fezes;

    • Intensidade da dor;

    • Se realizou uma atividade física antes do início da cólica (comum em garanhões com hérnia inguino-escrotal);

    • Ingestão de água;

    • Presença, ausência ou diminuição de apetite e/ou mudanças de alimentação;

    • Comportamentos específicos como brincar com a água ou posturas anormais;

    • Se já teve cólica;

    • Se tem algum vício estereotipado.

    Exame Físico

    As cólicas equinas podem ter diversas manifestações clínicas, desde a ligeira sensação “de que algo não está bem com o cavalo”, até à rápida conclusão de que “aquele cavalo necessita de cirurgia imediatamente”.

    A maior parte das decisões sobre tratamento e prognóstico em cavalos com cólica, é baseada nos resultados de um minucioso exame físico.

    Os exames físicos são divididos em:

    • Comportamento e dor

    • Distenção abdominal

    • Avaliação dos sistemas cardiovascular e respiratório

    • Avaliação da motilidade intestinal

    • Sonda nasogástrica

    • Palpação retal

    O exame físico deve começar pela observação do cavalo à distância, avaliando comportamento, postura, grau, frequência de dor e distensão abdominal.

    Esses dados, juntamente com a aparência externa, são os dados mais relevantes a reter na fase inicial da avaliação de um cavalo com cólica. Os detalhes da aparência externa com maior importância nestes animais são a evidência de sudorese e trauma os quais estão relacionados com o grau de dor.

    Logo depois é seguido de uma avaliação completa dos parâmetros cardiovasculares e respiratórios, como frequência cardíaca e respiratória, pulso, tempo de preenchimento capilar e coloração de mucosas.

    Por fim, o exame físico termina-se com a utilização da sonda nasogástrica e a palpação retal das estruturas abdominais. 

    Comportamento e Dor

    A avaliação do comportamento do animal é importante objetivando a interpretação da sensação dolorosa, indicando o grau de dor presente.

    A dor pode e deve ser interpretada pelos sinais de comportamentos e atitudes que o cavalo demonstra.

    Pode ser classificada como sendo leve, moderada e severa, com características contínua e intermitente, responsiva ou não responsiva as drogas analgésicas.

    Comportamentos comuns incluem:

    • Rolar no chão;

    Cavalo rolando no chão
    Fonte: Equisport

    • Deitar em decúbito esternal ou lateral por longos períodos;

    Cavalo em decúbito esternal com pedaços de cama em seu corpo, indicando que o mesmo rolou durante o dia
    Fonte: Use Venting

    • Cavar o chão continuamente ou intermitentemente;

    Cavalo cavando dentro da baia
    Fonte: Dressage Today

    • Deitar e levantar;

    Cavalo em posição para deitar
    Fonte: Thomassian, 2005

    • Sudorese;

    • Olhar para o flanco constantemente;

    • Adquirir uma “posição de cavalete”, onde o cavalo abre os membros torácicos e pélvicos, em uma tentativa de alívio de dor e acomodação das estruturas acometidas.
      Deve-se tomar cuidado em não confundir essa posição como uma atitude comum em urinar.

    Posição de “cavalete” e olhando para o flanco
    Fonte: Thomassian, 2005

    • Escoiçar o abdômen;

    • Os cavalos também podem “brincar com a água”, sendo esse sinal observado em animais portadores de indigestão por sobrecarga ou na compactação no colón maior.
      Potros podem apresentar bruxismo e sialorréria, indicando presença de ulceras gástricas. 

    Os sinais de dor dependem ainda da personalidade do cavalo, de tal maneira que dois cavalos que sofrem da mesma doença, porém, manifestam diferentes sinais.

    A dor intermitente é associada a obstruções simples devido à cíclicidade das contrações intestinais. A dor severa e contínua acompanha os casos de timpanismo severo ou lesões por estrangulação que causam distensão da parede intestinal.

    Já a dor suave a moderada geralmente é mais comum nos casos de deslocamentos do cólon.

    Ansiedade e Depressão

    O cavalo é caracterizado também pela ansiedade.

    Em geral significa situações de menor gravidade, em que o cavalo suporta a sensação dolorosa.

    A hiperexcitabilidade, pode ocorrer nos casos de dor severa, proporcionada por isquemia e distensão Iíquida ou gasosa do intestino. Neste caso, o cavalo fica incontrolável, correndo maior risco de acidentes para o mesmo e para a equipe médica, sendo necessário o uso de contenções físicas e tranquilizantes.

    A depressão também é considerável nos casos de cólica em equinos. Pode ocorrer imediatamente antes e após graves manifestações de desconforto abdominal.

    Distensão Abdominal

    A distensão abdominal pode ser observável na fossa paralombar e está associada a distensão do cólon ou ceco.

    As grandes distensões do trato gastrointestinal produzem dificuldades nos movimentos respiratórios, em razão da projeção e compressão das alças no diafragma.

    A distensão da parede abdominal pode ser unilateral ou bilateral, baixa, média ou alta.

    Timpanismo de ceco 
    Fonte: Thomassian, 2005

    • Unilateral e da fossa paralombar direita – Tem grande possibilidade de ser timpanismo do ceco.

    • Se o abaulamento for baixo, direito ou esquerdo – O processo atinge preferencialmente o colón maior.

    • Bilateral e baixo – O comprometimento geralmente é do colón maior direito e esquerdo, ventral e dorsal, por sobrecarga ou compactação.

    • Quando a distensão envolve todo o perímetro abdominal – O processo afeta todo o intestino grosso, podendo estar localizado também no intestino delgado.
      Essa situação pode ser encontrada no timpanismo por hiperfermentação de alimentos ricos em carboidratos ou pela obstrução de cólon menor.

    Avaliação dos Sistemas Cardiovascular e Respiratório

    Existe uma relação entre a frequência cardíaca (FC) e a cólica em equinos.

    Geralmente, este é um bom indicador da severidade da doença. Quanto mais elevada a FC, mais grave a lesão e pior o prognóstico.

    Deste modo, uma FC acima dos 80 bpm deverão estar associadas a uma lesão grave que provoca um severo comprometimento da função cardiovascular e pode ser fatal.

    A frequência cardíaca é afetada pela desidratação, diminuição do retorno venoso e pelas toxinas absorvidas do intestino (endotoxémia).

    Avaliação da frequência cardíaca
    Fonte: Escola do Cavalo

    O TPC (tempo de preenchimento capilar) corresponde à taxa de retorno do sangue capilar para a membrana mucosa, após aplicação de uma pressão suave.

    Quando a pressão é interrompida, os capilares reenchem rapidamente com sangue e a cor volta, desde que o coração seja capaz de gerar pressão sanguínea arterial suficiente.

    Um TPC normal é considerado inferior a 2 seg, já um TRC entre 2 seg e 4 seg pode ser um reflexo do comprometimento da circulação periférica e da instalação de desidratação moderada a severa.

    Entre 4 seg e 6 seg, indica uma severa hipoperfusão e entrada em choque, Já um TPC acima de 6 segundos, estamos perante um quadro circulatório gravíssimo, podendo levar a morte do animal.

    A frequência respiratória é muito variável, geralmente encontra-se elevada (normal entre 8 a 16 mrpm). Considera-se que frequências respiratórias acima dos 30 mrpm são indicativas de dor moderada a severa. Ocorre a presença de taquipneia e dispneia quando existe pressão sobre o diafragma devido a dilatação do estômago ou do intestino.

    Avaliação da frequência respiratória com a auscultação do ruído laringotraqueal
    Fonte: Cave Creek

    Pulso

    O pulso pode ser sentido nas artérias facial, facial transversa e digital palmar. Ele poderá ser fraco nos pacientes que apresentam choque ou dilatação intestinal severa, devido à redução do retorno venoso ao coração.

    É importante a avaliação do pulso para diferenciar a cólica de uma laminite e prever que o cavalo também pode desenvolver uma laminite juntamente com a cólica, devido principalmente a absorção de toxinas pela corrente sanguínea e redução do retorno venoso para a falange distal.

    Quando a regularidade do pulso é menor do que a frequência cardíaca, a diferença pode ser decorrente de preenchimento ventricular incompleto, resultante da redução do retorno venoso ao coração.

    O sistema circulatório vai manter os órgãos vitais com maior perfusão sanguínea. Isso é explicado em decorrência das extremidades distais do cavalo se tornam frias na palpação e o pulso diminuído. 

    Coloração das conjuntivas e mucosas

    A coloração das conjuntivas e mucosas (a oral é a mais rotineira de observar) constituem um excelente indicador do estado circulatório e principalmente da toxémia do animal em crise abdominal, sendo que as mucosas devem ser rosadas e húmidas.

    Quanto mais grave for a patogenia do processo, mais alterado vai estar o estado circulatório do animal e mais toxinas se apresentarem circulando. A coloração das mucosas e conjuntivas pode ser ictérica, observada em cavalos com doença obstrutiva biliar ou estar associada a um período prolongado sem ingestão, ou com ingestão de alimentos diminuída.

    Mucosas congestas
    Fonte: Arquivo pessoal

    A coloração cianótica é indicadora de má perfusão e indica pobre perfusão periférica.

    As mucosas que estão entre vermelho e púrpura ocorrem em cavalos com endotoxémia (comum em animais com enterite proximal, enterocolite e obstrução por estrangulação prolongada).

    Pode-se observar na linha marginal, nos dentes incisivos, intenso halo de cianose (ou halo toxêmico) que ocorre nos animais em fase terminal de choque.

    Podem ainda apresentar-se anémicas (pálidas), o que pode indicar perda de sangue ou dever-se uma má perfusão.

    Temperatura

    A temperatura (normal 37 a 38.5 ºC) não é um bom indicador da necessidade de cirurgia, pois a temperatura elevada pode estar associada a quadros infecciosos ou virais onde a cirurgia é contra indicada.

    Deve ser mensurada antes da palpação, porque pode ocorrer acúmulo de gás no reto, interferindo na mensuração da temperatura.

    A temperatura acima de 38,9º C é encontrada nos casos em que há agentes infecciosos ou produção de endotoxinas. Deste modo, as temperaturas elevadas estão sempre associadas a cólicas por salmonelose, peritonite, duodenite-jejunite proximal, ou abcesso mesentérico.

    Aferição da temperatura
    Fonte: Arquivo pessoal

    Temperaturas baixas (hipotermia) ocorrem nos casos de hipoperfusão tecidual, comprometimento circulatório, hipovolemia e necrose tecidual.

    Avaliação da Motilidade Intestinal

    A auscultação do abdômen é uma parte essencial do exame clínico de animais portadores de desconforto abdominal agudo.

    Rotineiramente, a auscultação deve ser efectuada em 4 locais: fossas paralombares direita e esquerda e nas superfícies ventrais do flanco direita e esquerda.

    Os sons abdominais audíveis são na sua maioria gerados pelo cólon maior e ceco. Existem dois componentes: sons mais fracos (movimentos de mistura da ingesta), e sons de borborigmos associados ao peristaltismo progressivo (movimentos de propulsão da ingesta).

    Lado Direito

    No lado direito do abdômen, podem ser auscultados os borborigmos da base do ceco junto a fossa paralombar, produzidos basicamente pelas válvulas ileocecal e ceco-cóIica.

    Elas consistem num período de silêncio que é quebrado 1 ou 2 vezes por minuto por uma súbita descarga de fluidos à medida que as secreções passam de um compartimento para outro.

    Ventralmente podem ser audíveis os ruídos do corpo e do ápice do ceco. Pode-se auscultar o colón dorsal e ventral direito, no terço médio da parede lateral do abdômen direito.

    Lado Esquerdo

    No lado esquerdo, caudodorsalmente, no terço médio da parede, ausculta-se os ruídos de líquido progredindo no lúmen do intestino delgado.

    Na região ventral ausculta-se o colón dorsal e ventral esquerdo, assim como a flexura pélvica.

    Os sons de mistura são ouvidos regularmente 2 a 4 vezes por minuto, enquanto que os sons de progressão da ingesta podem ser ouvidos apenas uma vez a cada 2 a 3 minutos. Os sons audíveis do lado esquerdo correspondem aos sons provocados pela motilidade do cólon esquerdo e intestino delgado.

    Em quase todos os casos de dor abdominal, os sons propulsivos encontram-se diminuídos. Em casos raros estarão aumentados, como no caso da cólica espasmódica, que são auscultados sons contínuos de alta intensidade e em todos locais.

    A auscultação do abdômen é uma parte essencial do exame clínico de animais portadores de desconforto abdominal agudo.

    A motilidade intestinal pode estar diminuída quando existem condições inflamatórias ou de isquemia. É muito importante realizar auscultações repetidas, monitorizando a motilidade, para detectar alterações rápidas nos sons abdominais, avaliando deste modo a progressão da cólica ou a recuperação pós-cirúrgica.

    O restabelecimento da frequência e intensidade normais dos sons intestinais é um indicador de bom prognóstico, enquanto que a redução ou ausência dos mesmos é indicativo de um prognóstico reservado.

    Sonda Nasogástrica

    A aplicação de uma sonda nasogátrica tem valor, tanto de diagnóstico como terapêutico e deve ser realizada em todos os animais com cólica.

    Na maioria das vezes, é um dos primeiros procedimentos realizados no atendimento, que visa esclarecer se há presença de conteúdo gástrico e a qualidade do mesmo.

    É uma manobra de extrema importância primeiramente devido ao fato de uma capacidade relativamente pequena do estômago do equino, sua incapacidade de produzir vômitos e por permitir o tratamento direto do problema como, por exemplo, nos casos de sobrecarga ou compactação gástrica.

    A finalidade terapêutica da colocação da sonda nasogástrica, inicia-se com a evacuação de gás e líquido, aliviando o animal e evitando a ruptura gástrica. 

    Passagem da sonda nasogástrica

    O conteúdo estomacal normal é de tonalidade esverdeada, com um odor adocicado, constituído predominantemente por partículas alimentares e com um pH de 3 a 6.

    Se o refluxo obtido for proveniente do intestino delgado, o fluido será amarelo acastanhado devido às secreções biliares e pancreáticas, com um odor fétido devido à estase, e um pH de 6 a 8.

    Passagem da sonda nasogástrica

    Introdução da sonda

    A introdução da sonda e a sua passagem no esôfago é confirmada por uma leve dificuldade no seu deslizamento e pela sua visualização à esquerda, no esófago cervical, sob a forma de uma “onda”.

    Para auxiliar a passagem pelo esôfago, deve-se soprar pela extremidade externa da sonda até à sua passagem pelo cárdia.

    Nunca deve-se introduzir qualquer substancia através da sonda nasogástrica, sem a certeza de sua localização correta.

    O uso da sonda também permite a execução de lavagem gástrica, indicada em casos de sobrecarga e fermentação (infusão de 3 L de água morna e em seguida a sifonagem após cada infusão).

    Outro aspecto a ser lembrado é que por via da sonda nasogástrica pode-se também fazer a administração de medicamentos como os protetores de mucosa e laxantes, além de possível administração de soluções de hidratação enteral nos casos em que se conclua não haver obstrução do trato intestinal.

    Considera-se mais de 2 L de fluido retirados através da sonda como indício da presença de processo obstrutivo do ID, enterite proximal (com odor fétido), líquido castanho, com sangue digerido (aparência de borras de café), que sugere úlcera gástrica ou duodenal ou ocorrência de rinorragia.

    Palpação Retal

    A palpação transretal constitui-se em parte integrante do exame clínico geral, quando frequentemente fornece dados de extrema importância a respeito das condições do trato gastrointestinal.

    Os achados do exame retal frequentemente são decisivos para a elaboração do diagnostico etiológico do desconforto abdominal, ou para determinar a necessidade de tratamento cirúrgico para a resolução da cólica.

    Um exame sistemático é necessário para garantir que todas as estruturas do abdômen sejam palpadas.

    Este procedimento exige uma contenção adequada do cavalo de modo a prevenir possíveis acidentes, envolvendo o próprio paciente ou/e o clínico que realiza a técnica.

    O exame da cavidade abdominal é limitado a apenas 40% do abdômen caudal. Para proceder à palpação rectal, utiliza-se uma luva própria (que protege todo o braço) e lubrifica-se a mesma com carboximetilcelulose, vaselina ou óleo mineral, antes da sua introdução no reto.

    Processo de Palpação

    Ao palpar, deve avaliar-se o tamanho, a sensibilidade à palpação e a localização dos diferentes órgãos e estruturas. O duodeno e o estômago, por serem estruturas com localização mais cranial, não são palpáveis, nem fisiologicamente, nem em casos de dilatação, deslocamento ou outras alterações.

    O abdômen pode ser dividido em 4 quadrantes de modo a facilitar o exame. A palpação pode-se iniciar no quadrante dorsal esquerdo no qual se encontram o baço, o pólo caudal do rim esquerdo, e a unir os dois, o ligamento nefro-esplénico.

    A mão é movida em direção dorsal na à linha média para localizar a aorta, seguindo a aorta cranialmente, a raiz do mesentério e, em alguns cavalos, um pulso pode ser sentido na artéria mesentérica cranial, à medida que percorre ventralmente dentro do mesentério.

    Move-se a mão para o quadrante dorsal direito sobre a base do ceco e a partir daqui, a mão do examinador é movida ao longo da parede ventral do corpo para o quadrante ventral esquerdo.

    Em seguida movendo a mão ventralmente e caudalmente na cavidade pélvica, onde encontra-se a flexura pélvica do cólon maior que geralmente contém ingesta mole.

    1 – Palpação da borda caudal do baço

    2 – Palpação do corpo do ceco

    3 – Palpação da raiz do mesentério com a artéria aorta

    4 – Palpação da flexura pélvica do cólon ventral esquerdo

    Fonte: The Glass Horse – Equine colic, Interactive CD & Supplemental Text

    Estendendo-se cranialmente desde a flexura pélvica, encontra-se o cólon ventral esquerdo, facilmente reconhecível devido ao seu grande diâmetro e presença de bandas longitudinais, e o cólon dorsal esquerdo.

    O espaço situado ventralmente e à esquerda do ceco é, geralmente, ocupado pelo intestino delgado (normalmente, não é palpável) e cólon menor. O cólon menor é encontrado no quadrante ventral esquerdo, e é rapidamente reconhecido pelas bolas fecais presentes no seu interior.

    À medida que se retira o braço, pode-se também sentir a bexiga e nos garanhões, podem-se sentir os anéis inguinais, logo à entrada da cavidade pélvica, ventralmente, e nas fêmeas devem-se palpar também os ovários e o útero.

    As seguintes condições podem ser geralmente identificadas no exame retal e geralmente exigem correção cirúrgica:

    • Alças distendidas do intestino delgado
    • Intestino grosso distendido
    • Torção uterina
    • Hérnias inguinais
    • Distensão cecal
    • Compactação de cólon
    • Compactação de flexura pélvica
    • Descolamento de colón maior
    • Aprisionamento nefro esplênico
    • Enterólitos e corpo estranho

    Exames Laboratoriais

    Dentre os exames laboratoriais devem estar incluídos inicialmente a avaliação do hematócrito, proteína plasmática total e o exame do líquido peritoneal.

    Avaliação do Hematócrito

    A contagem de hemácias tem pouco valor diagnóstico. Porém, contribui para o diagnóstico de babesiose.

    Nesses casos ocorre a deposição de bilirrubina ao nível de serosa dos intestinos pode desencadear quadro de desconforto abdominal e a contagem dos glóbulos vermelhos pode chegar a 1,5 milhões de hemácias no sangue.

    O hematócrito (Ht) tem valores normais que variam em função do temperamento de algumas raças dos cavalos.

    Os valores, variam em:

    • 30% a 45% – São considerados normais.

    • 46 a 60% – Geralmente pode ser indicador de desidratação moderada a severa, que necessita de fluidoterapia.

    • Valores de hematócrito superiores a 60% – Indicam que o animal apresenta severa desidratação, que pode resultar em isquemia renal aguda.

    A fluidoterapia intensiva deve ser instituída o mais rápido possível para repor a volemia e evitar comprometimento renal, muitas vezes irreversível.

    Quando o hematócrito encontra-se elevado, a concentração de proteína total plasmática pode estar normal, aumentada ou diminuída.

    Proteína Plasmática Total (PPT)

    A proteína plasmática total (PPT) é utilizada na avaliação do grau de desidratação em conjunto com os valores do hematócrito, e para a estimativa de perda proteica, notadamente para a cavidade abdominal.

    A concentração plasmática de proteínas totais, ao contrário do Ht, não varia com a raça ou condição física do cavalo, considerando-se normais valores entre 6 a 7 g/dL.

    O equino com cólica, tanto o Ht como as proteínas totais (PT) aumentam devido à perda de fluido isotônico do sangue e do espaço extracelular para o intestino obstruído ou estrangulado ou para a cavidade peritoneal, devido à diminuição da ingestão de água, e/ou perda de fluidos e eletrólitos sob a forma de suor e urina.

    Refratômetro para avaliação de proteína plasmática total

    Hematócrito elevado com PPT normal = estresse;


    Ambos elevados (hematócrito e PPT elevados) = desidratação;


    Hematócrito elevado e PPT diminuída = possivelmente esteja revelando lesão vascular terminal ou ainda de perda de proteína para o lúmen intestinal como resultado de um processo de enterite.

    Fibrinogênio e lactato plasmático

    O fibrinogênio plasmático possui valor no desconforto abdominal agudo notadamente na presença de processos inflamatórios agudos ou crônicos.

    Valores abaixo de 400 mg/dl são considerados normais, enquanto os valores acima de 400 mg/dl sugerem presença de foco inflamatório.

    O lactato plasmático (ácido láctico) é um produto final do metabolismo anaeróbio.
    A sua concentração no sangue é determinada pela taxa relativa de produção (músculo e eritrócitos) e metabolismo.

    As concentrações plasmáticas de lactato têm sido utilizadas como um marcador de perfusão periférica, uma vez que as elevações do seu valor ocorrem secundariamente a hipóxia tecidual.

    Um grande número de fatores pode ser responsável pela interrupção da oxigenação tecidual, mas a causa mais comum nos cavalos é a hipovolemia.

    A concentração sanguínea de lactato num cavalo saudável deverá ser inferior a 2 mmol/L estando geralmente entre o intervalo 0.6 a 1.5 mmol/L. No caso de valores altos, deve-se considerar que a animal apresenta acidose láctica resultante de metabolismo anaeróbico e este índice resulta do início de choque endotoxemicos.

    Analisador bioquímico portátil (medidor de glicose, colesterol, triglicérides e lactato)

    Equilibrio hidroeletrolítico e ácido-base

    É importante a avaliação do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base. Praticamente todas as enfermidades com sede no trato gastrointestinal levam a desequilíbro no pH, bicarbonato, sódio, cálcio, cloro, potássio, especialmente a sangue, e quando nao sao tratados adequadamente, podem levar a animal a morte.

    A quantificação eletrolítica não é muito útil no diagnóstico, mas é na avaliação do estado eletrolítico do paciente para o fornecimento da fluidoterapia.

    A acidose metabólica é o desequilíbrio de ocorrência mais frequente em equinos com cólica, devido à redução do bicarbonato sanguíneo.

    O controle do equilíbrio ácido-base se refere à regulação da concentração do íon hidrogênio (H+) nos líquidos corporais.

    O quadro de acidose tende a ser tão severo conforme a perda no organismo, sobretudo nos processos obstrutivos e em decorrência de colapso circulatório consequente ao choque. A desidratação frequentemente é observada em equinos com cólica, sendo um dos principais fatores responsáveis pela ocorrência da acidose metabólica nesses indivíduos.

    A manutenção do pH em limites compatíveis com os processos vitais, se dá através de três sistemas: tampão, respiratório e renal.

    O sistema respiratório altera a taxa de remoção do dióxido de carbono (CO2) e, por conseguinte, modificando a concentração sanguínea do ácido carbônico (H2CO3).

    Os rins regulam a concentração de íons H + do líquido extracelular através de três mecanismos básicos: secreção de íons H+, reabsorção dos íons HCO3- (bicarbonato) e produção de novos íons HCO3 – .

    Paracentese

    A análise e citologia do fluido abdominal, são utilizadas em alguns cavalos com cólica para classificar o tipo de lesão, a viabilidade intestinal, determinar a severidade da doença ou confirmar a presença de perfuração gastrointestinal, ajudando assim a estabelecer tanto o diagnóstico como o prognóstico. 

    O líquido peritoneal tem como principal função lubrificar e envolver as vísceras. O volume normal é de apenas 300 mL no cavalo adulto, o que corresponde a um volume muito pequeno em função do tamanho do animal. Porém com doença ou inflamação intestinal, este volume aumenta pela efusão de fluido e por causa da cascata inflamatória.

    A natureza e composição desse fluido dependem da intensidade do comprometimento vascular e da severidade do processo inflamatório.

    Representação da introdução de uma agulha de calibre 18 de 1,5 polegadas para a coleta do fluido peritoneal suficiente para análise.
    Fonte: The equine acute abdomen, 3º edição

    Análise do Líquido Peritoneal

    Para proceder à análise do líquido peritoneal, o mesmo é colhido através de parancentese, que se realiza com o animal em estação.

    Após tricotomia e assepsia cirúrgica da região abdominal entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical, é realizada a introdução da agulha ou cânula mamária. Embora as cânulas mamárias sejam normalmente mais seguras do que as agulhas, pode ocorrer punção do cólon grande ou do ceco, com aparecimento de ingesta na amostra.

    Uma cânula mamária é empurrada através de uma pequena incisão usando uma gaze estéril para evitar que o sangue da incisão contamine a amostra de fluido.
    Fonte: The Equine Acute Abdomen

    Em seguida, características macroscópicas podem ser observadas como a cor (deve ser amarelo claro), turgidez (o líquido peritoneal deve ser transparente), odor e presença ou ausência de fibrina ou material fecal.

    Laboratorialmente pode realizar-se a contagem de eritrócitos, leucócitos, proteínas totais (PT), fibrinogênio, o lactato (comparar com os níveis de lactato sanguíneo), coloração Gram e cultura do líquido.

    Cor e transparência normais do líquido peritoneal
    Fonte: The Equine Acute Abdomen

    Deve-se ter cautela na hora da introdução da agulha, pois há uma probabilidade de perfuração de baço ou de alças intestinais (enterocentese). Desse forma o sangue aparecerá no tubo dando um “falso-positivo” para lesões graves. 

    Quando o resultado à análise do fluido peritoneal é normal e os sinais físicos sugerem a necessidade de cirurgia, podem ainda não ter ocorrido alterações intestinais ou pode ser muito cedo no processo patológico para as alterações do fluido abdominal serem detectáveis.

    A análise ao fluido peritoneal nunca deve ser utilizado isoladamente para decidir a necessidade cirúrgica, pois a espera pelas alterações pode atrasar a cirurgia e diminuir a taxa de sobrevivência.

    Tratamento

    O tratamento específico de cada caso de cólica em equinos varia e depende da natureza e severidade da lesão.

    A analgesia é muito importante pois:

    • Alivia o desconforto do paciente;

    • Minimiza o efeito inibitório da dor sobre a motilidade do trato gastrointestinal;

    • Possibilita a execução de um exame clínico mais cuidadoso;

    • Reduz a probabilidade do animal ferir a si mesmo. No entanto a sua administração tem de ser cuidada, pois pode mascarar os sinais clínicos da progressão da lesão.

    Sondagem Nasogástrica

    A descompressão gástrica objetiva a evacuação de gás e líquido de refluxo, impedindo a possibilidade de ruptura do estômago e a sua participação na etiopatogenia da dor.

    Trocaterização Percutânea

    Do ceco e eventualmente do cólon maior, alivia a distensão gasosa quando esta for severa, e possibilita a descompressão da cavidade abdominal e, consequentemente, a compressão do diafragma, facilitando a ventilação do animal.

    A trocaterização deve ser realizada após a tricotomia e antissepsia da região.

    Fluidoterapia

    Constitui-se na primeira medida terapêutica a ser adotada para o tratamento do animal.

    A reposição de fluidos e eletrólitos significa um procedimento importante para a recomposição do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base. Os melhores resultados e de baixo custo, são proporcionados pela solução de ringer e bicarbonato de sódio para correção da volemia e acidose.

    A fluidoterapia é instituída conforme os resultados laboratoriais pelos valores do hematócrito e da proteína total. Ela também contribui nos casos de obstruções intraluminal como nos casos de compactação de cólon maior, assim a fluidoterapia tem como objetivo o melhoramento da função cardiovascular, o aumento do volume de fluido no TGI, que por sua vez contribui para a hidratação e maceração da massa impactada.

    Anti-inflamatórios não-esteroidais

    São as mais utilizadas como analgésicos por possuírem poderosa ação de bloqueio da cascata do acido aracdônico da via cicloxigenase.

    Responsáveis por reduzirem a concentração de mediadores inflamatórios no local da lesão, diminuindo a percepção da dor pelo sistema nervoso central e reduzindo a temperatura corporal.

    Os AINES mais utilizados são a fenilbutazona (ação antiinflamatória, antipirética com pequena analgesia visceral), flunixina meglumina (analgésico, ação antiinflamatória, antipirética e antiendotoxemica) e dipirona (ação muito curta, 1 a 3 horas e somente nos casos de dor leve).

    A flunixina meglumina é o fármaco deste grupo mais potente no controlo da dor visceral. Sua grande desvantagem é a capacidade de mascarar os sinais de endotoxemia. A fenilbutazona e a dipirona têm um efeito moderado no alívio da dor, enquanto a flunixina meglumina têm uma ação analgésica mais potente.

    α-2 agonistas

    Induzem analgesia, por supressão da neurotransmissão a nível do SNC, e relaxamento muscular.

    Neste grupo de analgésicos estão incluídos a xilazina, detomidina, romifidina, e medetomidina. A xilazina produz boa analgesia, porém o efeito dura até 30 minutos. Atua como sedativo e produz certo relaxamento muscular. Entretanto, pode causar bradicardia com hipotensão e interferência na motilidade intestinal.

    O curto período de duração da ação da xilazina permite uma repetida reavaliação da condição do paciente sem mascarar os sinais clínicos. A detomidina potente ação analgésica que pode durar ate 3 horas e os efeitos indesejáveis são semelhantes ao da xilazina.

    Agonistas Opióides

    Os efeitos analgésicos ou sedativos destes tipos de fármacos resultam da sua interação com receptores centrais e/ou periféricos.

    Este grupo inclui a morfina, meperidina, butorfanol e pentazocina, todos com um potente efeito analgésico e sedativo.

    O butorfanol tem efeito analgésico, mais potente que a morfina e um dos mais potentes analgésicos no controle da dor visceral. A morfina e a meperidina podem causar excitação, agitação e uma redução do tempo de trânsito do trato gastrointestinal. 

    Espasmolíticos

    O aumento da frequência das contrações intestinais na cólica espasmódica, ou os espasmos que ocorrem oralmente às obstruções intraluminais, no caso de impactações, levam a dor que pode ser aliviada pela administração de espasmolíticos.

    Os fármacos incluídos são a atropina e a hioscina butilbromida. A atropina não é recomendada no caso de cólicas em equinos devido ao efeito de relaxamento da parede intestinal e de abolição das contrações que pode durar várias horas e até mesmo dias, podendo levar a timpanismo. A hioscina é um parassimpaticolítico, largamente utilizado em determinadas partes do mundo como o fármaco de eleição no tratamento inicial da cólica.

    Laxantes

    São indicados como adjuvantes do tratamento de processos de sobrecarga e compactações, cujo objetivo é aumentar a velocidade do trânsito da digesta e permitir que massas compactadas sejam desfeitas e eliminadas.

    O óleo mineral é o laxante e lubrificante mais frequentemente utilizado na prática clínica equina e deve ser administrado por sondagem nasogástrica.

    Enemas

    Podem ser utilizados no sentido de auxiliarem a umectação e a progressão de massas compactadas no cólon menor e no cólon transverso, devido a distensão do reto e colón menor causada pela presença do líquido infundido via retal.

    Pode-se administrar água morna que poderá conter óleo mineral ou glicerina liquida neutra.

    Procedimentos Cirúrgicos

    Quanto mais precocemente o animal for operado, se portador de afecção de tratamento cirúrgico, maiores serão as chances de sobrevivência.

    Deve-se evitar ultrapassar 6 a 8 horas de início da cólica para encaminhar o animal a cirurgia, pois algumas afecções, passando desse período, já produziram lesões de caráter irreversível, como nos casos de torções, vólvulos, e deslocamentos.

    A intervenção cirúrgica é indicada nos casos de:

    • Dor intensa e não responsiva aos analgésicos;
    • Refluxo entrogástrico produtivo e contínuo;
    • Ausência de defecação por longos períodos;
    • Achados na palpação retal (deslocamentos, torções e alças de delgado palpáveis) e achados ultrassonográficos;
    • Análise do líquido peritoneal e atonia intestinal.

    O procedimento mais utilizado é a laparotomia (conhecida também como celiotomia), que pode ser realizada ao nível da linha média ventral ou ao nível das fossas paralombares.

    Posicionamento de cavalo em mesa cirúrgica em decúbito dorsal, pronto para a realização de uma laparotomia mediana ventral
    Fonte: The equine acute abdomen, 2017 

    Outros procedimentos incluem a enterotomia, que está indicada para resolução de compactações, remoção de enterólitos ou remoção de corpos estranhos e enterectomia com anastomose, quando a vascularização intestinal se encontra comprometida.

    Quais são as diferenças na digestão de carboidratos estruturais e não estruturais em ruminantes?

    Os carboidratos não fibrosos apresentam alta taxa de fermentação, levando à redução do pH ruminal e influenciando o desenvolvimento da flora ruminal; já os carboidratos não fibrosos apresentam baixa taxa de fermentação e estimulam a ruminação, bem como a maior salivação do animal, o que auxilia no tamponamento do pH do ...

    O que acontece com os carboidratos estruturais e não estruturais no rúmen?

    Neste ponto é que entra a retribuição dos microrganismos que habitam o rúmen. São eles que degradam os carboidratos estruturais, concomitante- mente com os carboidratos não estruturais, transformando-os em açúcares simples, retirando destes a energia que precisam através da fermentação.

    Como ocorre a degradação ruminal dos carboidratos?

    Digestão de Carboidratos Isso ocorre pelo processo chamado de fermentação realizado por micróbios que vivem na ausência de oxigênio em local apropriado, como é o rúmen-retículo, também chamado de "câmara de fermentação".

    Qual a diferença entre carboidratos estruturais e não estruturais?

    Os carboidratos não estruturais são aqueles carboidratos não incluídos na matriz da parede celular e não são recuperados na fração de fibra em detergente neutro (FDN). Por esta definição, os carboidratos não estruturais são compostos de açúcares, amido, ácidos orgânicos e outros carboidratos de reserva como frutanas.

    Toplist

    Última postagem

    Tag