Como os indivíduos de espécies diferentes podem se reproduzir e gerar descendentes saudáveis?

A reprodução é uma das características que diferem os seres inanimados dos seres vivos. Ela consiste no processo em que um ou mais organismos produzem descendentes, passando a eles uma cópia de todos ou de alguns de seus genes. Assim, a reprodução é imprescindível para a manutenção das espécies.

Ela costuma ser dividida em duas categorias: reprodução assexuada e reprodução sexuada.

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Na reprodução assexuada, um único indivíduo dá origem a um ou mais descendentes. Por tal motivo é que eles são geneticamente idênticos aos seus genitores, embora possam ocorrer mutações e variações fenotípicas. Esse tipo de reprodução geralmente se dá por brotamento, quando determinada região do corpo do indivíduo cresce e depois se desprende, tornando-se um novo indivíduo; ou por fissão, caso em que o corpo do animal se parte e cada um dos pedaços se regenera independentemente, dando origem a novos indivíduos.

Quanto à reprodução sexuada, esta ocorre a partir da união de gametas. Geralmente, metade das características dos descendentes é oriunda do gameta masculino, e outra metade, do feminino. Ela tem como uma de suas vantagens a variabilidade genética, visto que os gametas de um mesmo indivíduo apresentam-se distintos entre si.

Nesse tipo reprodutivo, a fecundação pode ser tanto externa quanto interna e, nesse primeiro caso, a quantidade de gametas produzidos pela geração parental tende a ser bem maior.

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Existem organismos que podem reproduzir-se tanto assexuadamente quanto sexuadamente, como plantas e certos cnidários. Há também casos especiais de reprodução, como a partenogênese, em que acontece o desenvolvimento de embriões a partir de óvulos não fecundados.

Ficou curioso (a)? Conheça os textos dessa seção! Nela você também encontrará textos sobre sexualidade e contracepção.

Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia

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A propagação vegetativa é uma forma de multiplicar os vegetais. Normalmente, quando pensamos no crescimento de uma nova planta, o que primeiro vem à nossa cabeça é a semente na terra e esperar que ela cresça e se desenvolva.

No entanto, as sementes não são o único meio de multiplicar e gerar uma planta nova. Isso, porque os vegetais podem se reproduzir de forma assexuada (ou seja, sem ocorrer a fecundação e produção de sementes). Essa reprodução ocorre por meio de partes de plantas, que originam indivíduos geralmente idênticos à planta-mãe, ou seja, clones.

Esse tipo de reprodução é muito comum em plantas ornamentais e plantas frutíferas. Um exemplo disso no nosso cotidiano é a mudinha que trocamos com amigos.

Multiplicação de plantas por propagação vegetativa

A forma mais técnica de se chamar o ato de reproduzir plantas por partes de outras é propagação vegetativa. Propagação é sinônimo de reprodução, e vegetativa vem da utilização das partes do vegetal (células, tecidos, órgãos ou propágulos).

A principal diferença entre a reprodução de plantas por semente da reprodução por partes da planta, é a variabilidade genética. O surgimento de uma semente se dá pela união do grão de pólen (masculino) com o óvulo (feminino) da planta.

No entanto, quando essa combinação não acontece e a planta é multiplicada por tecidos de partes do vegetal, é gerado um clone, ou seja, plantas idênticas (sem variação genética).

É possível também induzir variabilidade genética em laboratório. Isso pode ser feito por meio de mutações induzidas com produtos químicos ou por transformação genética, no desenvolvimento de plantas transgênicas. Essas técnicas são bastante utilizadas no melhoramento genético de algumas espécies, como: milho, laranja, soja e algodão.

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A propagação vegetativa pode ocorrer de forma natural ou induzida. Naturalmente, quando a multiplicação se dá por estruturas próprias da planta. Já de forma induzida, é realizada de forma artificial pelo produtor.

Propagação vegetativa natural

Uma importante habilidade da propagação das plantas é o desenvolvimento de raízes, que podem surgir em estruturas diferentes da planta, como em caules ou folhas. Além disso, também podem surgir de rizomas, bulbos, tubérculos e brotos.

Para ilustrar, seguem algumas espécies vegetais e suas estruturas com potencial de originar novas plantas:

  • Cana-de-açúcar: a cana possui uma estrutura, na qual pode-se verificar na imagem abaixo, de multiplicação que se chama perfilho. O perfilho nada mais é do que um broto que se desenvolve do lado da planta mais velha, mas que ainda se mantém ligados um ao outro. Os perfilhos são idênticos às plantas que os deram origem. Quando se tem muitos perfilhos saindo de uma mesma planta, podemos chamar de touceira. Uma lavoura de cana-de-açúcar é composta de milhares de touceiras.

  • Abacaxizeiro: o abacaxi tem diferentes estruturas, como pode-se observar abaixo, de multiplicação. A sua coroa pode gerar uma nova planta. Além disso, mudas surgem no vegeta logo abaixo do fruto e são chamadas de filhotes. Outras mudas podem ser obtidas pelo caule, e estruturas como o rebentão e o filhote-rebentão, que são brotações do caule.

  • Morangueiro: seu caule se ramifica e dá origem a novas plantas. Essa estrutura se chama estolão. O caule se espalha pelo solo e dele surgem raízes onde será desenvolvido um novo morangueiro.
  • Batata: a batata que comemos é uma estrutura, conforme observa-se abaixo, chamada tubérculo. O tubérculo fica embaixo do solo e é o órgão de reserva das plantas. No entanto, os tubérculos também podem gerar novas batata.

  • Ornamentais: algumas plantas ornamentais, principalmente as suculentas também possuem estratégias de reprodução vegetativa natural. As suculentas emitem plântulas (mini plantinhas) nas suas folhas que possuem raízes e são idênticas a planta adulta, conforme exemplo abaixo.

Propagação vegetativa induzida

É a propagação realizada por meios artificiais, com a intervenção humana. As técnicas mais usadas são a estaquia, enxertia e a alporquia. Muitos agricultores, empresas de biotecnologia e produtores de mudas utilizam essas técnicas para produzir culturas com maior qualidade e com baixa incidência de doenças. 

Essa prática é muito comum para espécies frutíferas e florestais. A produção de mudas por essa técnica deve ser feita a partir de plantas-fonte saudáveis e livres de doenças. Sendo assim, para a realização dessas práticas são necessárias e obrigatórias mudas certificadas. 

Estaquia

A estaquia é feita com um pedaço de galho (estaca) da planta. Normalmente são ramos novos, com muitas gemas. As gemas são estruturas que permitem o desenvolvimento de novas mudas e são delas que surgem os novos brotos. 

O método de estaquia consiste em escolher um bom galho e colocá-lo no solo, com boa umidade. Desse galho irão surgir raízes e folhas, e logo se tornará uma planta idêntica à “mãe”. Essa prática pode ser utilizada nas culturas de tomate e eucalipto. Vale lembrar que nem todas as espécies vegetais são capazes de se multiplicar por estaquia. 

Enxertia

Para realizarmos a enxertia precisaremos ter duas plantas adultas. De uma delas será retirado o pedaço para gerar a nova planta (explante), enquanto a outra serve como base, para que o vegetal se desenvolva. Por fim, depois de serem colocadas em contato, ocorre a união entre o explante e a planta receptora, tornando-se uma só.

Tecnicamente, a parte que recebe o explante é chamada de cavalo, e o fragmento de cavaleiro. O cavalo é responsável pela nutrição do cavaleiro. Ele quem vai fornecer nutrientes e água para que a nova planta inicie seu crescimento e desenvolvimento. Além disso, pode modificar o porte da planta, e conferir também tolerância a algumas doenças e efeitos climáticos, como a seca.

Por meio dessa técnica é possível, inclusive, que tenhamos vários tipos de plantas em um mesmo pé. Por exemplo, podemos encontrar uma planta produzindo laranja de um lado e limão do outro. Ou até mesmo ter um pé produzindo jiló, berinjela e tomate, todos juntos.

Esse método é muito utilizado na produção comercial de mudas de citros, abacate, manga, uva, tomate e uma série de espécies vegetais frutíferas e hortaliças.

Alporquia

Diferente da enxertia, que duas plantas se tornam uma, na alporquia também há a união de partes de uma planta com outra, adulta, mas o objetivo é diferente. O nome da técnica pode parecer complicado, mas ela consiste em fazer crescer raízes em um galho da planta-mãe, que ainda está no campo.

Na alporquia um ramo novo da planta é selecionado e dele é retirada a casca (aproximadamente 2 cm), formando uma espécie de casa. Essa casa é preenchida com fibra de coco ou qualquer substrato umedecido.

Depois, é envolvida em um plástico transparente para que a umidade seja conservada e para que seja mais fácil ver as raízes que serão formadas. As extremidades do plástico são amarradas com barbante ou fita, ficando parecido a um bombom.

Por fim, após o surgimento das raízes o ramo é separado da planta mãe e deve ser plantado no solo, onde será formada uma nova muda. Essa técnica é usada em lichia, jabuticaba, hibiscos e outras espécies.

Plantas-mãe, as que servem de modelo

O sucesso da propagação vegetativa é influenciado por fatores como:  espécie, estações do ano, condições fisiológicas da planta matriz, tamanho, tipo e hora de coleta do explante, produtos químicos aplicados, entre outros.

Antes de todas as técnicas e procedimentos da reprodução vegetativa induzida, é necessário escolher as plantas que serão modelos para a multiplicação de seus clones. Essas plantas são chamadas de plantas matrizes, ou plantas-mãe.

Além disso, a seleção de matrizes apresenta-se como um dos aspectos mais relevantes a serem considerados. As características de uma boa planta matriz vão depender da espécie que se está multiplicando. No entanto, algumas características devem sempre ser consideradas:

  • Plantas vigorosas e bem nutridas;
  • Tamanho adequado de cultivo para espécie;
  • Boa produção de frutos ou madeira (dependendo da espécie);
  • Tolerância e/ou resistência à pragas e doenças (quando existir);
  • Tolerância a fatores climáticos adversos (quando existir).

A seleção dessas plantas que servirão de modelo é imprescindível para o sucesso do cultivo. Afinal, todas as plantas produtivas serão, teoricamente, iguais a ela.

Vantagens e desvantagens da propagação vegetativa

As principais vantagens da propagação vegetativa são: 

  • rápida propagação das plantas;
  • uniformidade das plantas;
  • multiplicação de plantas que não florescem;
  • produção mais precoce (ausência de período juvenil);
  • facilitar os trabalhos de melhoramento na seleção antecipada de cultivares. 

Já as desvantagens são:

  • transmissão de doenças bacterianas e viroses;
  • necessidade de plantas-mãe e de instalações adequadas;
  • grande volume de material a transportar e armazenar;
  • baixas taxas de multiplicação quando comparadas às sementes.

Desafios e perspectivas na propagação vegetativa

A propagação vegetativa é bem estabelecida para algumas culturas e proporcionam um alto rendimento na sua produção. Para cultura do eucalipto, por exemplo, a técnica de propagação garante ao produtor maior controle sobre as características de suas árvores.

Além disso, também proporciona madeira de melhor qualidade, partindo de mudas selecionadas, com bom crescimento e/ou resistência a pragas e doenças.

Em algumas plantas frutíferas, o uso da cultura de tecidos permite a rápida propagação de um grande número de plantas idênticas e livres de doenças. Por isso, essa técnica se tornou rotina para muitos sistemas de cultivo de frutas. 

Porém, quando falamos de plantas nativas brasileiras, ainda somos impactados com o pouco conhecimento. E justamente para elas, a multiplicação é um desafio, visto que, a propagação é uma das principais dificuldades para iniciar o seu cultivo comercial com sucesso. 

Um exemplar muito conhecido dessas plantas nativas é a jabuticaba. É comum ela estar em muitos quintais e pomares domésticos e alguns pomares comerciais. Contudo, como as mudas são feitas via semente, ela demora muito para começar a produzir e podem desenvolver características genéticas que não são desejadas por quem produz.

Por isso, algumas pesquisas para realizar a propagação vegetativa e driblar esses problemas estão sendo realizadas com sucesso, viabilizando a exploração comercial e a valorização dessa frutífera brasileira.

Testando diferentes formas de propagação, os pesquisadores brasileiros já alcançaram mais de 70% de eficiência utilizando a enxertia na jabuticaba. Já a técnica da estaquia teve um sucesso de 10%, até agora. No entanto, a técnica que mais se mostrou eficiente foi a alporquia, com mais eficiência acima de 80% na formação de mudas.

Sendo assim, essas pesquisas deverão estimular e viabilizar economicamente a multiplicação desta frutífera para cultivos comerciais, seja para produção de frutos frescos ou para processamento. 

Principais Fontes:

Roberto, S.R.; Colombo, R.C. Innovation in Propagation of Fruit, Vegetable and Ornamental Plants. Horticulturae. 2020.

SILVA, J. A. A., et al. Advances in the propagation of Jabuticaba tree. Rev. Bras. Frutic. 2019. 

Por que indivíduos de espécies diferentes não podem se cruzar e gerar descendentes férteis?

Isolamento morfológico: barreira pré-zigótica em que diferenças morfológicas impedem que ocorra o acasalamento entre indivíduos de espécies diferentes. Isolamento gamético: barreira pré-zigótica em que o gameta de uma espécie não consegue fecundar o gameta de outra espécie.

Tem como cruzar espécies diferentes?

Chamamos de híbrido todo e qualquer organismo vivo descendente de indivíduos geneticamente diferentes, ou seja, o híbrido é o produto do acasalamento entre indivíduos de espécies diferentes.

Por que espécies diferentes não podem se reproduzir?

Mas o obstáculo principal está mesmo no código genético: “O número diferente de cromossomos entre duas espécies impossibilita sua reprodução, porque eles precisam estar alinhados durante o processo de divisão das células do embrião”, afirma Mayana Zatz, geneticista da Universidade de São Paulo.

Quais espécies podem se cruzar com a possibilidade de gerar descendentes férteis?

Membros do genêro Canis (cachorros, lobos, coiotes e chacais) também podem cruzar e ter filhotes férteis. Orcas com golfinhos, o bisão americano com a vaca e chipanzés com babuínos também.

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