Quando o governo inglês reconheceu a independência dos Estados Unidos?

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George Washington (em destaque na pintura) foi um dos líderes da independência dos EUA (Foto: Reprodução)

Também chamada de Revolução Americana, a guerra da independência dos Estados Unidos foi um conflito armado que durou quase uma década, entre 1775 e 1783. Durante ele, as 13 colônias britânicas na América do Norte lutaram contra o Império Britânico por sua independência política. Entenda:

Causas
A partir da década de 1760, as relações da coroa britânica com seus colonos do outro lado do Atlântico se deterioraram. Tudo começou com outra guerra, a dos Sete Anos, travada entre Inglaterra e França entre 1756 e 1763 na própria América do Norte pelas posses das terras. A guerra foi vencida pelos ingleses muito graças ao apoio dos colonos, que acreditavam que poderiam se beneficiar das novas terras anexadas ao território.

Mas a coroa britânica tinha outros planos: não só não daria as novas terras aos colonos, como tiraria deles os custos da guerra, através do aumento de impostos. Um dos estopins foi o imposto sobre o chá. Em 1770, a guarda inglesa disparou tiros contra uma multidão que protestava contra a nova lei em Boston e matou cinco pessoas, o que deu início a uma onda de boicotes. Em 1773, alguns colonos se disfarçaram de índios e invadiram o porto de Boston para jogar o chá da Companhia das Índias Ocidentais no mar. A afronta ficou conhecida como Festa do Chá de Boston.

"A Festa do Chá de Boston", um dos estopins da independência (Foto: Reprodução)

O estopim em Boston
Embora ninguém tenha sido punido pelo incidente, o Parlamento Britânico ordenou o fechamento do porto de Boston e aumentou o controle sobre o estado de Massachusetts. As medidas foram descritas como “leis intoleráveis” pelos colonos pró-independência. Em 1775, alguns colonos se organizaram militarmente para um confronto com a Inglaterra, que declarou Massachusetts em estado de rebelião e enviou tropas a Boston. Deu-se início a uma série de batalhas e à guerra de independência dos EUA.

Declaração da independência
Em meio às batalhas, líderes de diferentes estados, entre eles Thomas Jefferson, Samuel Adams, Richard Lee e Benjamin Franklin, organizaram congressos na Filadélfia para elaborar uma declaração de direitos com inspiração iluminista. No dia 4 de julho de 1776, durante o chamado Segundo Congresso Continental, redigiram a Declaração da Independência e criaram o exército colonial, que seria comandado por George Washington para enfrentar os ingleses.

A assinatura de independência dos Estados Unidos (Foto: Reprodução)

As muitas batalhas
Os norte-americanos lutaram contra um exército maior e muito mais bem preparado, e sofreram inúmeras derrotas. Mas em 1777, os colonos venceram os britânicos em Saratoga, Nova York, o que ajudou a atrair a França para a guerra. O país enviou navios e soldados, fortalecendo o exército que lutava por independência. Nos últimos anos da guerra, os combates foram principalmente no sul do país recém-formado e a última batalha foi em 1781, em Yorktown, na Virgínia, quando o general inglês se rendeu. 

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Tratado de Paris
A paz foi finalmente assinada em setembro de 1783, em Paris. Com o Tratado, o Império Britânico reconheceu os Estados Unidos como um país independente. Em 1789, George Washington foi eleito o primeiro presidente do novo país, que se estabeleceu como uma república presidencialista.

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A colonização norte-americana se caracterizou por uma ausência de Pacto Colonial denominada “negligência salutar”, a qual promoveu uma verdadeira experiência de self-government ou “autogoverno”. A ausência de metais preciosos, que seriam descobertos somente em 1848 na costa oeste da Califórnia, e o clima temperado frio, semelhante ao europeu, fizeram com que as colônias se convertessem em uma região atrativa apenas para aqueles indivíduos que tinham pouco a perder com uma viagem ao Novo Mundo, como aqueles que sofriam perseguições políticas e religiosas, degredados e criminosos.

As liberdades que os colonos gozavam, porém, passariam a ser questionadas após a Guerra dos Sete Anos. Eles reconheciam a autoridade inglesa e se consideravam súditos da Coroa, entretanto, consideravam que possuíam os mesmos direitos de petição e representação que seus compatriotas de Londres. George Washington, por exemplo, o grande líder da independência americana, venceria a batalha de Lake George contra os franceses com o pavilhão inglês.

A Guerra dos Sete Anos foi um conflito colonial entre as duas grandes nações europeias. A Inglaterra tinha a vantagem de possuir cerca de um milhão e meio de súditos no Novo Continente, enquanto os franceses contavam com cerca de cem mil. A posição estratégica dos ingleses, que permitia atingir os portos franceses na região do Canadá com relativa eficiência, o controle de uma Marinha reconhecidamente superior, e um comando eficaz, contribuíram para a vitória britânica. O Tratado de Paz de 1763 reconheceu a soberania inglesa sobre a América do Norte, além de acabar com qualquer pretensão francesa de expansão rumo às Índias.

O PROCESSO DE EXPLORAÇÃO INGLÊS

Após a guerra, o governo inglês resolveu transferir o ônus do conflito para os colonos, aplicando a máxima mercantilista de que a função da colônia é enriquecer a metrópole. A tímida presença do Estado inglês na América seria reforçada por um conjunto de leis que os colonos iriam tratar como “intoleráveis” ou “coercitivas”. Desde a Revolução Gloriosa de 1688, o poder político estava consubstanciado no Parlamento, o qual expressava, em tese, os desejos da nação. Os colonos, entretanto, não tinham qualquer expressão política no Parlamento. Segundo o Declaratory Act, de 1766, as colônias “tem sido, são, e terão de ser por direito subordinadas e dependentes da Coroa e do Parlamento imperial da Grã-Bretanha”.

As primeiras legislações que detonariam a chamada “Era das Revoluções”, nas palavras do historiador Eric J. Hobsbawm, foram fruto do lobby de um grupo de parlamentares conhecidos como King’s Friends, próximos ao monarca George III (1760-1820).

O Sugar Act, de 1764, reedição de uma legislação anterior que efetivamente jamais foi observada, restringia, mediante impostos exorbitantes, o comércio da colônia com as ilhas britânicas. O Stamp Act, de 1765, introduziu tributação sobre documentos jurídicos, periódicos, livros e demais publicações. Dois anos depois, os Townshend Acts determinaram a imposição de novas taxas aduaneiras para as importações coloniais sobre uma série de produtos metropolitanos, tais como chá, papel, vidro e tintas.

Outras disposições, como a obrigação de oferecer alojamento aos soldados ingleses na América e a proibição de obter terras em regiões do oeste, incitaram os colonos a reagir através do boicote aos produtos ingleses. O Parlamento recuou em parte e revogou a maioria das tributações, exceto sobre o chá. Os distúrbios contra a Inglaterra começariam na década de 1770, sobretudo na cidade de Boston.

Em 5 de março de 1770, três colonos foram mortos por soldados ingleses que reagiram a uma manifestação contra a presença das guarnições britânicas na região. O acontecimento foi significativo, pois, pela primeira vez, militares ingleses e colonos norte-americanos, que haviam lutado juntos na Guerra dos Sete Anos, ficaram em posições opostas. O episódio ficou conhecido como “Massacre de Boston”.

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Em 16 de outubro de 1773, colonos travestidos de índios invadiram um navio da Companhia das Índias Ocidentais ancorado no porto de Boston e esvaziaram a carga de 363 caixas de chá na baía, em protesto contra o imposto e o monopólio da companhia inglesa na venda do produto, episódio denominado de “Festa do chá” (Boston Tea Party). O governo britânico prontamente respondeu com um novo conjunto de leis: o porto de Boston seria fechado, o governo de Massachusetts seria chefiado por um general inglês, ocorreria a substituição de funcionários administrativos eleitos pelos colonos por outros designados por Londres e o Ato de Quebec (1774), que na prática, separava o Canadá do restante da América do Norte e eliminaria a possibilidade de os habitantes das Treze Colônias se unirem aos canadenses em uma eventual luta contra a metrópole.

O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Em 5 de setembro de 1774, iniciou-se o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, reunindo doze representantes das Treze Colônias Inglesas, na qual uma Declaração de Direitos foi redigida e o princípio de “no taxation without representation” (nenhuma tributação em representação) reafirmado. A metrópole reagiu com uma nova legislação denominada Restraining Act (1775), que determinavam confisco de navios coloniais que fossem flagrados comercializando com estrangeiros. A batalha legal, entretanto, passaria para o conflito armado: em 18 de abril de 1775 ocorreu o primeiro choque militar entre colonos armados e tropas inglesas em Lexington.

Em maio de 1775, um Segundo Congresso Continental determinou a mobilização militar de todos os cidadãos e a formação de milícias comandadas por George Washington. Thomas Paine publicou Common Sense (Senso comum), no qual advogou a independência e o sistema republicano. Em 4 de julho de 1776, uma comissão presidida por Thomas Jefferson apresentou a Declaração de Independência das Treze Colônias Inglesas, na qual os princípios iluministas de direitos inalienáveis (vida, liberdade e a procura da felicidade), self-government e luta contra a tirania estavam consubstanciados em seus breves três parágrafos.

No mesmo ano da Declaração de Independência, os ingleses sofrem as primeiras derrotas em Trenton e Princetown. No ano seguinte, o general americano, Horatio, venceu em Saratoga o general Burgoyne. Os norte-americanos receberam um precioso reforço de voluntários europeus, como o polaco Kosciusko, o prussiano Von Steuben e o francês La Fayette. O filme norte-americano, O Patriota de 2000, faz uma representação da guerra que, entretanto, reduziu a participação dos europeus no conflito ao lado dos insurgentes. Em 6 de fevereiro de 1778, o governo da França passou a apoiar os colonos, chegando a enviar 8 mil homens sob o comando de Rochambeau (1780). Nos anos seguintes, espanhóis e holandeses também passaram a simpatizar com a causa americana. Em 19 de outubro de 1781, os ingleses capitularam em Yorktown, concluindo o Tratado de Versalhes de 1783, no qual reconheciam a independência norte-americana.

Em 17 de setembro de 1787, foi promulgada a Constituição dos Estados Unidos da América, na qual os princípios de liberdade e autonomia dos estados são consagrados. A escravidão do sul, entretanto, não sofreu qualquer questionamento neste momento. Em 1796, George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos, advertiu em seu Farewell Adress (Carta de despedida) que a América deveria passar ao largo de alianças europeias. Isto marcou o nascimento do princípio do isolacionismo, que somente seria rompido definitivamente com a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

O terceiro presidente, Thomas Jefferson, que sucedeu John Adams (1797-1801), iniciou o processo de “marcha para o oeste”. James Madison, quarto presidente dos Estados Unidos, tentou anexar o Canadá, mas foi rechaçado pelos britânicos na “Segunda Guerra de Independência” (1812-14), o último conflito dos Estados Unidos com um país europeu até 1898.

Como a Inglaterra reconheceu a independência dos Estados Unidos?

A derrota dos ingleses foi sacramentada por meio da Batalha de Yorktown, que ocorreu no final de 1781. Depois dela, os ingleses aceitaram negociar com os norte-americanos, e a independência dos Estados Unidos foi reconhecida por meio do Tratado de Paris de 1783.

Quando foi assinada a Declaração de Independência dos Estados Unidos?

No dia 4 de julho de 1776, foi publicada a declaração escrita por Thomas Jefferson, instituindo a Independência dos Estados Unidos. Por unanimidade, as treze colônias estadunidenses votaram a favor, contribuindo com a emancipação do país.

Qual o nome do Tratado assinado em 1783?

A Revolução Americana chegou ao fim oficialmente quando representantes de Estados Unidos, Grã Bretanha, Espanha e França assinaram o Tratado de Paris no dia 3 de setembro de 1783.

O que é correto afirmar sobre a independência dos Estados Unidos de 1776?

Sobre a independência dos Estados Unidos (1776) é correto afirmar que: Teve como inspiração as idéias do filósofo inglês Thomas Hobbes, defensor da monarquia absolutista. Resultou na construção de um país integrado em termos econômicos e raciais. Levou ao estabelecimento do pacto colonial na região.

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