Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego dos elementos linguísticos

Prova 2 Língua Portuguesa e Literaturas É uma forma de os professores do Colégio Platão contribuírem com seus alunos, orientando-os na resolução das questões do vestibular da UEM. Este caderno ajuda o vestibulando no processo de aprendizagem porque comenta a resolução de cada questão de forma clara e objetiva. No final, temos o comentário de cada disciplina, feito pelos professores do Colégio Platão. Página 1

LÍNGUA PORTUGUESA Prova 2 Língua Portuguesa e Literaturas 01. Assinale o que for correto a respeito dos elementos linguísticos do texto 1. Página 2 01) A formação de plural observada no par saudável x saudáveis (linhas 13-14) é a mesma observada nos pares profissional x profissionais; ardil x ardis; desagradável x desagradáveis; fiel x fiéis; fraternal x fraternais; eleição x eleições; capitão x capitães; mal x males. 02) As expressões mais comum (linhas 3-4), bastante comum (linha 22) e muito comum (linha 42) contrastam com a expressão é comum (linha 56). Nas primeiras, o valor semântico da palavra comum é alterado por meio de um processo sintático. 04) A formação de plural de algumas palavras da língua pode ocorrer por meio de alterações não apenas morfológicas (adição de sufixos), como, também, fonológicas, que acarretam mudanças no radical da palavra. Isso pode ser observado na comparação das palavras idoso, idosos e idosas. Nessas palavras, a alternância singular/plural se faz pela adição do morfema s, mas, também, pela mudança da vogal média-alta da sílaba tônica nas formas plurais para vogal médiabaixa. 08) O mecanismo de flexão de número por adição do morfema s não é característica exclusiva dos substantivos e adjetivos. Outras palavras da língua podem ser flexionadas desta maneira para manifestar a ideia de pluralidade,

como é o caso das palavras antes (linha 6), observadas (linha 6), temos (linha 14), algumas (linha 25), mais (linha 35). 16) As palavras ouvidas (linha 10) e observadas (linha 6) constituem formas que podem assumir os verbos ouvir e observar. Na língua portuguesa, essas formas verbais exercem funções semelhantes à dos substantivos e adjetivos, por isso, a flexão de número dessas formas verbais é feita de modo semelhante à dos substantivos e dos adjetivos. Resposta: 06 Nível Médio 01) INCORRETA. o emprego das desinências não é o mesmo, há uma variação acentuada entre elas. 02) CORRETA. O emprego de advérbios altera o valor semântico da palavra COMUM. São advérbios de intensidade que atribuem ao adjetivo um grau superlativo. 04) CORRETA.Além do acréscimo do fonema S, existe também a troca do som fechado pelo aberto, o que chamamos de plural metafônico. 08) INCORRETA. A adição do morfema S nem sempre é sinal de plural. É o que se observa em mais, antes, temos. 16) INCORRETA. Flexão é um fato, função é outro. Ainda que verbos no particípio se pareçam com adjetivos ou substantivos, eles continuam verbos e não têm a mesma função sintática. 02. Assinale o que for correto a respeito do texto 1. 01) Os mitos apresentados no texto são derrubados por pesquisas que demonstram que atitudes saudáveis durante a vida garantem ao indivíduo uma velhice de melhor qualidade. 02) Para se ter uma velhice saudável, de acordo com o texto, basta Uma boa alimentação, prática regular de exercícios, evitar álcool e cigarro, boas noites de sono (linhas 15-17). 04) No trecho Qualquer fase da nossa vida pode trazer perdas, mas também pode trazer ganhos. (linhas 23-24), é possível observar a construção de uma antítese, ou seja, a colocação, lado a lado, de duas palavras que estão em relação de oposição. Esse recurso linguístico é útil para o enriquecimento do texto, que é construído justamente pelo contraste de ideias e posições sobre a velhice. Página 3 08) Afirmar que Velhos são um peso para a sociedade (linha 41) é um equívoco, pois, muitos, embora já não atuem mais no mercado de trabalho, dão suporte para que seus filhos trabalhem ou estudem. 16) De acordo com o texto, a expressão melhor idade (linha 38) nem sempre é a mais adequada para caracterizar a velhice, uma vez que nem todas as pessoas idosas vivem em boas condições. Para muitos, essa fase da vida realmente acarreta privações e prejuízos. Resposta: 28 Nível Fácil 01) INCORRETA. O texto está amarrado com as informações que se encontram em qualquer esquina como mitos e não como fruto de pesquisas. 02) INCORRETA. Ainda que sejam atitudes saudáveis, elas não bastam para se ter uma velhice saudável. Acrescente-se a isso a idéia de que tais ações devem ser constantes em toda a vida e não apenas na velhice. 04) CORRETA. O emprego da antítese proporcionou qualidade à expressão, levando o leitor a estabelecer que PERDAS e GANHOS vivem num mesmo momento isso contribui substancialmente para o enriquecimento do texto. 08) CORRETA. Certamente há muitos filhos e netos que dependem da aposentadoria dos idosos. Em muitos casos eles ainda são os provedores de muitas famílias. 16) CORRETA. A velhice vem acompanhada de perdas e ganhos. Se esse fato é verdadeiro, é certo também que nem todos os idosos estão protegidos, com boa saúde, bem acompanhados. Ser a melhor idade muitas vezes se resume numa bela ironia.

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03. Assinale o que for correto a respeito do texto 2. 01) O texto considera que o olhar social sobre a pessoa idosa se transformou do final do século XIX para os dias de hoje. Passou do estado de respeito e admiração ao velho, como aquele detentor de sabedoria, para um olhar de menosprezo e segregação na sociedade moderna, que exige indivíduos atuantes e cada vez mais produtivos. 02) Ao mesmo tempo em que a velhice é encarada como um problema social, ela é vista como filão econômico. 04) Na foto que apresenta o filme, a menção ao fato de Laura Linney ter sido indicada ao Oscar de melhor atriz e do ator Philip Seymour Hoffman tê-lo vencido pode ser considerada uma estratégia de persuasão na qual procura-se associar a qualidade dos atores com a qualidade do filme e, assim, levar o consumidor a assistir ao filme. 08) Pode-se afirmar que o diálogo entre os irmãos Jon e Wendy (linhas 53-60) ilustra uma prática social que isenta do sentimento de culpa aqueles que segregam o idoso do convívio familiar, colocando-os em casas de repouso luxuosas e agradáveis. 16) Pode-se afirmar que foram justapostos, no início do texto 2, vários dizeres de críticos de diferentes revistas (Peter Travers, Wendy Ide e Leah Rozen). Esses dizeres, embora diferentes em sua estrutura gramatical, dialogam entre si, concordando com a qualidade do filme e com a atuação impecável dos atores. Resposta: 11 - Nível Médio 01) CORRETA. O final do século XIX foi um marco para a mudança de comportamento em relação aos mais velhos. Se outrora eles eram dignos de imitação pelos jovens, passaram a ser um peso macilento e repulsivo. 02) CORRETA. O velho se tornou uma mercadoria rentável. Um exemplo claro no texto está quando se apontam as casas de repouso. Página 5

04) INCORRETA. A qualidade do ator está intrínseca na sua atuação e não na qualidade do filme fato que não se liga à estratégia de persuasão. 08) CORRETA. Colocar velhos em casas de repouso é uma forma muito fácil para se livrar de um peso que afeta a vida familiar e não se carregar dor na consciência. 16) INCORRETA. Os dizeres garantem fatos diferentes sobre o mesmo filme, eles não dialogam, caminham para pontos opostos. 04. Assinale o que for correto a respeito dos elementos linguísticos do texto 2. 01) Os pronomes esta (linha 21) e Essas (linha 24) constituem mecanismos coesivos que estabelecem ligação entre partes do dizer, ou seja, relacionam o que já foi dito com aquilo que ainda se vai dizer. Geralmente, esta (e suas variantes) faz referência àquilo que vai ser dito posteriormente; essa (e suas variantes), por sua vez, faz referência àquilo que já foi dito. Essa oposição, entretanto, está desaparecendo na linguagem coloquial e já não é rigorosamente seguida na linguagem escrita. 02) A expressão pessoa idosa (linha 13) é retomada anaforicamente pelas expressões essa clientela (linha 15), figura do velho (linha 30), a velhice (linhas 42-43) e pessoas (linha 56). 04) Supõe-se que informações isoladas por parênteses possam ser suprimidas sem prejuízo da ideia geral de um texto. Esse não é o caso dos parênteses utilizados no texto, que trazem informações essenciais para a construção da coesão, já que indicam, dentre outras coisas, o nome dos atores do filme e fornecem informações referentes à bibliografia. 08) No trecho final do texto (linhas 53-60), temos a transcrição de um discurso direto, ou seja, a apresentação integral das falas das personagens Wendy e Jon. Isso pode ser verificado por pistas de natureza gráfica (utilização de aspas) e sintáticas (ocorrência de verbos elocucionais). 16) A utilização do discurso direto não é um recurso exclusivo para o registro da voz ou da fala de personagens. Ele também é recurso para a citação direta, ou seja, é utilizado no âmbito de um texto quando citamos outro texto. Os indicadores desse tipo de registro são, também, gráficos e sintáticos. Resposta: 04 Nível Difícil 01) INCORRETA. O emprego dos pronomes ESTA(S) e ESSA(S) como elementos de coesão, ainda que muitas vezes na fala coloquial seu emprego esteja esquecido, mantém o seu papel na linguagem escrita. ESTA(S) para o que se vai dizer e ESSA(S) para aquilo que já foi dito. 02) INCORRETA. É importante perceber que a palavra PESSOAS (linha 56) não se refere à pessoa idosa e, sim, aos parentes daqueles que são colocados em casas de repouso. 04) CORRETA. Para o mundo do cinema, o nome do ator ou da atriz é sempre uma referência até mesmo para a persuasão para que os amantes da arte se interessem pelo trabalho. 08) INCORRETA. Embora as dicas possam conduzir o candidato para assinalar a alternativa como correta, a presença do narrador contando o que disse a personagem caracteriza o trecho como discurso indireto. 16) INCORRETA. Uma citação direta não se faz em discurso direto, ela nos é apresentada pelo uso das aspas. Página 6

05. Assinale o que for correto a respeito das normas ortográficas utilizadas nos textos 1, 2 e 3. 01) No texto 3, há a construção de rima pela combinação das palavras presença e suspensa (versos 14-15). Essa construção é possível porque, embora as sílabas finais dessas palavras sejam grafadas com letras diferentes, essas letras, no contexto ortográfico em que aparecem, representam o mesmo fonema. 02) Nos textos 1, 2 e 3, aparecem as palavras velhice, envelhecer, envelhecendo, velhas e velho. Observando essas palavras, pode-se notar que todas elas são constituídas por, pelo menos, um grupo de letras representando um único fonema. 04) No texto 2, o nome Savage poderia, no português do Brasil, também ser grafado como Savaje, já que, na nossa língua, tanto a letra g quanto a letra j, antes das vogais e e i, podem representar o fonema que a letra g representa na palavra Savage. 08) Examinando apenas as letras destacadas nas palavras sente, imensa, ofensa, salva-me, ausência, presença, idosas exercício, expande, exemplo e externas, que aparecem nos textos 1 e 3, pode-se concluir que a relação entre fonemas e letras não é de correspondência exata e permanente. 16) Nos textos 1 e 2, encontram-se várias palavras que, embora sejam escritas com a letra e e com a letra o, são pronunciadas, em muitas regiões do Brasil, como i e u, a exemplo das palavras excelente, sociedade, filme, divertido, cigarro e aureolado. Resposta: 23 Nível Fácil 01) CORRETA. Questão de fonologia o som S é exatamente igual. 02) CORRETA. O mesmo radical se repete com os mesmos fonemas. 04) CORRETA. As letras G e J, antes de E, representam o mesmo fonema. 08) INCORRETA. A correspondência não é exata e nem permanente porque há uma variação fonética entre as letras em destaque. 16) CORRETA. Fato verdadeiro. Tais letras, quando em final de palavra, têm variação sonora. 06. Assinale o que for correto a respeito do texto 3. 01) No poema, o enunciador (eu lírico) não representa, necessariamente, uma pessoa idosa. O que ele faz é comparar a sua condição de tristeza com a morte física de alguém que chegou à velhice. 02) Pode-se afirmar que o uso de Senhor (versos 3, 10 e 18) ocorre, pois o enunciador (eu lírico) se dirige a uma figura real ou imaginária como forma de enfatizar a ideia nuclear do texto: a do sofrimento gerado pela indiferença. 04) No último verso, observa-se o uso da palavra só, que funciona como um advérbio equivalente a apenas ou somente. Podese supor que a escolha por esse advérbio em vez de apenas ou somente é uma forma de tornar presente, num texto que fala de tristeza e de indiferença, outro efeito de sentido relacionado à palavra só, que, isolada, como adjetivo, significa sozinho, sem companhia. 08) Nos versos 3, 10 e 18, o termo Senhor tem um estatuto sintático específico. Não está subordinado a nenhum outro termo e, por isso, é separado por vírgulas. Sua função é a de invocar um interlocutor. É, pois, um vocativo, à semelhança do que se observa também na frase: Suas palavras, eterno galanteador, levou-a a ceder aos seus encantos. 16) Nos versos Da indiferença deste mundo / onde o que se sente e se pensa / não tem eco, na ausência imensa (versos 4-6), a partícula se é índice de indeterminação do sujeito e provoca o efeito de sentido de que não só o enunciador, mas muitas pessoas padecem da indiferença do mundo. Resposta: 19 - Nível Médio 01) CORRETA. O enunciador não é uma pessoa necessariamente velha, é alguém que faz observações sobre a velhice e sobre a indiferença. 02) CORRETA. A palavra SENHOR exerce a função de vocativo identifica a quem se refere o enunciado. 04) INCORRETA. Não houve mudança de sentido. 08) INCORRETA. A palavra SENHOR é VOCATIVO, todavia, no trecho apresentado, a passagem ETERNO GALANTEADOR é um APOSTO. 16) CORRETA. Fica aqui uma dúvida. A partícula SE poderia ser um elemento indicador de voz passiva, daí não seria uma partícula indeterminadora. (Solicitação de análise já feita junto à banca, aguardamos retorno) Página 7

Página 8 07. Assinale o que for correto a respeito do texto 4. 01) As afirmações Com sacrifício / Eu criei meus sete filhos (versos 1-2); E pra alimentar meus filhos / Não comi pra mais de vez (versos 7-8); Sete crianças / Sete bocas inocentes / Muito pobres, mas contentes / Não deixei nada faltar (versos 9-12) e Trabalhei de sol a sol / Mas eles tinham que estudar (versos15-16) demonstram que o sujeito da canção foi um pai dedicado porque visava a ser cuidado pelos filhos na velhice. 02) Na quarta estrofe (versos 25-32), o sujeito da canção denota uma resignação própria de algumas pessoas que chegam à velhice, numa tentativa de justificar o estado de segregação que lhe impõem os filhos, ao afirmar Sei que dou muito trabalho / Sei que às vezes atrapalho / Meus filhos até demais (versos 30-32). 04) O sujeito da canção narra sua trajetória de sacrifício para criar seus filhos. Quando velho e abandonado, parece compreender que os filhos têm outras ocupações. No entanto, na última estrofe, quando diz Meu Deus, proteja / Os meus seis filhos queridos / Mas foi meu filho adotivo / Que a este velho amparou (versos 61-64), ele desabafa o desejo íntimo de ter recebido dos filhos a mesma dedicação que lhes devotou.

08) Com a afirmação Faz muito tempo / Que eu não vejo os outros filhos / Sei que eles estão bem / Não precisam mais do pai (versos 45-48), o sujeito da canção endossa a máxima de que os filhos são criados para o mundo. 16) Ao dizer Sete diplomas / Sendo seis muito importantes / Que às custas de uma enxada / Conseguiram ser doutor (versos 21-24), o sujeito da canção demonstra que dedicou-se mais aos filhos de seu próprio sangue do que ao filho adotivo, sobretudo quando atribui maior importância aos diplomas conquistados por esses filhos. Resposta: 14 - Nível Fácil 01) INCORRETA. O pai criou os seus filhos suprindo-os em todas as necessidades. É importante que se diga que seu objetivo não era o de ser ajudado por eles. 02) CORRETA. Os velhos, na sua grande maioria, têm plena consciência de que já não atuam como quando jovens e que, normalmente, dão trabalho à família. 04) CORRETA. De todos os filhos ele esperou acolhida, todavia apenas o adotivo abraçou tal postura. 08) CORRETA. É um velho adágio popular que se confirma: ao criar os filhos, os pais não os têm para si, mas para o mundo. 16) INCORRETA. A afirmação é falsa porque, na letra, somente no final é possível entender que foi o filho adotivo quem acolheu o pai. 08. Assinale o que for correto a respeito dos mecanismos linguísticos utilizados no texto 4. 01) No verso Faz muito tempo (verso 45), o pronome expressa uma ideia de quantidade imprecisa e genérica, diferente do que ocorre no verso Os meus seis filhos queridos (verso 62), no qual o uso do numeral cardinal tem o propósito de expressar uma quantidade exata. 02) Localizar eventos no tempo não é uma função exclusiva dos verbos. No português do Brasil, temos várias expressões que, em alguns momentos, desempenham essa mesma função, como as expressões com quase um mês (verso 4) e Passou o tempo (verso 33). 04) Os verbos que aparecem em Hoje estou velho (verso 25) e Hoje vivo num asilo (verso 35) estão formalmente conjugados no presente. Esse tempo verbal é usado para indicar, no primeiro caso, um fato que tem validade permanente e, no segundo, um processo habitual, valores semânticos diferentes daqueles do verbo que aparece na frase Em agosto, Sofia completa 30 anos. 08) Nos versos 42 e 44, observa-se o uso de duas locuções verbais construídas pela justaposição do verbo ir (conjugado no presente) mais os verbos ouvir e vencer no infinitivo. Locuções verbais como essas são amplamente usadas na linguagem cotidiana e substituem o uso do futuro do presente simples como ouvirei e vencerei. 16) Comparando as expressões um mês (verso 4), uma enxada (verso 23) e um filho (verso 36) com expressões como o meu corpo (verso 27), as minhas preces (verso 42) e a recompensa (linha 60), é possível verificar que, no primeiro grupo de expressões, o uso do artigo indefinido exige que os substantivos mês, enxada e filho sejam interpretados como se referindo a seres e objetos de uma espécie. O contrário se verifica no uso do artigo definido no segundo grupo de expressões. Resposta: 13 - Nível Médio 01) CORRETA. Essa é a função do pronome indefinido MUITO. 02) INCORRETA. Ainda que se empregue a passagem com quase um mês, existe um verbo implícito que garante a idéia temporal (Quando tinha quase um mês). 04) CORRETA. Um verbo, ainda que esteja no presente, pode literariamente representar passado ou futuro. Ex. Cabral desce da nau e vê os índios (passado). No dia 25 de dezembro, no final do ano, Lucinha completa dez anos (futuro) 08) CORRETA. A língua portuguesa no Brasil dá preferência às locuções verbais. Ex. Eu irei comprar por comprarei; Eu tinha feito por fizera. 16) INCORRETA. Trata-se apenas em usar artigos definidos ou indefinidos que sempre antecedem um substantivo dizendo se ele é masculino ou feminino, singular ou plural. Nada lembram a seres ou objetos de uma espécie diferente. Página 9

09. Assinale o que for correto a respeito dos textos 1, 2, 3 e 4. 01) Nos versos Como se morre de velhice / ou de acidente ou de doença, / morro, Senhor, de indiferença (texto 3, versos 1-3), as expressões em negrito exercem a função de adjunto adverbial, pois expressam circunstância de causa. 02) Nos versos Ouvi uma voz bem do meu lado / Pai eu vim pra te buscar / Arrume as malas / Vem comigo, pois venci / Comprei casa e tenho esposa / E o seu neto vai chegar (texto 4, versos 51-56), o sujeito da canção se vale do recurso do discurso indireto livre, cedendo a voz à personagem filho adotivo, que realiza seu desejo de ser amparado. 04) No texto 4, a expressão Os meus seis filhos queridos (verso 62) é construída pela associação entre adjuntos adnominais e um núcleo. Esses adjuntos têm a função de alterar a significação desse núcleo, ou seja, especificam e caracterizam o substantivo filhos. Construção semelhante verificase na expressão o mercado de consumo (texto 2, linhas 11-12), na qual os adjuntos o e de consumo particularizam o substantivo mercado. 08) No texto 1, o uso do pronome isso (linha 28) contribui para o estabelecimento da coesão textual, na medida em que retoma algo que foi expresso anteriormente. Função semelhante à exercida por esse pronome pode ser verificada nas expressões diante da velhice (linhas 1-2) e Diante desse quadro (linha 11), presentes no texto 2. 16) No texto 1, Porém (linha 12) e Entretanto (linha 28) são conjunções adversativas, pois ligam duas orações e expressam a ideia de contraste entre essas orações; Ou seja (linha 30) e Ou (linha 59) são, por sua vez, conjunções alternativas, pois ligam duas orações de sentidos independentes e expressam a ideia de exclusão. Resposta: 03 - Nível Difícil 01) CORRETA. São todos adjuntos adverbiais de causa. 02) CORRETA. Ao dizer: Ouvi uma voz bem do meu lado fica clara a idéia de que não foi o pai quem disse essas palavras discurso indireto. 04) INCORRETA. Na segunda passagem, quando se diz o mercado de consumo, não existe particularização e, sim, uma especificação. 08) INCORRETA. A função não é semelhante no segundo caso porque há diferença entre os referentes. A passagem diante da velhice não é o referente de Diante desse quadro. 16) INCORRETA. A expressão Ou seja não indica exclusão e, sim, uma idéia reforçativa. 10. Assinale o que for correto a respeito dos textos 1, 2, 3 e 4. 01) Enquanto o texto 1 busca desmistificar olhares negativos sobre a velhice, o texto 4 apresenta o ponto de vista de uma pessoa idosa que vivencia os mitos apresentados no primeiro texto, como se comprova nas oposições: Velhice é doença (texto 1, linha 3) x Hoje estou velho / Meus cabelos branqueados / O meu corpo está surrado / Minhas mãos nem mexem mais (texto 4, versos 25-28); Velhice só traz perdas (texto 1, linha 21) x Hoje vivo num asilo / E só um filho vem me ver (texto 4, versos 35-36), dentre outras. 02) Os textos 3 e 4 apresentam a dor provocada pela ausência e pela indiferença como sofrimento maior daquele que chega à velhice, como se pode verificar nos excertos morro, Senhor, de indiferença (texto 3, verso 3); Me sentindo abandonado (texto 4, verso 50); na ausência imensa (texto 3, verso 6) e Faz muito tempo / Que não vejo os outros filhos (texto 4, versos 45-46). 04) O texto 1 contraria a situação de abandono e de improdutividade na velhice, apresentada nos textos 2 e 4, quando menciona a atuação indireta do idoso no mercado de trabalho. 08) A cidade de Sun City é descrita, no texto 2, como um lugar com academias e programas específicos para a terceira idade. (texto 2, linhas 18-19). Essa descrição dialoga com o texto 1. Nesse texto, defende-se a importância da prática regular de exercícios (texto 1, linhas 15-16) para uma velhice saudável. O texto 2 também destaca que, quando não se tem o hábito de práticas desportivas ao longo da vida, é possível iniciá-las na velhice, para vivê-la melhor. 16) Os textos 3 e 4 apresentam enunciadores (eu lírico e sujeito da canção) em estado de introspecção e oração, como se pode observar nos trechos a seguir: Salva-me, Senhor (texto 3, verso 10) e Obrigado, meu Senhor (texto 4, verso 59). Página 10

Resposta: 30 Nível Médio 01) INCORRETA. Dizer que hoje estou velho e meus cabelos estão branqueados não comprova que a velhice seja uma doença e, além do mais, velhice não traz somente perdas. 02) CORRETA. Ainda que a velhice nos proporcione momentos de tempo para o lazer, exercícios físicos, sensação do dever cumprido, ela ainda carrega consigo a idéia do abandono, do esquecimento. 04) CORRETA. Muitos idosos ainda sustentam famílias. 08) CORRETA. A velhice será mais saudável se as práticas desportivas forem postas em ação, mesmo que o sejam na velhice. 16) CORRETA. As duas passagens representam um pedido e um agradecimento, isso é claro nos textos. REDAÇÃO A coletânea de textos a seguir aborda a temática a posição do idoso em nossa sociedade, que já foi trabalhada nos textos da Prova de Língua Portuguesa. Tendo esses textos como apoio, redija os gêneros textuais solicitados. TEXTO 1 Senilidade e a invisibilidade social Camila Maciel Polonio (...) A maioria dos idosos no Brasil encontram-se em condição de invisibilidade, social, política e muitas vezes familiar. Morte social? Morte familiar? Estão vivos, mas não possuem lugar. A visão sobre o ancião mudou, do patriarca para... para o quê? Em muitas famílias não há o espaço para o idoso. Há alguns anos atrás o idoso era tido como patriarca, que era dotado de sabedoria. (...) O ancião era o guia familiar, os mais novos pediam conselho e ouviam as suas orientações. Eles exerciam um papel que, após o término da sua função de produtividade, assumiam o de líderes familiares. O idoso saía do lugar de provedor, cargo este assumido por seus filhos, para ocupar o de orientador. A sabedoria nada tinha a ver com estudos, era o arquivo das experiências da vida. Hoje, algumas famílias encontram-se cada vez mais fechadas e mais focadas na produção, aquele que não produz não tem espaço. O idoso dessa forma perde o seu lugar na família e na sociedade. No entanto, acredito que, assim como os jovens conseguiram, ao longo da história, mudar a sua posição social e familiar, tornando-se importante foco da sociedade, a senilidade conseguirá novamente o respeito. Como? Se cada família jovem conseguir compreender que, em determinado momento precisará cuidar de seus idosos, irá construir em seus filhos a mesma compreensão. Se conseguir sair das justificativas capitalistas, conseguir valorizar o saber, sobrepondo o valor da produção, irá reconstruir o valor do idoso. Se pais, filhos e netos assimilarem o ciclo vital e conseguirem ressignificar os papéis familiares, todos terão direito e lugar na sociedade. (...) A população está envelhecendo e precisamos modificar o nosso olhar, a nossa educação e o respeito por aqueles que fizeram e fazem parte da história. (Disponível em: <http://camilamacielpolonio.blogspot.com/2010/04/senilidadeeinvisibilidade-social.html>. Acesso em 18/4/2011). TEXTO 2 A sociedade e a terceira idade Dr. João Roberto D. Azevedo As sociedades ricas, de primeiro mundo, encaram a Terceira Idade de maneira bastante prática e objetiva. O idoso recebe nessas sociedades todos os seus direitos e têm bem nítidos os seus limites, sendo que em determinados países há clara tendência em aproveitá-lo inclusive profissionalmente. Infelizmente, sociedades pobres como a nossa tendem a isolar o idoso, não sendo rara a ideia de considerá-lo inútil, um verdadeiro peso morto. A exagerada valorização da juventude, tão própria da sociedade moderna, contribui muito para piorar o conceito de Terceira Idade em nosso meio. A Saúde Pública e a Previdência Social não estão estruturadas para cuidar de maneira eficiente da Terceira Idade. (...) A nossa autoapreciação recebe então influências das características psicológicas individuais e, evidentemente, das pressões sociais: como se sentir diante de si mesmo, ou diante da apreciação dos outros? Qual a repercussão sobre uma pessoa saudável e ativa, com 75 anos de idade, que se vê absolutamente rejeitada? (Disponível em: <http://boasaude.uol.com.br/lib/emailorprint.cfm?id=3050&ty pe=lib>. Acesso em 14/4/2011). TEXTO 3 Velhice Vinícius de Moraes Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente Olhando as coisas através de uma filosofia sensata E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite. Nesse dia, Deus talvez tenha entrado definitivamente em meu espírito Ou talvez tenha saído definitivamente dele. Então, todos os meus atos serão encaminhados no sentido Página 11

do túmulo E todas as ideias autobiográficas da mocidade terão desaparecido: ficará talvez somente a ideia do testamento bem escrito. Serei um velho, não terei mocidade, nem sexo, nem vida. Só terei uma experiência extraordinária. Fecharei minha alma a todos e a tudo Passará por mim muito longe o ruído da vida e do mundo. Só o ruído do coração doente me avisará de uns restos de vida em mim. Nem o cigarro da mocidade restará. Será um cigarro forte que satisfará os pulmões viciados E que dará a tudo um ar saturado de velhice. Não escreverei mais a lápis E só usarei pergaminhos compridos. Terei um casaco de alpaca que me fechará os olhos. Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio, Cheio de irritação para com a vida, Cheio de irritação para comigo mesmo. O eterno velho que nada é, nada vale, nada teve O velho, cujo único valor é ser o cadáver de uma mocidade criadora. (Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_art icle=29>. Acesso em 18/4/2011). COMENTÁRIO: Contrariando as expectativas de chuva e frio a segunda-feira teve uma bela manhã de sol quente em Maringá, era este o clima deste início de 11 de julho para os vestibulandos que teriam pela frente uma prova de Redação. O clima ajudou e a prova se mostrou bastante agradável de ser resolvida. Trazendo uma temática sobre a posição do idoso em nossa sociedade, dissolvida ao longo de uma coletânea composta por 3 textos, a prova cobrou a produção de dois gêneros textuais distintos entre si, sendo eles: Gênero Textual 1 Resumo e Gêneros Textual 2- Resposta Interpretativa. GÊNERO TEXTUAL 1 RESUMO Redija um resumo, em até 15 linhas, que exponha as ideias e as informações consideradas fundamentais para a compreensão da temática sobre a posição do idoso em nossa sociedade, abordada no TEXTO 1. COMENTÁRIO: O comando do exercício pedia a elaboração de um Resumo, onde o candidato deveria expor as ideias e as informações consideradas fundamentais para a compreensão da temática sobre a posição do idoso em nossa sociedade, entretanto, o vestibulando deveria restringir seu resumo apenas ao texto 1 da coletânea. A maior dificuldade que o candidato poderia encontrar nesta produção seria em não confundir resumir com interpretar, pois o certo na resolução do exercício seria sintetizar as partes principais do texto em questão, mantendo o tempo todo o ponto de vista da autora do texto, Camila Maciel Polonio. Então, a produção deveria estar inteira na 3ª pessoa do singular, não apresentar título, fazer referência ao texto original e ser compreensível como um todo. Cabia ao candidato fazer uma boa leitura do texto original e selecionar as partes essenciais do mesmo para a produção do seu próprio texto, uma vez que o Resumo é resultado da leitura individual do texto, resultado, ainda, das percepções particulares do leitor, bem como, da sua desenvoltura, prática e técnica em amarrar as ideias com coesão e coerência. Por fim, o vestibulando não poderia ultrapassar o limite de 15 linhas. GÊNERO TEXTUAL 2 RESPOSTA INTERPRETATIVA Redija, em até 15 linhas, uma resposta interpretativa, que indique as causas que explicam a atual posição do idoso em nossa sociedade, presentes nos TEXTOS 1 e 2, comprovando a causa expressa no TEXTO 3, com fragmentos desse texto. COMENTÁRIO: Com um limite máximo também de 15 linhas e sem título, o vestibulando, na resolução deste gênero, não poderia, em hipótese alguma, manifestar a sua opinião sobre a temática em estudo, ou seja, a produção deveria estar na 3ª pessoa do singular, reinando o ponto de vista de cada autor dos 3 textos da coletânea. Baseando-se na leitura e interpretação dos textos, o candidato teria que explicar as causas motivadoras da atual posição do idoso em nossa sociedade, presentes nos textos 1 e 2, comprovando a causa expressa no texto 3, utilizando fragmentos desse texto. Ou seja, o candidato teria que relacionar os 3 textos e montar uma resposta coesa e coerente ao motivo principal da questão: a causa da situação do idoso no nosso país. COMENTÁRIO FINAL: Aos elaboradores da prova de Redação deixamos os nossos parabéns por ofertarem aos candidatos uma prova possível de ser bem resolvida, dentro de uma temática comumente abordada e dos gêneros elencados como prováveis. Página 12

LITERATURAS EM LÍNGUA PORTUGUESA 11. Leia os fragmentos de contos, retirados da coletânea O cobrador, de Rubem Fonseca, e assinale o que for correto. Fico na frente da televisão para aumentar o meu ódio. Quando minha cólera está diminuindo e eu perco a vontade de cobrar o que me devem eu sento na frente da televisão e em pouco tempo o meu ódio volta. ( O cobrador ) Muitos dos nossos, os cavalos mortos, combatiam a pé. A lâmina da minha espada brilhava lavada de sangue e chuva. Um artilheiro inimigo, um menino, agarrou meu estribo e me atacou com um facão. Decepei-lhe a mão direita, num golpe seco e hábil. ( A caminho de Assunção ) No fim do mês, de acordo com O Dia, o esquadrão havia executado vinte e seis pessoas, sendo dezesseis mulatos, nove pretos e um branco, o mais novo tinha quinze anos, era egresso da Funabem, e o mais velho trinta e oito. Vamos comemorar a vitória, disse Gonçalves para Marinho, que junto com ele havia ganho a maioria das apostas. Beberam cerveja, comeram queijo, presunto e pastéis. ( O jogo do morto ) 01) Recorrente nos três contos de onde foram retirados os fragmentos transcritos, a temática abordada por Rubem Fonseca, em boa parte da coletânea O cobrador, é a da violência, frequentemente observável em diversos níveis do comportamento da realidade urbana do país. 02) No conto O cobrador, o narrador-protagonista cobra dos bem situados na vida tudo o que lhe foi negado desde a infância. Tal cobrança se dá por meio da violência que, por vezes, atinge níveis desmedidos, extremos. No entanto, em outros momentos, o protagonista mostra-se sensível e sofredor, vítima da sociedade. 04) Em A caminho de Assunção, o tema da violência se atualiza por meio de uma encenação de guerra, num colégio da periferia de um grande centro urbano. A guerra teatralizada dos Dragões Reais de Minas contra os invasores paraguaios misturase com a guerra do narcotráfico e acaba por fazer dezenas de vítimas indefesas. 08) Em O jogo do morto, Rubem Fonseca retrata as práticas de violência de quatro integrantes do esquadrão da morte, durante uma missão na Baixada Fluminense. O conto termina com o grupo comemorando, num bar, o saldo de mortos, noticiado nos jornais. Página 13 16) O tema da violência também é reconhecível em muitos contos de Rubem Fonseca por meio da linguagem intensamente brutalista que caracteriza a fala de algumas personagens. Em O cobrador, encontram-se expressões agressivas que remetem às práticas brutais de violência do narradorprotagonista. Resposta: 19 Nível Médio 01) CORRETA. Realmente a violência é tema recorrente na obra O Cobrador, de autoria de Ruben Fonseca, representada na própria linguagem utilizada pelo autor e nas atitudes das personagens. 02) CORRETA. A atitude da personagem é de cobrança por algo que lhe fora negado, contudo que lhe parece ser merecido, pelo simples fato de existir também como membro social. A personagem julga, cobra e pune aqueles a quem ele pensa ter lhe furtado o que era seu de direito. A sensibilidade aparece apenas quando ele se posiciona como vítima da sociedade, ou como quando ele cuida de uma senhora mesmo tendo cometido crimes atrozes. 04) INCORRETA. O tema da violência abordado na obra não se refere ao narcotráfico, e sim a um episódio de um conflito de origem ficcional que teria ocorrido durante a guerra do Paraguai, ou seja, sem ligação alguma com temas atuais, como o narcotráfico ou a violência nas escolas. Cabe lembrar aqui a importância da leitura para a resolução das questões de literatura: quem leu apenas resumos ou não leu, não saberia se o conteúdo da questão era verdadeiro ou não. 08) INCORRETA. Mais uma vez, a importância da leitura é ressaltada pelo elaborador da questão, o conto trata de uma aposta entre quatro amigos que fazem uma aposta sobre quantas serão as vítimas do Esquadrão da Morte, um dos apostadores para garantir que ganharia a aposta, contrata o Falso Perpétuo para assassinar um dos apostadores (Gonçalves e sua filha) o final é trágico com a morte dos dois e Anísio, mortos pelo Falso Perpétuo. 16) CORRETA.) A linguagem agressiva é uma das características mais marcantes dessa obra de Rubem Fonseca. Em vários contos como Livro de Ocorrências, a linguagem permite ao leitor inclusive visualizar as cenas descritas: o episódio do atropelamento do garoto, que ganhou uma bicicleta.

12. Considerando o movimento romântico na literatura brasileira, assinale o que for correto. 01) A primeira geração romântica, cujo marco inicial é a publicação de Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, antecipa, com sua tendência nacionalista, fatos históricos importantes para a independência política do Brasil, como a chegada da família real portuguesa ao país. 02) Gonçalves Dias, expoente da primeira geração romântica brasileira (também chamada de indianista e/ou nacionalista ), explorou diversos elementos de nossa realidade cultural e natural, colocando em destaque a figura do indígena como importante elemento da formação da identidade nacional brasileira. 04) A valorização de aspectos ligados à cultura brasileira levou a segunda geração romântica a criticar e a repelir a influência de grandes nomes da literatura europeia, como Goethe e Byron, em prol de uma produção autenticamente nacional. 08) A tendência egocêntrica, com a celebração dos excessos da paixão, do pessimismo e da morbidez, impediu que a segunda e a terceira gerações românticas produzissem obras capazes de contemplar temáticas de cunho social que levassem em conta questões importantes do contexto brasileiro do século XIX. 16) Apesar da configuração como escola literária, o Romantismo brasileiro apresentou, em suas três gerações, posturas e tendências diversificadas, permitindo, até mesmo, o surgimento de um nome como o de Sousândrade, cuja produção original, à frente de seu tempo, dificultou o reconhecimento de seu valor por parte de seus contemporâneos. Resposta: 18 Nível Médio 01) INCORRETA. A vinda da família real para o Brasil aconteceu em 1808 e a independência em 1822. A publicação de Suspiros poéticos e saudades aconteceu em 1836, portanto não antecipou, nem influenciou fatos históricos importantes para a independência política do Brasil. 02) CORRETA. Gonçalves Dias foi o principal expoente da primeira geração romântica e sua obra cantou a figura do indígena, estabelecido pelos românticos como símbolos da pátria e referência de identidade nacional. 04) INCORRETA. Autores da segunda geração inspiraram-se em Goethe e sobretudo em Byron, haja vista a denominação feita por muitos à geração: byroniana, ou seja, símbolo de ultra-romantismo. Álvares de Azevedo é maior fruto dessa influência. 08) INCORRETA. O egocentrismo, o pessimismo e a morbidez são características apenas da segunda geração romântica. A terceira notabilizou por poesias sentimentais, pelo subjetivismo, pela fuga da realidade, mas também pelo apelo social, presente, por exemplo, em O navio negreiro de Castro Alves. 16) CORRETA. As gerações românticas apresentaram traços comuns como a subjetividade, o sentimentalismo, a fuga da realidade, o anseio pela liberdade, mas também se fixaram em características específicas, que diferenciaram cada momento. Sousândrade, autor pouco conhecido, porém sua obra tem sido mais valorizada e reconhecida recentemente, pois descobriu-se o quanto sua linguagem era inovadora, incluindo-se neologismos e palavras de diversas origens: tupi-guarani, inglês, português arcaico, enfim valendo-se de textos muito além do seu tempo, daí a falta de reconhecimento. Um exemplo que desperta a atenção é a figura do índio, que nele aparece descaracterizado, fruto do contato com o homem branco e não idealizado. Pode-se dizer que sua obra é vanguardista para a época. 13. Assinale o que for correto sobre o poema a seguir, de Cláudio Manuel da Costa: Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado; Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio: Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias. Que de seus raios o planeta louro, Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. Página 14

01) No poema, a oscilação da métrica, do ritmo e das rimas, apesar de não se traduzir em completa liberdade formal, demonstra como o poeta afasta-se das tendências e preceitos clássicos, fato recorrente na lírica de Cláudio Manuel da Costa. 02) Embora não apresente especificamente a demanda do locus amoenus, o espaço a que o poema remete traduz a tendência de representação da natureza verificada na produção de Cláudio Manuel da Costa e de seus colegas de escola literária. 04) O poema apresenta uma particularidade de Cláudio Manuel da Costa: a representação de cenários brasileiros, destacando a importância da temática nativista no presente caso, a mineração para o autor. 08) A temática da exploração dos recursos minerais no caso, o ouro remete o leitor ao espaço geográfico em que ocorreu a Inconfidência Mineira, movimento do qual Cláudio Manuel da Costa fez parte juntamente com outros poetas. 16) O enfoque nacionalista do poema, com destacada preocupação de natureza política e econômica, demonstra como o poeta inserese no contexto da primeira geração romântica brasileira, chamada de nacionalista em função de tal abordagem. Resposta: 14 Nível fácil 01) INCORRETA. O poema de Cláudio Manuel da Costa é composto por um soneto decassílabo e, portanto, não apresenta nem oscilação de métrica, ritmo ou rima. Além disso, apresenta tendências como o bucolismo, típico do Arcadismo, movimento ao qual pertence. 02) CORRETA. Cláudio Manuel da Costa como seus companheiros árcades valorizam a natureza, principalmente o campo e seus elementos: o pasto, o gado, a simplicidade do campo. Note-se, porém, que Cláudio Manuel da Costa apresenta uma variação dessa paisagem, que no poema lembra as terras de Minas Gerais. 04) CORRETA. Confirmando a questão anterior, o elaborador reforça a ideia de que Cláudio Manuel da Costa representa o cenário brasileiro principalmente a paisagem mineira. 08) CORRETA. Além de retomar esse aspecto particular da obra de Manuel da Costa o elaborador faz referência ao período histórico ao referir-se à Inconfidência Mineira, movimento ao qual estiveram ligados personagens do Arcadismo, como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga autor do célebre Marília de Dirceu. 16) INCORRETA. Ao contrário do que afirma a questão o autor não se insere no movimento romântico brasileiro, mesmo que haja em sua obra a aparente temática nacionalista. 14. Leia o fragmento a seguir, retirado do conto As quatro penas brancas, integrante da coletânea O calor das coisas, de Nélida Piñon, e assinale o que for correto sobre o conto e sobre a obra em que ele se insere. Posso sentar-me ao seu lado? De camisa esporte, a calça amarfanhada, o homem vendia amendoim. Rubem olhava a cidade do outro lado. O homem insistia, estou assim agora, mas já fui de andar em boate grã-fina, dar gorjeta, as mulheres vinham lamber na minha mão. Até que abandonei bens, herança, triunfos, os banqueiros perderam a fé em mim. [...] E estava já no meio da história, quando Rubem decidiu que seguramente a vida daquele homem superava a sua. Comece de novo, pediu. E onde eu estava? o vendedor entusiasmou-se. Na hora em que tua mãe te pariu. O homem amarrou a cara. Escuta aqui, quem organiza a narrativa sou eu, escolho a porta por onde entrar e a janela por que sair. Quem não está satisfeito com o volume e a posição das palavras, abandona a sala. [...] E logo recordando o dinheiro, Rubem apalpou discretamente o bolso, a protuberância de que se desfaria na casa de Alice. 01) O conto, a exemplo dos demais que integram a coletânea à qual ele pertence, é redigido por meio de uma linguagem literária, típica da ficção de Nélida Piñon, marcada pelo empenho em fugir ao lugar comum. Nesse recorte, as expressões coloquiais ( mas já fui de andar em boate grã-fina, [...] as mulheres vinham lamber na minha mão ) contrastam com reflexões tensas, sutis e refinadas acerca de valores e situações, como, entre outros momentos na narrativa, neste caso: Até que abandonei bens, herança, triunfos, os banqueiros perderam a fé em mim. 02) O conto é construído a partir de um foco narrativo que transita, constantemente, da primeira à terceira pessoa, deixando nas mãos do/a leitor/a a tarefa de discernir de quem é a voz que fala, como no fragmento: Posso sentar-me ao seu lado? De camisa amarfanhada, o homem vendia amendoim. Página 15

04) A opção pelo discurso indireto livre que, nesse caso, toma como focalizador o protagonista Rubem, confere ao texto uma visão unilateral dos acontecimentos narrados. O/a leitor/a só tem acesso à história que envolve os quatro homens Rubem, Pedro, Colombo e Bulhões por meio da ótica do primeiro. 08) O conto retrata as trajetórias de quatro personagens masculinas que, unidas pela infelicidade, acabam dividindo as perdas e frustrações entre si. Em certo momento da narrativa, eles se reúnem à mesa de um bar e gastam o dinheiro que um deles deveria utilizar para pagar à ex-mulher a pensão alimentícia dos filhos. 16) A coletânea de narrativas curtas, O calor das coisas, publicada em 1980, retrata ao longo das treze narrativas que a compõem, temas e questões universais por meio de um estilo narrativo que privilegia o manejo das palavras de tal modo a promover a desregulamentação dos sentimentos e valores humanos, banalizados pela vida cotidiana. Trata-se de um texto erigido na linha da prosa intimista que marca uma das diversas tendências da literatura da época. Resposta: 27 Nível Médio 01) CORRETA. Mesmo que a obra de Nélida Piñon exija do leitor uma interpretação maior, o aluno do Platão nessa questão tinha a possibilidade de resolvê-la sem muitos problemas, afinal todos os contos da autora foram esmiuçados nas leituras. A linguagem que ela apresenta realmente oscila entre o coloquialismo e uma linguagem reflexiva, fato que não impede a compreensão do leitor, apenas enriquecem o texto da autora. 02) CORRETA. A colaboração do leitor nos textos da Nélida Piñon é de extrema importância, pois a transição entre primeira e terceira pessoas é algo recorrente nos contos da obra O calor das coisas, lembremos do conto O Jardim das Oliveiras por exemplo. 04) INCORRETA. No conto apresentado as quatro personagens participam da narração e apresentam os seus pontos de vista, o que elimina a unilateralidade sugerida pelo elaborador. A trama da narrativa apresenta de maneira individual os conflitos que regem a vida de cada uma das personagens, cada qual narra seu conflito particular. 08) CORRETA. Depois da apresentação dos fatos que unem (Rubem e Pedro) e ao mesmo tempo afastam (Colombo e Bulhões), o conto termina com os quatro em um bar gastando o dinheiro que havia sido emprestado pelo pai de Rubem, para que ele pagasse a pensão da ex-mulher, que ficara responsável pelos quatros filhos que o casal tivera. 16) CORRETA. As narrativas desenvolvidas pela autora nesta obra, são relativamente curtas, afinal o próprio gênero assim o exige. Contudo, a densidade da temática, aliada à linguagem que leva à reflexão e ao mesmo tempo incomoda o leitor, faz da obra de Nélida Piñon algo instigante e que desperta o leitor para fatos antes velados ou não percebidos. 15. Considerando o poema a seguir e seu autor, Manuel Bandeira, bem como a escola literária a que pertence, assinale o que for correto: IRENE NO CÉU Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene entrando no céu: Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. 01) Embora seja um dos grandes nomes do Modernismo no Brasil, Manuel Bandeira possui um primeiro momento em sua obra marcado pela influência do Simbolismo, como se pode ver no caso do poema transcrito, em que a temática do etéreo e do celestial se faz presente. 02) Apesar da variação métrica, a repetição de quatro sílabas poéticas nos dois primeiros versos mostra uma tendência do início do Modernismo no Brasil que se verifica também na poesia de, entre outros, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, uma tentativa de unir o rigor e a formalidade de modelos tradicionais, tais como os propostos pelo Parnasianismo, a uma renovação da linguagem poética. 04) O diálogo com formas mais regulares, percebido em momentos da produção de Bandeira, é notado, nos dois primeiros versos, não apenas pela regularidade métrica, mas também pela presença da rima toante, rima esta que se faz notar também na segunda estrofe. 08) O tom coloquial, elemento marcante dentro da produção modernista de Manuel Bandeira, pode ser percebido nas duas ocorrências de Página 16

discurso direto (na situação de diálogo) que estão presentes no poema, seja pela marca de oralidade, seja pela utilização, na fala de São Pedro, do imperativo, que, em relação ao pronome utilizado, desvia-se da norma culta em prol de uma dicção mais popular. 16) O poema, de Libertinagem, obra de 1930, e, portanto, situada no contexto do Modernismo, abre espaço para a reflexão étnica e racial, em especial sobre a presença do negro na sociedade brasileira, preocupação já notada em escolas literárias anteriores, como o Romantismo. No poema, essa inferência étnica nasce principalmente de informações contidas em um verso de quatro sílabas poéticas e em um verso de cinco sílabas poéticas. ESPANHOL Cuanto más largo el matrimonio, más jóvenes nos veremos Hacer ejercicio y tener una dieta balanceada no es suficiente para una larga existencia Resposta: 24 Nível Fácil 01) INCORRETA. Não há no poema clima etéreo ou celestial. As características que marcam o poema estão em consonância com as propostas dos modernistas da primeira geração e rompem com o formalismo e traços característicos do momento anterior. 02) INCORRETA. O poema é marcado pela liberdade formal e de expressão, visto que os primeiros modernistas queriam romper com o tradicionalismo, bem como com a excessiva preocupação formal, típica dos parnasianos. 04) INCORRETA. A liberdade é a característica que norteia o poema e portanto, não existe tal regularidade. Uma das inovações técnicas empreendidas pelos primeiros modernistas é o diálogo na construção do poema, ação que torna tênue a distância da poesia e da prosa. 08) CORRETA. A oralidade é uma marca da poesia da primeira geração modernista e em Bandeira, aparece de forma vigorosa. O tom coloquial só reforça a dinâmica de construção modernista, pois valoriza ainda mais a essência do fazer poético e não a aparência, tão cara em momentos anteriores. 16) CORRETA. O poema apresenta um viés crítico e propõe uma reflexão étnica e racial, faz sobressair a dependência da Irene negra do branco e bonachão São Pedro. Para ascender, apesar de boa, depende da permissão deste. Os versos tetrassílabos ( I/re/ne/pre/ta ) e pentassílabos ( Li/cen/ça/meu/ bran/co/ ) confirmam a inferência. Página 17