Diferencie cultura de massa, cultura popular e cultura erudita

A cultura, pela definição clássica de Edward B. Tylor, que é considerado o pai do conceito moderno de cultura, diz que a cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

O que é Cultura de massa?

A cultura de massa é aquela considerada, por uma maioria, sem valor cultural real. Ela é veiculada nos meios de comunicação de massa e é apreciada por ela. É preciso entender que massa não é uma definição de classe social, e sim uma forma de se referir a maioria da população. Essa cultura é produto da indústria cultural.

A indústria cultural produz conteúdo para ser consumido, não se prende a técnicas. É produto do capitalismo e feita para ser comercializada. Theodoro W. Adorno, filósofo alemão da Escola de Frankfurt, é defensor da ideia de que a cultura de massa é imposta pelos meios de comunicação de massa à população, que apenas absorve aquilo.

O que é a Cultura Erudita?

Já a cultura erudita é aquela considerada superior, normalmente apreciada por um público com maior acúmulo de capital e seu acesso é restrito a quem possui o necessário para usufruir dela. A cultura erudita está muitas vezes ligada a museus e obras de arte, óperas e espetáculos de teatro com preços elevados. Existem projetos que levam esse tipo de cultura até as massas, colocando a preços baixos, ou de forma gratuita, concertos de música clássica e projetos culturais.

Como o acesso a esse tipo de cultura fica restrito a um grupo pequeno, ela fica ligada ao poder econômico e é considerada superior. Essa consideração pode acabar tornando-se preconceituosa e desmerecendo as outras formas de cultura. O erudito é tudo aquilo que demanda estudo muito estudo, mas não se deve pensar que uma expressão cultural popular como o hip-hop, por exemplo, é pior que uma música clássica.

A cultura popular é qualquer estilo musical e de dança, crença, literatura, costumes, artesanatos e outras formas de expressão que é transmitida por um povo, por gerações e geralmente de forma oral. Como por exemplo a literatura de cordel dos nordestinos, ou a culinária do povo baiano, são algumas das formas de cultura popular que resiste ao tempo.

Essa cultura não é produzida após muitos estudos, mas é aprendida de forma simples, em casa, com a convivência da pessoa nesse meio. Ela está ligada à tradição e não é ensinada nas escolas. A cultura popular é muito contemporânea, pois ela resiste ao tempo e raramente se modifica.

Essa cultura vem do povo, não é imposta por uma indústria cultural ou por uma elite. Por exemplo, o carnaval é uma festa da cultura popular brasileira, o frevo é uma cultura brasileira, mas é muito mais expressiva no norte do país. Ela representa a diferença de cada povo, desde o micro até o macro.

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A principal diferença entre a cultura popular e a cultura erudita é que a primeira se baseia nos costumes e tradições do povo. Por outro lado, a cultura erudita estaria relacionada com um pensamento mais crítico, elaborado e elitizado da sociedade.

A cultura popular é realizada de forma espontânea pelo grupo social que a produz. Geralmente, é transmitida de maneira oral e entre as famílias. Um exemplo são as festas populares em que determinadas funções passam de pai para filho ou de mãe para filha.

Já a cultura erudita trata-se de uma manifestação cultural ou artística que foi gerada após estudos prévios e que somente indivíduos especializados podem exercê-la. Da mesma forma, não se dedica ao grande público, mas sim aos indivíduos com um certo nível de instrução, estudo e formação específica em determinados conhecimentos.

Por muito tempo, a cultura erudita foi classificada como o oposto da cultura popular. No entanto, atualmente muitos estudiosos a veem como complementares, pois vários artistas profissionais se inspiram na cultura popular para produzir cultura erudita.

Cultura Popular Cultura Erudita
Origem Artistas sem formação específica Artistas profissionais
Elaboração Espontânea Requer estudo e planejamento
Transmissão De forma oral Através de escolas e registro escrito
Acessibilidade Para todos os públicos Público específico, normalmente com formação escolar formal
Participação da comunidade É essencial para a realização Participa de forma passiva, normalmente como público

Por norma, a cultura popular é descrita como espontânea, simples e acessível. Por ser a transmissão dos valores e costumes do povo, está presente e é compreensível para todos os interessados.

Já a erudita está restrita a uma elite intelectualizada, devido ao fato de requerer maior espírito crítico e elaboração técnica.

A cultura erudita costuma estar relacionada com as camadas sociais economicamente mais elevadas, pois são os indivíduos que conseguem ter acesso aos ambientes onde a erudição predomina.

É importante lembrar que as definições das manifestações classificadas como cultura popular e cultura erudita são mutáveis, variando de acordo com o local e o tempo.

Por exemplo, determinadas manifestações culturais que eram consideradas populares no passado, podem ser apreciadas como parte da cultura erudita no futuro. O exemplo mais claro é a ópera, que era apresentada em feiras e teatros populares e hoje está restrita a grandes teatros.

É preciso não confundir cultura popular com cultura de massas. Normalmente, a cultura de massas consiste em conteúdos e temas presentes no imaginário e cotidiano do povo, no senso comum e nas heranças culturais de determinada região.

Entretanto, ao invés de ser realizada pela comunidade, normalmente é entregue como um produto para a população, onde a aparência e não o conteúdo é o mais importante.

A música sertaneja, por exemplo, é um exemplo de como a cultura popular se transformou em cultura de massa.

Antigamente, este tipo de música estava arraigado às tradições do interior de São Paulo e do centro-oeste e consistia em uma tradição herdada das modas de viola, trazidas pelos portugueses.

No entanto, a partir dos anos 80 e 90 houve a proliferação de duplas sertanejas, que simplificaram as letras e as melodias do gênero, transformando-o em um objeto acessível a qualquer público.

Veja também a diferença entre:

  • Cultura material e Cultura imaterial
  • Mito e lenda

Normalmente as pessoas não costumam entender direito as diferenças entre cultura de massa, popular e erudita, assim, acabam usando os conceitos de forma equivocada em discussões ou textos acadêmicos e escolares, que porventura podem fazer.

Assim, diferenciar esses termos é essencial para saber enquadrá-los em cada tipo de demonstração cultural. Ademais, é perfeitamente normal que algum tipo de confusão possa vir a ocorrer, por isso que estamos publicando esse artigo.

O primeiro passo é compreender os motivos pelos quais precisamos fazer essa separação de termos culturais. Cada expressão cultural é feita por uma pessoa ou grupo de pessoas que estão envolvidas em uma determinada parcela da sociedade.

Essas demonstrações acabam por revelar algum tipo de vivência que cada uma dessas separações vive e acredita ser a melhor maneira de expor aquilo que tem em mente. Deste modo, temos os três tipos de produções artísticas.

A cultura de massa, cultura popular e cultura erudita, cada uma delas expressando e atuando em um setor da sociedade. Não existe nenhuma melhor ou pior, mas cada tipo expressa algo que é vivenciado em distintas realidades vividas por cada pessoa ou grupo.

Em geral, algumas são mais preparadas justamente por ter um respaldo técnico maior, mas isso não significa que são mais populares ou que consigam expor perfeitamente aquilo que estão tentando passar.

Diferentemente de uma fabricante de etiquetas adesivas, por exemplo, cada expressão cultural tem como objetivo transmitir algum tipo de mensagem para o maior número de pessoas possíveis.

Assim, a interpretação que cada um desses grupos fará perante a produção artística será diferenciada pela maneira como cada parte da sociedade entende aquele determinado tema ou expressão.

Neste artigo abordaremos os seguintes aspectos da cultura de massa, erudita e popular, são eles:

  • Para quem são feitas?
  • Como são feitas?
  • Como são recebidas?
  • De onde que vieram?

Entender esses pontos é essencial para fazer um melhor enquadramento de cada um dos milhares de conteúdos aos quais somos submetidos diariamente, bem como que fazem, ou não, parte de nossas vidas cotidianas.

Entenda o que é a cultura de massa

É importante começarmos pela cultura de massa, pois é a que mais se afasta de uma criação artística. Podemos substituir o termo por “cultura pop”, ou seja, algo que cai fácil no gosto da maioria das pessoas.

Sabe aquela sensação de ter escutado uma música ou visto algum filme que parece ser muito parecido com outro que já vimos ou ouvimos? Com a explosão das mídias sociais, cada vez mais esse tipo de sensação está presente em nossas vidas.

Um produto feito para a massa ou que seja pop, é normalmente consumido por quase todos os públicos de diferentes classes sociais e idades. Seja em uma escola pública ou em empresas terceirizadas de limpeza e conservação.

A sua criação tem o único e exclusivo objetivo de vender o máximo possível. E é importante dizer que isso não significa que seja algo ruim ou errado, afinal a produção desses itens costuma ser totalmente industrializada, o que acaba dando oportunidade para muitas pessoas.

Exemplos claros de filmes de romance entre vampiros ou filmes de super heróis mostram que as produções para a cultura de massa têm como objetivo trazer o maior número de pessoas a consumirem aquele produto cultural.

A indústria cultural e a cultura de massa

O termo indústria cultural foi criado na escola de Frankfurt, na Alemanha, por Max Horkheimer, sendo que ganhou o mundo após a Segunda Guerra Mundial e com o início da Guerra Fria.

É necessário entender que o principal meio de controle social vem das produções culturais e o controle midiático. Deste modo, é como se as indústrias criassem e fizessem a publicidade de seus próprios produtos para que a população os consumisse.

Deste modo, você padroniza os meios de produção cultural e faz com que as pessoas consumam apenas um tipo de produto, e o mais importante, não percebam que estão sendo influenciadas por isso.

Trata-se, então, de uma fórmula concreta e extremamente eficiente de vender algum tipo de produto, discurso e ideal, pensando que a maioria das pessoas não estão interessadas em saber como, para ou por que essas produções são lançadas.

Entenda o que é a cultura erudita

Muito se fala que a cultura Erudita é criada somente por pessoas da elite intelectual. Falar dessa maneira parece soar algo meio pejorativo e distante, por isso precisamos entender a origem da expressão ‘Elite’, para então compreendermos a cultura erudita.

Há muito tempo não existia câmeras e sequer empresas que fizessem a instalação de alarme ou de transmissões. O que se tinha eram cartas e livros, sendo que as pessoas passavam informações umas para as outras deste modo.

Esses escritos foram passados de pessoas para pessoas, e ensinados de pais para filhos, até serem criadas as escolas artísticas e universidades. Deste modo, antigamente, existia uma parcela da população que detinha de todos esses conhecimentos e criavam arte.

As produções artísticas eram muitas e variadas, mas somente podiam ser consumidas por pessoas que pudessem pagar pelo preço. A palavra Elite no contexto social, que infelizmente foi deturpado anos depois, vem das pessoas que detinham o conhecimento.

Esse modelo ajudou muitas produções a atingirem níveis de excelência enormes além de construir e desenvolver tudo o que temos hoje como padrão para se criar uma música, peça de teatro, escultura, acessórios pet atacado e afins.

Esse modelo de expressão gerou enorme influência no mundo todo, principalmente no ocidente, onde a grande maioria dos países foi colonizado por europeus.

É equivocado dizer que apenas aqueles que atendiam o padrão europeu eram vistos como uma expressão de arte. O maior exemplo disso foi com o compositor Carlos Gomes (1836-1896), criador do incrível trabalho mundialmente famoso, O Guarani.

Existe o fato de que grandes compositores, cientistas e artistas europeus como Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Beethoven e Mozart foram conhecidos graças à influência colonial e imperial, muitas obras deles são utilizadas em uma empresa de advocacia ou restaurantes.

Vale a pena destacar que o imperador Dom Pedro II é conhecido por investir fortemente na arte e na ciência do Brasil. Esse investimento gerou pessoas como Machado de Assis, Monteiro Lobato, Heitor Villa Lobos, Santos Dumont e André Rebouças.

Mais cedo ou mais tarde toda pessoa que quiser desenvolver a mais perfeita obra de arte deverá passar pelos estudos preservados pela cultura erudita. Atualmente, com a explosão de outros tipos de expressão artística, ela é consumida por um público bem menor.

Em geral, a maioria das pessoas já ouviu diversos trechos das músicas eruditas que são usadas em canções para cestas natalinas e outros fins.

A sociedade é capaz de criar suas próprias obras, sem a necessidade de que ninguém a ensine, e foi assim que a cultura popular surgiu. Por meio de pessoas curiosas em aprender algo a mais e dispostas a transmitir uma mensagem, criaram suas próprias artes.

É importante diferenciar a cultura de massa da cultura popular, pois a cultura popular não foi criada para vender, mas para transmitir alegria, tristeza, rancor, medo e outros sentimentos que envolvem as obras de arte.

A capoeira, por exemplo, é um exemplo de luta e dança criada pelos escravos e, posteriormente, utilizada por milhões de brasileiro. O samba é um outro exemplo de cultura popular, assim como o carnaval e o axé.

A cultura popular está no conhecimento de todos, seja em um fretado para empresas ou no restaurante mais caro do país. Diferentemente da cultura de massa, que é praticamente imposta, ela transcende as diferenças sociais e passa a ser parte da vida das pessoas.

A cultura popular se mistura com a crença das pessoas, a linguagem, a moral seguida por todos que se transformam em hábitos e até tradições. Ela também foi passada de geração em geração. O interessante é que ela não foi escrita, mas vivida por todos.

Podemos ficar aqui dando diversos exemplos da cultura popular brasileira, como as músicas folclóricas, moda de viola, Bossa Nova. As festas? Temos Carnaval, Festa Junina, Bumba meu Boi e outras.

Considerações finais

Cada uma dessas culturas que explicamos ao longo do artigo exercem funções diferentes na sociedade. É possível curtir todas elas consumindo o que você mais gosta, mas sem perder tempo com discussões de qual é melhor, pois não existe resposta.

Hoje, a cultura erudita utiliza das criações populares, assim como a cultura popular também utiliza da cultura erudita. Por trás de todo grande palco, existem pessoas que precisam levar comida para casa, o que torna um negócio para a cultura de massa interessante.

Já pensou um carnaval seja no Rio de Janeiro, Bahia ou São Paulo sem uma montagem de estruturas metálicas para carregar todos? Sem uma logística e uma organização?

Agora que já entendemos a influência que cada uma dessas culturas e como cada uma age em nossas vidas, é possível consumir aquelas que melhor atendem aos nossos gostos pessoais.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.