Porque é importante analisar processos históricos geográficos associados a transformação do espaço

Porque é importante analisar processos históricos geográficos associados a transformação do espaço

de quase todas as cidades”, reitera. Com a meta de empregar imigrantes e ex-escravos, o governo e a iniciativa privada instauraram uma lógica moderna de mão de obra, que não mais podia permitir que a população encarasse os espaços dos rios como bens comuns. “É o princípio da propriedade privada que acabou engendrando o espaço”, sumariza ele. Fonte: Jornal da USP Texto adaptado especialmente para o Material de Apoio Disponível em :https://jornal.usp. br/ciencias/ciencias-humanas/sao-paulo-precisa-redescobrir-a-relacao-com-seus-rios/. Acesso em: 15 jul. 2020. Após a exibição do documentário “Entre rios- a urbanização de São Paulo” e da leitura do texto “São Paulo precisa redescobrir a relação com seus rios”, façam uma reflexão sobre relação das altera- ções antrópicas com os rios da cidade de São Paulo. Quais consequências dessas ações para o meio ambiente e para a população? Em sua cidade ocorre processo parecido? Com a orientação do profes- sor, o grupo deve apresentar suas conclusões por meio da construção de uma nuvem de palavras, ou de uma lista de palavras-chave. GeOGRAfIA 23 _49734022_SPFE 1a Serie EM Prof MIOLO.indb 23_49734022_SPFE 1a Serie EM Prof MIOLO.indb 23 13/01/2022 16:1413/01/2022 16:14 Para o desenvolvimento do 2º Momento – Análise de documentário e leitura de texto, sugerimos que em primeiro lugar o professor discuta as alterações na natureza decorrentes das ações antrópicas, por meio de uma aula expositiva dialogada. A atividade pode ser utilizada para a retomada dos concei- tos trabalhados no ensino fundamental, com a participação ativa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida. É importante que o professor(a) leve os estudantes a compararem e questionarem o tema da atividade com a sua realidade. Para sub- sidiar as discussões, sugerimos o artigo BORSATO, V. A.; SOUZA FILHO, E. E.Ação antrópica, altera- ções nos geossistemas, variabilidade climática: contribuição ao problema. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/view/636 Acesso em: 16 jul 2020. Após a realização da aula expositiva dialogada, os estudantes devem ser divididos em grupos para a realização da atividade, que tem como base a leitura de do texto 1 -São Paulo precisa redesco- brir a relação com seus rios e a exibição do documentário "ENTRE RIOS" - a urbanização de São Paulo e as perguntas norteadoras “façam uma reflexão sobre a relação das alterações antrópicas com os rios da cidade de São Paulo. Quais consequências dessas ações para o meio ambiente e para a população? Em sua cidade ocorre processo parecido?” Como forma de sintetizar as discussões realizadas pelos grupos, sugerimos a construção de uma nuvem de palavras, que tem como objetivo sintetizar os pontos discutidos pelo grupo. A utilização de recursos tecnológicos em processos pedagógicos proporciona um maior envolvimento dos estudantes na realização de atividades didáticas. Por esse motivo, indicamos a utilização da ferramenta Wordle disponível em: http://www.edwordle.net/. É possível também a construção da nuvem em tempo real por meio do aplicativo Mentimeter disponível em: https://www.mentimeter.com/ . Caso não seja viável a utilização da ferramenta, a atividade pode ser organizada para que o resultado seja apresentado na forma de um cartaz, listando as palavras em ordem de maior para a menor frequência. Exemplo de nuvem de palavras Elaborado especialmente para este material. CADERNO DO PROFESSOR24 _49734022_SPFE 1a Serie EM Prof MIOLO.indb 24_49734022_SPFE 1a Serie EM Prof MIOLO.indb 24 13/01/2022 16:1413/01/2022 16:14 3º MOMENTO – ESTUDO DE CASO São Luiz do Paraitinga, uma cidade histórica localizada no Vale do Paraíba, foi atingida por uma enchente, sem precedentes no final de 2009. A região recebeu um total 605 mm de chuvas, quando o normal para o mês seria um índice de 150 a 200 mm. O que provocou um aumento no nível de 12 metros no rio Paraibuna.  A enchente destruiu inúmeras moradias e edificações históricas construídas em taipa de pilão e pau a pique. Para o desenvolvimento do  momento 3 - estudo de caso, teremos 3 etapas, sendo elas: 1º etapa: leitura e apreciação do vídeo, 2º etapa: rodada de questões e diálogo e 3º etapa: oficina de pesquisa e elaboração de painel. Nesta primeira etapa sugerimos o acesso a algumas fontes de pesquisa, como é o caso do vídeo que retrata a cidade de São Luís do Paraitinga, “Dez anos da grande inundação de São Luís de Paraitinga”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3EPp10IemEs. Acesso em: 15 jul. 2020. Outra fonte é a página do Instituto do patrimônio histórico artístico e nacional (IPHAN). Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/294. Acesso em: 15 jul. 2020. Recomendamos ainda a leitura da reportagem produzida pelo Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) “Você sabia? Que o IPT ajudou no atendimento e reconstrução de São Luiz do Paraitinga após a enchente?” Disponível em: https://www.ipt.br/institucional/campanhas/18-voce_sabia_que_o_ipt_ajudou_ no_atendimento_e_reconstrucao_de_sao_luiz_do_paraitinga_apos_a_enchente.htm. Acesso em: 15 jul. 2020 Você juntamente com os seus colegas e professor, podem sugerir outras fontes para ampliar e aprimorar seus conhecimentos. Após a leitura e apreciação do vídeo converse com os colegas e seu professor sobre os questionamentos da segunda etapa: Qual o papel da sociedade como agente de transformação do espaço geográfico? Como o planejamento é fundamental para tomada de decisões coletivas? Por que é importante analisar processos históricos geográficos associados à transformação do espaço? Durante esta etapa podem surgir outros questionamentos, discuta com sua turma e registre as respostas e percepções dos assuntos abordados em seu caderno.  A terceira etapa de desenvolvimento do estudo de caso, envolve uma oficina de pesquisa orientada pelo professor, norteada pelos seguintes questionamentos: Em sua cidade e ou região há registro de enchentes? Quais os motivos que levam a ocorrência desse fenômeno? Em caso negativo, quais outros fenômenos ocorrem em sua cidade e ou região? (Estiagem, queimadas, dentre outros). Após o levantamento dessas informações, organizem-se em grupos segundo as orientações do seu professor para a elaboração de painel com a temática: Interferências no espaço geográfico. Após a construção e exposição do painel, reúna-se com sua turma e professor para responder à seguinte questão: Como os meus desejos podem ser compatibilizados com a cidadania? É importante que você registre suas conclusões e elabore um relatório do estudo de caso, descrevendo as etapas e o que você aprendeu. Sugerimos que o seu grupo produza um podcast com os principais aprendizados GeOGRAfIA 25 _49734022_SPFE 1a Serie EM Prof MIOLO.indb 25_49734022_SPFE 1a Serie EM Prof MIOLO.indb 25 13/01/2022 16:1413/01/2022 16:14 adquiridos após a realização do estudo de caso. O podcast pode ser postado nas plataformas de hospedagem com a #curriculopaulistaCHS. Professor no momento da reflexão coletiva sobre a questão norteadora, é importante sinalizar para os estudantes que os eventos climáticos não seriam um problema social, se a interferência humana no espaço geográfico tivesse sido pensada, planejada e executada a serviço do bem estar da sociedade. Um volume grande de chuvas causa muitos problemas hoje em dia, porque o solo está impermeabilizado. A estiagem em uma região causa problemas de saúde pública porque o des- matamento foi irregular. É fundamental que o debate em sala de aula considere as múltiplas dimen- sões, que as questões possuem para que os estudantes possam refletir de maneira integrada, coe- sa e responsável. O estudo de caso pode constituir uma contribuição importante para o desenvolvimento da inves- tigação científica nos estudantes, principalmente nos casos concretos vivenciados no cotidiano dos estudantes. É uma metodologia que traz uma abordagem holística

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O espaço geográfico é o meio utilizado e transformado pelas atividades humanas. Em termos gerais, ele se difere do espaço natural, em função do fato de o último não sofrer diretamente as consequências das práticas econômicas, sociais, culturais e cotidianas presentes nas sociedades e envolvendo tanto o meio rural quanto o meio urbano.

Na verdade, existem vários conceitos de espaço geográfico, variando conforme a abordagem e a corrente de pensamento empregada. Em alguns casos, ele é visto como um “receptáculo”, um palco das atividades humanas; em outros, ele é concebido como uma conjunção de elementos da natureza, sendo também conceituado como reflexo e condicionante das práticas sociais.

Milton Santos, em seu livro A Natureza do Espaço, afirma que “o espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”[1]. Sendo formado por objetos e por ações, ele se insere e se estrutura a partir da lógica de produção, em que objetos naturais propiciam um espaço natural que, por meio das técnicas, transforma-se em objetos tecnológicos que modificam e são modificados pelo meio.

Sendo assim, o espaço geográfico constrói-se a partir da transformação dos elementos naturais pelas práticas antrópicas. Por isso, ele guarda consigo as marcas históricas das civilizações e suas transformações ao longo do tempo, haja vista que novas construções e reconstruções estão sempre acontecendo, porém não de forma igualitária ao longo da extensão das sociedades.

É importante, porém, que não se confunda o conceito de espaço geográfico com o de paisagem. Afinal, as paisagens também se diferenciam entre as naturais e as geográficas, pois elas formam a expressão externa do espaço. Basicamente, podemos entender que a paisagem é o espaço apreendido pelos nossos sentidos (visão, olfato, tato, audição e paladar).

Além da paisagem, outro conceito que também é relevante para a compreensão do espaço é o de território. Esse, por sua vez, também possui várias definições, sendo a mais empregada aquela que se refere às relações de poder. Assim, o território é visto, grosso modo, como uma porção do espaço delimitada pela propriedade ou pelo exercício de um determinado poder ou soberania. A exemplo do território do Brasil, do qual o Estado brasileiro é soberano, ou o território dos traficantes, em que cada área é considerada o domínio de um determinado indivíduo.

Outra importante noção, nesse contexto, é a de região. Essa, em linhas gerais, pode ser compreendida como uma divisão ou delimitação do espaço geográfico realizada a partir de um critério previamente estabelecido. Por exemplo, podemos dividir a área de uma cidade em diferentes regiões a partir do nível médio de renda da população de cada setor, o que permitiria uma melhor compreensão de cada lugar e o estabelecimento de políticas públicas específicas para cada região.

Por fim, podemos destacar, a partir da compreensão do espaço geográfico, o conceito de lugar. Esse é entendido, em uma análise mais compreensiva da realidade, como o espaço percebido pelos indivíduos, com destaque para uma relação de afetividade, identidade e pertencimento. Por exemplo: a casa onde eu moro, a fazenda onde passei a infância, o parque de diversões que sempre frequentei, o meu bairro, entre outros.

Portanto, podemos perceber que a compreensão do espaço é uma questão ao mesmo tempo complexa e importante, cabendo à Geografia o estabelecimento de métodos científicos de sistematização e análise. Vale lembrar que as definições apresentadas acima não necessariamente representam a opinião de todos os geógrafos, sendo apenas as conceituações mais aceitas ou utilizadas, havendo, nesse ínterim, vários debates, contestações e sínteses.

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[1] SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. p.39.


Por Me. Rodolfo Alves Pena