Como a taxa de câmbio afeta as exportações e importações

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Provavelmente, uma das variáveis econômicas mais difíceis de prever é a taxa de câmbio. A quantidade de fatores que podem afetá-la, especialmente em países emergentes, tornam essa tarefa uma das mais complexas.

Ela é um elemento importante que expressa a saúde econômica de um país, por ser um bom indicador sobre a performance do setor externo, tais como exportações e importações, além das condições internas, como dívida pública, crescimento, etc.

O câmbio é um dos elementos mais voláteis da economia, porque existe uma infinidade de aspectos que impactam seu valor.

Podemos destacar cinco principais razões que afetam a taxa de câmbio, em especial para o caso brasileiro: diferencial nas taxas de juros, contas externas, dívida pública, índice de commodities e o desempenho da própria economia.

O diferencial de juros, também conhecido como spread, consiste na diferença entre o juro doméstico (Selic) e o juros internacional, normalmente a referência são as taxas do Tesouro norte-americano, por serem os ativos mais seguros do mundo.

Quanto maior essa diferença, maior o prêmio de risco pago e mais atrativos serão os títulos brasileiros. Com isso, há uma tendência de maior entrada de dólares no país em busca desses rendimentos, aumentando sua oferta e contribuindo para uma queda no valor da moeda norte-americana.

Recentemente, a Selic chegou ao menor patamar de sua história de 2% a.a. Com isso, os títulos brasileiros ficaram menos atrativos e o spread diminuiu, o que contribuiu para o movimento de forte desvalorização do real frente ao dólar, ficando sistematicamente acima de R$ 5,00.

As contas externas exibem as transações do Brasil com o resto do mundo. Desde exportações e importações até a entrada de capitais estrangeiros em busca de ações, títulos públicos e outros investimentos.

Caso, haja déficits nas contas externas, como por exemplo, importações maiores que as exportações, significa que houve uma maior saída de dólares do país. Isso acaba resultando numa desvalorização do real, já que o seu preço ficou mais barato com a diminuição da oferta de moeda estrangeira internamente.

O oposto ocorreria em momentos de superávits, dado a maior abundância de dólares, fazendo seu preço cair, ou seja, haveria uma valorização do real.

Nações com grandes dívidas públicas ou déficits fiscais costumam ser menos atrativos para investimentos estrangeiros.

Um governo com uma dívida crescente ou com dificuldades em honrá-la pode provocar preocupações nos agentes externos se eles acreditarem que o risco de calote é alto.

Neste sentido, quanto maior esse receio, menos dólares serão aportados na economia, fazendo com que o preço da moeda doméstica se desvalorize. Logo, a percepção dos investidores externos é um fator importante para explicar os movimentos do câmbio.

O risco fiscal brasileiro expressa de forma clara esse receio dos investidores quando há um forte aumento da dívida pública. Entre dez/13 e fev/21, a dívida pública saltou de 51% do PIB para quase 89%. Isso provocou uma grande incerteza sobre a saúde das contas públicas e a capacidade do governo em honrá-la. Nesse período, a taxa de câmbio real-dólar saltou de R$ 2,00 para mais de R$ 5,00.

Países exportadores de commodities tem uma forte relação com a cotação internacional desses bens, o que acaba se expressando na taxa de câmbio. Quanto mais favoráveis os preços desses bens, maiores são as exportações e, consequentemente, a entrada de dólares no país.

Esse movimento torna países como o Brasil fortemente dependentes dos ciclos de commodities. Durante o ciclo que durou entre 2000 e 2014, houve uma enorme entrada de moeda estrangeira no país, o que contribuiu para uma forte valorização da moeda brasileira, que oscilou em torno de R$2,00 durante quase todo o período.

As condições políticas e econômicas são fundamentais para determinar a tendência da taxa de câmbio. Investidores, inevitavelmente, buscam países estáveis politicamente e com forte crescimento econômico.

Riscos políticos e economias acabam gerando perda de confiança sobre a moeda de um país, afugentando os capitais estrangeiros e depreciando a moeda doméstica.

No famoso caso do Joesley Day o real sofreu uma desvalorização de 10%, justamente por conta do receio sobre a instabilidade política que esse fato geraria, levando a uma fuga de dólares.

Por fim, as expectativas dos agentes em relação as condições macroeconômicas são um fator-chave para entender os movimentos cambiais. Quando há incertezas em relação ao futuro, a tendência é uma busca por ativos seguros, resultando numa saída de moeda estrangeira e desvalorização do câmbio.

Durante a pandemia houve uma forte depreciação do real, já que o pânico gerado nos mercados elevou a saída de capitais em busca de moedas mais seguras, como dólar e euro.

O que todos esses determinantes deixam claro é que a taxa de câmbio é uma das variáveis mais complexas de prever, pelo fato de ser afetada por muitos aspectos tanto internos quanto externos. Além disso, ela reflete quase que diariamente o humor dos mercados e as tendências da economia.

Logo, um investidor que compreende os fatores que mais afetam a taxa de câmbio estará mais bem preparado para analisar as empresas que mais dependem dessa variável econômica e os seus impactos sobre os investimentos.

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Como a taxa de câmbio afeta as importações e as exportações?

Além disso, quando a taxa de câmbio está favorável para o importador, o produto do exterior se torna mais competitivo, permitindo que o empresário obtenha uma maior margem de lucro. Enquanto isso, o exportador está em vantagem quando a taxa de câmbio do dólar está em alta.

Qual o efeito de variações cambiais sobre exportações e importações?

O sistema econômico de um país pode ser influenciado pelas variações cambiais e todo tipo de transação que tenha relação com algum detalhe no exterior será impactada. Essas variações vão influir diretamente nas atividades de importação e exportação, com a possibilidade de causar fortes consequências nos negócios.

Quanto à taxa de câmbio afeta a vida dos exportadores?

Assim, se as exportações aumentam, acontece um excesso de dólares no mercado brasileiro, o que faz com que a taxa de câmbio caia. Contudo, uma taxa de câmbio muito baixa, tende a aumentar a inflação do país e diminuir a qualidade de vida dos brasileiros.

O que afeta a taxa de câmbio?

Podemos destacar cinco principais razões que afetam a taxa de câmbio, em especial para o caso brasileiro: diferencial nas taxas de juros, contas externas, dívida pública, índice de commodities e o desempenho da própria economia.