é necessário que se faça uma contextualização histórica para podermos situar as "Maquiladoras" e entendermos como e porquê acontece a sua formação. INTRODUÇÃO: Atualmente, em quase todos os meios de comunicação que decidem por relatar algo ligado à economia mundial, podemos observar autilização do termo "Globalização". Os problemas ligados ao facto deste termo ser utilizado sem ser explicado em seu contexto histórico ou de estar, frequentemente, sendo utilizado apenas no nível económico da sociedade não será discutido aqui. O que relamente importa é que o termo se encaixa em um período em que o Capitalismo se organiza com o pensamento neoliberal (que tomou corpo durante a década de 1930 do século XX, retomando a ideia do Liberalismo de Adam Smith, do século XVIII e de David Ricardo, século XIX) demonstra- se preponderante política e economicamente, sendo que todo o planeta sofre suas conseqüências, independente de elas serem benéficas ou não. Entre tantas características, o que marca o Neoliberalismo é um completo desmantelamento das funções do Estado. Este é o seu objectivo. Isto pode acontecer de diversas formas, por exemplo, através da desestatização de empresas, tornando-as privadas. Mas o que pretendemos focar nas características neoliberais é a constante tendência à formação de blocos entre Estados(não apenas econômicos) e o poder cada vez mais forte exercido pelo livre-comércio. BLOCOS ECONÔMICOS: Como idéia, a formação de blocos econômicos não é novidade alguma. Em 1924, o oficial do Estado-Maior alemão Karl Haushofer (portador da carteira n° 3 do Partido Nacional-Socialista), criava a Associação de Estudos Geopolíticos (mais tarde Instituto de Geopolítica de Monique). Por meio desta ele divulgava seus estudos sobre Geopolítica e já constatava uma tendência à divisão do mundo entre blocos (no caso: Pan-América, Euráfrica, Pan-Rússia, Zona Asiática), profetizando que, no futuro, ocorreria uma disputa entre blocos, e não simplesmente entre Estados. Aliás, se voltarmos ainda mais no passado, o conceito de zonas de livre comércio nos leva à época das Cidades- Estados anteriores ao Império Romano, por exemplo Cartago, Tiro, que se diziam "cidades livres", onde os bens em trânsito comercial poderiam ser armazenados sem taxas durante os adiamentos e as paradas de descanso nas viagens, garantindo que os comerciantes ficassem protegidos de algumas avarias. E através de situações diversas, acordos vêm sendo feitos visando a formação de blocos, ou concretizando- os. União Européia (UE), Common-Wealth, Comunidade Caribenha (CARICOM), Mercado Comum dos países do Cone-Sul (MERCOSUL), Cooperação Econômica Ásia Pacífico (APEC), etc. Todos fazem parte da ascenção neoliberal que se deu, principalmente, durante a ocorrência e após o término da Guerra-Fria e agem sobre as regras de outras instituições internacionais criadas para regular as relações comerciais globais. Entre estas: Organização Mundial do Comércio (OMC), Fundo Monetário Internacional (FMI), Bando Mundial (BM), etc. O papel dessas instituições sobre os blocos e os acordos é fazer com que o livre comércio se desenvolva até o momento em que o mundo todo se torne um grande mercado e que as únicas regras que controlem este mercado (caso existam) sejam as regras destas instituições, deixando-o cada vez mais livre. É a retomada da idéia de que o mercado pode se auto regular Para isso, não importa o quanto isso poder vir a acarretar de negativo para espécie humana e para o meio ambiente. LIVRE COMÉRCIO: O objectivo maior do Capitalismo é a "maximização dos lucros". Todas as evoluções dentro desse sistema são feitas pensando nesse aumento. Em um mundo divido entre Estados que, retomando uma das características econômicas do pré-primeira-guerra, cada vez mais estabelecem comércio de todos os níveis entre si, todos os tipos de barreiras ao comércio tendem a ser abolidas. Sendo assim, a tendência é que os Estados tenham funções cada vez mais secundárias na economia global. E é isso que vem acontecendo. O Estado vem se submetendo cada vez mais (servindo como um "guarda- costas") aos reais agentes do livre-comércio : as grandes corporações transnacionais. O ápice do Neoliberalismo é, justamente, o livre-comércio a nível global. Um mercado que se auto-regula e controla a economia sem a interferência de qualquer Estado, este é o ideal supremo neoliberal. Mas enquanto ainda há Estados , instituições internacionais (a OMC, por exemplo) garantem que eles actuem em pról do livre- comércio e punem os Estados que fogem às regras. Dessa forma, os Estados adoptam leis e políticas que favorecem as grandes corporações para que elas realizem o comércio mais próximo da liberdade possível. Quando falamos em comérico livre, usamos esse termo pensando naquele que depende do desmanche de todas as barreiras alfandegárias, leis ambientais, leis de proteção ao meio ambiente, leis que permitam a organização dos trabalhadores de modo a impedir a total exploração de seu trabalho, leis de proteção aos direitos humanos, todas as leis que possam impedir a "maximização dos lucros" objectivada pelo livre comércio. É, nitidamente, o poder político sendo subjugado ao poder econômico-financeiro. Os neoliberais acreditam que o livre- comércio trará desenvolvimento e progresso para todos e que aqueles que não são desenvolvidos hoje, estão emergindo de um estádio subdesenvolvido em direcção ao desenvolvimento. Ou seja, será uma questão de tempo, após o livre-comércio se expandir a nível global, para que haja plena felicidade entra as pessoas e harmonia com a natureza. Porém, os resultados das acções comandadas pelos neoliberais não são tão positivas quanto eles divulgam. No mundo de hoje, o comércio livre será (é) fundamentalmente introduzido entre nações de economias radicalmente desiguais e isso trás conseqüências prejudiciais os envolvidos (obviamente, principalmente para a nação de economia menor). No livre comércio notamos um livre fluxo de mercadorias, capitais, investimentos, até mesmo uma padronização de moedas, mas não a livre circulação de pessoas e, a partir do momento em que se tornar prejudicial para a economia mais forte, também não é permitido a livre circulação da mão de obra. Logo, as grandes empresas, visando uma diminuição cada vez maior dos gastos, vão procurar os locais aonde o trabalhador seja menos organizado enquanto classe, os gastos com salários e medidas de protecção ao trabalhador, meio-ambiente sejam quase nulas, ou simplesmente inexistentes. Além disso, há países que diminuem quase que totalmente as tarifas alfandegárias e até oferecem incentivos fiscais para que determinada empresa transnacional instale filiais em seu território. O que acontece é que o lucro obtido é investido apenas na empresa e não retorna para a sociedade. Ou seja, além de desempregar milhares de pessoas em seu país de origem quando saiu em busca de menores gastos com a produção, a empresa (através de uma política de baixos salários, exlploração desumana e poluição do meio ambiente) fomenta a miséria também nos países em que estão instaladas. Utilizando- se de um raciocínio simplista, o que se percebe de facto é que o descontrole do comércio (ainda mais quando estabelecido entre economias díspares) traz um descontrole ainda maior do caos social. NAFTA Um dos grandes exemplos da formação de blocos económicos norteados pelo livre- comércio é o NAFTA ( North American Free Trade Agreement- ou ALCAN: Acordo de Livre Comércio da América do Norte). Sendo negociado desde 1992 e passando a existir efectivamente a partir de 1° de janeiro de 1994, o NAFTA é um dos principais elementos a serem analisados para poder ser aproximar de uma mínima noção real do que poderia vir a ser uma área de livre-comércio estendida por toda a América (afinal, seria
uma questão de tempo até Cuba ser englobada pelo bloco).Estabelecido entre EUA, Canadá e México, este acordo de livre-comércio e investimentos foi feito sob a promessa de desenvolvimento através da quebra de barreiras para as trocas comerciais. Porém, não é bem assim que vem acontecendo. Os aumentos do desemprego e da miséria nos três países são apenas dois fatores ilustrativos para demonstrar o que o "desenvolvimento" trouxe consigo. Tomemos com exemplo um círculo vicioso do NAFTA na questão
agrícola: MAQUILADORAS As maquiladoras surgiram em 1965, quase na mesma época de um acordo comercial entre a Bacia do Caribe e os EUA – Iniciativa para la Cuenca Del Caribe -- que visava o
desenvolvimento econômico nesta região. Entre outros pontos deste acordo, para que os países envolvidos pudessem conseguir benefícios comerciais na indústria têxtil, eles deveriam concordar em importar dos EUA 75% da matéria prima utilizada nas maquiladoras. No caso do México maquiladoras deveriam gerar empregos nas zonas pobres fronteiriças. A criação das maquiladoras se fez por meio de um acordo entre o Indústria Maquiladora de Exportação é uma classificação criada pelo SECOFI (Secretaria de Comércio e Fomento Industrial), o qual admite investimentos comerciais estrangeiros dentro do México com algumas vantagens: As maquiladoras se disseminaram pelo México nos últimos dez anos, mas, principalmente após a implantação do NAFTA, o processo de instalação da IME se intesificou muito. Actualmente, a produção das maquiladoras representa 10% do PIB da América Central e em maio de 2001 chegou a gerar mais de 1.240.500 empregos, sendo que em 1994 este número não atingia 550.000. A exportação das maquiladoras é totalmente dependente do mercado dos EUA, sendo que este processo se fortaleceu após
o NAFTA. Basta notar que no período entre o ano de 1994 e o ano de 2000, a quantia de dólares exportados para os EUA aumentou de US$ 94 bilhões para US$ 135.9 bilhões, sendo que este valor só foi alcançado após ser acrescentado toda a produção das maquiladoras exportada, que equivalem a US$ 80 bilhões. Há entre 3000 e 4000 maquiladoras no México, aproximadamente. Crescimento de empregos, aumento da exportação... Todos estes dados podem ser usados para fazer discursos com louvor ao IME, sendo que
é isso que é feito pelos empresários mexicano e dos EUA, defendendo que as maquiladoras constituem o factor mais dinâmico da economia da América Central dos últimos 20 anos. Mas basta observar um pouco mais a fundo para notar que a as maquiladoras fazem parte de um conjunto de exemplos concretos que ilustram o perigo da expansão do NAFTA para toda as Américas. Uma das condições de existência para as indústrias maquiladoras é a total ausência de respeito aos direitos humanos, leis ambientais e de
protecção ao trabalhador. Não se configuraria um exagero dizer que toda a arquitectura do O México instalou suas fábricas na fronteira com os EUA. Isso reflete outra característica do capitalismo na globalização econômica
neoliberal. No processo de acumulação internacional do capital, as grandes transnacionais (principalmente, mas não só, ligada ao ramo de eletrônicos) são as protagonistas. A transnacionalização é justamente a internacionalização da produção. O capital exportado não é apenas utilizado apenas para ampliar o processo de circulação das mercadorias, ele é também Obviamente, se o livre-comércio não pode encontrar nenhum tipo de barreiras, se estas estiverem relacionadas com o custo da manutenção de empregos, com certeza elas serão quebradas, deteriorando, conseqüentemente, a qualidade do emprego. As maquiladoras chegaram a empregar cerca de 1,3 milhões de pessoas, porém, cabe perguntar até que ponto podemos chamar um emprego dentro de uma maquiladora de "emprego" e não
de O NAFTA, em suas práticas concretas, actua de modo a prejudicar as pessoas que têm condições financeiras precárias. Observando o processo de produção da IME, esta afirmação fica muito clara. Os maus tratos, coerção física e moral fazem parte do quotidiano de desrespeito aos direitos humanos mais básicos dentro das processadoras de exportação. Não afirmamos que isto acontece devido ao pouco caso do governo mexicano faz
dessa situação. Ao contrário, o governo mexicano dá muita atenção a isto. ele fica observando. Na verdade ele se interessa por esse assunto e faz com que o dia-à-dia permaneça o mesmo ou que até piore. Afinal, quem melhor do que o governo mexicano para violar e destruir toda a legislação trabalhista no México? Quem melhor que ele para, em nome do investimento de capital estrangeiro oriundo do livre comércio, apagar as conquistas de direitos através de lutas de seu próprio povo, calando, desta
maneira, sua própria história? Esse desrespeito com as leis trabalhistas faz com que qualquer tipo de organização de trabalhadores, enquanto classe, seja proibida. No caso da organização sindical, além de ela não ser permitida, os diretores mantêm funcionários "espiões" nas fábricas para apontarem aqueles que porventura venham a indicar algum comportamento "subversivo", fazendo com que sejam despedidos o mais rápido possível. Sem organização, os funcionários das maquiladoras ficam sujeitos à
repressão, horas extras forçadas, preconceitos de diversos tipos e tantos outros maus tratos. Os mais de um milhão de funcionários das maquiladoras trabalham 6 dias por semana em um jornada de 10 horas por dia. Dentro das fábricas, a vida é freqüentemente perversa. Segundo Martha Ojeda, da CJM, "funcionários trabalham do nascer ao pôr-do-sol. Nunca vêem a luz do dia". Alguns funcionários têm de tomar anfetaminas para não quebrarem o ritmo da produção. Em 1998, três trabalhadores descreveram para
CJM as condições de higiene e segurança do local de trabalho em uma das maquiladoras mexicanas que produzia peças de carros para a Auto-Trim, a mesma empresa citada a pouco. Observe: Nota-se que nem mesmo o factor da língua é deixado de ser utilizado de modo a prejudicar o
trabalhador. A única regra é a de desrespeito ao funcionário. Obviamente, essas precariedades nas condições de trabalho trazem drásticos reflexos na saúde dos funcionários. Marta Ojeda diz também que os trabalhadores "raramente vêem suas famílias". Os maridos são colocados em sectores distantes dos de suas esposas. A situação das mulheres nas maquiladoras nos ajuda a entender o perigo que essas fábricas representam aos trabalhadores. Cerca de 60% da mão de obra das maquiladoras é feminina. A
faixa etária oscila entre 15 e 30 anos. Nas fábricas, as Além da degradação da espécie humana, há também a degradação direta do meio ambiente. Um dos motivos que fazem as maquiladoras se instalarem no México é o descaso do governo mexicano com a questão ambiental. Não se trata de mero descaso, mas também do facto de que se as leis ambientais causarem prejuízos para as grandes transnacionais, fazendo com que elas ameacem sair do México, o governo simplesmente não aplicará qualquer lei ambiental "perigosa" aos lucros. Como conseqüência temos que, em 1996, aproximadamente 8000 toneladas de agentes poluentes foram despejados nas fronteiras pelas maquiladoras. No rio de Rio Grande, no Texas, o grau de contaminação da água aumentou em 400%. A cada dia, 130 milhões de galões de lixo industrial são despejados no Rio Novo do Vale do México. Em Matamoros, na fronteira com o Texas, , empresas como a GM e AT&T são responsáveis pelo aumento de 50 mil vezes do número de agentes químicos nas fontes de água potável. O ar também é cada vez mais poluído, sendo que o transporte rodoviário entre fronteiras, que aumentou 150%, fez com que aumentasse a emissão de gases poluentes, como monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (Nox), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), compostos orgânicos voláteis (COV), etc. No Estado mexicano de Guerrero, 40% das Florestas já foram devastadas. No cenário geopolítico atual da América Central, vem sendo discutido a implantação Plano Puebla-Panamá (PPP), um sistema de estradas, ferrovias, antenas de telecomunicações e de transmissões eléctricas, em um percurso de 7.500km, que permitiria a integração de todo o Ístmo Americano (México, Guatemala, El Salvador, Belize, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá), facilitando o comércio entre os extremos do continente americano. Num período de "fuga" das maquiladoras, o governo mexicano pretende, através do PPP, subvencionar US$ 20 milhões para infraestruturar 92 maquiladoras, que, segundo o governo, criarão 37 mil empregos. Depois de tudo o que foi resumidamente demonstrado neste texto, de toda a devastação que as maquiladoras causam, cabe perguntar: será que o governo mexicano tem alguma intenção de que as coisas melhorem? E crendo que a ALCA será ampliação do NAFTA, a proliferação do sistema de maquiladoras pela América só trará caos. O meio ambiente será destruído, o trabalhador será escravizado, a liberdade total do comércio acabará com as mínimas liberdades das pessoas. Tudo isso em nome das grandes empresas. Permitir que a ALCA seja implantada é aprovar tudo o que foi dito sobre as maquiladoras e ainda exigir mais. É um verdadeiro louvor à destruição planetária. Ser contra a ALCA não é ser contra uma nação e a favor de outra. Resistir contra a ALCA não é simplesmente não concordar com os termos em que ela vem sendo negociada. Opor-se à ALCA é uma mera questão de ser racional e possuir discernimento ao analisar propostas políticas que são feitas por aqueles que dependem da morte para enriquecer. FONTES PESQUISADAS: Coalition for Justice in the Maquiladoras www.coalitionforjustice.net clique na imagem para ampliar (mapa retirado do "Atlas da Globalização", edição portuguesa do "Le Monde Diplomatique") Qual é a característica das indústrias maquiladoras do México?O intuito das maquiladoras mexicanas é justamente aproveitar vantagens competitivas na realidade mexicana, como os baixos impostos, terrenos mais baratos e leis ambientais mais flexíveis ao empreendedorismo local. Sendo essas as principais vantagens da índustria maquiladora.
O que são indústrias maquiladoras é porque elas são importantes para a economia mexicana?Resposta: Uma empresa maquiladora é uma empresa que importa materiais sem o pagamento de taxas, sendo seu produto especifico e que não será comercializada no país onde está sendo produzido. ... O governo mexicano tinha o propósito de reter a força de trabalho que emigrava para o país vizinho em busca de emprego.
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