Como se deu o fim da República?

Publicado em 24/05/2020 00h00 Atualizado em 09/06/2022 12h27

Em 1890, o Brasil foi declarado República. Dom Pedro II foi deposto e a República foi proclamada através de um golpe de Estado, liderado pelo Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. O período que vem a seguir é chamado República Café com Leite, pois é marcado pelo revezamento presidencial entre paulistas (produtores de café) e mineiros (produtores de leite). Esse período durou até o ano de 1930, quando houve a Revolução de 1930.

As eleições de 1930 contaram com um candidato que não pertencia nem a São Paulo, nem a Minas Gerais, o gaúcho Getúlio Vargas. Concorreram a este pleito os candidatos Júlio Prestes, pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e Getúlio Vargas, pela Aliança Liberal (AL). Essa época foi marcada pelo voto de cabresto, e uma pequena parte da população tinha direito ao voto, ficando excluídos mulheres e analfabetos.

 Vargas perdeu as eleições para Prestes, e a AL deu início à mobilização dos militares para a tomada do poder. Antes de Prestes assumir a presidência, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, candidato à vice-presidência da chapa de Vargas, foi assassinado. Embora não tivesse nenhuma relação política, a morte de João Pessoa serviu como gatilho para a Revolução de 1930. O velório levou centenas de pessoas às ruas e trouxe apoio popular ao golpe. Isso foi suficiente para que os militares exigissem a renúncia do então presidente Washington Luís e entregassem o poder a Getúlio Vargas.

Vargas assume o poder provisoriamente, tornando nula a constituição brasileira elaborada em 1891. Em 1932, o governo provisório de Vargas permanecia sem nenhuma constituição. Vargas nomeava interventores para São Paulo que não correspondiam aos interesses da elite paulista. Isso fez com que os paulistanos dessem início a uma mobilização popular, exigindo não apenas a escolha de um interventor, mas a formação de uma assembleia constituinte e eleições.

No dia 23 de maio de 1932, na cidade de São Paulo, uma passeata reuniu milhares de pessoas para protestar contra a nomeação de um interventor e reivindicar a formação de uma Assembleia Constituinte.

Próximo à Praça da República, os manifestantes tiveram um confronto com os partidários da Legião Revolucionária, que apoiava Vargas. Na troca de tiros, quatro jovens morreram. Euclides Miragaia, Mário Martins, Dráusio Marcondes e Antonio de Camargo foram os mortos no confronto, cujas iniciais foram usadas para nomear a sociedade secreta M.M.D.C. que representou o Movimento Constitucionalista.

Essas mortes foram o estopim para a revolução. Os Paulistas perderam apoio de outros estados e acabaram lutando sozinhos contra o exército nacional. A luta armada teve início no dia 9 de julho de 1932 e durou três meses, deixando mais brasileiros mortos do que a 2ª Guerra Mundial iria deixar anos depois.

A revolução acabou com a rendição dos paulistas e o compromisso de Vargas lançar uma constituinte em 1934.

Cabe destacar que historiadores divergem sobre a verdadeira motivação para esta revolução. Enquanto alguns alegam que a motivação foi pressionar o governo a organizar uma Assembleia Constituinte, outros afirmam que era uma luta da elite paulista pela retomada ao poder, e que a constituição foi utilizada como argumento mobilizador das massas. Os paulistas investiram fortemente em material gráfico para a campanha revolucionária. O mapa que ilustra este post representa o estado de São Paulo com as frentes de defesa do estado. 

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A palavra República vem do latim e significa Res public, coisa pública ou coisa do povo, ou seja, aquilo que pertence a todos. Pelo menos, era nesse sentindo que os romanos entendiam como compartilhar seus bens públicos, porém por muito tempo uma classe social que se beneficiou da coisa pública, os patrícios. A Republica Romana, que existiu entre 509 a.C. e 27 a.C. é marcada pelo domínio do Senado (Senex, do latim ancião), majoritariamente pertencente à classe dos patrícios e vai ter como grandes acontecimentos a criação da constituição republicana, as conquistas dos plebeus e a expansão territorial, marcada por guerras e a profissionalização do exército.

Senado romano e organização do Estado

O Senado romano era composto por um conselho de anciões, que era conhecido com entre os romanos pela sigla SPQR (Senatus Populusque Romanus - esse era, inclusive o nome oficial do Estado romano) e tinha como principal função fazer as leis e escolher os cargos públicos. Era o Senado também, quem escolhia os dois cônsules, os magistrados principais, como eram conhecidos aqueles que exerciam cargos públicos, que executavam a justiça geral e controlavam o exército. Estes cargos tinham validade de um ano com o intuito que o poder se renovasse sempre, e as decisões eram sempre tomadas por duas pessoas. Esta prática está ligada a ideia de como os romanos tinham o intuito de evitar a corrupção. Havia outros magistrados que orquestravam a coisa pública dos romanos: os pretores eram responsáveis por executar a justiça; os questores cuidavam das finanças do estado; os edis cuidavam dos edifícios públicos, dos esgotos, do tráfego de pessoas e do abastecimento de água; os censores eram os responsáveis por fazer a contagem da população para a melhoria da gestão pública, por controlar os contratos e revisavam também as listas dos senadores; o pontífice máximo era o líder de todos os sacerdotes, era uma forma do estado interferir de forma direta na religião.

Como se deu o fim da República?

A sigla SPQR (Senatus Populesque Romanus - Senado e o Povo de Roma) era o nome oficial da República Romana. Foto: Fabiano's_Photo / Shutterstock.com

Sociedade

A sociedade romana no período da Republicano era dividida entre os patrícios, os aristocratas e chefes das famílias, os clientes (aqueles que eram protegidos ou serviam os patrícios), os plebeus (aqueles que trabalhavam e desempenhavam outros serviços como artesanato e comércio), e os escravizados, que pertenciam ao estado ou a particulares, estes podiam ter as suas origens ligadas ao fato de serem um espólio de guerra ou no caso de algum plebeu ter contraído dívidas públicas, tendo que paga-las com trabalho escravo.

No início da República os patrícios governavam apenas para o seu bem comum, deixando as demais classes, que não tinham direitos políticos de fora do processo. Somente depois de muitas revoltas populares que os plebeus conquistaram alguma participação na política da República romana. As leis, que até então eram apenas orais, e podiam ser burladas, pois a sua interpretação poderia ser adequada conforme aquele que a falava. Em 450 a.C. foram finalmente escritas dando a origem nas “Leis das Doze Tábuas”. Mais tarde esses textos serviram como base do direito romano que influencia muitas constituições no mundo todo atualmente, inclusive a brasileira. Os pretores, antes das leis serem registradas de forma escrita, executavam as leis e tinham a tendência de interpretá-las à sua maneira, da forma mais conveniente para os patrícios, a classe que eles pertenciam.

Desta forma os plebeus passaram a conhecer de fato os seus direitos, pois agora podiam consultar as leis e dessa forma poderiam entrar no jogo político romano. Esse fato fez que uma pequena parcela da população plebeia conseguisse ter prosperidade em seus negócios. Vale ressaltar que no século III a.C. os patrícios sobreviviam principalmente de grandes propriedades de terra, empregavam os clientes, e nelas praticavam a agricultura e a pecuária. Já os plebeus enriquecidos, passaram a conseguir competir de forma leal com os patrícios quando as leis estavam mais justas, pois havia menos trapaças.

Expansão territorial

Durante a República ocorreu a expansão territorial por meio de conflitos armados, assim os romanos dominaram boa parte dos povos vizinhos nos primeiros quatro séculos deste período. Os povos que eram submetidos aos romanos tinham dois caminhos a seguir: os que eram anexados aos costumes romanos tornavam-se aliados e, desta forma, pagavam pequenos tributos, a eles eram concedidos os direitos totais ou parciais da cidadania romana; os que eram subjugados e não aceitavam a derrota eram escravizados pelo Estado e muitas vezes vendidos como tais a terceiros, ou deviam pagar grandes quantias de tributos para continuar em suas terras. Estes impostos enriqueciam o Estado romano. As expansões do território só ocorreram graças a uma grande instituição importante aos romanos desde a Monarquia: o exército.

O exército romano era composto por todos os cidadãos, e por muito tempo ficou conhecido como “exército dos camponeses”. Dividido em duas partes, a cavalaria, que era destinada as patentes mais altas, dos patrícios, e a infantaria, que era destinada aos plebeus. O exército romano só fazia suas incursões durante o verão, e nas outras estações do ano os seus membros voltavam para cuidar e cultivar suas terras. Isto ocorreu até as reformas do general Mário em 111 a.C, que profissionalizou os soldados de forma voluntária, conferindo-lhes um salário. Com o aumento das guerras durante o período republicano, ficou cada vez mais difícil de retirar os camponeses dos trabalhos agrícolas, pois estes produziam os alimentos tanto em suas propriedades como nas dos patrícios. A base do exército era a infantaria e, graças ao grande número desses soldados que os romanos conseguiram dominar a Península Itálica. Os infantes eram armados com escudos e lanças e eram considerados um dos melhores soldados da Antiguidade. A divisão do exército consistia também em legiões, unidades continham aproximadamente três mil soldados, homens de assalto tendo mil e duzentos homens e trezentos cavaleiros, todos estes eram comandados por cônsules e pretores, que eram chamados de generais.

Durante a República os seguintes territórios foram dominados: entre os séculos IV a.C. e III a.C toda a península Itálica passando a ser uma referência no comércio; entre os séculos III a.C e II a.C após travarem três guerras contra Cartago, as guerras púnicas, além da conquista territorial do norte da África, os romanos conquistam todo mar Mediterrâneo (eles chamavam de “Mare Nostrum” do latim “Nosso mar”), e com ele todo o comércio da região incluindo os territórios da Sicília, península ibérica e os territórios gregos; No século I a.C. foram conquistados os territórios da Gália, Egito e Ásia menor. Foi nesse momento de expansão que as famosas estradas “que levam à Roma” foram construídas, por meio da força bruta de vários escravizados.

Decadência da República e início do Império

As guerras deram muitos lucros aos romanos, principalmente pela mão-de-obra conquistada como espólio de guerra, os escravos, que passaram integrar cada vez mais os latifúndios dos patrícios, enfraquecendo a concorrência plebeia a pouco conquistada. Os plebeus, que acabaram perdendo suas terras, pois tiveram que as vender por preços módicos para os aristocratas, rumaram para os grandes centros urbanos em busca de empregos e novas oportunidades. Esse êxodo rural, também marca o período republicano, pois o inchaço das grandes cidades vai acarretar em várias revoltas populares tanto de plebeus como de escravizados. Entre as revoltas de escravos mais conhecidas foi aquela lidera por Espártaco em 73 a.C., que reuniu mais de quarenta mil ex-escravos. Essas revoltas eram combatidas pelo exército romano que estava ficando cada vez mais poderoso, inclusive a cada batalha vencida os generais passavam a serem ovacionados pelo povo.

Além de serem respeitados pelo povo os generais tinham grande apreço de seus soldados, que desde das reformas de Mário em 111 a.C. eram profissionais. Cabia aos generais darem aos soldados que se aposentassem um pedaço de terras, e isso ampliava a lealdade dos soldados com os generais. Muitos generais passaram a lutar entre si para em busca do poder. Estas lutas se transformaram em várias guerras civis por toda Roma ao longo do século I. Em 49 a.C Caio Júlio César, um General vindo da aristocracia romana, que tinha ganhado muito prestígio por ter conquistado a Gália, é impedido pelo senado de comandar suas tropas. Não satisfeito com a decisão tomada pelo senado, Júlio César se impõe e toma a cidade de Roma no mesmo ano. Esse fato comprometeu diretamente os destinos da República romana, dando início ao período de transição para o Império, o período dos generais. Em 49 a.C. Júlio César se autoproclama ditador perpétuo, ou seja, pretendia governar Roma até o fim da sua existência. Acabou sendo assassinado em 44 a.C., a mando dos senadores romanos, que acreditavam que poderiam ainda salvar a República.

Como se deu o fim da República?

Estátua de Júlio César. Foto: Massan / Shutterstock.com

A morte de Júlio César gerou mais crises internas na República que já dava seus últimos suspiros. Em 31 a.C Otávio, sobrinho e herdeiro de César, assume o controle e é nomeado o único general, inclusive este ato foi aprovado pelo senado, que o nomearam de “principal”, e por isso Otávio ficou reconhecido como Príncipe. No ano de 27 a.C Otávio recebe o título de Augusto (do latim “o venerável”), dando início ao período do Império Romano, aquele governado por generais.

Referências:

BRANDÃO, José Luís (coord.); DE OLIVEIRA, Francisco (coord.) - História de Roma Antiga volume I: das origens à morte de César. Impressa da Universidade de Coimbra. 2015.

GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma: A antiguidade Clássica II. Petrópolis, Ed. Vozes, 2001

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/republica-romana/

A história da república romana, por mais de dois séculos após a sua fundação, consistiu quase totalmente em guerras. Dentre as mudanças que se seguiram à destruição da Monarquia, merece destaque corretamente:

Quando ocorreu o fim da República?

Em novembro de 1930, Vargas foi escolhido como presidente do Brasil. Esse evento ficou conhecido como Revolução de 1930 e foi estabelecido como o marco que encerrou a Primeira República.

Quais foram os motivos que levaram ao fim da república romana?

Dentre as causas da queda do Império Romano estão: disputas internas pelo poder, invasões bárbaras, divisão entre o Ocidente e o Oriente, a crise econômica e o crescimento do cristianismo.

Quais os principais acontecimentos que causaram a crise na República?

A crise do Império foi marcada por três questões que abalaram a relação do Império com suas principais fontes de sustentação política: a questão religiosa, a questão abolicionista e a questão militar.

Como ocorreu o processo de transição da República para o império?

O fortalecimento do personalismo conduziu aos triunviratos e às ditaduras de César ou Augusto, e representou fim da República e o princípio de uma nova etapa, o Império.