Em que sentido os primeiros filósofos se diferem do pensamento mítico

Mitologia e filosofia são caminhos que buscam contar a origem do mundo e das coisas. Em certos momentos da história, a ideia de superar a mitologia era vista como uma evolução e que seguir a razão era o caminho certo. As diferenças de abordagem e metodologia são inúmeras, para começar a diferenciá-las é preciso saber o conceito de cada uma.

O que é Mitologia?

Mitologia, ou conjunto de mitos, é a narrativa que explica a origem do mundo e da humanidade. O mito explica a origem das coisas no passado através de alianças e rivalidade entre divindades. Contém três funções: a função explicativa, umas causas no passado em quais os efeitos permanecem; a função organizativa que legitima um sistema de permissões e proibições; e a função compensatória que busca mostrar que os erros do passado foram corrigidos.

O que é filosofia?

A filosofia estuda os problemas relacionados ao conhecimento, existência e verdade. Somente após certas mudanças na sociedade como o invento da moeda e da democracia, que o mítico passou a ser questionado e a maneira de pensar mudou os critérios, começando a dar ênfase para os argumentos mais racionais. A filosofia tem a conotação de conhecimento seguro, de verdade.

A mitologia foi um recurso utilizado por muito tempo para explicar diversas coisas que existem no universo, como, a origem do homem, fenômenos naturais e diversas outras questões que foram ligados a mitos. O que sustentava a mitologia, é que muitas pessoas acreditavam que as pessoas que contavam essas histórias, eram escolhidas pelos deuses, o que trazia credibilidade a essas informações.

A filosofia por sua vez, busca explicar os fenómenos através de causas naturais, sem a interferência de algo divino, procurando respostas muito mais racionalmente do que através de crenças e mitos. A filosofia parte do princípio da razão, confrontando diversas crenças ao longo dos anos.

A relação entre a filosofia e a mitologia, nasceu de quando os primeiros filósofos gregos começaram a ter dúvidas sobre a mitologia, que era extremamente forte na Grécia antiga. Através desta dúvida e dos debates acerca disso, que acabou nascendo a filosofia.

As principais diferenças entre mitologia e filosofia

As principais diferenças entre a mitologia e filosofia são: a mitologia narra coisas passadas, não se importa com contradições e o incompreensível, e narra à origem através das rivalidades e alianças das divindades; enquanto a filosofia busca passar a ideia de como e por que do passado, presente e futuro, como as coisas são no todo, explica a origem das coisas por elementos e causas naturais, e não aceita explicações incompreensíveis, exige coerência e lógica.

Essas duas linhas de pensamentos já existem a muito tempo inseridas na sociedade, coexistindo sempre em grande interação e contradições ao longo dos anos. Muitas pessoas, acreditam em alguns mitos impostos ao longo da evolução da humanidade, porém, ainda tem na filosofia algum ceticismo, buscando respostas através de causas naturais ou até mesmo confrontando ideias do passado.

Ficou interessado e quer saber mais sobre o assunto? Confira o curso Aprendendo a Filosofar e nosso portfólio de cursos na área de Educação.

We’ve updated our privacy policy so that we are compliant with changing global privacy regulations and to provide you with insight into the limited ways in which we use your data.

You can read the details below. By accepting, you agree to the updated privacy policy.

Thank you!

View updated privacy policy

We've encountered a problem, please try again.

Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros filósofos do Ocidente. Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo, não se conteve com as explicações cosmogônicas fornecidas pela mitologia grega para explicar a origem de tudo, e parte para uma observação natural em busca de um princípio racional de tudo que fizesse sentido. Sua atitude dá início à Filosofia há, aproximadamente, 2600 anos.

Os primeiros filósofos foram chamados de pré-socráticos por se situarem, cronologicamente, antes de Sócrates, o qual modificou os rumos da Filosofia grega. O período Pré-Socrático também é chamado de Cosmológico, pois os filósofos estavam buscando uma origem racional para o Universo, que, no vocabulário grego antigo, pode ser traduzido pela palavra cosmos.

Leia também: Afinal, o que é Filosofia?

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Objetivos dos pré-socráticos

Tales de Mileto, um comerciante da região da Jônia que gostava de buscar novos conhecimentos, foi considerado o primeiro filósofo. Como matemático e astrônomo, contam os historiadores que Tales teria previsto um eclipse total do Sol, no ano de 585 a.C., utilizando cálculos e conhecimentos de Astronomia. Esse momento seria, segundo os historiadores da Filosofia antiga, o ápice do amadurecimento intelectual de Tales, o que nos faz supor que a Filosofia tenha surgido, mais precisamente, em uma data próxima à da previsão do eclipse.

Tales observou a natureza e supôs que o princípio de tudo estaria contido nela própria. A sua análise foi motivada pela falta de coerência das mitologias, ao tentarem explicar o surgimento de tudo, com histórias fantasiosas que envolviam deuses e titãs. As observações de Tales o fizeram supor que o princípio de tudo seria a água, pois notou que essa substância está presente em todas as formas de vida.

A atitude de Tales o colocou no posto de primeiro filósofo e também fez florescer um proceder filosófico que impulsionou os estudos de vários outros pré-socráticos, os quais, assim como Tales, queriam descobrir a verdadeira origem do Universo. Todos eles buscaram essa origem na própria natureza, com base na observação empírica do meio em que viviam. Essa atitude fez com que o ser humano fosse parando aos poucos de creditar os fenômenos naturais pouco conhecidos a intervenções divinas e forças sobrenaturais.

Acesse também: Aprenda mais sobre Tomás de Aquino, filósofo da Escolástica

Filósofos pré-socráticos: principais ideias

Os filósofos pré-socráticos nutriam esse mesmo objetivo: encontrar o princípio gerador ou a matéria primordial de todo o Universo. Por isso, as suas ideias são bem parecidas. Os estudiosos sempre se esbarram nas dificuldades que o tempo e o modo de escrita dos pré-socráticos colocaram. Não há como fazer um estudo aprofundado de um filósofo pré-socrático, pois as obras são escassas e fragmentadas. No entanto, é notório que eles buscavam fundamentar o que chamavam de arché (princípio originário), por meio da observação da physis (natureza).

Para facilitar o estudo, os historiadores da Filosofia reuniram os pré-socráticos em “escolas filosóficas”, de acordo com sua proximidade geográfica que também coincide com a proximidade de ideias. As escolas pré-socráticas são:

  • Jônica Escola

Em que sentido os primeiros filósofos se diferem do pensamento mítico
Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo. [1]

Teve início com Tales de Mileto, na região da Jônia, que atualmente é parte da Turquia. Tales estabeleceu a água como princípio gerador de tudo. Anaximandro, que teve contato com as ideias de Tales, passou pelo mesmo processo de observação empírica da natureza e constatou que a origem de tudo estava contida num elemento infinito e indeterminável, designado pela palavra ápeiron. Seu discípulo, Anaxímenes, concordou que o elemento era infinito, mas afirmou ser possível determiná-lo, pois era o ar. O ar estaria presente em tudo, sendo, portanto, a causa material primeira.

  • Pitagórica Escola

Pitágoras foi um dos mais importantes matemáticos de todos os tempos. Sua percepção matemática, envolta por rituais místicos, levou-o a estabelecer que a origem de todo o Universo estaria em relações matemáticas, mais especificamente naquilo que dá origem a tudo na Geometria — o ponto — junto à ideia de unidade proposta pelo algarismo 1, que é o início por excelência. Seus seguidores continuaram a mística pitagórica, que envolvia Música, Matemática e Cosmologia.

  • Eleata Escola

Em que sentido os primeiros filósofos se diferem do pensamento mítico
Parmênides é considerado pelos historiadores da Filosofia como o pensador do imobilismo universal.

Parmênides e seu discípulo, Zenão, são os principais filósofos eleatas. Para eles, a origem de tudo não estaria no estabelecimento de uma causa material primordial, mas no entendimento de que não houve início, pois não houve mudança. Eles eram imobilistas e acreditavam que a natureza era eterna e imutável, e que as mudanças que apreendemos são frutos de nossa percepção enganosa.

  • Pluralistas

Não elegeram apenas um elemento primordial, mas vários elementos que se juntaram para formar todo o Universo, de acordo com as suas teorias. Para Empédocles, a origem do Universo estaria no que ele chamou de quatro elementos básicos — terra, fogo, água e ar. Anaxágoras estabeleceu que a origem deu-se por meio da junção de sementes.

Essa junção acontecia quando havia afinidade entre diferentes sementes, mediante a relação que ele classificou como amor. Do mesmo modo, sementes que não tinham afinidade entre si separavam-se pela relação que ele chamou de ódio. Demócrito e Leucipo, talvez os mais conhecidos dentre os pluralistas, formularam a teoria atomi sta, que creditava a origem de tudo à junção de partículas invisíveis e indivisíveis, os átomos.

Importância dos pré-socráticos

Hoje, a ciência e a tecnologia estão muito desenvolvidas, e as ideias pré-socráticas parecem obsoletas e inúteis para entender a constituição natural de tudo. Porém, a importância dos pré-socráticos reside no fato de que o conhecimento racional e a atitude filosófica, que daria origem a uma atitude científica, iniciaram-se com a Cosmologia dos gregos.

A nossa ciência somente pode considerar as afirmações dos antigos filósofos obsoletas, porque eles a formularam e possibilitaram o desenvolvimento de toda a inteligência racional que temos hoje. Também devemos pensar numa importância histórica, pois, para entender o desenrolar da Filosofia e da tradição racional ocidental, é preciso olhar para a origem de tudo, de modo a perceber como chegamos aonde chegamos.

Bibliografia dos pré-socráticos

Não se tem muitos escritos dos filósofos pré-socráticos hoje. O que se tem são fragmentos escassos e, muitas vezes, desconexos. Os historiadores da Filosofia reuniram os pré-socráticos em escolas para facilitar o entendimento de seus escritos. Essa escassez deve-se, principalmente, à ação do tempo e da humanidade que — por meio de enchentes, furações, tempestades, incêndios acidentais e incêndios provocados — destruiu muitos documentos históricos da Grécia Antiga. Estima-se que muitos escritos tenham sido perdidos, por exemplo, no incêndio na Biblioteca de Alexandria.

Outro fator que dificulta o entendimento e a reunião da bibliografia dos pré-socráticos é o fato de que eles não escreviam tendo em vista a publicação como fazemos hoje. A grande maioria dos escritos do período não possui título, sendo esses diletantes sobre assuntos relacionados à Cosmologia, à Matemática, à Música, à Astronomia ou sobre qualquer outra ciência que já fosse cultivada naquele período.

Crédito de imagem

[1]  Naci Yavuz / Shutterstock

Como os filósofos Conceituavam o mítico?

O próprio termo grego mythos significa um tipo bastante especial de discurso, o discurso fictício ou imaginário, sendo por vezes até mesmo sinônimo de “mentira”. [...] Por ser parte de uma tradição cultural, o mito configura assim a própria visão de mundo dos indivíduos, a sua maneira mesmo de vivencia esta realidade.

Qual a diferença do pensamento mítico para o pensamento dos primeiros filósofos?

A diferença entre o pensamento filosófico e o pensamento mítico se dá basicamente pelo fato de que , a filosofia se baseia grandemente em fatos que são racionais , porém , o pensamento mítico muitas vezes se baseia na fé , na crença das pessoas .

Como o pensamento filosófico característica da Grécia clássica Diferenciou

Resposta: O pensamento filosófico que surgiu no período clássico da Grécia antiga diferencia-se do pensamento mítico em diversos aspectos, dentre os quais destacam-se a individualidade, a fundamentação e o caráter não sobrenatural.

Qual a diferença do o pensamento mítico e o filosófico?

Enquanto o mito pressupõe uma incondicional adesão e aceitação de sua narrativa, que apela para uma realidade sobrenatural, divina ou misteriosa, o pensamento filosófico-científico pretende alcançar o conhecimento a partir de argumentos lógicos e racionais sobre o homem e a natureza.