Quais são as projeções do Painel Intergovernamental de mudanças climáticas?

Conteúdos

Este plano consiste na apresentação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, do inglês Intergovernmental Panel on Climate Change), publicado em 2022, sobre mudanças climáticas, que traz atualizações em relação aos relatórios anteriores, propondo a utilização, em sala de aula, de abordagens dinâmicas de participação colaborativa, com o objetivo de simplificar a linguagem acadêmica, amplamente usada nesses relatórios. Propõe-se, ainda, a aprofundar o entendimento de cenários de projeção do clima, por meio de pesquisas; avaliar com cuidado os elementos gráficos de uma figura síntese do relatório do IPCC; promover discussões sobre o papel do Brasil nas mudanças climáticas; e, por fim, produzir painéis com base em um relatório sobre agricultura de baixo carbono, para explorar exemplos de atividades agrícolas sustentáveis e inteligentes.

● Atividades de interpretação com vídeo;
● Análise de gráficos;
● Pesquisas; e
● Produção de painéis.

Objetivos

● Apresentar e/ou atualizar os conhecimentos prévios sobre mudanças climáticas, com as informações do relatório do IPCC publicado em 2022;
● Interpretar gráficos com informações condensadas;
● Discutir atividades sustentáveis que auxiliam na redução dos impactos; e
● Aprofundar a produção de materiais de caráter interdisciplinar com outros(as) professores(as).

Palavras-chave:

Mudanças climáticas. IPCC. Projeções climáticas. Impactos.

Previsão para aplicação:

4 aulas (50 min./aula).

1ª Etapa: Início de conversa

Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, do inglês Intergovernmental Panel on Climate Change) são referências, na literatura científica, em descrever os impactos das mudanças climáticas, incluindo projeções, estudos regionais e cenários envolvendo emissão de gases de efeito estufa, além de abordar conceitos de adaptabilidade e vulnerabilidade. Em fevereiro de 2022, foi divulgada a segunda parte do sexto relatório (AR6), que descreve Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, e continua a primeira parte, Base física, antecedendo a terceira e última: Mitigação. Entre as conclusões do texto completo, com mais de 3.500 páginas de trabalhos que envolvem centenas de cientistas ao redor do mundo, duas afirmações são alarmantes e precisam ser destacadas: “É inequívoco que as alterações climáticas já perturbaram os sistemas humanos e naturais”, ou seja, não há qualquer margem para dúvidas acerca da existência das mudanças climáticas, e que “a janela de oportunidade está estreitando” para mantermos o aquecimento em até 1,5°C.

O(A) professor(a) pode iniciar essa aula com manchetes de jornais que tragam temas que permeiam as mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar em cidades costeiras e a redução da biodiversidade, ou ainda projetar gráficos de aumento da temperatura média global ou da concentração de CO2, sempre indagando os(as) estudantes sobre o que essas informações têm em comum. Essa etapa pode ser desenvolvida com data show ou utilizando impressões em papel e distribuídas em grupos. Se possível, sempre que um(a) estudante trouxer um comentário e/ou informação que se encaixe em i) impactos (aumento de temperatura, secas, chuvas intensas, poluição etc.); ii) vulnerabilidade (segurança alimentar/hídrica, aumento de doenças mentais e respiratórias etc.); ou iii) adaptação (dessalinização da água do mar, modificação genética de sementes, migração para lugares mais frios/chuvosos etc.), registre a ideia na lousa, que deve ser dividida em três partes.

Convide os(as) alunos(as) a refletir sobre o impacto que as mudanças climáticas podem ter localmente na cidade, ou mesmo no país. Procure endereçar problemas comuns no cotidiano da cidade, como enchentes, racionamento de água, desmatamento e monocultura, entre outros, para direcionar os comentários. Como assuntos como as queimadas no Pantanal, o desmatamento recorde na Amazônia e o projeto de mineração em terras indígenas, super atuais, se inserem nesse contexto?

2ª Etapa: Assimilando novas informações com vídeos em linguagem simples

Distribua os vídeos disponibilizados na seção “Materiais relacionados” para grupos pré-formados (um para cada vídeo). Peça para os(as) estudantes assistirem aos vídeos e trazerem comentários para os demais grupos sobre o que assistiram, seguindo a ordem sugerida pela sequência dos links. Pontue, sempre que necessário, se alguma informação estiver incorreta, rebatendo com uma pergunta que leve à reflexão e à consequente correção pelo(a) próprio(a) aluno(a). Suponha que um comentário como “está tudo bem esquentar, contanto que menos de 1,5°C” seja feito. Uma pergunta como “Mas não há risco com o aumento de 1°C?” poderia ser feita pelo(a) professor(a), por exemplo. O que esses vídeos trazem em comum? Discuta as potenciais dúvidas e distribua perguntas referentes ao gráfico da atividade seguinte, como: “vocês lembram dos cenários?”, “o que significam aquelas cores próximas do roxo?”, entre outras, trazendo uma expectativa para a próxima atividade.

3ª Etapa: Interpretando gráficos de conteúdo condensado

A figura mostrada no vídeo 4.b, nos “Materiais relacionados”, e que também é amplamente difundida em matérias sobre mudanças climáticas, é mostrada abaixo (Figura 1). Ela sintetiza muitas informações e sua interpretação necessita de cuidado e de revisão dos conceitos apresentados. Essa atividade tem a proposta de identificar os elementos mostrados, interpretar os padrões e gerar uma discussão conectada ao conteúdo do vídeo. Para iniciar, essa figura pode ser projetada na parede, impressa em papel e distribuída aos grupos já formados ou, ainda, reproduzida na lousa de maneira simplificada. Comece a conversa com os(as) estudantes perguntando se eles(as) lembram dessa figura. Anote as respostas (folha, lousa ou afim), especialmente as que tragam interpretações, independentemente se corretas ou não. Propõe-se, então, as seguintes etapas:

(a) Identificar, na Figura 1.a, o que é mostrado nos eixos da abcissa e da ordenada. Quais são as suas unidades? (Atenção: não confundir temperatura do ar com anomalia de temperatura). Resposta esperada: O eixo x mostra os anos, de 1950 a 2100, enquanto o eixo y mostra o aumento de temperatura média global da superfície, em °C, com relação à média no período pré-industrial (1850 a 1900).

(b) O que significa a passagem da linha preta para as cinco linhas (azuis clara e escura, amarela, vermelha e vinho) na Figura 1.a? E o que representam as cores? Resposta esperada: A temperatura média global da superfície, entre 1950 a 2014, é mostrada na curva preta. Nos anos seguintes, até 2100, são as projeções dos modelos climáticos para a temperatura da superfície, em 5 cenários diferentes.

(c) O que os estudantes imaginam ser SSPs? Como os SSPs foram elaborados? Essa pergunta, diferentemente das anteriores, possivelmente demandará algumas pesquisas. Respostas iniciais, ou seja, anteriores à pesquisa, que citarem o efeito da concentração dos gases estufa, ou que se atentarem ao fato que SSP1 e SSP5 estão relacionadas ao aumento da temperatura em 1 e 5°C devem ser valorizadas, possivelmente com um jogo de quente ou frio. Para o(a) professor(a), sugere-se revisar o conceito de SSPs assistindo ao vídeo disponibilizado na seção “Materiais relacionados”.

(d) Em relação à Figura 1.b, o que os(as) estudantes entendem por “Razões de Preocupação” (RFC, Reasons for Concern)? Se possível, proponha ao professor de inglês uma participação sobre esse tópico, para explorar a página 20 do resumo para tomadores de decisão do relatório IPCC AR6 WG2 (ver link em “Materiais relacionados”). Caso contrário, trate dos exemplos citados para cada RFC que estão no relatório.

(e) O que significam as cores na Figura 1.b? O que acontece com as cores quando a temperatura da superfície aumenta? Resposta esperada: As cores classificam o risco e o impacto do aquecimento para cada RFC. O branco representa que os riscos/impactos não são identificáveis estatisticamente, enquanto do amarelo ao roxo temos os riscos/impactos crescentes, do moderado ao muito alto. Nota-se que, com o aumento da temperatura, há um aumento do risco/impacto para todos os RFC.

Quais são as projeções do Painel Intergovernamental de mudanças climáticas?
Figura 1: (a) Mudanças na temperatura média global da superfície em relação ao período pré-industrial (1850-1900), em °C, observadas entre 1950 e 2014, e projetadas por cinco cenários distintos (SSPs); (b) Impacto e avaliação de risco com o aumento da temperatura, para cinco “Razões para Preocupação”: sistemas únicos e ameaçados, eventos extremos meteorológicos, distribuição de impactos, impactos globais agregados e eventos singulares em larga escala. (crédito: reprodução/ IPCC) Acesso em: 23 de março de 2022.

Para encerrar a atividade, sugere-se retomar as respostas anteriores à atividade e constatar alterações nas respostas, quais informações já foram corretamente interpretadas antes da atividade, o que amadureceu e, principalmente, quais perguntas surgiram.

4ª Etapa: Desafios no Brasil e possíveis mitigações

Após as abordagens anteriores, que sintetizaram as problemáticas esperadas para o globo todo, esta etapa tem como objetivo trazer as atenções para o Brasil. A principal contribuição do Brasil para as mudanças climáticas vem do desmatamento e da queima das florestas. Essas áreas, sob pressão da produção de alimentos pelo agronegócio, podem ser melhor utilizadas (ou seja, com uso mais eficiente das áreas agricultáveis e com boas práticas de manejo), desempenhando atividades com carbono zero, ou com baixa emissão de carbono. Como são produzidos os principais grãos no Brasil? E a pecuária? Quanta água é usada para a irrigação? Entre diversas outras perguntas possíveis, convide os(as) estudantes a aprofundar as perguntas levantadas com pesquisas. Nessa atividade, é muito importante a mediação de um(a) professor(a) polivalente, ou que conte com a cooperação de outros(as) professores(as).

Proponha uma revisão de trechos do material “Papel do plano ABC e do Planaveg na Adaptação da Agricultura e da Pecuária às Mudanças Climáticas”, disponível em “Materiais relacionados”. No campo da biologia, por que manter as florestas intactas é bom para o agronegócio, e como as abelhas e outros polinizadores atuam? Na química, como os agrotóxicos contaminam a água no solo, e qual a composição dos fertilizantes? Na física, como as florestas amortecem o impacto de chuvas intensas e como elas resfriam o ambiente localmente? Essas são apenas sugestões, e há espaço para outras questões em outras áreas do conhecimento. Entretanto, como as mudanças climáticas irão alterar esses processos?
A ideia é trazer uma problemática da atuação canônica do agronegócio e contextualizar com uma possível solução pelo material revisado. Essas soluções, além de ecologicamente adequadas e eficientes, também auxiliam a mitigar os impactos das mudanças climáticas. Sugere-se a produção de painéis, para apresentar os resultados de cada aluno(a), ou grupo de alunos, para os(as) demais.

Plano de aula elaborado pelo Professor Dr. Leonardo Moreno Domingues.
Coordenação pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge.

Materiais Relacionados

● 1. Para acessar o resumo para tomadores de decisão do relatório do IPCC AR6 WGII
Acesso em: 23 de março de 2022.

● 2. Para acessar o “Papel do plano ABC e do Planaveg na Adaptação da Agricultura e da Pecuária às Mudanças Climáticas”
Acesso em: 23 de março de 2022.

● 3. Para aprender mais sobre SSPs
Acesso em: 23 de março de 2022.

● 4. Vídeos sobre os relatórios de mudanças climáticas em linguagem simples:
(a) The IPCC 2021 physical science report explained in 7.5 minutes
(b) The IPCC impacts and adaptation report explained in under 7 minutes
(c) IPCC shows Climate Change hurting us… Today
Acesso em: 23 de março de 2022.

Qual o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas?

O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, IPCC, foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 com o objetivo de fornecer aos formuladores de políticas avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima, suas ...

Quais são as projeções do aquecimento global para o futuro?

Para o clima futuro, o IPCC considera provável o aumento das temperaturas médias da superfície no planeta de 0,3°C a 1,7°C para o período de 2081-2100, comparado a 1986-2005, no cenário mais otimista, de baixa emissão de gases de efeito estufa e de 2,6°C a 4,8°C no cenário mais pessimista ou de alta emissão.

Quais são as metas do IPCC?

Emissões podem ser reduzidas pela metade até 2030, aponta relatório do IPCC. Um relatório divulgado, nesta segunda-feira (4), pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra que a emissão mundial de gases estufa pode ser reduzida pela metade até 2030.

O que é uma projeção climática?

As projeções climáticas são geradas a partir de modelos numéricos de alta complexidade, cujo objetivo é representar de forma fidedigna os principais processos do Sistema Terrestre. Para isso, são utilizadas informações observacionais dos últimos séculos e cenários futuros de desenvolvimento socioeconômico global.