Quais são os fatores ambientais mais importantes para a sobrevivência de uma espécie?

Quais são os fatores ambientais mais importantes para a sobrevivência de uma espécie?

11/11/2019

Quando questionados sobre quais seriam as principais ameaças ao meio ambiente, o tema mais lembrado pelos brasileiros foi o desmatamento. Essa ameaça foi citada por 27% das pessoas em uma pesquisa conduzida pelo Instituto Ibope Inteligência para o WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza) em junho de 2018. A caça e a pesca ilegais foram o terceiro item mais citados, empatando com as mudanças climáticas em número de citações.

É realmente preocupante que os índices de desmatamento no nosso país tenham voltado a aumentar nos últimos anos, especialmente quando pensamos que a perda vai muito além da vegetação que foi cortada. Hoje a perda e degradação de habitats é um dos maiores fatores de ameaça à sobrevivência de diversas espécies de animais, por vários motivos: destruição do local onde vivem ou da sua fonte de alimentação, ausência de locais apropriados para nidificação (fazerem ninhos) e até o isolamento de pequenas populações em fragmentos de vegetação que não se comunicam.

No entanto, algumas atividades humanas prejudicam a existência da fauna de maneira direta, mesmo onde a perda de habitats não é uma questão evidente. É o caso da caça e dos atropelamentos, que causam a diminuição ou até mesmo o desaparecimento de várias espécies de animais. A pior parte é que, enquanto conseguimos monitorar o que acontece com as florestas por satélite, mal percebemos o sumiço dos bichos.

E o que acontece com a floresta se não tiver nenhum animal vivendo lá?

Qualquer ecossistema, seja ele uma floresta, savana ou campo, é sustentado por um intrincado sistema de inter-relações entre as espécies e os fatores ambientais, como sua temperatura o quanto de sol aquele ecossistema recebe. E cada espécie desempenha seu papel dentro do ecossistema.

Quando olhamos para a interação entre animais e plantas, vemos que algumas espécies de animais são polinizadoras, ou seja, levam os grãos de pólen, que são os gametas masculinos, de uma flor a outra, fecundando-a e são as flores fecundadas que se desenvolvem em frutos. As espécies mais conhecidas por realizar esse importante serviço ecossistêmico são as abelhas, mas também são polinizadoras as aves, como os beija-flores, e inclusive morcegos! Vale destacar que a maior parte das espécies de morcego se alimenta de néctar e de frutos. 

Outras espécies de animais são dispersoras de sementes, o que quer dizer que, ao consumir algum fruto, acabam transportando suas sementes para longe. Isso é bem importante para algumas espécies, cujos brotos não conseguem competir por luz e nutrientes e não se desenvolvem quando germinam próximos da planta mãe (como é chamada a árvore que originou a semente), por exemplo. A anta (Tapirus terrestres) dispersa as sementes do jatobá (Hymenaea courbaril) e de outras plantas que possuem sementes muito grandes. Inclusive, a ausência de animais que se alimentam de frutos e sementes de maior porte reduz a capacidade de estocar carbono nas florestas (em seu desenvolvimento, as árvores captam o  COdo ar no processo de fotossíntese e “estocam” o carbono na estrutura do seu tronco).

Mesmo animais como catetos (Pecari tajacu) e queixadas (Tayassu pecari), que andam em bandos grandes, pisoteiam os brotos e chafurdam o solo, possuem um papel importante pois influenciam o padrão de regeneração vegetal. Por exemplo, em locais com poucas espécies predadoras de sementes, árvores com sementes grandes possuem vantagem sobre aquelas com sementes pequenas e podem acabar “dominando” a paisagem e diminuindo a diversidade de plantas naquele local.

Aliás, outro serviço ecossistêmico imprescindível para a manutenção dos ecossistemas é o que chamamos de ciclagem de nutrientes, por meio do qual a matéria orgânica é decomposta em outras substâncias que voltam a ser utilizadas para o desenvolvimento de novos organismos. Essa ciclagem depende da ação de vários animais que habitam o solo: são minhocas, ácaros, colêmbolos, piolhos de cobra, entre tantos outros pequenos desconhecidos. Aliás, esses seres decompositores só conseguem viver no solo porque outros animais, como as formigas, ao escavar para construir suas galerias, permitem que ar penetre nas camadas de terra.

Às vezes, alterações nas relações que se dão entre espécies de animais também podem influenciar indiretamente nas dinâmicas da vegetação: a d

Quais são os fatores ambientais mais importantes para a sobrevivência de uma espécie?
iminuição das populações de grandes predadores, como as onças pintadas (Panthera onca) é acompanhada pelo aumento da abundância de mamíferos de médio e pequeno porte, por dois motivos principais: primeiro porque os mamíferos que são predadores menores, como as jaguatiricas (Leopardus pardalis) e gatos-do-mato (Leopardus tigrinus) passam a ocupar os espaços que antes eram dos grandes predadores, e segundo porque as espécies herbívoras, especialmente as de médio e grande porte como as capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) e veado catingueiro (Mazama gouazoubira), passam a ser menos predadas. Como consequência, o aumento dos herbívoros afeta as plantas das quais se alimentam, resultando em um padrão de distribuição diferente do que aconteceria se não houvesse alteração na população de grandes predadores, podendo levar também à diminuição das espécies de plantas.

E por falar em onça pintada, que já se encontra ameaçada pela diminuição de seu habitat, já que precisa de grandes áreas de floresta para viver, todas as espécies que compõem a parte principal da sua dieta, como capivaras, veados e tatus também são extensivamente caçadas para comércio ilegal, o que diminui a oferta de alimento e diminui ainda mais a capacidade de suporte da floresta remanescente para essa espécie.

O que percebemos, então, é que a retirada de uma única espécie da fauna de um sistema pode causar efeitos em cascata que se refletirão em muitas outras, geralmente resultando em uma simplificação do ambiente muito maior do que o esperado pela ausência de somente uma espécie. E esses são apenas alguns exemplos dentre as incontáveis relações e interdependências que existem dentro de um ecossistema e contribuem para sua continuidade e resiliência a pressões externas.

 Reconhecer essa interdependência nos mostra o quanto é importante revermos abordagens usadas tanto para a recuperação de ambientes degradados quanto para pensar na conservação da fauna, criando novas oportunidades para que projetos e políticas públicas voltados para conservação da biodiversidade considerem que os animais dependem das florestas tanto quanto as florestas dependem dos animais.

Texto: Ana Carolina Dalla Vecchia – Departamento de Fauna da Coordenadoria de Biodiversidade e Fiscalização

Para saber mais: Macaco quer banana? Alimentação de animais silvestres em áreas verdes urbanas

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Quais são os fatores ambientais necessários para a sobrevivência dos seres vivos?

Em ecologia, condições são os fatores ambientais abióticos que influenciam o funcionamento dos organismos e que pode ser alterada por eles. Entre as condições estão a temperatura, pH, salinidade, correntes marítimas, pluviosidade ou altitude.

Quais são os fatores importantes para a vida no meio ambiente?

Entre as dicas mais importantes para preservar o meio ambiente, destacam-se a economia de água e energia, bem como a reciclagem do lixo. A preservação do meio ambiente é uma tarefa de todos! Todos nós sabemos que o planeta Terra não está bem!

Qual a importância do meio ambiente para as espécies?

Sem meio ambiente, não há vida. Assim sendo, preservá-lo é um elemento chave da sobrevivência. Nesse ponto, esbarramos na questão da urbanização.

Como os fatores ambientais podem influenciar os seres vivos?

Os fatores ambientais que influenciam o desenvolvimento das diferentes espécies de seres vivos são denominados fatores ecológicos. Os fatores ecológicos ditos abióticos representam as condições climáticas, edáficas e químicas do meio.