Qual a influência dos Estados Unidos nos conflitos do Oriente Médio?

Por Liu Yeting

Qual a influência dos Estados Unidos nos conflitos do Oriente Médio?

Os Estados Unidos são um "especialista" que interfere nos assuntos internos de outros países, manipulando arbitrariamente a política de poder e exercendo a hegemonia em todo o mundo.

Os Estados Unidos consideram o Oriente Médio seu próprio “quintal” e, sob a bandeira dos “direitos humanos acima da soberania”, impulsionam o “projeto de transformação da democracia do Grande Oriente Médio”, o qual provocou mudanças de regime no Egito, Tunísia, Iêmen, Líbia, entre outros países. A "primavera Árabe" tornou-se no "inverno Árabe", milhões de refugiados foram deslocados e as divisões dentro dos países árabes foram agravadas.

Sob as provocações deliberadas dos Estados Unidos, a guerra de nove anos no Iraque causou centenas de milhares de mortes, a Síria sofreu com a guerra e sanções, e refugiados espalharam-se pelo mundo. A contínua turbulência e desastres humanitários no Oriente Médio não pode ser segregada da imposição hegemônica norte-americana.

Os Estados Unidos sempre afirmaram que "sem os Estados Unidos, o Oriente Médio cairá no caos". No entanto, na realidade, "Washington poderá afinal ser o principal agente perturbador do Oriente Médio".

0 comentários

Foi no contexto de inflexão da política externa estadunidense para o Oriente Médio que se chegou, finalmente, ao Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), em 2015, impondo restrições ao programa nuclear iraniano que permitissem uma verificação confiável de suas finalidades pacíficas. Em contrapartida, o país veria retiradas as sanções de bloqueio financeiro e comercial às quais estava submetido, além de descongelar seus bilhões de dólares então retidos no exterior e voltar a ter permissão para a compra de aeronaves. No entanto, inúmeras seriam as repercussões do acordo no contexto geopolítico da região. Ao mesmo tempo em que abria portas para investimentos ocidentais no Irã (possibilitando reduzir a imensa ascendência econômica chinesa sobre este), também fortalecia estruturalmente o país, que vinha demonstrando imenso vigor na capacidade de exercer influência em outros importantes cenários do Oriente Médio. Ou seja, se por um lado abria as portas para os EUA dialogarem com o Irã visando a resolução de conflitos como os da Síria, Iraque e Afeganistão – possibilitando o cumprimento da promessa eleitoral de Obama, de gradual retirada das tropas estadunidenses destes sítios -, por outro afrontava estrondosamente os interesses de Israel e Arábia Saudita, ao verem um Irã fortalecido na Guerra Fria que paira sobre a região.

Valendo-se destas contradições, Donald Trump não titubeou em catalogar, ao longo de sua campanha, o JCPOA enquanto “o pior acordo do mundo”, enfatizando as cláusulas que gradualmente terminariam, em 15 anos, com as restrições inicialmente impostas. Cabe observar que o megaempresário sionista Sheldon Adelson, com profundos vínculos com o governo israelense de Benjamin Netanyahu, foi o principal doador individual nas campanhas eleitorais estadunidenses de 2016, atingindo a cifra de nada menos do que 82 milhões de dólares em doações para Trump e outras candidaturas do Partido Republicano. O primeiro país a ser visitado por Trump após sua eleição foi a Arábia Saudita, com a qual assinou o maior contrato de venda de armas da história dos EUA, chegando às cifras de cerca de 110 bilhões de dólares. É muito provável que Riad tenha colocado na mesa de negociações o isolamento de Teerã. O fato é que, em 2018, os EUA se retiraram do JCPOA, retomando as sanções unilaterais, ao tempo em que ameaçavam empresas e terceiros países que não fizessem o mesmo.

Hoje, Trump encontra-se emparedado por uma ofensiva oposicionista interna que avança em prol de um processo de impeachment. Ainda que debilitando o Irã com a retomada das sanções e o boicote aos acertos do JCPOA, as gestões do governo Trump parecem ter sido insuficientes para garantir a total lealdade de parte de seus mais importantes aliados, e financiadores, para os momentos decisivos que antecedem não apenas as votações do impeachment, mas também a próxima corrida eleitoral. Assim, além de adotar a agenda prioritária de parte de suas bases de sustentação, também recorre à histórica prática de criação do inimigo externo, tentando dar coesão à política doméstica estadunidense – artifício reiteradamente utilizado em tempos de disputas por reeleições.

No cenário externo, a incapacidade de imposição dos EUA em cenários como os da Venezuela, Síria e Coreia do Norte, além das sucessivas dificuldades nas rusgas com China e Rússia conformam um panorama de relativo fracasso das opções do governo. Na tentativa de ampliar sua presença no Oriente Médio, provocando fricções e convulsões, corre o risco de conformar novos alinhamentos regionais – repetindo casos como os que resultaram na inflexão da diplomacia turca, no fortalecimento da presença russa na Síria e na aproximação sino-iraniana, fruto das sanções ao programa nuclear do Irã. Num quadro internacional de instabilidade política e crise econômica, o brusco movimento que resultou no assassinato de Qasem Soleimani – em mais uma flagrante violação do direito internacional por parte dos EUA – conforma um panorama de profunda incerteza. Este evento deve ser percebido como resultante do entrelaçamento do conjunto destas contradições e tênues movimentações de aliados, inimigos e terceiros elementos que ainda não se posicionaram no tabuleiro.

Até o momento, apenas Israel se posicionou de forma mais veemente apoiando a gestão estadunidense. A discrição saudita em muito remete à hábil estratégia chinesa, que há décadas vem balanceando suas boas relações com Irã e Arábia Saudita, visando atraí-los para sua órbita pela via da preponderância comercial nos seus respectivos mercados. Os satélites iranianos nos demais países da região mantêm seus postos, aguardando orientações de um regime que acaba de perder uma de suas mais nobres figuras, um estrategista de difícil reposição: o homem que era comandante da unidade especial de guerra irregular e operações de inteligência, a Força Quds; que se somou aos esforços para liquidar o Estado Islâmico; e responsável pela articulação do chamado Eixo de Resistência, envolvendo forças políticas no Líbano, Síria, Iraque, Palestina, dentre outros.


A futurologia não é um exercício que costuma triunfar nas análises políticas. No entanto, algo evidente resta ressaltar. O Irã é herdeiro de uma civilização milenar, que resistiu às mais diversas invasões e privações. Contemporaneamente, encontra-se em franca oposição aos desígnios do mais poderoso país do mundo – economicamente e militarmente – há pelo menos quatro décadas. Àqueles que esperam por uma resposta rápida e desequilibrada: esqueçam. O sistema internacional passa por um explícito período de transição, no qual os EUA perdem progressivamente a capacidade de manter sua hegemonia, e a China aparece enquanto a mais forte candidata a ascender ao primeiro posto global, tendo no projeto da Nova Rota da Seda o baluarte de sua estratégia corrente. O Irã é um país-chave nisso tudo, não apenas pela questão energética, mas pela sua posição territorial crucial para a integração Eurasiática. Nos últimos anos, o país logrou importantes vitórias na Síria e no Iraque, colaborando robustamente no esfacelamento do temido Estado Islâmico.

Com certeza, um contra-ataque será orquestrado. No entanto, não virá em 280 caracteres, tampouco desprovido de uma reflexão afim às pretensões do país por ora atacado. Os iranianos sabem onde estão, o que representam, e o porquê de serem atacados. Sabem que o atual episódio se trata de uma isca para que o país se torne o epicentro de uma nova guerra no Golfo. Mas também sabem das dificuldades que os EUA teriam em sustentar a invasão de um país grande, populoso, com condições geográficas dificultosas, com importante base urbano-industrial e com expressivo grau de legitimidade e coesão política das forças governantes. Portanto, a resposta tende a tomar contornos indiretos, e aguardar seu tempo propício.

Por fim, Teerã também sabe que a prioridade resta em fortalecer sua influência no plano regional, ao tempo em que consolida suas relações com a Rússia e a China no plano global. A resiliência iraniana ao cerco dos EUA e as recorrentes rusgas entre os dois países apontam não para uma escalada militar de gigantescas proporções, mas para a adoção de minuciosos cálculos de poder, e quiçá o estabelecimento de um novo equilíbrio para a retomada das negociações. É fato, contudo, que os quadros de transição sistêmica tendem a conformar eventos disruptivos. Se ocorrerão, apenas o tempo e as decisões políticas dirão.

*Diego Pautasso é doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e Tiago Nogara, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI), da Universidade de Brasília (UnB)

Qual a influência dos Estados Unidos na região do Oriente Médio na atualidade?

Os Estados Unidos consideram o Oriente Médio seu próprio “quintal” e, sob a bandeira dos “direitos humanos acima da soberania”, impulsionam o “projeto de transformação da democracia do Grande Oriente Médio”, o qual provocou mudanças de regime no Egito, Tunísia, Iêmen, Líbia, entre outros países.

Quais os interesses dos Estados Unidos nos conflitos do Oriente?

“O controle do estrategicamente significativo Oriente Médio, com suas enormes e facilmente acessíveis reservas de petróleo, tem sido uma peça central da política desde que os Estados Unidos conquistaram a posição de hegemonia global após a Segunda Guerra Mundial.

Qual foi o papel estratégico dos Estados Unidos no conflito?

Os Estados Unidos, na condição de potência mundial, sempre apoiaram Israel. A presença de um Estado judeu no Oriente Médio, fortemente armado e aliado dos Estados Unidos, contribui para os interesses econômicos estadunidenses na região.

Quais os fatores contribuem para os conflitos no Oriente Médio?

Causas dos Conflitos no Oriente Médio Sendo assim, existem três pontos que você precisa ter em mente quando se trata de guerras e conflitos no Oriente Médio: A criação do Estado de Israel, em 1948; A Guerra Fria, ou o embate entre capitalismo e comunismo; A divisão interna do Islã, entre sunitas e xiitas.