Qual a principal contribuição do filósofo Nicolau Maquiavel para a filosofia política moderna?

Nicolau Maquiavel foi um importante teórico, pensador político, filósofo, historiador, diplomata, músico e escritor do Renascimento. Considerado o "Pai do Pensamento Político Moderno", nasceu em Florença, Itália, no dia 03 de maio de 1469. Pertencente a uma família pobre, Nicolau desde cedo aprendeu línguas e foi estimulado nos estudos.

Em 1498, com 29 anos, entra para a política, exercendo o cargo de "Secretário da Segunda Chancelaria". Teve uma vasta carreira política, o qual ocupou alguns cargos sendo, muitas vezes, indicado para realizar missões diplomáticas.

Defensor dos ideais republicanos, sua teoria estava pautada nos princípios morais e éticos para a Política. Foi o primeiro a separar a Política da Ética com o intuito de estudar a cultura política como ela é realmente e não como ela deveria ser.

Ademais seus estudos estão baseados nos conceitos: união da teoria e da prática; empirismo e método indutivo; Estados imaginários Perfeitos e imutabilidade da natureza humana. A partir disso, em 1520, Maquiavel recebe o título de mais importante historiador de Florença. Em 1527, com a queda dos Médici, foi considerado um tirano e morre nesse ano no dia 21 de junho de 1527.

Obras

Sua obra que mais se destaca é "O Príncipe", escrita em 1513, publicada postumamente em 1532, no qual propõe a unificação da Itália por meio da figura de um Príncipe. Maquiavel, foi um importante teórico do Renascimento e escreveu sobre política, ética, natureza humana, além de peças de teatro e contos. Suas obras: "Decenal" (1506), "Relatos sobre os Fatos na Alemanha" (1508), "Retrato das coisas da França" (1510), “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio” (1513 a 1521), “A arte da Guerra” (1517 e 1520), "A Mandrágora" (1518).

Curiosidade

  • O adjetivo "Maquiavélico", é inspirado no nome "Maquiavel" e, na maioria das vezes, está associado à maldade.

Veja também: Os filósofos mais importantes da história.

SILVA, Ricardo. Maquiavel e o conceito de liberdade em três vertentes do novo republicanismo. Revista brasileira de ciências sociais, nº 72, fevereiro de 2010.

1 As diferentes interpretações a respeito da contribuição do pensamento político de Maquiavel

Maquiavel é possivelmente um dos autores mais comentados e criticados no campo das ciências políticas de todos os tempos. Não á toa que a lide de O Príncipe, sua obra mais conhecida, se popularizou e o termo maquiavélico se tornou de uso geral, pejorativo, muito embora geralmente empregado de forma desvinculada a uma real crítica à obra. Entretanto a visão de ‘professor de tiranos’ vem sendo há algum tempo contestada e chega-se a mencionar Maquiavel como “o mais extraordinário amante da liberdade de todos os tempos[1]”.

1.1    O senso comum a respeito do pensamento maquiavélico

Máximas como “Os fins justificam os meios” e "[...] Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons", deram a Maquiavel denominações como “professor do mal”[2] e “o mais inescrupuloso conselheiro de tiranos de todos os tempos”. Tais interpretações levam à crença numa contribuição negativa do pensamento maquiavélico, associada à legitimação dos governos tirânicos, defesa do absolutismo ilimitado, apologia à violência, à maldade e à limitação das liberdades individuais. É importante, entretanto, ressaltar que talvez essas idéias sejam um tanto quanto injustas e estejam alicerçadas em interpretações muito superficiais das obras de Maquiavel. Desta forma, devemos considerar também interpretações que tratam Maquiavel sob facetas distintas.

1.2   As novas interpretações a respeito dos ideais de Maquiavel

Diversos autores identificam uma importante componente de ironia em O Príncipe, conforme sustentado por Jean Jaques Rousseau: “Maquiavel, fingindo dar lições aos reis, deu-as ele, e grandes, aos povos”. Sob essa perspectiva, ao expor as técnicas e estratégias utilizadas pelos tiranos, Maquiavel permite que o povo as identifique e delas se proteja, dando inegável contribuição à causa da liberdade.

No campo político, Maquiavel aprofunda idéias sobre o Estado, inclusive lançando as bases de uma organização assentada sobre valores pátrios, ou seja, um Estado Nacional. De certa forma, a preocupação que Maquiavel tinha por Florença mostra preocupação nacionalista e deixa entrever as possibilidades de um Estado Nacional. As contribuições nas teorias republicanas e democrática encontram-se entre os legados do autor, conforme sustentado por Rousseau que deu ênfase a integridade republicana de Maquiavel. James Harington e John Milton que também acreditam no caráter republicano de O Príncipe, utilizam a obra como subsídio para a justificação do movimento contra a coroa num contexto revolucionário anti-absolutista inglês, movimento esse que irá, um século depois, influenciar o sistema de idéias associado à revolução norte-americana. McCormick ressalta que a democracia de Maquiavel reúne num só modelo os principais pólos de debate atual a respeito do assunto, superando um dos grandes problemas das democracias contemporâneas: a dificuldade do povo soberano manter o controle sobre os seus representantes. “Assim como nas abordagens formal ou minimalista, ele especifica e justifica mecanismos eleitorais para o controle da elite”.

Sob o aspecto jurídico, também vemos contribuição maquiavélica no modelo de direito atual, pela defesa da imprescindibilidade das leis para a manutenção de um Estado sólido. A criação e legitimação do poder político estaria sujeita “à criação de uma tessitura social e constitucional que permitisse o desenvolvimento de energias cívicas”.

Mas talvez a mais significativa contribuição de Maquiavel tenha sido no ramo social, principalmente no tocante à defesa da liberdade. A orientação do pensamento de Maquiavel pelo ideal de liberdade é consenso entre os neo-republicanos e defendida por Busini, que trata Maquiavel como “o mais extraordinário amante da liberdade de todos os tempos”. Também são características maquiavélicas a crítica à corrupção e manipulação do setor religioso, bem como a crítica aos modelos da ciência histórica, que concentrava a atenção em grandes nomes, esquecendo do povo em geral, verdadeiro protagonista da história. Maquiavel também traz à tona temas como a importância individual e social da participação política dos cidadãos.

Vale-se ressaltar, por fim, que tais apontamentos não se encontram de forma explícita nas obras de Maquiavel, mas são o produto de cuidadosas interpretações feitas por diferentes autores em diferentes tempos e lugares. Muito embora deva-se considerar o caráter subjetivo da interpretação, é inegável a contribuição de Maquiavel para o modo de pensar e agir nos dias atuais, e o peso do autor sobre os modelos jurídico-políticos das sociedades atuais.



[1] Apud Baron, 1961, p.217.

[2] Strauss, 1958 p. 9.


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Qual a contribuição de Nicolau Maquiavel para o pensamento político moderno?

Em sua teoria política, Maquiavel destacou a importância de se manter o poder, ou seja, do governante manter-se no governo, para que o Estado e a ordem social sejam preservados.

Qual a contribuição de Nicolau Maquiavel para a filosofia política?

O intelectual Nicolau Maquiavel tratou principalmente sobre política na obra “O príncipe”, descrevendo como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas.

Qual é o principal objetivo da política para Nicolau Maquiavel?

O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e pela manutenção do poder. A primeira leitura que se fez dos escritos de Maquiavel tomou o livro como um manual de conselhos práticos aos governantes.

Porque Nicolau Maquiavel é considerado o Pai da política moderna?

Maquiavel é considerado o fundador da Ciência Política porque subverte a abordagem tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais. Pode-se dizer que a sua política é realista, pois procura a verdade efetiva, ou seja, como o homem age de fato.