Isaac Asimov* Depende do que se entenda por “pensamento”. Poder-se-ia ter em mente a imaginação. Posso imaginar-me estando nesse exato m omento aqui na Terra e um segundo mais tarde imaginar que
estou em Marte ou em Alfa Centauro ou perto de algum distante quasar. Se é isso o que se entende por “pensamento” então pode-se sustentar que o pensamento pode assumir qualquer velocidade, inclusive a infinita. Sim, mas realmente não fui transportado a tais distâncias, não é? Posso imaginar-me estando presente no momento da formação da Terra, mas isso não significa que participei de alguma viagem no tempo. Posso imaginar-me no centro do Sol, m,as isso não quer dizer que eu consiga
realmente sobreviver em tais condições. Para que a questão tenha significado num sentido científico, deve-se definir o “pensamento” de tal forma que ele tenha uma velocidade que possa efetivamente ser medida por métodos físicos. Exemplificando, podemos pensar unicamente devido à existência de impulsos que se propagam de célula nervosa para célula nervosa. Qualquer ação que envolva o sistema nervoso depende desses impulsos. Quando você toca num objeto quente, rapidamente retira a mão, mas isso não pode se dar até que a sensação de calor se transmita de sua mão para o seu sistema nervoso central. e que outro impulso nervoso se transmita do seu sistema nervoso central para seus músculos. O “pensamento” inconsciente envolvido na situação – “sinto algo me queimando, é melhor retirar a mão antes que ela fique gravemente ferida” – não pode exceder o tempo gasto pelo impulso para percorrer a distância necessária de ida e volta. Assim, devemos entender por “velocidade do pensamento” a “velocidade do impulso nervoso” ou nenhuma resposta será possível. Em 1846, o grande fisiologista alemão Johannes Müller, num acesso de pessimismo, afirmou que a velocidade de um impulso nervoso jamais poderia ser medida. Seis anos depois, em 1852, um de seus antigos discípulos, Hermann von Helmholtz, conseguiu medi-la, fazendo uso de um músculo ao qual o nervo ainda estava ligado. Helmholtz estimulava o nervo em diferentes pontos e media o tempo decorrido até que o músculo se contraísse. Ao estimular o nervo num ponto mais distante do músculo, a contração demorava mais para ocorrer. A partir do intervalo da demora, ele calculou o tempo que o impulso nervoso levava para percorrer a distância adicional. A velocidade do impulso nervoso depende da espessura do nervo; quanto mais espesso, mais rápida a propagação. Ele depende também da presença ou ausência de uma camada de material gorduroso isolando o nervo. Um nervo isolado conduz o impulso nervoso mais depressa que um não-isolado. Os nervos dos mamíferos são os mais finos do reino animal e, nos melhores nervos dos mamíferos, a velocidade do impulso nervoso pode chegar a cerca de 100 metros por segundo, ou se preferirem 360 quilômetros por hora. Isso pode parecer demasiado pouco. A velocidade do pensamento não é maior do que a de um avião a hélice de modelo antigo. Mas pense que um impulso nervoso pode ir e voltar de um ponto qualquer a outro do corpo humano em menos que 1/25 de segundo (isso representa o tempo gasto de processamento no sistema nervoso central). A maior extensão de nervo de um mamífero é a que existe na baleia azul de trinta metros de comprimento e , mesmo assim, o impulso nervoso percorre essa distância, ida e volta, em pouco mais que meio segundo, o que é razoavelmente rápido. * Isaac Asimov foi escritor e bioquímico nascido na Russia. Foi um dos maiores autores de Ficção Científica da História e um dos grandes nomes da divulgação científica de todos os tempos. ASIMOV, Isaac. Asimov Explica. Trad. Edna Feldman. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1986. A propagação do impulso nervoso faz-se através do fluxo de iões, positivos e negativos, ao nível da membrana celular do axónio, o qual é facilitado por alterações da permeabilidade da membrana. Células nervosas ampliadas distinguindo-se o corpo celular e as dendrites Após a passagem do impulso nervoso, a membrana celular volta ao seu estado inicial polarizado - repolarização - e o neurónio retoma ao seu estado de repouso - potencial de repouso. O que faz o impulso nervoso ser rápido?Isso se deve a um processo denominado de bomba de sódio e potássio, no qual três íons Na+ são bombeados para fora da célula a cada dois íons K+ que são bombeados para dentro dela.
Qual a velocidade de transmissão do impulso nervoso de uma célula que sofreu o processo de mielinização?A velocidade de um impulso nervoso chega a ser 100 vezes mais rápida em axônios mielinizados, mas para que ocorra o aumento da velocidade de condução a espessura da bainha deve ser proporcional ao diâmetro da fibra em seu interior.
Que fatores interferem a velocidade do impulso nervoso?A velocidade de propagação do impulso nervoso depende da estrutura do axónio. A condução do potencial de ação é progressivamente mais rápida em axónios de maior diâmetro e com bainha de mielina. Os axónios de maior calibre oferecem uma resistência menor ao fluxo do impulso nervoso.
O que define a intensidade de um impulso nervoso?Assim, não existe variação de intensidade de um impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o neurônio obedece à regra do “tudo ou nada”. Dessa forma, a intensidade das sensações vai depender do número de neurônios despolarizados e da frequência de impulsos.
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