Qual foi a justificativa dada pelos europeus para o imperialismo?

Flashcards sobre o Imperialismo (Neocolonialismo). Para ter acesso a vários recursos de aprendizado de história como games, filmes, vídeos, resumos, podcasts e muito mais, visite o blog: http://www.historiadigital.org

O imperialismo europeu no século XIX se constituiu da “partilha” da África e da Ásia entre as nações industrializadas europeias (primeiro a Inglaterra e a França e, posteriormente, a Alemanha, a Bélgica e a Holanda).

A expansão imperialista aconteceu inicialmente no século XIX entre os europeus, mas seu ápice ficou marcado durante as duas guerras mundiais. No século XX, duas nações ascenderam industrialmente: os Estados Unidos e o Japão, que logo em seguida submeteram diversas regiões da África, Ásia e América sob o seu domínio econômico e político.

O principal motivo da corrida imperialista foi a exploração econômica e política a qual os países capitalistas ocidentais desejavam submeter os continentes africano e asiático. A dominação econômica tinha como um dos objetivos a busca de mercados consumidores para seus produtos industrializados. As potências industrializadas necessitavam expandir os mercados consumidores, pois somente os seus mercados não iriam conseguir consumir todas as mercadorias produzidas.

O segundo objetivo da exploração econômica dos países industrializados sobre os africanos e asiáticos foi a exploração de suas matérias-primas para o aumento da produção de mercadorias nas indústrias.

A exploração política da África e da Ásia pelas potências imperialistas foi exercida pela dominação política direta, ou seja, os próprios países imperialistas governavam (enviavam administradores imperialistas) as colônias da Ásia e da África. O poder imperialista também era exercido pela dominação política indireta, na qual as elites nativas governavam a partir do financiamento e controle dos países imperialistas.

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A principal ferramenta para legitimar a dominação e a exploração imperialista sobre a África e a Ásia foi a teoria racial, chamada de darwinismo social, utilizada pelos imperialistas.

O darwinismo social foi uma adaptação da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin para o âmbito social, ou seja, essa teoria propagou o propósito de que, na luta pela vida, somente as nações civilizadas (onde estariam as raças mais fortes e superiores) sobreviveriam.     

Segundo a teoria racial do darwinismo social, somente as potências industrializadas e civilizadas poderiam propagar a civilização. Ou seja, a raça superior branca europeia levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã e ciência) para as colônias.

Sendo assim, dentro da lógica dessa teoria, para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com as potências imperialistas. Todo esse discurso legitimou a exploração política e econômica imperialista nos continentes africanos e asiáticos até a década de 1960, período marcado pela descolonização da África e Ásia e fator responsável pela atual miséria e fome existentes em diversos países africanos.

O Imperialismo é o nome dado para o conjunto de políticas que teve como objetivo promover a expansão territorial, econômica e/ou cultural de um país sobre outros. Esse termo pode ser usado para fazer menção a acontecimentos modernos, mas é comumente utilizado para se referir à política de expansão territorial e econômica promovida pelos países europeus em boa parte do planeta no século XIX.

Esse último uso do termo Imperialismo também pode ser chamado de Neocolonialismo, pois foi um novo processo de colonização – dessa vez da África, Ásia e Oceania. Como o próprio nome já sugere, o Imperialismo foi responsável pela formação de gigantes impérios ultramarinos. O historiador Eric Hobsbawm aponta que durante o ciclo neocolonialista, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.

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Hobsbawm também estipula, em dados estatísticos, quanto de território algumas das potências imperialistas conquistaram|2|:

  • Inglaterra: aumentou seu território em 10 milhões de km2
  • França: aumentou seu território em 9 milhões de km2
  • Alemanha: aumentou seu território em 2,5 milhões de km2
  • Bélgica e Itália: aumentou seu território em cerca de 2 milhões de km2

O Imperialismo mudou totalmente a organização do mapa da Terra. Impérios existentes nos continentes ocupados foram destruídos e suas populações foram colocadas sobre uma cruel exploração de seu trabalho. O funcionamento do sistema imperial baseado na intensa exploração das colônias e suas populações levou muitos a criticarem intensamente esse sistema, entre os quais está George Orwell, escritor e jornalista britânico, ao afirmar que:

“No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição – um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme”|3|.

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Causas do Imperialismo

O Imperialismo é fruto do desenvolvimento do capitalismo, que nasceu com as transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução iniciou-se de maneira pioneira na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e foi responsável por inúmeras mudanças. Consolidou o modo de produção industrial como predominante em detrimento da produção manufatureira.

Junto com a Revolução Industrial surgiram novas máquinas, novos meios de transporte, novos meios de comunicação, novas formas de explorar a produção e utilização de energia etc. A Revolução Industrial também trouxe inúmeras alterações nas relações de trabalho e na forma como o mercado internacional funcionava.

A Revolução Industrial marcou o desenvolvimento das indústrias e foi responsável pelo surgimento de economias globais. A concorrência econômica gerou nas nações industrializadas uma intensa necessidade de obter fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores para adquirir as mercadorias produzidas.

A obtenção de novos mercados consumidores é apontado por Eric Hobsbawm como o grande fator que empurrou as nações industrializadas – não só as europeias – para a ocupação de novos territórios. Segundo ele, naquela época, acreditava-se que a superprodução de mercadorias era algo solucionado por meio da obtenção de novos mercados consumidores|4|. Assim, a ocupação de novos territórios era vista como a solução para garantir o desenvolvimento de suas próprias economias.

Imperialismo na África

Um dos lugares mais afetados pelo Imperialismo foi o continente africano, exatamente o local no qual foi iniciado o surto neocolonialista, na segunda metade do século XIX. O surto imperialista no continente africano deu-se por manifestação de três países, segundo afirma o historiador Valter Roberto Silvério|5|:

  1. O interesse dos belgas sobre o Congo, localizado na África Central;
  2. As expedições portuguesas com o intuito de expandir seus domínios no interior de Moçambique;
  3. A política expansionista francesa sobre a África.

Com a corrida sobre o continente africano, foi organizada em Berlim por Otto von Bismarck, primeiro-ministro alemão, a Conferência de Berlim. Essa conferência, organizada entre 1884 e 1885, tinha como objetivo organizar questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, além de organizar a divisão dos territórios conforme os interesses de cada país, entre pontos.

A ocupação do continente africano – mas não só a dele – foi justificada como missão civilizatória e por meio dela as nações desenvolvidas levariam um modo de vida civilizado para os locais “atrasados” e “selvagens”. As justificativas também eram baseadas em ideais racistas que partiam do pressuposto de que o homem branco era naturalmente “superior”.

Essas justificativas utilizadas pelas nações imperialistas, no entanto, eram utilizadas para encobrir os reais interesses que eram o de promover a exploração econômica dos locais ocupados. Importante mencionar que o processo imperialista na África foi acompanhado de movimentos de resistências que foram organizados pelas populações locais. Caso queira saber mais sobre, sugerimos a leitura deste texto.

Acesse também: Conheça como ocorreu o movimento de resistência aos franceses em Madagáscar

Consequências

O Imperialismo foi muito intenso entre 1884 e 1914, mas até a segunda metade do século XX existiam colônias europeias nos continentes mencionados. Entre as consequências deixadas pelo Imperialismo, destacam-se:

  • Demarcação de fronteiras artificiais que atualmente é motivo de tensão entre diversos países. Além disso, a criação de nações artificiais contribuiu para sua instabilidade política após conquistarem sua independência;
  • Problemas étnicos surgidos por conta da política imperialista nesses locais. Destaca-se o caso de tutsis e hutus, no antigo Congo Belga e atual Ruanda, e que resultou em um massacre em Ruanda, em 1994;
  • Violência da administração colonial dos europeus sobre as populações nativas. Novamente o Congo Belga é um destaque, pois a administração colonial dos belgas foi responsável pela morte de 10 milhões de pessoas;
  • Exploração intensa que legou a África uma pobreza severa etc.

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
|2| Idem nota 1.
|3| ORWELL, George. O caminho para Wigan Pier. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
|4| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 108.
|5| SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.

*Créditos da imagem: Everett Historical e Shutterstock

Qual foi a justificativa dos europeus para o Imperialismo?

O principal motivo da corrida imperialista foi a exploração econômica e política a qual os países capitalistas ocidentais desejavam submeter os continentes africano e asiático. A dominação econômica tinha como um dos objetivos a busca de mercados consumidores para seus produtos industrializados.

Qual foi o principal motivo do Imperialismo europeu?

Causas do Imperialismo O Imperialismo é fruto do desenvolvimento do capitalismo, que nasceu com as transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução iniciou-se de maneira pioneira na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e foi responsável por inúmeras mudanças.

Quais foram as justificativas usadas para o Imperialismo?

O Imperialismo buscou se justificar por meio das teorias do Darwinismo Social, apontando como o "fardo do homem branco" a tarefa de "civilizar os povos bárbaros" (em geral, povos da África e da Ásia), de modo que viam a ocupação dos territórios destas populações não como uma violação aos seus direitos básicos, mas sim ...