Qual o principal objetivo da agricultura moderna?

FERNANDA DE JESUS SILVA; GABRYELLA FERREIRA SABINO; KARINA OLIVEIRA DOS SANTOS; OTÁVIO COELHO DE LIMA; RONALDO COELHO PIAU JÚNIOR. A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA PARA A AGRICULTURA MODERNA. Scientia Generalis, [S. l.], v. 2, n. Supl.1, p. 143–143, 2022. Disponível em: https://scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/361. Acesso em: 3 jan. 2023.

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v. 2 n. Supl.1 (2021): Anais do IV Fórum de Iniciação Científica

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Anais do V Fórum de Iniciação Científica

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Copyright (c) 2022 Fernanda de Jesus Silva, Gabryella Ferreira Sabino, Karina Oliveira dos Santos, Otávio Coelho de Lima, Ronaldo Coelho Piau Júnior

Qual o principal objetivo da agricultura moderna?

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Na controv�rsia reinante atualmente em torno da biotecnologia, como vem sendo aplicada � agricultura, existe muita desinforma��o resultando em preocupa��o desnecess�ria em algumas �reas e uma muito mais s�ria falta de preocupa��o em outras.

� preciso olhar o quadro completo para poder entender porque e como a produ��o agr�cola � cada vez mais dominada por corpora��es gigantes. Nos dias de hoje, o quase total controle da biotecnologia pelas grandes empresas � apenas a culmina��o de um processo que vem crescendo nos �ltimos 75 anos. Vamos analisar o panorama da agricultura segundo a perspectiva atual.

A agricultura foi inventada entre 10 e 15 mil anos atr�s, e nos �ltimos 2 ou� 3 mil anos evoluiu para belas e sustent�veis culturas camponesas, localmente adaptadas e sustent�veis, em muitas regi�es do mundo, especialmente na Europa, �sia, M�xico, Am�rica Central, Andes, e em algumas regi�es na �frica.

Desde o in�cio da coloniza��o, os agricultores norte-americanos, apesar de muitos desastres, tais como as tempestades de poeira, tamb�m desenvolveram belos sistemas agr�colas, que estavam se tornando sustent�veis. Muitas dessas culturas ainda estavam intactas at� o final da Segunda Guerra Mundial. As poucas remanescentes est�o agora sendo desestruturadas.

A ind�stria tem conseguido sucessivamente se apropriar de uma parte crescente das atividades dos agricultores, tomando deles tudo o que permite a ela a obten��o de lucros seguros e deixando-lhes os riscos - o risco de m�� colheita devido a mau tempo e o risco de perder dinheiro devido � crescente depend�ncia de insumos agr�colas que devem ser adquiridos a pre�os crescentes e tendo que vender seu produto a pre�os cada vez mais baixos.

O argumento convencional em favor dos m�todos da agricultura moderna � que eles constituem a �nica maneira eficiente de resolver o problema da fome mundial e da alimenta��o das massas que ainda est�o por vir com a explos�o populacional. Mas isto � uma ilus�o.

� certo que os m�todos agr�colas tradicionais poderiam ser aperfei�oados com o conhecimento cient�fico atual de como as plantas crescem, da estrutura do solo, da qu�mica e vida do mesmo, bem como do metabolismo das plantas e assim por diante. Mas o aperfei�oamento n�o precisa ser direcionado para monoculturas gigantescas, altamente mecanizadas e com toda a parafern�lia dos fertilizantes comerciais e venenos sint�ticos, com a produ��o agr�cola sendo transportada pelo mundo todo. A grande monocultura foi uma inven��o do colonialismo.

Os poderes coloniais n�o podiam extrair muito do campesinato tradicional com suas safras altamente diversificadas, para a subsist�ncia e direcionadas para os mercados regionais e locais.

Eles queriam grandes quantidades de algod�o, a��car, caf�, ch�, cacau e outros. Isto conduziu � marginaliza��o de milh�es de pessoas e tamb�m esteve na raiz do tr�fico de escravos da �frica para as Am�ricas, uma das maiores calamidades da hist�ria humana.

Mas, o problema fundamental com a agricultura moderna � que ela n�o � sustent�vel. Mesmo se fosse t�o produtiva quanto � afirmado, o desastre seria apenas postergado e seria ent�o muito pior. Se quisermos alimentar as massas crescentes - � claro que deveremos encontrar tamb�m maneiras de controlar nossos n�meros - teremos de desenvolver m�todos de produ��o agr�cola sustent�vel.

Com muitas poucas exce��es os camponeses tradicionais desenvolveram m�todos sustent�veis. Os agricultores chineses, por exemplo, por tr�s mil anos obtiveram alta produtividade dos seus solos sem comprometer a fertilidade. Ao contr�rio, eles desenvolveram e mantiveram uma fertilidade m�xima do solo.

Os agricultores regenerativos modernos est�o aprendendo a se tornar cada vez mais sustent�veis, com colheitas �timas e m�todos localmente adaptados, enquanto recuperam e mant�m a biodiversidade nos seus cultivares e na paisagem circundante. Vamos cham�-los agricultores regenerativos, e n�o biol�gicos, org�nicos ou alternativos. Quando se trata de vida, seja bom ou mau, tudo � biol�gico, � org�nico, mesmo grandes massacres. Alternativo apenas significa diferente, poderia ser pior. Mas regenerativo significa regenera��o do que tem sido perdido ou destru�do.

A agricultura moderna tem se desligado da l�gica dos sistemas vivos naturais. Todos os ecossistemas naturais possuem retroa��o interna autom�tica que, desde o come�o, tal como quando um novo peda�o de terra est�ril, digamos, a encosta de um vulc�o, � conquistado, faz as condi��es ambientais melhorarem, em sucess�o, at� que um cl�max de atividade biol�gica m�xima e sustent�vel seja atingido. Nossos ecossistemas de agricultura moderna fazem exatamente o oposto, ao impor retroa��es negativas (agress�o qu�mica e mec�nica ao solo) que gradualmente degradam o meio ambiente e empobrecem a biodiversidade.

Infelizmente, a agricultura moderna obt�m sucesso exaurindo o solo e substituindo a fertilidade perdida por nutrientes que v�m de fora. Fertilizantes comerciais, tais como fosfatos prov�m de minas que estar�o brevemente esgotadas, as minas de pot�ssio s�o mais abundantes, mas nitrog�nio, o mais importante elemento na produtividade da agricultura moderna, embora venha da atmosfera, uma fonte virtualmente inesgot�vel e para l� acaba voltando, � obtido pela s�ntese de amon�aco Haber-Bosch, um processo que consome enormes quantidades de energia, principalmente energia de combust�veis f�sseis. Mesmo quando � energia proveniente de hidroel�tricas, trata-se de eletricidade que poderia estar economizando combust�veis f�sseis em outro lugar. Todos os outros insumos, tais como os agrot�xicos e a cada vez mais pesada maquinaria, s�o tamb�m grandes consumidores de energia.

Mas a agricultura, se a olharmos de uma perspectiva hol�stica, ecol�gica, � um esquema para colher energia solar via fotoss�ntese. Enquanto todas as formas de agricultura tradicional t�m um balan�o de energia positivo, a agricultura moderna perverte at� mesmo este aspecto fundamental. Em sua maior parte, tem balan�o de energia negativo.

Quase todas as suas opera��es supostamente de alta produtividade requerem mais energia f�ssil nos insumos do que est� contido em seu produto. Para usar uma met�fora adequada, isto tem se tornado como um po�o de petr�leo onde o motor que aciona a bomba consome mais combust�vel do que ela pode extrair. Este tipo de opera��o s� pode sobreviver com subs�dios...

Sustentam que a agricultura moderna � t�o eficiente que apenas em torno de 2% da popula��o pode alimentar o total da popula��o. At� a virada do s�culo, na Europa, nos Estados Unidos e na maioria dos pa�ses, quase 60% da popula��o trabalhava no campo. No final da �ltima Guerra Mundial ainda era quase 40%. Atualmente, nos Estados Unidos, menos de 2% da popula��o trabalha na agricultura. Na maioria dos pa�ses europeus o n�mero est� se aproximando aos 2%, visto que ainda continua a marginaliza��o de agricultores. Agora, quando se afirma que nas economias modernas somente 2% das pessoas podem alimentar a popula��o total, em compara��o a 60 ou 40% no passado, isto �, ou uma ilus�o para os que acreditam ou uma mentira para os que sabem, baseada numa falsa compara��o.

No contexto da economia, como um todo, o antigo campesinato era um sistema de produ��o, manipula��o e distribui��o de alimento que tamb�m produzia seus pr�prios insumos. A fertilidade do solo era mantida com esterco, rota��o de� cultivos, plantas companheiras, aduba��o verde, composto, cobertura morta e descanso da terra; as sementes eram selecionadas do melhor de cada safra; animais de carga e tra��o supriam a energia; os moinhos usavam vento ou �gua como fonte de energia. Tudo era energia solar. A pouca manipula��o ou beneficiamento que os alimentos sofriam era feita na propriedade ou na aldeia, cujos artes�os tamb�m contavam como popula��o rural. O mesmo se aplicava aos utens�lios, arados, enxadas, carretas, etc... A maior parte da produ��o agr�cola era entregue nas m�os do consumidor na feira semanal. Em nossa l�ngua sobra uma linda rel�quia daqueles tempos: segunda, ter�a, quarta-feira.

Mas o agricultor moderno � apenas uma pequena engrenagem em uma enorme infraestrutura tecnoburocr�tica que requer at� mesmo legisla��o especial e pesados subs�dios. Comparado com seus antecessores que faziam quase tudo que estava relacionado com a produ��o, processamento e distribui��o de alimentos, ele n�o � muito mais do que um tratorista e um espalhador de veneno.

Depois da �ltima Guerra Mundial, quando a Alemanha estava totalmente devastada, � verdade que o Plano Marshall ajudou, mas, mais importante � que os habitantes das cidades podiam ir ao campo e fazer "hamstern", isto �, trocar qualquer coisa de valor, um rel�gio, um anel, por alimento. Os camponeses tinham comida, tinham cereais, feij�o, batata, verduras, frutas, leite, queijo, frango, ganso, e muito mais.

N�o seria necess�ria uma guerra hoje para colocar os agricultores europeus em uma posi��o em que eles pr�prios teriam de fazer "hamstern", mas onde?!

Nenhuma bomba precisa cair. Um simples colapso na energia, no transporte, especialmente na importa��o de fertilizantes minerais e ra��o para gado, no sistema banc�rio e mesmo nas redes de computadores e comunica��es, seria suficiente. Espantoso, que os militares n�o pare�am estar preocupados. Fundamentalmente, a seguran�a nacional depende de uma agricultura sadia e sustent�vel.

O sistema atual de produ��o e distribui��o de alimentos (incluindo fibras e alguns outros itens n�o comest�veis) come�a nos campos de petr�leo e todos os tipos de minas para metais e outras mat�rias-primas, passa pelas refinarias, siderurgias e plantas de alum�nio, etc., a ind�stria qu�mica, a ind�stria de maquinaria, o sistema banc�rio, o envolvente sistema de transporte (consumindo principalmente combust�veis f�sseis), computadores, supermercados, ind�stria de embalagens e um totalmente novo complexo de ind�strias que quase n�o existiam no passado - a ind�stria de manipula��o de alimentos que mais mereceria ser chamada de ind�stria de desnatura��o e contamina��o de alimentos (com aditivos e res�duos de agrot�xicos).

Se quisermos comparar o agricultor de hoje com o tradicional, ent�o todas as horas de trabalho nas ind�strias acima mencionadas e algumas outras, assim como alguns servi�os, tal como as empresas de "fast food" que, em ingl�s, bem merecem o qualificativo de "junk food" (comida entulho), e distribui��o de alimentos, at� onde elas direta ou indiretamente contribuem para a produ��o, manipula��o e distribui��o de alimentos, precisam ser adicionados.

Isto tudo deveria at� mesmo incluir as horas de trabalho que correspondem ao dinheiro que, em outras profiss�es, precisa ser ganho para pagar os impostos que financiam os subs�dios. � significativo que a maior parte dos subs�dios vai, n�o para o agricultor, mas para o complexo industrial. O agricultor � sempre mantido � beira da fal�ncia.

Um balan�o completo deste tipo certamente mostraria que, atualmente, numa economia moderna, tamb�m em torno de quarenta ou mais por cento de todas as horas de trabalho v�o para a produ��o, manipula��o e distribui��o da comida. Mas os economistas convencionais de hoje, aqueles que nossos governantes escutam, em sua vis�o n�o hol�stica, colocam as f�bricas de tratores e� colheitadeiras com a ind�stria de maquin�ria, as f�bricas de fertilizantes qu�micos e agrot�xicos com a ind�stria qu�mica e assim por diante, como se n�o tivessem nada a ver com alimentos. O que temos, ent�o, com umas poucas exce��es, � redistribui��o de tarefas e certas formas de concentra��o de poder nas grandes corpora��es, e n�o mais efici�ncia na agricultura.

Vamos olhar com mais detalhe para alguns dos aspectos decisivos: quase sempre o moderno sistema de produ��o e distribui��o de alimentos, al�m de n�o ser mais produtivo em termos de efici�ncia de m�o de obra, tampouco � mais eficaz em termos de produtividade por hectare. Em muitos casos, tais como na cria��o intensiva de animais, ele � mesmo destrutivo, consumindo mais alimento do que produz.

No sul do Brasil, durante a �ltima metade do s�culo XX a grande floresta subtropical do Vale do Uruguai foi derrubada e queimada com a quase total destrui��o da madeira, para abrir espa�o para a monocultura de soja. Isto n�o foi feito para aliviar o problema da fome nas regi�es pobres do Brasil, mas para enriquecer uma minoria (pessoas sem tradi��o agr�cola) com a exporta��o para o Mercado Comum Europeu para alimentar gado. As planta��es de soja est�o entre as mais modernas - grandes, altamente mecanizadas e com os habituais insumos qu�micos. Essas planta��es n�o s�o, de maneira alguma, atrasadas quando comparadas ao mesmo tipo de planta��o nos USA. No nosso clima subtropical o agricultor tem a vantagem suplementar de poder plantar trigo, cevada, centeio ou aveia, mas tamb�m de fazer feno e silagem no inverno sobre o mesmo solo, mas poucas vezes o faz.

Comparado ao que os nossos colonos faziam em solos similares, a produtividade � baixa, raramente mais do que tr�s toneladas de gr�os (total, ver�o e inverno) por hectare. O campon�s, que produzia para alimentar a popula��o local, facilmente produzia 15 toneladas de comida por hectare, diversificando com mandioca, batata-doce, batata inglesa, cana-de-a��car e gr�os, mais verduras, uva e todos os tipos de frutas, feno e silagem para o gado, al�m de porcos e galinhas.

Mas ele n�o produzia PIB (produto interno bruto). O PIB s� reflete fluxo de dinheiro, n�o leva em conta auto-sufici�ncia e mercado local. A conta do PIB interessa o banqueiro, o governo, as grandes corpora��es transnacionais, nada t�m a ver com o bem estar das pessoas, da popula��o. Quando estat�sticas das Na��es Unidas declaram que quase a metade da popula��o mundial vive com menos de dois d�lares por dia, isso leva a falsas conclus�es. Ningu�m viveria com dois d�lares por dia se tivesse que comprar sua comida, roupa, utens�lios no supermercado ou Shopping Center. No per�odo �ureo de nossa colonia no Rio Grande do Sul, anos trinta, o colono podia n�o ter um tost�o no bolso, mas sempre tinha mesa farta, vivia muito bem.

N�o obstante esta realidade, a pol�tica agr�cola oficial tem sempre apoiado os grandes �s custas dos camponeses. Centenas de milhares deles tiveram que desistir e partir para as cidades, freq�entemente para as favelas, ou mais para o norte em dire��o � floresta Amaz�nica. Uma devasta��o tremenda foi feita com dinheiro do Banco Mundial no estado de Rond�nia, e os pequenos agricultores que l� foram assentados, n�o sabendo como cultivar nos tr�picos e sem apoio, em geral fracassam, deixando para tr�s devasta��o, enquanto novas �reas da floresta s�o desmatadas.

No Brasil central, o cerrado, o equivalente sul americano da savana africana, est� hoje sendo quase totalmente destru�do para dar lugar a mais planta��es de soja, uma das quais cobrindo centenas de milhares de hectares cont�guos. Na sua biodiversidade o cerrado � t�o valioso quanto a floresta tropical, e eventualmente, at� mais.

Num exemplo concreto tamb�m se argumenta que os �ndios camponeses em Chiapas, M�xico, que est�o agora lutando pela sua sobreviv�ncia, rebelando-se contra o NAFTA (o Mercado Comum Norte Americano), s�o atrasados, eles produzem somente duas toneladas de milho por hectare comparado com seis nas planta��es mexicanas modernas. Mas isso � somente parte do quadro, as planta��es modernas produzem seis toneladas por hectare e � s�. Mas os �ndios produzem uma colheita mista, entre seus p�s de milho, que tamb�m servem para suporte de variedades de feij�o que s�o trepadeiras, eles plantam legumes, ab�bora, morangas,batata doce, batata inglesa,tomate e todo tipo de vegetais, frutas e ervas medicinais. A partir do mesmo hectare eles tamb�m alimentam seu gado e galinhas. Eles facilmente produzem quinze� toneladas de alimento por hectare e tudo sem fertilizantes comerciais ou pesticidas e sem assist�ncia dos bancos, governos ou corpora��es transnacionais. A marginaliza��o de tais pessoas � a continua��o de um dos maiores desastres dos tempos modernos. Ao chegar nas favelas das cidades ter�o de comprar comida cultivada em monoculturas que s�o menos produtivas do que eram eles. Em �ltima an�lise existe ent�o menos comida e mais pessoas para alimentar. Existe excesso em alguns lugares e falta noutros. Freq�entemente sua terra � ent�o tomada por criadores de gado que raramente produzem mais do que 50 quilos de carne/hectare/ano. Centenas de hist�rias similares poderiam ser contadas. No caso de Chiapas, cada vale tinha sua l�ngua e cultura diferentes. Acima de todas as calamidades pessoais, quando a terra perde seus camponeses, temos genoc�dio cultural!

No caso da cria��o em massa de animais para carne e ovos, os m�todos s�o absolutamente destrutivos, muito mais alimento para humanos � destru�do do que produzido. As galinhas em seus tristes campos de concentra��o ou f�bricas de ovos, eufemisticamente chamadas de "granjas" s�o alimentadas com ra��es "cientificamente equilibradas", consistindo de gr�os de cereais, soja, torta de �leo de palma ou de mandioca, muitas vezes com farinha de peixe. Conhecemos casos no Brasil onde sua ra��o cont�m leite em p�, proveniente do Mercado Comum Europeu... Isto as coloca ent�o numa posi��o de competi��o com os humanos, n�s as alimentamos com nossas lavouras. Um absurdo total se o prop�sito � contribuir para resolver o problema da fome mundial.

Na agricultura tradicional as galinhas comiam insetos, minhocas, esterco, ervas, capim e restos de cozinha e de colheita, desta maneira aumentando a capacidade de sustento das terras dos agricultores para humanos. Agora elas a diminuem.

Nestes esquemas, a raz�o de transforma��o da ra��o em alimento humano � pr�xima de vinte para um. Precisa-se levar em considera��o que metade do peso dos animais vivos - penas, ossos, intestinos - n�o � consumida por n�s e tamb�m � preciso considerar que as ra��es desidratadas e concentradas com um alto consumo de energia at� o m�ximo de 12% de �gua, enquanto a carne cont�m at� 80%. Nos galp�es de engorde, as opera��es mais eficientes usam em torno de 2,2Kg de ra��o para obter 1Kg de peso vivo, metade da qual � alimento humano. Ent�o 2,2 para 1 se torna 4,4 para 1. Corrigindo o conte�do de �gua: 4,4 vezes 0,88 e 1 vez 0,2 obt�m-se 3,87 para 0,2, igual a 19,36 para 1.

Quando se trata de gado bovino confinado, como nos "feed lots" de Chicago, a rela��o � umas cinco vezes pior.

Mais recentemente, algumas de nossas granjas "aperfei�oaram" um pouco esta raz�o incluindo na ra��o rejeitos de galinhas abatidas antes, desta maneira for�ando-as ao canibalismo!.

Outro aspecto absurdo disto tudo: as ra��es �cientificamente equilibradas� n�o cont�m nada verde, o mesmo acontece com os porcos. Mas galinhas e porcos s�o vorazes consumidores de ervas,� gram�neas, frutos, nozes e ra�zes.

Em nossos experimentos com agricultura sustent�vel na Funda��o Gaia tamb�m os alimentamos com plantas aqu�ticas, com grande sucesso � animais saud�veis, sem antibi�ticos, sem drogas, sem veterin�rios.

Al�m disso, nos campos de concentra��o de galinhas e f�bricas de ovos, assim como nos modernos calabou�os de porcos, as pobres criaturas vivem sob condi��es de extremo estresse.

� tempo de acabar com a mentira de que apenas a agricultura promovida pela tecnocracia pode salvar a humanidade da inani��o. O oposto � verdadeiro.

� preciso uma nova forma de balan�o econ�mico que, a medida que soma o que �� chamado "produtividade" ou "progresso" na agricultura, tamb�m deduza todos os custos: as calamidades humanas, a devasta��o ambiental, a perda da diversidade biol�gica na paisagem circundante e a ainda mais tremenda perda de biodiversidade em nossos cultivares.

Este segundo aspecto ser� agora enormemente agravado com a biotecnologia dominada pelas grandes empresas, como veremos mais adiante. E, mais importante e decisivo, a n�o sustentabilidade disto tudo. Temos o direito de agir como se fossemos a �ltima gera��o?

No caso de opera��es industriais envolvendo galinhas � f�cil ver como tais m�todos destrutivos se desenvolveram. Estou falando do que observo no sul do Brasil - o Brasil � um grande exportador de carne de galinha, principalmente para o Oriente M�dio e Jap�o.

A partir de esquemas muito simples, onde pequenos empres�rios individuais confinavam galinhas num galp�o e as alimentavam com milho, o sistema coalesceu e cresceu at� um ponto onde, atualmente, existem em torno de meia d�zia de companhias muito grandes e umas poucas pequenas.

Os grandes abatedouros abatem e processam at� centenas de milhares de galinhas por dia. Eles operam de acordo com regras impostas por eles, chamadas por eles "integra��o vertical". O "produtor" assina um contrato onde aceita comprar todos os seus insumos, pintinhos, ra��o e drogas da companhia. Mesmo que ele seja um agricultor e tenha uma grande produ��o de gr�os, ele est� proibido de us�-la para alimentar suas galinhas.

Ele � obrigado a comprar a ra��o pronta, mas pode vender o seu milho para a� f�brica de ra��o que pertence � mesma companhia propriet�ria do abatedouro e da incubadeira que produz os pintos. Estes operam um tipo diferente de campo de concentra��o de galinhas onde os prisioneiros s�o galos e poedeiras, um galo para cada dez galinhas. As galinhas n�o est�o em pequenas gaiolas como nas f�bricas de ovos, elas podem se mover livremente dentro do galp�o e pular para dentro de amplos ninhos para p�r os ovos. Nas opera��es de esteiras rolantes das f�bricas de ovos, chamadas baterias, as pobres poedeiras est�o confinadas, tr�s em cada gaiola, sobre uma grade de arame e os ovos rolam para fora. Os pintos produzidos nestas incubadeiras n�o s�o mais de ra�as tradicionais de galinhas, eles s�o de marcas registradas e s�o h�bridos. Assim como o milho h�brido, n�o pode ser reproduzido com manuten��o de caracter�sticas raciais.

Ap�s comprar todos os seus insumos da companhia com a qual assinou contrato, ele poder� vender somente para a mesma. O produtor n�o � autorizado a vender a empresas concorrentes, estas n�o comprariam. Assim, ele pode ter a ilus�o de ser um pequeno empres�rio aut�nomo, mas sua situa��o real � a de um oper�rio com horas de trabalho ilimitadas, sem fins-de-semana, feriados nem f�rias e ainda tem que pagar sua pr�pria previd�ncia social. Se a grande companhia trabalhasse com empregados de carteira assinada, ela n�o poderia faz�-lo, seria muito caro e muito arriscado. Desta maneira deixam todos os riscos com o produtor: perda por doen�as ou custos adicionais com drogas e antibi�ticos, choque de calor, um desastre comum durante os dias quentes de ver�o, quando centenas ou milhares de galinhas morrem nos abarrotados e mal ventilados galp�es, e perdas durante o transporte. As galinhas que morrem nos caminh�es da companhia no trajeto ao abatedouro s�o tamb�m descontadas.

Os seus lucros tamb�m diminuem constantemente com o crescente pre�o dos insumos e a queda do faturamento com as vendas. A margem do produtor � t�o apertada que, mesmo se tudo for bem, mas se for preciso alimentar os animais mais alguns dias, o lucro pode evaporar ou mesmo se transformar em perda. Esta � uma ocorr�ncia comum. O abatedouro agenda suas viagens de coletas de galinhas prontas de acordo com sua pr�pria conveni�ncia. Mas se a companhia obt�m lucros excepcionais no mercado de exporta��o, nada vai para o produtor...?

Portanto, os campos de concentra��o de galinhas n�o t�m nada a ver com maior produtividade para ajudar a salvar a Humanidade da inani��o -de fato, eles contribuem ao problema - mas eles concentram capital e poder pela cria��o de depend�ncia. Estes m�todos n�o foram inventados pelos agricultores. � impens�veis que um �agricultor em uma cultura camponesa sadia tivesse a id�ia de alimentar massissamente suas galinhas com gr�os, a menos que fossem gr�os estragados, e isol�-las de sua fonte natural de alimentos, desta maneira desperdi�ando parte da capacidade de sustenta��o do solo para humanos, destruindo ao mesmo tempo parte de sua colheita.

Estes m�todos tamb�m n�o s�o resultado concatenado de uma conspira��o pela tecnocracia. Tais esquemas crescem naturalmente a partir de uma "semente" inicial que pode ter tido uma inten��o completamente diferente. Neste caso, como foi na agroqu�mica tamb�m, era o esfor�o de guerra. A conspira��o cresceu depois ao longo do tempo. Durante a �ltima Guerra Mundial, o governo americano iniciou o sistema de subs�dios para a produ��o de gr�os, o qual conduziu a enormes excedentes. Assim, as autoridades da agricultura procuraram "consumo n�o humano" para os gr�os.

�Integra��o vertical" � somente um est�gio moment�neo no processo de concentra��o de poder. Em breve eles encontrar�o maneiras de banir - por meio de legisla��o especial - a cria��o de galinhas soltas (caipiras) por agricultores independentes. J� foi tentado, sem sucesso, mas, por dispositivos legais especiais, conseguiu-se tornar muito dif�cil para pequenos agricultores a venda de ovos no mercado aberto.

No caso do milho h�brido, tamb�m n�o existia conspira��o no in�cio, ela veio mais tarde. Geneticistas descobriram que pelo cruzamento de duas variedades superpuras de milho - variedades obtidas ap�s oito a dez gera��es de autofecunda��o - se obt�m plantas de alta produtividade e uniformidade perfeita. Deve ter sido uma decep��o quando descobriram que as variedades n�o eram est�veis. Ap�s ressemeadura, as variedades desagregam de acordo com as leis de Mendel. A nova colheita era ca�tica - p�s de milho pequenos e grandes, uma espiga, muitas espigas, cores, formas e qualidades de gr�os diferentes. Mas, do ponto de vista do vendedor de sementes, era uma verdadeira vantagem! O agricultor n�o mais poderia guardar sua pr�pria semente, tinha que comprar sementes novas a cada ano. O vendedor n�o precisava sequer da prote��o de uma patente.

Felizmente na maioria dos cultivos, especialmente gr�os como trigo, cevada, centeio e aveia, este tipo de hibridiza��o ainda n�o � economicamente vi�vel para os geneticistas. Eles est�o tentando com todas as culturas que podem. Funciona com galinhas. No sul do Brasil foi necess�rio fundar uma associa��o com o objetivo de preservar as ra�as tradicionais de galinhas. A maioria est� agora em perigo de extin��o. Algumas j� se foram. Somente as cepas registradas de galinhas h�bridas n�o est�o amea�adas (enquanto durar a loucura dos campos de concentra��o de galinhas e f�bricas de ovos). Quanto ao milho, quase todas as variedades tradicionais� se foram.

Se um agricultor quer plantar uma delas n�o ganha o cr�dito do banco. Apenas as variedades "registradas" s�o aceitas.

Atualmente, a manipula��o gen�tica direta, chamada biotecnologia, que opera ao n�vel de cromossomo, permite que o especialista assuma o controle, tirando o do agricultor. Mas, como a maioria dos produtos-resultado da manipula��o gen�tica direta n�o desagregam na reprodu��o, como no caso dos h�bridos naturais, � preciso patente. Retornaremos a este assunto.

Vejamos como nasceu a agroqu�mica At� final dos anos quarenta a pesquisa em agricultura visava solu��es biol�gicas. A perspectiva era ecol�gica, embora mal se falasse em ecologia. Se esta tend�ncia tivesse podido continuar, ter�amos hoje muitas formas de agricultura sustent�vel, localmente adaptadas e altamente produtivas.

Come�ando nos anos cinq�enta a ind�stria conseguiu fixar um novo paradigma - nas escolas, na extens�o e pesquisa agr�colas. Vamos cham�-lo paradigma NPK+V. NPK corresponde a Nitrog�nio, F�sforo, Pot�ssio, o V significa veneno.

Os fertilizantes comerciais se tornaram um grande neg�cio depois da primeira guerra mundial. Logo no come�o da guerra, o bloqueio Aliado cortou o acesso dos alem�es ao salitre chileno, essencial para a produ��o de explosivos. O processo Haber Bosch para fixa��o de nitrog�nio a partir do ar, mencionado acima, era conhecido mas ainda n�o tinha sido explorado comercialmente. Os alem�es montaram ent�o uma enorme capacidade de produ��o e conseguiram lutar por quatro anos. O que seria o mundo se este processo n�o tivesse sido conhecido? A primeira guerra mundial n�o teria realmente se desencadeado, n�o teria acontecido o Tratado de Versalhes, e portanto n�o teria havido Hitler...! Como uma tecnologia pode mudar o curso da hist�ria!

Quando a guerra acabou, havia enormes estoques e capacidade de produ��o mas n�o havia mais grande mercado para explosivos. A ind�stria ent�o decidiu empurrar fertilizantes nitrogenados para a agricultura. At� ent�o os agricultores estavam bastante satisfeitos com seus m�todos org�nicos de manuten��o e aumento da fertilidade do solo. O guano e o salitre chileno eram usados de maneira muito limitada, principalmente em cultivos muito especiais, especialmente em jardinagem intensiva. Os fertilizantes nitrogenados na forma de sais quase puros e concentrados, fertilizantes � base de nitrato e am�nia, de certa forma viciam, quanto mais se usa mais se precisa usar. Logo se tornaram uns grandes neg�cios. Ent�o a ind�stria desenvolveu um espectro completo, incluindo f�sforo, pot�ssio, c�lcio, micro-elementos, mesmo sob a forma de sais complexos, aplicados na forma granulada, algumas vezes de avi�o.

A Segunda Guerra Mundial deu um grande empurr�o para uma pequena e quase insignificante ind�stria de pesticidas e realmente a projetou para a produ��o em grande escala. Hoje o equivalente a centenas de bilh�es de d�lares em venenos s�o espalhados sobre todo o planeta.

Durante a Primeira Guerra Mundial g�s venenoso foi usado apenas uma vez, com efeitos devastadores para ambos os lados, e por isso nunca mais foram empregados. Durante a Segunda Guerra Mundial os gases t�xicos n�o foram aplicados em batalha, mas muitas pesquisas foram desenvolvidas. Bayer, entre outros, estava neste jogo. Ela desenvolveu os �steres do �cido fosf�rico. Depois da guerra eles tiveram uma grande capacidade de produ��o e estoques e conclu�ram que o que mata gente tamb�m mata os insetos. Fizeram novas f�rmulas e as comercializaram como inseticida.

O DDT era conhecido como uma curiosidade de laborat�rio. Quando M�ller, na Geigy, descobriu que matava insetos sem, aparentemente, afetar as pessoas, alertou as for�as armadas americanas que estavam sofrendo com a mal�ria no Pac�fico, enquanto lutavam com os japoneses. Usaram-no de forma totalmente descuidada, convencidos de que era inofensivo, espalhando-o sobre paisagens inteiras e at� dentro de casas e sob a vestimenta das pessoas.

Pouco antes do fim da Guerra no Pac�fico um cargueiro americano estava a caminho de Manila com uma carga de potentes fitocidas (biocidas que matam plantas) do grupo 2,4-D e 2,4,5-T. A inten��o era matar de fome os japoneses destruindo suas colheitas atrav�s da pulveriza��o do veneno desde o ar. Tarde demais. O barco teve ordem de voltar antes de chegar. Outro grupo de americanos acabara de jogar as bombas at�micas sobre Hiroshima e Nagasaki, uma terr�vel hist�ria que todos n�s conhecemos, e os japoneses assinaram o armist�cio. Mesma hist�ria: grande capacidade de produ��o, enormes estoques sem compradores. A subst�ncia foi reformulada como "herbicida" e descarregada nos agricultores. Depois, durante a guerra do Vietnam, as For�as Armadas Americanas impiedosamente espalharam o que eles chamaram de "Agente Laranja" sobre milh�es de hectares de floresta tropical, pretendendo fosse somente um desfoliante para tornar vis�veis as for�as inimigas. De fato, estas formula��es continham grandes concentra��es de 2,4,5-T que destru�am totalmente as florestas.

A ind�stria, querendo preservar em tempo de paz o que tinha sido um grande neg�cio em tempo de guerra, conseguiu dominar quase completamente a pesquisa agr�cola para redirecion�-la para seus pr�prios objetivos. Conseguiu cooptar a pesquisa e extens�o agr�cola oficial, assim como escolas e, fazendo "lobby" a favor de legisla��o ou regulamenta��o adequadas e criando esquemas banc�rios de cr�dito (aparentemente) f�cil, colocaram o agricultor numa posi��o na qual dificilmente sobravam outras alternativas. Atualmente, o paradigma agroqu�mico � aceito quase sem questionamentos nas escolas agr�colas, na pesquisa e extens�o. A maioria dos agricultores acredita nele e, freq�entemente, quando marginalizada, se culpa a si mesma por sua incapacidade para competir.

Tudo isso veio a existir n�o como uma conspira��o deliberada por pessoas de mentes diab�licas, desenvolveu-se e estruturou-se de oportunismo em oportunismo. A medida que uma nova t�cnica, processo ou regulamenta��o dava vantagem � algu�m ou � alguma institui��o, a respectiva tecnologia era promovida e ideologicamente consolidada. Alternativas que n�o encaixavam com as crescentes estruturas de poder eram combatidas, ignoradas ou desmoralizadas.

Agora sim, no caso da biotecnologia na agricultura, controlada por grandes corpora��es transnacionais, parece que temos uma verdadeira conspira��o e que os danos ser�o muito mais irrevers�veis do que os sofridos at� agora. O principal problema aqui n�o � tanto se nossos alimentos se tornar�o de qualidade inferior e at� nocivos - apesar de que isso possa vir a ocorrer - mas, novamente, trata-se de adicionar ainda mais estruturas de depend�ncia, de domina��o, sobre os agricultores que ainda restam e uma limita��o de escolhas para o consumidor.

A fant�stica diversidade de cultivares que t�nhamos e ainda temos hoje, depois das tremendas perdas causadas pela "Revolu��o Verde" durante as �ltimas d�cadas, � o resultado da sele��o, consciente e inconsciente, por parte dos camponeses ao longo dos s�culos e dos mil�nios. Pensemos somente na fam�lia das cruc�feras - repolho, couve chinesa, rabanete, nabo, mostarda, couve-flor, br�colis, colza e muitos outros.� Nenhum destes agricultores jamais solicitou patentes, registro ou certifica��o...

Agora, ind�strias como a Monsanto querem que aceitemos sua manipula��o desta riqueza preexistente, como a soja "Roundup-ready", com o argumento de que eles apenas est�o dando prosseguimento e acelerando este processo, contribuindo assim para a solu��o dos problemas para alimentar a Humanidade.

Eles insistem mesmo de que n�o h� outra sa�da. Mas eles sabem muito bem que existem outras alternativas, melhores, mais saud�veis, mais baratas.�

Todo mundo sabe que a agricultura deve encontrar caminhos para se afastar dos venenos. Possu�mos todos os conhecimentos necess�rios. Milhares de agricultores org�nicos em todo o mundo s�o prova disto.

Com cultivares resistentes a herbicidas a ind�stria quer vender pacotes, semente + herbicida, obrigando o agricultor a usar herbicida, mesmo que ele n�o o necessite, e a usar o herbicida da respectiva empresa. No caso de cultivares com o infame gen "terminator" a conspira��o � ainda mais �bvia. Com esse tipo de semente eles nem precisam se incomodar em solicitar patentes.

Tudo isto n�o tem nada a ver com aumento de produtividade, � a culmina��o do gradativo processo de desapropria��o dos agricultores, para transformar os sobreviventes em meros ap�ndices da ind�stria. Isto agravar� a marginaliza��o, a desestrutura��o social, a devasta��o ambiental e a perda da biodiversidade na Natureza e em nossos cultivos, agravar� o problema da fome!

Qual é o principal objetivo da agricultura moderna?

Para isso, o agricultor faz uso de diversas tecnologias, insumos e planejamentos, tendo como objetivo principal abastecer diversos mercados. Além disso, a agricultura moderna visa melhorar o desenvolvimento de plantas cultivadas, reduzindo o uso de recursos naturais.

Qual é o principal objetivo da agricultura?

O principal objetivo é a produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, da sua família e da comunidade em que está inserido.

Quais os benefícios da agricultura moderna?

Vantagens da agricultura moderna Um aumento no rendimento das colheitas primárias e menores preços dos alimentos são resultado da tecnologia moderna, como novas variedades de culturas, o uso de big data e agricultura de precisão.

O que é agricultura moderna exemplos?

Os pilares da agricultura moderna são: gestão por meio de controle de dados, olhar sustentável para o meio ambiente, uso de hardwares, softwares, utilização de maquinários modernos e redefinição do processo profissional de produção.