Qual relação entre os efeitos das alterações climáticas e o deslocamento de população?

Danielle Scheffelmeier Mei

As mudanças climáticas têm impulsionado o deslocamento de pessoas ao redor do mundo. As populações rurais ou aquelas que vivem em áreas de desertificação são as mais vulneráveis nessas situações, tendo em vista que também estão mais suscetíveis a situações de pobreza, por dependerem das intempéries do clima. Segundo informações do  Secretariado da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação, até 2030, cerca de 135 milhões de pessoas estarão buscando por um novo local de vida no mundo, devido principalmente à desertificação e às mazelas por ela causadas. Os deslocamentos dos grupos humanos são causados ainda por questões como guerras civis, perseguição religiosa ou mesmo a busca por melhores oportunidades de emprego e perspectivas de vida.

Qual relação entre os efeitos das alterações climáticas e o deslocamento de população?

As mudanças climáticas e a degradação ambiental interferem diretamente na qualidade de vida das pessoas.

Entre as medidas mais urgentes para evitar maiores danos, a UNESCO sugere, em primeiro lugar, a gestão das terras áridas, fazendo o rodízio de culturas e garantindo o descanso do solo. Em um segundo momento, é preciso investir em educação, ciência e tecnologia, para que as pessoas não se tornem tão dependentes das mudanças climáticas e consigam se desenvolver social e economicamente, evitando o ciclo de pobreza causado pela desertificação e pela falta de oportunidades.

Em agosto de 2017, a Organização Internacional para as Migrações lançou o relatório “Migrações, Ambiente e Mudanças Climáticas”, que pesquisou comunidades no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Equador para verificar como funcionam os movimentos migratórios. O documento destaca que as migrações ocorrem devido à necessidade de encontrar novas formas de sobrevivência e, ao mesmo tempo, podem indicar condições de adaptação daquelas comunidades ao meio ambiente.

Segundo o documento, a América Latina é uma das regiões mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas devido à biodiversidade, ao crescimento acelerado dos grandes centros urbanos e à má distribuição de recursos financeiros, o que ocasiona pobreza. O documento também discorre sobre a importância de articulação entre os conhecimentos produzidos na academia e à realidade das populações que vivem nessas situações. Destaca ainda o papel das mulheres, que precisam atuar em níveis de igualdade com os homens para buscar soluções coletivas para a questão das migrações, reforçando a necessidade também de buscar a equidade de gêneros para o desenvolvimento sustentável.

No Brasil, a população de migrantes aumentou 20% entre os anos de 2010 e 2015. Das 713 mil pessoas que ingressaram no país, cerca de 207 mil são provenientes de outros países da América Latina. A Lei de Migração (Lei n.º 13.445, de 24 de maio de 2017) traz uma sessão com princípios e garantias, na qual destaca a “universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos; II – repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação; III – não criminalização da migração; IV – não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional; V – promoção de entrada regular e de regularização documental; VI – acolhida humanitária”. Garante, ainda, a reunião familiar, o incentivo ao diálogo, a cooperação internacional, entre outros pontos.

O Acordo de Paris reconhece “que a mudança climática é uma preocupação comum da humanidade, as Partes deverão, ao tomar medidas para combater as mudanças climáticas, respeitar, promover e considerar suas respectivas obrigações em matéria de direitos humanos, o direito à saúde, os direitos dos povos indígenas, comunidades locais, migrantes, crianças, pessoas com deficiência e pessoas em situação de vulnerabilidade, o direito ao desenvolvimento, bem como a igualdade de gênero, empoderamento das mulheres e a igualdade intergeracional”.

A partir das informações apresentadas, é importante destacar que as mudanças climáticas e a degradação ambiental interferem diretamente na qualidade de vida e mesmo nas condições de sobrevivência das populações mais vulneráveis, que necessitam buscar novos espaços para garantir o seu sustento. Ao mesmo tempo, as nações precisam estar preparadas para receber essas populações, para que as pessoas sejam acolhidas. Os organismos e os tratados interacionais reconhecem esses movimentos e defendem que medidas sejam tomadas a fim de reduzir a desigualdade e garantir o bem-estar de quem precisa migrar.

Edgar Morin (2001) constata que o planeta vive hoje uma crise sob todos os aspectos e afirma a necessidade urgente de um novo modo de pensar, que permita às pessoas compreenderem a diversidade. Para o autor, a única coisa capaz de causar ruptura na mente humana é a inserção do novo em prol de conhecimentos e informações que possam mudar o rumo dos acontecimentos, à medida que o ser humano venha a ser menos individualista e mais altruísta. Para ele, é necessário aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar. Com isso, se cria a consciência antropológica, a ecológica, a cívica terrena e a consciência espiritual da condição humana.

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Imagem:

As mudanças climáticas e a degradação ambiental interferem diretamente na qualidade de vida das pessoas.

(Fonte):

https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2016/06/57616eed4-e1466428795651.jpg

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Referência bibliográfica:

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, 3.ª ed. São Paulo: Cortez, Brasília, 2001.

Qual relação entre os efeitos das alterações climáticas e o deslocamento de população?

Mais de 30,7 milhões de novos deslocamentos foram registrados em 2020 devido a desastres relacionados ao clima. Os desastres ambientais já provocaram três vezes mais deslocamentos do que conflitos e violência.

Quais são as principais causas das mudanças climáticas Brainly?

Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.