Que impactos a globalização trouxe na educação?

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- Administra��o de Empresas -
16 de agosto de 2006

A GLOBALIZA��O E SEUS EFEITOS NO ENSINO
Por Antonio Carlos Evangelista Ribeiro
Colunista-Titular do Portal Brasil


            No artigo �A Ind�stria do Canudo� procura-se mostrar e comprovar que a qualidade de nosso ensino (fundamental, m�dio e superior) se perdeu, com as irrespons�veis mudan�as promovidas no ensino, refletindo diretamente na forma��o de m�o-de-obra e no mercado de trabalho.

            Impulsionados por uma onda de modernidade trazida pela globaliza��o, nos in�cio dos anos 80 - quando come�aram a era do computador, a troca de informa��es em tempo real, o relacionamento a cabo entre empresas, a internet, outras facilidades tecnol�gicas e de telecomunica��es, e com a queda das barreiras comerciais � todos os segmentos de nossa sociedade precisaram se adaptar rapidamente � nova ordem social: a possibilidade de intera��o dos mercados econ�micos com um sistema de comunica��o mais r�pido e  a simultaneidade das opera��es financeiras contribuiu para uma nova onda de progresso e modernidade.

            Esse contexto fren�tico de mudan�as, aliado � necessidade de transforma��es, adapta��es e moderniza��es necess�rias de nossos organismos sociais ocasionaram uma s�rie de anomalias que produziram seus efeitos em nossa sociedade.

            Devido � crise econ�mica e o endividamento, o Brasil, passou a depender quase exclusivamente dos empr�stimos de organismos financiadores internacionais para obten��o de recursos para investir e financiar a estrutura educacional.

            Por sua vez, os organismos financiadores internacionais condicionam como cl�usulas contratuais de financiamentos, o cumprimento de v�rias medidas e orienta��es (em todos os n�veis, �reas e modalidades do sistema educativo), que afetam a formula��o de pol�ticas internas com reflexos na legisla��o brasileira. Mediante essas orienta��es t�cnicas e assessorias no desenvolvimento dos projetos, as institui��es de financiamento externo moldaram sistem�tica e drasticamente o sistema educacional, que passou a seguir padr�es de sistemas educacionais existentes em outros pa�ses, sem que houvesse uma adapta��o � realidade brasileira.

            A globaliza��o nos trouxe muitos fatores positivos, como maior acesso ao comrcio mundial, um acesso muito grande, a evolu��o tecnol�gica na �rea de sa�de, a informa��es em tempo real pela internet e celulares, etc. Por�m, como tudo na vida, sempre h� um lado positivo e seu contraponto negativo.

            Quando se fala em "globaliza��o" associa-se um sentido ideol�gico de padroniza��o de sociedades a um processo de integra��o econ�mica sob a tutela do neoliberalismo. H�, notadamente, predom�nio dos interesses financeiros pela desregulamenta��o dos mercados, relegando a plano secund�rio os seus efeitos sobre os demais organismos sociais.

            Esse fen�meno proporcionou a constru��o de rela��es m�ltiplas no campo pol�tico, social e econ�mico que levaram a sociedade a questionar muitas das certezas e conquistas realizadas pelas gera��es anteriores. A globaliza��o das sociedades e a mundializa��o da cultura rompe a integridade social sensibilizando a capacidade, do indiv�duo e das sociedades, de discernir sobre os limites de cada um e do todo.

            Na realidade a globaliza��o n�o � um processo homog�neo e, muito menos, seus efeitos e as suas repercuss�es nas sociedades.

            A globaliza��o traz na sua ess�ncia a padroniza��o de informa��es, influenciando a sociedade a interagir de forma favor�vel aos interesses do sistema essencialmente capitalista emanado de outras sociedades econ�mica e tecnologicamente mais desenvolvidas. Desta forma, a cultura social se transforma, alterando-se os valores referenciais das comunidades.

            A Educa��o por sua vez sofre a influ�ncia direta das caracter�sticas de um sistema essencialmente capitalista que � de natureza competitiva, individualista e excludente, provocando muta��es de conceitos de cidadania, qualidade, conhecimento, produtividade e compet�ncia.

            A globaliza��o como foi imposta �s sociedades e aos organismos sociais, se assemelha e muito, a uma nova forma de coloniza��o. Desta vez, com m�todos modernos, sem viol�ncia f�sica, com nova roupagem e em nome de um mercado livre e da defesa do fim das fronteiras. Seus efeitos nas economias de pa�ses globalizados n�o s� reorienta seus rumos, como reduz a capacidade decis�ria do poder governante.

            Evidentemente, que para isso acontecer h� coniv�ncia, conveni�ncia e aquiesc�ncia � nova ordem social n�o podendo caber ao poder p�blico qualquer forma de isen��o � sua responsabilidade pelas conseq��ncias.

            Entendo que a globaliza��o � um movimento produzido essencialmente pelo sistema capitalista que, atrav�s de um conjunto de a��es produz uma s�rie de dispositivos pol�tico-econ�micos para a organiza��o da economia global, tendo como objetivo, �nico e exclusivo, alimentar e retro alimentar, num ciclo vicioso, o sistema capitalista ativo e predominante na ordem social.

            Essa prioridade de auto-alimenta��o do sistema capitalista supera quaisquer outros conjuntos de valores, inclusive os culturais e sociais, e � impulsionada atrav�s de press�o econ�mica e de interesses das sociedades dominantes.

            O processo de globaliza��o fundamentado pela moderniza��o tecnol�gica trouxe uma vis�o homog�nea centrada na sociedade mundial. E, justamente, essa homogeneidade social atrelada ao processo � que se torna o maior problema.

            O processo da globaliza��o n�o � homog�neo e, muito menos seus efeitos. As resultantes variam de acordo com as realidades s�cio-econ�mica e cultural das popula��es e sua depend�ncia de recursos externos, favorecendo, evidentemente as sociedades mais desenvolvidas e com maior poder econ�mico.

            Cada sociedade tem a sua particularidade, seus costumes, tradi��es e seus pr�prios problemas. A implanta��o de processos homog�neos n�o respeita essas diferen�as e pr�ticas, e tende a gerar lacunas no segmento evolutivo das sociedades e de seus organismos sociais.

            Nas empresas, ou em quaisquer outras organiza��es sociais, a implanta��o e absor��o de programas homog�neos, mesmo com a sua pr�via prepara��o, causa distor��es e cria lacunas no processo evolutivo causando anomalias. Para evitar conflitos e gargalos no processo operacional � preciso uma implanta��o gradual e setorizada de forma paulatina e constante reavalia��o.

            Nossa sociedade enfrenta tantas anomalias conjunturais que, por comodidade e conveni�ncia, o poder governante (o atual e os antecessores) n�o se cansa de atribuir � �globaliza��o� a responsabilidade pela intensifica��o da exclus�o social e a causa de crises econ�micas sucessivas. � muito mais f�cil culpar uma abstra��o do que a sua pr�pria incompet�ncia.

            Com rela��o ao ensino, o processo de globaliza��o vem interferindo nas pol�ticas educativas, de maneira profunda e significativa, acarretando conseq��ncias negativas.

            Percebe-se claramente a crise do setor educacional. A��es desconexas, improdutivas e ineficientes, de cunho meramente eleitoreiro, vem sendo tomadas ao longo dos anos culminando com a pobreza educacional e resultando, desculpem-me pelo termo, emburrecimento(1) do estudante.

            Como vimos no artigo �A ind�stria do Canudo� o Estado, n�o sendo capaz de suprir as necessidades do segmento educacional brasileiro, incentivou � iniciativa privada a investir no segmento para atender a demanda latente sem, entretanto, abdicar de seu poder de gerir a pol�tica educacional.

            Esse fato mostra que o Estado procura amenizar e diminuir sua responsabilidade sobre uma delega��o institucional: o direito do cidad�o � educa��o. Com a redu��o da participa��o do Estado na gest�o do ensino surgiu o mercantilismo da educa��o, passando a educa��o a ser uma presta��o de servi�o que poderia ser adquirida, vendida por institui��es formais e consumido livremente. Nesse modelo neoliberal caberia ao Estado apenas a gest�o. Dessa forma, passou a conceituar a Educa��o como servi�o e n�o como direito do cidad�o.

            Como qualquer empresa as institui��es de ensino que se transformaram em empreendimentos comerciais, naturalmente, adotaram postura de organiza��o empresarial e passaram a seguir as leis de mercado e de consumo, a priorizar a sobreviv�ncia e o lucro regendo-se por diretrizes econ�micas e tecnocr�ticas, como efic�cia, produtividade, efici�ncia, marketing e lucro.

            Essa rela��o, prestadora de servi�o e consumidor de servi�os, sujeita o bin�mio, escola / aluno, a interagir de forma comercial relegando a import�ncia primaz de ensinar como uma qualidade secund�ria. A Escola se obriga a dar resposta a uma clientela que, pelas suas op��es, estar� em condi��es de influenciar a demanda.

            A Institui��o de Ensino deixou de prestar um servi�o p�blico que era direito do cidad�o para ofertar um servi�o que pode ser comprado mediante o poder aquisitivo do cliente. A escola como uma ag�ncia de presta��o de servi�os, para se manter comercialmente ativa, deve satisfazer seus clientes e consumidores que, por sua vez, fazem valer seus interesses particulares.

            A partir do momento no qual a figura do estudante, do aluno, do aprendiz se modifica e passa a ser a figura do consumidor, que � tratado como cliente, podendo ser fidelizado (cursos de extens�o e p�s-gradua��o), o direito do cidad�o se perde e surge o direito do consumidor.

            Al�m disso, a escola na qualidade legitima de institui��o comercial buscam o lucro, o crescimento do n�mero de clientes, com redu��o de custos para aumento da lucratividade, pois, passa a ser mais importante gerar o lucro nas institui��es de ensino, ficando a qualidade de ensino relegada a plano secund�rio.

            No papel de gestor, o Estado vem promovendo periodicamente avalia��o atrav�s de prov�es e todos n�s podemos comprovar a queda de qualidade do ensino.

            As pol�ticas p�blicas educacionais devem direcionar a prioridade de ensino para a forma��o de um curr�culo escolar, com conhecimentos, habilidades e atitudes a serem ministrados aos alunos para responder �s demandas sociais e culturais. Por�m, o que se observa � que as transforma��es causadas do modelo atendem novos interesses e novos objetivos que n�o atendem as necessidades priorit�rias da Na��o.

            A inclus�o do ensino superior no setor de servi�os com a justificativa de descentraliza��o de amarras, traz como conseq��ncia imediata a convers�o da educa��o de um direito social para um servi�o a ser consumido por quem tem recursos para pagar. A partir dessa l�gica, a qualidade do �servi�o� ir� depender de quanto cada individuo pode e quer pagar.

            Al�m de tudo, essa posi��o neoliberal resultou na desvaloriza��o do profissional da educa��o. Afinal, h� que se reduzir custos em qualquer atividade comercial e, equivocadamente, a maioria dos gestores (muitos dos quais n�o s�o administradores), inclusive de institui��es educacionais, preferem reduzir despesas no quadro de colaboradores do que se dar ao trabalho de elaborar outra alternativa, mais criativa e mais racional.

            Como exigir uma qualifica��o melhor do professor se ele mal ganha para se sustentar?

            O Projeto Educacional brasileiro n�o deve ser estanque nem muito menos seguir padr�es impostos por sociedades mais desenvolvidas e de maior poderio econ�mico e sim parte de um Projeto Nacional coerente e abrangente, considerando-se a realidade do Pa�s e as vari�veis s�cio-econ�micas e eqalizando o ensino �s necessidades do mercado de trabalho.
 

(1) emburrecimento - substantivo masculino, ato ou efeito de emburrecer
emburrecer � verbo transitivo direto e intransitivo, fazer perder ou perder a intelig�ncia, tornar-se burro.


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Quais foram os impactos que a globalização trouxe?

Entre outros impactos da globalização, estão: maior produção e consumo de bens e serviços; surgimento de blocos econômicos; diminuição das barreiras comerciais.

Qual a importância da educação no mundo globalizado?

Com uma educação de cidadania global, os jovens são capazes de resolver problemas, tomar decisões, pensar criticamente, comunicar ideias de forma eficaz e trabalhar bem com os outros. Isso não só os ajuda pessoal e educativamente, mas profissionalmente também. Assim, uma educação global na sala de aula é primordial.

O que se entende por globalização na educação?

Resposta: I; II e III estão corretas 24- O que se entende por globalização na educação? Resposta: Usos e aplicações de conhecimentos prévios aliados às mudanças tecnológicas e desenvolvimentos de ambientes propícios a construção do conhecimento em relação ao mundo e sociedade onde escola e aluno estão inseridos.

Quais os desafios da educação no mundo globalizado?

Surgem dois problemas: o primeiro relativo à resistência da utilização do computador em sala de aula e o segundo da falta de formação profissional – também, em partes, oriunda da desvalorização, por parte dos educadores, dos cursos oferecidos pelo governo.