Quem era o candidato republicano à Presidência Estados Unidos na eleição de 1960 vencidas por John Kennedy?

26 de setembro marca o dia do primeiro debate presidencial transmitido em direto na televisão nos Estados Unidos. O marco na História, que pôs frente a frente John F. Kennedy e Richard Nixon, serve ainda hoje de estudo de caso a políticos e jornalistas. Há 60 anos, a troca de argumentos entre os dois candidatos pode ter custado a vitória a um. Kennedy saiu vencedor do debate e a 8 de novembro de 1960 conquistou os eleitores norte-americanos. ​

Há um antes e um depois. Quando na noite de 26 de setembro de 1960, o canal CBS transmitiu pela primeira vez um debate entre dois candidatos presidenciais, poucos sabiam o que poderia resultar dali. O republicano Richard Nixon, na altura vice-presidente de Dwight D. Eisenhower, era um político com experiência e estava à frente nas sondagens. Do outro lado, o democrata John F. Kennedy (JFK) estava a crescer na política: era senador pelo Massachusetts, mas já mostrava aptidão e carisma para lidar com os meios de comunicação social.

A pesar ambas as candidaturas e os protagonistas, muitos diriam que Richard Nixon estava bem posicionado face a JFK. Kennedy, apesar de rotulado como "menino bonito" dos média, não se sabia se teria força perante o adversário. Em 1952, Nixon tinha provado que estava preparado para a televisão: registou uma das maiores audiências quando se defendeu de alegadas irregularidades na campanha como vice-presidente de Eisenhower. O discurso ficou conhecido como "Checkers", o nome dado a um cão que recebeu como prenda durante a campanha.

Porém, nem todos confiaram que o republicano estaria preparado para um debate em direto. Henry Cabot Lodge, a escolha de Nixon para seu vice-presidente em 1960, aconselhou-o a não participar. De acordo com um artigo da revista "National Geographic", Lodge acreditava que Richard Nixon liderava as sondagens e não precisava de se sujeitar a um confronto televisivo, algo que considerava como "uma conferência de imprensa muito intensa".

E de facto, foi intenso. A maioria dos analistas acredita que aquele momento televisivo - visto por mais de 70 milhões de pessoas - custou a eleição a Richard Nixon. Na noite de 26 de setembro de 1960, Kennedy chegou airoso ao estúdio da CBS: estava bronzeado, sem marcas de cansaço, bem preparado e pronto para atacar o adversário. Dias antes, diz a imprensa norte-americana, tinha relaxado ao som de Peggy Lee, cantora norte-americana de jazz, conhecida pelo êxito "Fever".

Do outro lado da barricada, estava Nixon. Um político cansado dos inúmeros comícios que fez até então e das três semanas que passou no hospital com um joelho inflamado. Visivelmente magro e pálido - não quis maquilhagem quando viu que o adversário tinha recusado antes -, estava "fraco" à beira do bronzeado JFK. Nos últimos minutos, foi colocado na face de Nixon um produto chamado "LazyShave" para disfarçar a barba por fazer.

Todos os pormenores serviram para elevar Kennedy. Ainda com a imagem televisiva a preto e branco, o democrata escolheu um fato escuro, o republicano optou por um fato cinza claro. O resultado foi desastroso. Nixon quase desaparecia no cenário.

Ao contrário de John F. Kennedy que concentrou o olhar na câmara enquanto discursava (falava para os eleitores), o ainda vice-presidente de Eisenhower falava e dirigia-se para as dezenas de repórteres dentro do estúdio de televisão. Embora com as melhores das intenções, a ação do republicano perante os telespetadores transmitiu a ideia de que não queria estar ali. O olhar divagava entre a esquerda e a direita. Parecia perdido.

No que toca às palavras, também aqui, a luta foi desigual. Kennedy partiu ao ataque e criticou a política externa do mandato de Eisenhower, do qual Richard Nixon era vice-presidente. O republicano parecia não estar à espera da confiança de JFK, que alguns analistas dizem, ter sido mais elevada do que a do próprio jornalista que moderava o debate, Howard K. Smith, do canal CBS. Kennedy era amigo das câmaras e sentia-se bem na ribalta.

A falta de preparação de Richard Nixon foi notória. Em alguns momentos chegou a concordar com John F. Kennedy, o que colocou em cheque a postura combativa pela qual era tão conhecido durante a presidência de Eisenhower. Treze anos antes, ambos já se tinham confrontado num clube na cidade de McKeesport, no estado da Pensilvânia, e a vitória tinha sido do republicano. Não foi nada meigo com JFK.

Porém, no debate de 1960, Nixon não estava confortável: sorriu a dada altura, mas vários analistas acreditam que era um sinal de desconforto devido à dor que sentia no joelho. Ainda antes de entrar no estúdio da CBS, e já depois de sair do hospital, bateu com a perna na porta do carro. Tudo parecia estar predestinado para correr mal.

Após 26 de setembro de 1960, Kennedy subiu nas intenções de voto, o que não tinha acontecido até então. Seguiram-se mais três debates na televisão entre os dois candidatos. Richard Nixon estava mais preparado nos seguintes e diz-se que terá vencido alguns confrontos, mas não foi suficiente.

Nos últimos 60 anos, permanece a teoria de que JFK conquistou a presidência dos EUA naquele debate televisivo, o primeiro na História da televisão e da política. Quem ouviu na rádio, teve a perceção de que Nixon tinha ganho o embate, o que está longe da verdade.

Kennedy foi eleito na noite de 8 de novembro de 1960, uma das mais renhidas da História dos EUA, com 303 votos contra os 219 de Nixon no Colégio Eleitoral. A presidência de JFK foi interrompida a 22 de novembro de 1963, quando foi assassinado na cidade de Dallas, no Texas. Foi substituído por Lyndon B. Johnson.

O lugar na presidência dos EUA de Nixon só aconteceria a 5 de novembro de 1968. Renunciou a 9 de agosto de 1974 ao cargo, durante o segundo mandato, após confirmar-se o seu envolvimento no caso "Watergate".