Intoxicação por inseticida o que fazer

A intoxicação é o conjunto de sinais e sintomas que surgem pela exposição a substâncias químicas tóxicas para o organismo, como remédios em doses excessivas, picadas de animais venenosos, metais pesados, como chumbo e mercúrio, ou exposição a inseticidas e agrotóxicos.

Uma intoxicação é uma forma de envenenamento, e, por isso, pode provocar reações locais, como vermelhidão e dor na pele, ou mais generalizadas, como vômitos, febre, suor intenso, convulsões, coma e, até, risco de morte. Assim, na presença de sinais e sintomas que possam levar a suspeitar deste problema, é muito importante ir ao pronto-socorro rapidamente, para que o tratamento seja feito, com lavagem gástrica, uso de remédios ou antídotos, prescritos pelo médico. 

Intoxicação por inseticida o que fazer

Tipos de intoxicação

Existem dois tipos principais de intoxicação, como:

  • Intoxicação exógena: acontece quando a substância intoxicante está no ambiente, capaz de contaminar através da ingestão, contato com a pele ou inalação pelo ar. As mais comuns são o uso de medicamentos em doses elevadas, como antidepressivos, analgésicos, anticonvulsivantes ou ansiolíticos, uso de drogas ilícitas, picada de animais venenosos, como cobra ou escorpião, consumo de álcool em excesso ou inalação de produtos químicos, por exemplo;
  • Intoxicação endógena: é causada pelo acúmulo de substâncias maléficas que o próprio organismo produz, como a ureia, mas que costumam ser eliminadas através da ação do fígado e filtragem pelos rins, e podem ser acumuladas quando estes órgãos apresentam uma insuficiência.

Além disso, a intoxicação pode ser aguda, quando causa sinais e sintomas após um único contato com a substância, ou crônica, quando seus sinais são sentidos após acúmulo da substância no organismo, consumidos por muito tempo, como acontece nas intoxicações por medicamentos como Digoxina e Amplictil, por exemplo, ou por metais, como chumbo e mercúrio. 

Já a gastroenterite, também conhecida como intoxicação alimentar, acontece devido à presença de micro-organismos, como vírus e bactérias, ou suas toxinas, em alimentos, principalmente quando mal conservados, causando náuseas, vômitos e diarreia. Para saber mais sobre esta situação, veja como identificar e tratar a intoxicação alimentar. 

Principais sintomas

Como existem diversos tipo de substâncias tóxicas, há uma grande variedade de sinais e sintomas que podem indicar uma intoxicação, e algumas da principais são:

  • Batimentos cardíacos acelerados ou lentificados;
  • Aumento ou queda da pressão arterial;
  • Aumento ou diminuição do diâmetro das pupilas;
  • Suor intenso;
  • Vermelhidão ou ferimentos na pele;
  • Alterações visuais, como borramento, turvação ou escurecimento;
  • Falta de ar;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Dor abdominal;
  • Sonolência;
  • Alucinação e delírio;
  • Retenção ou incontinência urinária e fecal;
  • Lentificação e dificuldade para realizar movimentos.

Assim, o tipo, a intensidade e a quantidade de sintomas de intoxicação variam de acordo com o tipo de substância tóxica que é ingerida, quantidade e estado físico da pessoa que a ingeriu. Além disso, as crianças e os idosos são mais sensíveis a intoxicações. 

Intoxicação por inseticida o que fazer

Primeiros socorros para intoxicação

Os primeiros socorros que devem ser feitos em um caso de intoxicação, incluem:

  1. Ligar imediatamente para o SAMU 192, para pedir socorro e, em seguida para o Centro de Informações Antiveneno (CIAVE)através do número 0800 284 4343, para receber uma orientação dos profissionais enquanto o socorro médico chega;
  2. Afastar o agente tóxico, lavando com água caso esteja em contato com a pele, ou mudando de ambiente caso seja inalatório;
  3. Manter a vítima deitada em posição lateral, caso perca a consciência;
  4. Procurar informações sobre a substância que provocou à intoxicação, caso possível, como checando caixa de remédios, recipientes de produtos ou a presença de animais peçonhentos próximo, para ajudar na informação à equipe médica.

Deve-se evitar dar líquidos para beber ou provocar vômitos, principalmente se a substância ingerida for desconhecida, ácida ou corrosiva, pois isso pode piorar os efeitos da substância no trato digestivo. Para saber mais sobre o que fazer em caso de uma intoxicação ou envenenamento, confira os primeiros socorros para envenenamento. 

Como é feito o tratamento

O tratamento para intoxicação varia de acordo com a sua causa e com o estado clínico da pessoa, podendo ser iniciado já na ambulância ou ao chegar no pronto-socorro, pela equipe médica, e envolve:

  • Avaliação dos sinais vitais, como pressão, batimentos cardíacos e oxigenação do sangue, e estabilização, com hidratação ou uso de oxigênio, por exemplo, se necessário;
  • Identificar as causas da intoxicação, através da análise da história clínica, sintomas e exame físico da vítima;
  • Fazer a descontaminação, que tem como objetivo diminuir a exposição do organismo à substância tóxica, através de medidas como lavagem gástrica, com irrigação de soro fisiológico através de uma sonda nasogástrica, administração de carvão ativado no trato digestivo para facilitar a absorção do agente tóxico, ou lavagem intestinal, com laxativos, como manitol;
  • Usar um antídoto, se houver, que pode ser específico para cada tipo de substância. Alguns dos antídotos mais utilizados são:

AntídotoAgente intoxicante
AcetilcisteínaParacetamol
AtropinaInseticidas organofosforados e carbamatos, como o Chumbinho;
Azul de metilenoSubstâncias chamadas metemoglobinizantes, que impedem a oxigenação do sangue, como nitratos, gases de escapamentos, naftaleno e alguns medicamentos, como Cloroquina e Lidocaína, por exemplo;
BAL ou dimercaprolAlguns metais pesados, como arsênico e ouro;
EDTA-cálcicoAlguns metais pesados, como o chumbo;
FlumazenilRemédios benzodiazepínico, como Diazepam ou Clonazepam, por exemplo;
NaloxonaAnalgésicos opiáceos, como Morfina ou Codeína, por exemplo

Soro Antiescorpiônico, Antiofídico  ou Antiaracnídico

Picadas de escorpião, cobra ou aranha venenosos;
Vitamina KPesticidas ou medicamentos anticoagulantes, como a Varfarina.

Além disso, para evitar qualquer tipo de intoxicação, é importante ter atenção aos produtos que se entra em contato no dia-a-dia, principalmente pessoas que trabalham com produtos químicos, como em fábricas ou plantações, sendo imprescindível o uso dos equipamentos de proteção individual. 

Também deve-se dar especial atenção às crianças, que têm maior chance de contato ou ingestão acidental de produtos intoxicantes e de sofrerem acidentes domésticos. Confira, também, quais são os primeiros socorros para outros acidentes domésticos mais comuns.

Medicamentos, alimentos, plantas, produtos químicos, animais peçonhentos, são muitas as possibilidades de alguém se intoxicar ou envenenar. Sintomas típicos desses quadros, como alterações de consciência, equilíbrio, visão, frequência cardíaca, respiração, temperatura corporal, além de dores, náuseas, diarreia, asfixia, irritação de pele e queimação em mucosas (boca, garganta, esôfago), em geral, ocorrem por ingestão, penetração, absorção e inalação.

Quando configuram acidentes, as principais vítimas são crianças, idosos, pessoas desavisadas ou com alterações psicológicas e trabalhadores fabris. Mas ainda podem ser deliberadas, caso se aceite o risco ou deseje intencionalmente, o que é mais fácil de ocorrer nas situações em que se atenta contra a vida alheia ou de suicídio, não excluindo a possibilidade, de novo, do agir de transtornos comportamentais, incluindo a existência de alguma dependência química.

Agora, para saber a gravidade e como agir, deve-se analisar, junto à presença dos sinais e sua intensidade, se possível: a duração do tempo de exposição ao agente (quanto maior, maiores os efeitos), sua concentração (se o dano se deu por muito ou por pouco), sua toxicidade (alguns agentes são mais tóxicos que outros, mesmo em iguais concentrações), sua natureza (se é gás, líquido, vapor), e a suscetibilidade individual (algumas pessoas são mais sensíveis que outras).

Como agir num primeiro momento?

Antes de ir direto ao hospital, a primeira conduta a ser tomada (com base nos fatores do processo de intoxicação e envenenamento citados), é verificar se de fato a pessoa está em perigo. Não é porque tenha simplesmente tido contato inadequado com alguma substância, que isso ocorrerá.

Algumas não são tão nocivas e não requerem tratamento. Entretanto, todo e qualquer sintoma não deve ser desprezado, como deve ser investigado o quanto antes pelo médico.

"Em caso de dúvidas sobre a gravidade ou como agir, melhor levar ao pronto-socorro. Em casa, às vezes, também mais importante do que fazer algo, é não fazer. Por exemplo, uma prática comum é as pessoas administrarem leite à vítima de envenenamento. No entanto, isso pode causar mais malefícios do que benefícios, inclusive, aumentar a absorção do agente tóxico", informa Cíntia Maria de Melo Mendes, toxicologista e coordenadora do curso de medicina do centro universitário Uninovafapi, do grupo Afya Educacional, no Piauí.

Mas enquanto a ajuda não chega, é possível realizar uma limpeza (com água corrente e, em áreas externas, sabão) da pele ou olho que teve contato com alguma toxina, assim como, porventura, a retirada de roupas contaminadas. Se o agente tiver sido inalado (gases tóxicos, aerossóis, fumaça), é possível levar a pessoa para um local bem ventilado, para facilitar sua respiração.

Nauseada e prestes a desmaiar, deitá-la de lado para não se engasgar. Com dores no peito, afrouxar suas roupas. Quem está junto também pode realizar de urgência uma reanimação cardiopulmonar.

Induzir vômito pode ser má ideia

Imagem: Getty Images

Quase qualquer substância química engolida ou inalada em superdosagens (produtos de limpeza, higiene e industriais, tintas, solventes, remédios) acaba sendo perigosa. Algumas, fora as alterações que causam no organismo, também podem queimar, desde lábios e vias aéreas até estômago e pulmões, e são classificadas como cáusticas ou irritantes. Provocam dores intensas, dificuldade em engolir, tosse, falta de ar, enjoo e queda de pressão arterial.

"Por isso, não se deve forçar o vômito, caso se tenha ingerido um ácido ou uma base forte, o que é muito mais passível de acontecer com crianças pequenas. Se os pais induzirem isso, além delas terem se queimado na entrada, se queimarão com a saída do conteúdo gástrico", alerta Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e da Academia Americana de Pediatria, acrescentando para se tomar muito cuidado com removedores, desengordurantes, desinfetantes e deixá-los longe do alcance dos pequenos.

Em se tratando da ingestão acidental de medicamentos, provocar sua expulsão é um tanto menos pior, mas não exclui a necessidade de se procurar um médico, ainda mais havendo risco de interação medicamentosa (isso pode ser checado em bula) e se as drogas forem fortes, para dormir, febre, inflamação ou agirem diretamente na circulação, podendo colocar a pessoa em risco de sofrer uma queda abrupta de pressão arterial, insuficiência respiratória, arritmia cardíaca e ir a óbito. Nessas ocasiões, também nada deve ser dado a ela para tomar em casa.

Correndo para o pronto-socorro

Imagem: iStock

Ser atendido logo por especialistas é necessário para passar por avaliações, exames, monitoramentos (pois o indivíduo pode ter algumas complicações de risco em questão de minutos ou poucas horas), receber antídotos, medicamentos para os sintomas, ou oxigênio se estiver com a saturação baixa, além de fazer uma lavagem gástrica ou desintoxicação. Casos graves podem exigir hemodiálise, tratamento para insuficiência hepática e até transplantes.

"É preciso agir contra o tempo para prevenir efeitos colaterais permanentes ou mesmo morte, na intoxicação ou envenenamento por monóxido de carbono, agentes corrosivos, inseticidas, medicamentos como diazepam e clonazepam, da classe dos benzodiazepínicos, além dos de coração e pressão", enumera Ricardo Cantarin, infectologista do Hospital HSANP, em São Paulo.

Também por ferro, chumbo, ingestão de peixes e mariscos, picadas de aranha, abelha, vespa, escorpião e serpente e plantas e arbustos (comigo-ninguém-pode, mamona).

Na correria pela sobrevivência, muitos também esquecem de fotografar ou levar consigo para o hospital, em segurança, aquilo que provocou o mal. Por exemplo, embalagens de produtos, amostras vegetais e medicamentos que devem ser entregues ao médico ou pessoal socorrista para identificação.

É de praxe os hospitais acionarem centros específicos de atendimento a intoxicados, vinculados ao Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas).