Por que o coelho eo simbolo da pascoa

Anualmente, quarenta dias depois do Carnaval, é comemorada a data mais importante do calendário cristão (sim, mais importante até do que o Natal): a Páscoa. O domingo de Páscoa relembra a ressurreição de Jesus Cristo, mas mesmo quem não segue religião alguma acaba entrando no clima. Além da Sexta-Feira Santa – que influencia a vida de todo mundo, pois é um feriado oficial no Brasil – existe toda aquela tradição gostosa de presentear os amigos e a família com chocolates e afins.

Mas, afinal, o que a data cristã tem a ver com símbolos universalmente conhecidos, como os ovos e o coelho de Páscoa? A resposta está no conceito de nascimento e fertilidade. Isso porque a Páscoa, segundo a tradição cristã, remete à renovação da vida (ou ressurreição).

O coelho entra em cena por ser um animal incrivelmente fértil, que se reproduz em grandes ninhadas. As coelhas já podem ficar prenhas uma semana após o parto e, nas espécies domésticas, as ninhadas costumam ter entre 8 e 12 filhotes. Esse número aumenta em espécies de grande porte. O coelho como símbolo de prosperidade e fertilidade é algo que está presente na cultura de diversos povos ao longo da história.

Na Europa, o animal também tornou-se símbolo das comemorações pelo fim do inverno e pela chegada da primavera (que, no Hemisfério Norte, coincide com a chegada da Páscoa). É nessa época que os coelhos selvagens saem de suas tocas e se espalham pela floresta.

Por que o coelho eo simbolo da pascoa

Veja mais: 15 ideias de recheios de dar água na boca para ovos de Páscoa

Lógico que, biologicamente, coelhos e ovos não têm relação alguma. Mas no imaginário simbólico, a ligação entre ambos é muito clara. O ovo também remete ao conceito de nascimento e é por isso que acabou ganhando lugar de destaque na tradição pascal. Muito antes de o chocolate entrar em cena, antigos povos europeus já tinham a tradição de enfeitar ovos cozidos e oferecê-los como presente aos amigos e familiares na época de Páscoa. No Brasil, esse costume não é muito comum atualmente, mas ainda é cultivado por algumas famílias.

O ovo como símbolo da Páscoa também está relacionado à tradição judaica. A Páscoa é festejada na mesma época do Pêssach, que celebra a libertação do povo judeu no Egito. Em diversos aspectos, a simbologia cristã bebe da fonte judaica, mas os significados foram sendo adaptado e reinventados ao longo da história. A própria palavra Páscoa vem de Pêssach, que significa “passagem”em hebraico.

Para os judeus, o ovo é parte importantíssima do Sêder, jantar que marca a passagem do Pêssach. Nessa tradição, o ovo é valorizado por endurecer ao ser cozido, ao contrário da maioria dos alimentos. Dessa forma, ele representa a força do povo judeu, que se torna mais forte cada vez que passa por épocas de sofrimento.

O nome da celebração cristã em português (e nas demais línguas latinas) tem origem na festa judaica do Pessach – que significa “passagem” em hebraico, uma referência à saída dos judeus do Egito e sua libertação da escravidão, com a chegada à terra prometida sob liderança de Moisés.

Mas é o nome da festa em inglês – Easter – que nos dá pistas sobre o coelho. Quando o catolicismo comecou a se espalhar pelo sul da Europa no final do Império Romano, os primeiros missionários se depararam com a missão de converter os povos germânicos pagãos àquela nova fé.

A deusa da fertilidade no norte da Europa, além dos domínios romanos, era Eostre (essa é apenas uma de várias grafias possíveis – escolhida por nós porque torna clara a semelhança com easter). Sua festa era celebrada no início da primavera no hemisfério norte – que corresponde, é claro, ao início do outono aqui no hemisfério sul, época em que se celebra a Páscoa.

Força bruta nunca foi um bom jeito de trazer ninguém para a igreja, de modo que os missionários lentamente incorporaram a história da ressurreição de Cristo às tradições que já existiam. A lebre, por sua fertilidade, era o animal que representava a deusa, e acabou se misturando com a tradição católica porque já era cultuada no festival pagão. A primavera é o momento em que a vegetação renasce em locais de clima temperado, então todo o simbolismo já estava lá.

Continua após a publicidade

Essa é a versão predominante nos livros, que se popularizou graças ao trabalho São Beda, um monge inglês que viveu no século 8 e é considerado pai da história anglo-saxã pela obra História Eclesiástica do Povo Inglês. O problema é que é difícil atestar a veracidade do relato do eclesiástico, que não tem outros antecedentes conhecidos e certamente não conta como fonte primária: ele viveu 600 anos após a suposta origem da tradição, de modo que a época romana, para ele, era um passado tão distante quanto a chegada de Cabral ao Brasil é para nós.

Os linguistas e filólogos que se dedicam a recuperar o idioma proto-indo-europeu (o antepassado do latim, do grego e das línguas celtas e germânicas) já conseguiram reconstituir uma palavra que nomeava uma deusa pré-histórica associada ao crepúsculo – e que tem as características necessárias para ter servido como raiz de Eostre.

No caso do ovo, a origem é mais nebulosa ainda, porque praticamente todas as culturas da Antiguidade adotavam ovos como símbolo de fertilidade, nascimento ou renascimento dos mortos. Os gregos colocavam ovos sobre as tumbas, e os romanos tinham até o ditado Omne vivum ex ovo, “Toda a vida vem de um ovo.” Os povos de etnia Maori, na Oceania, enterravam seus mortos com um gigantesco ovo do moa (uma ave extinta de 3 metros de altura) em mãos. Mais importante para nosso post é que o Pessach judaico também é celebrado com ovos cozidos.

Ou seja: quando a Igreja Católica precisou de um símbolo para a ressureição, não foi preciso ir muito longe – a adoção foi praticamente orgânica. Tradições desse gênero duraram um bocado: na Alemanha, até o século 19, as certidões de nascimento em alguns locais eram ovos decorados com o nome da criança e a data. Os nobres russos pré-revolução trocavam ovos de Páscoa chiquérrimos com metais preciosos e interiores ornamentados. O chocolate, claro, só se estabeleceu no século 20.

Tempo de leitura: 4 minutos

Você já se perguntou se coelho bota ovo? Afinal, se ele não se reproduz dessa forma, por que é o símbolo da Páscoa? Não se preocupe, pois essa é uma dúvida comum, por conta da popularidade dessa data comemorativa nas casas dos brasileiros.

Por que o coelho eo simbolo da pascoa
Por que o coelho eo simbolo da pascoa

Mesmo que a Páscoa seja lembrada pela caça aos ovos ou pelas cestas de chocolate, essa festividade é religiosa e conta com uma série de símbolos que nem sempre são recordados pelo público geral. É o caso do peixe, do pão, do vinho, do Círio Pascal, dos sinos, entre outros. 

Já do ponto de vista do comércio e da tradição popular, não tem como competir com a fama dos coelhos e dos ovos de Páscoa, em especial, feitos de chocolate. Descubra como surgiu essa relação e se coelho bota ovo, de fato, a seguir.

Afinal, coelho bota ovo?

Assim como nós, os cães, os gatos e quase todos os mamíferos, o coelho não bota ovo. Pertencente à família dos leporídeos, da ordem dos lagomorfos, ele é vivíparo, isto é, animal em que o desenvolvimento do embrião ocorre no corpo da mãe, mais especificamente em uma placenta.

Diferentão em diversos aspectos, inclusive na aparência, o ornitorrinco é uma das pouquíssimas espécies de mamíferos ovíparos, ou seja, os embriões se desenvolvem em ambiente externo, em um ovo, sem ligação com o corpo materno. 

Assim, fica até difícil entender porque o coelhinho da Páscoa é um personagem tão presente nessa época festiva. Mas antes de darmos uma explicação, que tal explicarmos como os coelhos se reproduzem? Veja abaixo.

Então, como os coelhos nascem?

A gestação do coelho costuma durar de 30 a 32 dias, no qual a mãe vai para um canto reservado, geralmente, uma toca ou um ninho, para dar à luz aos filhotes. Porém, se você sempre teve curiosidade de acompanhar esse processo, saiba que não é tão fácil.

Isso porque esses fofinhos tendem a dar à luz de noite e até de madrugada, sem dar grandes indícios de que é o grande dia. Afinal, eles se sentem seguros na escuridão.

Caso você tenha um coelho em casa, prepare-se! A cada gestação, esse animal tem vários filhotes. Além disso, a amamentação já começa logo após o parto. Por isso, sempre fique atento aos cuidados.

Por que o coelho eo simbolo da pascoa
Por que o coelho eo simbolo da pascoa

De onde vem a relação dos coelhos com a Páscoa?

Como outros símbolos da Páscoa, os coelhos representam a abundância e a fertilidade, o que está diretamente relacionado à facilidade e à rapidez com que eles se reproduzem.

Em geral, a partir dos seis meses de vida, quando atingem a maturidade sexual, as fêmeas podem dar à luz mais de quatro vezes por ano, gerando, em média, de seis a oito coelhinhos por ninhada. 

A origem da relação do coelho com a Páscoa é bastante nebulosa. Segundo a versão mais comum, apenas uma das várias versões que circulam por aí, ela teria surgido no final do Império Romano, período no qual se tentava converter os povos germânicos, tradicionalmente pagãos, ao catolicismo. 

Para facilitar o processo, a igreja passou a incorporar diversas tradições desses povos, incluindo o culto à deusa da fertilidade Eostre, representada por uma lebre.

Também há a teoria de que Maria Madalena teria encontrado um coelho no túmulo de Cristo, tendo sido esse o primeiro ser vivo a testemunhar a ressurreição. Independentemente de qual seja a origem, essa associação é realmente interessante, não acha?

E os ovos?

Lembrando novamente que a Páscoa cristã celebra a ressurreição de Cristo, os ovos entram como símbolo de vida nova e renovação, uma relação que pode não fazer sentido para a maioria das pessoas.

No Brasil, a tradição teria chegado com os imigrantes alemães, que tinham o costume de esconder ovinhos pintados, decorados com colagens e outras formas de adorno. Inclusive, em várias regiões da Europa, não é comum trocar ovos de chocolate na Páscoa. 

Acredita-se que a escolha do coelho como animal responsável por trazer e esconder os ovos das crianças tenha a ver como o fato de que, durante a Páscoa, que ocorre na primavera do Hemisfério Norte, o coelho fica mais ativo, aproximando-se mais das vilas e dos jardins em busca de comida. 

Já os ovos de chocolate teriam sido uma invenção de confeiteiros franceses que, ainda no século XVIII, tiveram a ótima ideia de preencher os ovos com o doce. 

Agora, você já sabe se coelho bota ovo e qual é a relação desse dentuço com o feriado de Páscoa! Você já conhecia algumas das explicações? 

Por que o coelho eo simbolo da pascoa
Por que o coelho eo simbolo da pascoa

Conte com a Petz para deixar seu bichinho saudável e bem cuidado. Em nosso site, você encontra diversos produtos e artigos para que os coelhos possam se divertir o ano todo.