Qual foi o valor da obra abaporu é quem comprou

Qual foi o valor da obra abaporu é quem comprou

Não há, na história da arte brasileira, uma obra tão valiosa como Abaporu, criada em 1928 por Tarsila do Amaral (1886-1973). A grandeza imensurável da tela de 85 por 73 centímetros, pintada há quase um século, ganha novas camadas a cada reinterpretação que surge – e, claro, toda vez que algum outro trabalho da modernista é vendido por preços exorbitantes mundo afora. ESTE CONTEÚDO ESTÁ PUBLICADO NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO #467 IMPRESSA DA REVISTA PB. A VERSÃO DIGITAL ENCONTRA-SE DISPONÍVEL NA BANCAH.

A pintura, contudo, tem endereço fixo, e não é no Brasil. Integrante de luxo do prestigiado acervo do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba), uma eventual repatriação dele por algum museu brasileiro é vista como impossível.

A conversa é destas que correm à boca pequena nos bastidores do mundo da arte, em que marchands, críticos literários, colecionadores e curiosos sussurram e entreouvem informações técnicas e anedotas capazes de inflar (ou difamar) preços e adjetivos de toda sorte de artistas. No Palácio do Planalto, o fundador e presidente do Malba, Eduardo Constantini, conversava com a então presidente Dilma Rousseff. Era março de 2011, a abertura da exposição Mulheres, Artistas e Brasileiras – e o Abaporu, gentilmente emprestado pelo museu argentino, estrelava o evento. Em dado momento, com discrição e na presença de poucas testemunhas, Rousseff perguntou a Constantini:

“O Abaporu, com todos os seus significados, acabou virando um símbolo do modernismo. E, depois, um símbolo do Brasil.” Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da artista

— Quanto vale o Abaporu? Quanto custaria se um museu brasileiro quisesse comprá-lo do Malba?

Com um sorriso que denunciava a informalidade da conversa e, ao mesmo tempo, enfatizava que ele não estava nem um pouco interessado em se desfazer de uma de suas maiores preciosidades, Constantini respondeu que seria algo na casa de US$ 200 milhões. Mesmo que a cifra tenha estacionado aí (o que é difícil, já que, nos últimos dez anos, Tarsila foi valorizada ainda mais no mercado internacional), seria, portanto, uma obra que hoje ultrapassaria R$ 1 bilhão.

“O Abaporu, com todos os seus significados, acabou virando um símbolo do modernismo. E, depois, um símbolo do Brasil”, diz a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, atual responsável pela gestão dos direitos da obra da modernista. “A cada ano que passa, ouço um valor maior para a obra. Contudo, se eu fosse Eduardo [Constantini], jamais venderia a obra: que diferença fariam US$ 100 milhões, US$ 200 milhões na vida dele? Mas quem no mundo pode dizer que é o dono do Abaporu? Só ele. E isso não tem preço.”

Tarsila vendeu a tela ao fundador do Masp porque sonhava que o trabalho fosse incorporado ao acervo da instituição, mas ele preferiu fazer dinheiro e passar o quadro adiante. Trinta anos mais tarde, Abaporu acabou integrado a um grande museu argentino.

Cifras cada vez mais impressionantes

A valorização recente da pintura se baseia em episódios pontuais, como o sucesso da exposição individual de Tarsila no MoMA, o museu de arte moderna de Nova York, em 2018. Na ocasião, segundo a apólice, Abaporu foi segurado em US$ 45 milhões; no ano seguinte, uma mostra recordista de público no Museu de Arte de São Paulo (Masp). No meio-tempo, uma obra de Tarsila se tornou o mais caro exemplar da arte brasileira já vendido: o mesmo MoMA comprou a tela A lua, também de 1928, por US$ 20 milhões. No fim de 2020, A caipirinha, da mesma autora, foi arrematada em solo nacional por R$ 57,5 milhões.

De acordo com o empresário, colecionador e artista plástico Marcos Amaro, fundador do FAMA Museu e Campo e integrante dos conselhos do Museu de Arte Moderna (MAM) e do Masp, são cerca de 20 as vigorosas obras de toda a carreira de Tarsila, de um “período curto e intenso” que atingem cifras impressionantes. E, sem dúvida, Abaporu está no topo do ranking. “Já ouvi dizer que Constantini não venderia por menos de US$ 100 milhões. A questão é: há comprador?”, comenta Amaro, com autoridade de quem possivelmente é o colecionador de mais trabalhos atribuídos a Tarsila – recentemente, adquiriu, após dois anos de negociação, 203 desenhos da artista.

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Edison Veiga Abapuru faz parte do acervo pessoal de Tarsilinha do Amaral.

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