Qual a importância da biodiversidade para a economia

Na natureza, todos as formas de vida desempenham funções que contribuem para o equilíbrio dos ecossistemas e para a continuidade de ciclos vitais que, muitas vezes, damos como adquiridos. A manutenção e regulação destes equilíbrios explica, só por si, a importância da biodiversidade.

A diversidade biológica influencia diretamente os ciclos que sustêm a vida no planeta – ciclos biogeoquímicos, como o da água, carbono, oxigénio ou azoto – e para compreender a importância da biodiversidade nada melhor do que percebermos que dependemos dela para obter quase tudo, desde o ar que respiramos à água que bebemos.

A importância da biodiversidade é evidente na vertente ecológica ou ambiental, uma vez que o seu contributo é essencial para regular e manter muitos dos serviços naturais – os chamados serviços do ecossistema – que incluem, entre outros, o sequestro de carbono e a regulação do clima, a formação e conservação do solo, a filtragem do ar, o controlo de pragas e doenças e a redução do impacte das catástrofes naturais.

Essencial à vida na Terra, a biodiversidade tem grande influência em muitas outras áreas das nossas vidas, a exemplo da economia e saúde:

  • Na vertente económica, dependemos desta diversidade para obter desde matérias-primas a alimentos, já que muita da atividade produtiva que nos sustenta depende da renovação de recursos naturais. As estimativas do Fórum Económico Mundial apontam para que mais de metade do produto interno bruto mundial (PIB) – ou seja, metade da riqueza produzida globalmente, o que corresponde a 40 biliões de euros – esteja dependente da natureza. A perda da biodiversidade torna-se, assim, um tema central para a vida das empresas, com impactos que se estendem às suas operações e cadeias de abastecimento.
  • Também a nossa saúde está dependente da diversidade biológica, já que muitos medicamentos incorporam princípios ativos derivados de plantas e microrganismos, com inúmeras substâncias com interesse farmacológico descobertas todos os anos. Por outro lado, estudos científicos apontam para que as perturbações em habitats e suas espécies – deslocações de espécies provocadas pela desflorestação e pelo impacto das alterações climáticas, por exemplo – estejam associadas a surtos de doenças infeciosas, como é o caso do Ébola ou do Zika. Esta é, inclusive, uma hipótese apontada para a passagem do SARS-CoV-2 para os humanos.

Com a redução de biodiversidade corremos, todos os dias, o risco de perder, sem saber, produtos e serviços que poderiam constituir um enorme benefício para a nossa saúde e nutrição – para nossa vida.

Info

O Brasil é um dos países com maior capital natural do mundo. Oos serviços ecossistêmicos à ele associados - como a manutenção da quantidade e da qualidade das águas subterrâneas e superficiais utilizadas para abastecimento das populações, a polinização, a regulação do clima e a proteção contra eventos climáticos extremos - são de grande importância, não só para a sociedade brasileira, como também para o equilíbrio ecológico, manutenção da diversidade de espécies e bem-estar das sociedades em nível global. Eles são essenciais para a resiliência de setores econômicos, como o agropecuário, energético, pesqueiro e florestal, dentre outros. No entanto, apesar do reconhecimento acerca da importância da biodiversidade e de ecossistemas saudáveis para o desenvolvimento econômico e social do País, esses ativos ambientais ainda não são plenamente considerados na construção e implementação de políticas e decisões empresariais.  

O Brasil é signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) e se comprometeu com metas nacionais e internacionais para 2011-2020, as quais envolveram o compromisso de incluir o valor da biodiversidade em estratégias nacionais e locais de desenvolvimento, de criar incentivos e garantir seu uso sustentável e dentro de limites seguros (Metas 1,2, 3 e 4). 

Entre 2012 e 2019, o Ministério do Meio Ambiente empreendeu, por meio do Projeto TEEB Regional-Local, ações de cooperação com o setor público e a iniciativa privada, realizadas nos níveis local, regional e nacional. Destacam-se ações de capacitação, disseminação de conhecimento e apoio técnico acerca das relações entre o capital natural e a economia, bem como o apoio  a criação e ao aprimoramento de políticas públicas, além do apoio à  execução de projetos demonstrativos empresariais e o desenvolvimento pioneiro das contas econômicas ambientais.  

Para entender como o projeto TEEB foi implementado e seus principais resultados, .

Contribuições dos ecossistemas para a sociedade 

Qual a importância da biodiversidade para a economia
 

O desenvolvimento e o bem-estar das sociedades humanas estão invariavelmente ligados aos ecossistemas, que são provedores de recursos essenciais à vida tal como água e alimento. O reconhecimento dessa correlação é importante para que haja o planejamento do desenvolvimento de forma a incorporar os três pilares da sustentabilidade: conservação ambiental, desenvolvimento econômico e qualidade de vida às populações. 

O uso desordenado dos recursos pode gerar cenários de escassez e trazer caos e baixa qualidade de vida às populações. Para evitar que isso aconteça, é preciso fazer a gestão dos ecossistemas visando sustentar o fluxo de serviços prestados à sociedade, colocando em prática planos e ferramentas recomendados em diversos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. Essa integração dos ecossistemas no planejamento de ações dos setores público e empresarial atende as metas da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Além disso, contribui para a mitigação e adaptação à mudança do clima, por meio de soluções baseadas na natureza (SbN). 

A integração sistêmica dos recursos naturais e da biodiversidade é importante em todas as etapas dos ciclos de políticas, planos, programas, independentemente do processo ser conduzido por governos, empresas ou outras organizações. O reconhecimento das relações de dependência que os setores econômicos - como a agricultura, a pesca, o turismo, a mineração, a energia e os transportes - têm com os ecossistemas contribui para a adoção de estratégias de redução dos impactos negativos gerados por esses setores nos ecossistemas de modo a garantir a própria manutenção desses setores, que dependem dos recursos da natureza. 

A vegetação nativa, por exemplo, assume um papel essencial na manutenção da oferta de água, na fertilidade do solo e na polinização, serviços que são essenciais para população em áreas rurais e à produtividade do setor agrícola. Outro exemplo é a interligação entre os ecossistemas e o setor do turismo, pois um ambiente natural saudável e funcionando adequadamente mantém seu potencial de atração turística. 

Assim, reconhecer o valor dos ecossistemas nos processos de tomada de decisão política e econômica auxilia na minimização de riscos e promove novas oportunidades no âmbito econômico, social e ambiental. 

Qual a importância da biodiversidade para a economia
 

Fonte: Infográfico integrado no Sumário para Tomadores de Decisão (STD) do 1º Relatório sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos  

para saber mais sobre as contribuições dos ecossistemas para a sociedade.