Infere se desse texto que o narrador e o operário português haviam aprendido a falar francês

Infere se desse texto que o narrador e o operário português haviam aprendido a falar francês

1. (UNICAMP) Leia o seguinte capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis

Capítulo XL

Uma égua

           Ficando só, refleti algum tempo, e tive uma fantasia. Já conheceis as minhas fantasias. Contei-vos a da visita imperial; disse-vos a desta casa do Engenho Novo, reproduzindo a de Matacavalos… A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido em Tácito que as éguas iberas concebiam pelo vento; se não foi nele, foi noutro autor antigo, que entendeu guardar essa crendice nos seus livros. Neste particular, a minha imaginação era uma grande égua ibera; a menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre; mas deixemos de metáforas atrevidas e impróprias dos meus quinze

anos. Digamos o caso simplesmente. A fantasia daquela hora foi confessar a minha mãe os meus amores para lhe dizer que não tinha vocação eclesiástica. A conversa sobre vocação tornava-me agora toda inteira, e, ao passo que me assustava, abria-me uma porta de saída. «Sim, é isto, pensei; vou dizer a mamãe que não tenho vocação, e confesso o nosso namoro; se ela duvidar, conto-lhe o que se passou outro dia, o penteado e o resto… (Dom Casmurro, em Machado de Assis, Obra Completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008: p. 975.)

a) Explique a metáfora empregada pelo narrador, neste capítulo, para caracterizar sua imaginação.

b) De que maneira a imaginação de Bentinho, assim caracterizada, se relaciona com a temática amorosa neste capítulo? E no romance?

RESPOSTAS:

a) Nesse capítulo, o narrador compara sua imaginação às éguas iberas. A metáfora empregada pelo narrador indica que sua imaginação corre livre e solta. É também fértil e ambiciosa, porque diante da “menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre”. Desse modo, a metáfora utilizada sugere que a natureza imaginativa do narrador permite que supostos indícios se transformem rapidamente em verdades.

b) A metáfora da égua ibera remete à natureza fantasiosa do narrador, Bento Santiago, que, no capítulo citado, recorre à imaginação para escapar da carreira eclesiástica. Como justificativa para a falta de vocação religiosa, imagina confessar à mãe, a devota D. Glória, seu relacionamento amoroso às escondidas com Capitu. No romance, a imaginação fecunda de Bento Santiago justifica a hipótese de adultério, fazendo crescer o ciúme, que sustenta a acusação e condenação de Capitu sem provas concretas.

2. (FUVEST/SP) Leia o último capítulo de Dom Casmurro e responda às questões a ele relacionadas.

CAPÍTULO CXLVIII / E BEM, E O RESTO?

Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! Vamos à “História dos Subúrbios”. Machado de Assis, Dom Casmurro.

Costuma-se reconhecer que o discurso do narrador de Dom Casmurro apresenta características que remetem às duas formações escolares pelas quais ele passou: a de seminarista e a de bacharel em Direito. No texto,

a) você identifica algum aspecto que se possa atribuir ao ex-seminarista? Explique sucintamente.

b) o modo pelo qual o narrador conduz a argumentação revela o bacharel em Direito? Explique resumidamente.

RESPOSTAS:

a) Sim, a citação bíblica denuncia o repertório de leituras próprio de um ex-seminarista.

b) A argumentação desenvolvida nesse parágrafo tem um caráter dialético, partindo de uma hipótese, seguida do confronto entre pontos de vista opostos e do encaminhamento de uma conclusão, a partir da qual se tenta conquistar o leitor. Esses procedimentos discursivos podem ser associados à formação acadêmica de Bentinho.
3. (UFU-MG) Não houve lepra

“Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou novas. Onze meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifoide, e foi enterrado nas imediações de Jerusalém, onde os dois amigos da universidade lhe levantaram um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta Ezequiel, em grego: ‘Tu eras perfeito nos teus caminhos’. Mandaram-me ambos os textos, grego e latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para não tornar a vê-lo. Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, e achei que era exato, mas tinha ainda um complemento: ‘Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação’. Parei e perguntei calado: ‘Quando seria o dia da criação de Ezequiel?’ Ninguém me respondeu. Eis aí mais um mistério para ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro.” Machado de Assis. Dom Casmurro. Cap. CXLVI.

Este capítulo de Dom Casmurro permite classificar a narrativa de Machado de Assis como realista. Desenvolva essa ideia, comprovando-a com dois elementos do texto.

RESPOSTA:

Apesar de se tratar da morte do filho do narrador, Machado de Assis aproveita a oportunidade para denunciar as hipocrisias das relações humanas ao listar juntamente inscrição do túmulo, desenho e despesas do enterro. Além disso, a frieza como quer tratar do assunto se exibe no desfecho irônico: “Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro”.

4. (UNICAMP) Leia a passagem abaixo de Dom Casmurro:

“Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não estivesse aqui escrevendo este livro, porque o meu primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei a pegar na xícara, mas o pequeno beijava-me a mão, como de costume, e a vista dele, como o gesto, deu-me outro impulso que me custa dizer aqui; mas vá lá, diga-se tudo. Chamem-me embora assassino; não serei eu que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso foi criminoso. Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tomara café. “Machado de Assis, Dom Casmurro, em Obra Completa. Vol. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p.936.

a) Explique o “primeiro ímpeto” mencionado pelo narrador.

b) Por que o narrador admite que seu “segundo impulso” foi criminoso?

c) O episódio da xícara de café está diretamente relacionado com a redação do livro de memórias de Bento Santiago. Por quê?

RESPOSTAS

a) O “primeiro ímpeto” mencionado pelo narrador diz respeito ao seu desejo de beber o café envenenado, cometendo assim um suicídio. A vontade de pôr fim à vida é motivada pela suspeita que Bento Santiago alimentava sobre a traição de sua esposa Capitu. b) O “segundo impulso” mencionado refere-se à intenção de matar Ezequiel, oferecendo-lhe o café envenenado. O ato é tido como criminoso pelo próprio narrador, que indica ter desistido do suicídio ao considerar a possibilidade de assassinar o menino, movido pela suspeita de que não fosse seu filho e sim filho do falecido amigo, Escobar.

c) No início do trecho citado, o narrador sugere que aquele encontro com Ezequiel alterou sua determinação de cometer o suicídio e, em certa medida, motivou, mais tarde, a redação do livro de memórias, com o qual pretendia “atar as duas pontas da vida”. Nesse sentido, o episódio da xícara de café, como um flagrante da hesitação da personagem, mobilizada pelo impulso de cometer um suicídio ou um homicídio, concentra os elementos constitutivos do conflito central das memórias de D. Casmurro. Em seu livro, Bento Santiago, um homem já maduro e fechado em si mesmo, debruça-se sobre os momentos decisivos de sua vida amorosa e familiar na tentativa de recuperar e explicar o tempo passado. No horizonte da cena narrada está o sentimento de felicidade perdida, a suspeita da traição, a desconfiança em relação à paternidade de Ezequiel, o ciúme incontido e a oscilação característica do narrador protagonista.

 4. CAPÍTULO 132 – O DEBUXO E O COLORIDO Nem só os olhos, mas as restantes feições, a cara, o corpo, a pessoa inteira, iam-se apurando com o tempo. Eram como um debuxo primitivo que o artista vai enchendo e colorindo aos poucos, (…) a mudança fez-se, não à maneira de teatro, fez-se como a manhã que aponta vagarosa, primeiro que se possa ler uma carta, depois lê-se a carta na rua, em casa, no gabinete, sem abrir as janelas; a luz coada pelas persianas basta a distinguir as letras. Li a carta, mal a princípio e não toda, depois fui lendo melhor. Fugia-lhe, é certo, metia o papel no bolso, corria a casa, fechava-me, não abria as vidraças, chegava a fechar os olhos. Quando novamente abria os olhos e a carta, a letra era clara e a notícia claríssima.

Escobar vinha assim surgindo da sepultura, do seminário e do Flamengo para se sentar comigo à mesa, receber-me na escada, beijar-me no gabinete de manhã, ou pedir-me à noite a bênção do costume.

CAPÍTULO 40 – UMA ÉGUA
A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido em Tácito que as éguas iberas concebiam pelo vento, se não foi nele, foi noutro autor antigo, que entendeu guardar essa crendice nos seus livros. Neste particular, a minha imaginação era uma grande égua ibera; a menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre. (…)

O primeiro texto descreve a angústia de Bentinho, ao perceber a semelhança entre seu filho Ezequiel e o amigo Escobar. Bentinho achava que Escobar o teria traído com Capitu, sua mulher, e que o amigo seria, portanto, o verdadeiro pai da criança. O segundo texto é uma confissão de Bentinho a respeito de sua gigantesca capacidade de imaginar.
a) A comparação entre os dois textos permite concluir se houve ou não traição? Por quê?

b) Em qual dos dois textos, a percepção leva à infelicidade? Por que a percepção conduz a esse estado?

RESPOSTAS:
a) A comparação entre os dois textos não permite concluir se houve ou não traição, porque toda a confissão de Bentinho aparece na primeira pessoa, ou seja, ele quem dá a versão dos fatos. Além disso, Bentinho declara que “a sua capacidade de imaginar é gigantesca”: “a imaginação foi a companheira de toda a minha existência…”. Portanto, o que ele dá como realidade poderia não ser mais do que a sua percepção equivocada dos acontecimentos: Capitu poderia ter sido fiel e ele, uma vítima infeliz da “égua ibera” de sua fantasia.
b) No primeiro texto, fica clara a percepção de Bentinho ao mostrar o seu ponto de vista sobre os fatos, o que seria a razão de sua infelicidade. No fragmento transcrito, a personagem aparece em pleno ato de perceber (ou imaginar ) como as coisas se teriam passado entre sua mulher e seu amigo, a partir das semelhanças (reais ou imaginárias) entre o amigo e seu filho, Ezequiel.

 5. O texto abaixo é um dos mais importantes capítulos do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Leia-o com atenção e responda às perguntas seguintes. Capítulo 123: “Olhos de ressaca” Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas… As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-Ia; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

a) Como é o comportamento de Capitu no velório de Escobar? O que chama a atenção de Bentinho no comportamento de Capitu?

b) Por que essa passagem é importante no desenvolvimento do romance de Machado de Assis?

RESPOSTAS:

a) Capitu parece sofrer muito com a morte de Escobar, tenta consolar a viúva e olha o defunto fixamente, dando a Bentinho a ideia de que agia como se fosse a própria viúva.

b) Porque o romance gira em torno dos ciúmes de Bentinho por Capitu. A cena no velório fortalece o pensamento de Bentinho com relação a uma traição da esposa com o amigo morto Escobar.

 6. Os trechos abaixo foram extraídos de Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor…

Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as cousas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.

É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.(Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 213.)

a) Como a narrativa de Bento Santiago pode ser relacionada com a afirmação de que a verossimilhança é “muita vez toda a verdade”?

b) Considerando essa relação, explicite o desafio que o segundo trecho propõe ao leitor.

 RESPOSTAS:

a) Segundo Bento Santiago, a verossimilhança, harmonia entre elementos fantasiosos ou imaginários que garantem a coerência da narrativa, é vista, muitas vezes, como verdade absoluta e inquestionável. Isto significa que o ponto de vista de quem escreve pode ser tomado como verdadeiro, sem levar em conta a subjetividade do narrador, como Bento Santiago que, convencido da traição de Capitu, induz o leitor a aceitar a sua tese.

b) No segundo trecho, o narrador desafia o leitor a descobrir nas entrelinhas da narrativa as verdadeiras intenções dos personagens ou a ambiguidade das suas ações, de maneira a completar tudo aquilo que não foi dito.

7. (UNICAMP )  Entre Luz e Fusco

       Entre luz e fusco, tudo há de ser breve como esse instante. Nem durou muito a nossa despedida, foi o mais que pôde, em casa dela, na sala de visitas, antes do acender das velas; aí é que nos despedimos de uma vez. Juramos novamente que havíamos de casar um com o outro, e não foi só o aperto de mão que selou o contrato, como no quintal, foi a conjunção das nossas bocas amorosas… talvez risque isso na impressão, se até lá não pensar de outra maneira; se pensar, fica. E desde já fica, porque, em verdade, é a nossa defesa. O que o mandamento divino quer é que não juremos em vão pelo santo nome de Deus. Eu não ia mentir ao seminário, uma vez que levava um contrato feito no próprio cartório do céu. Quanto ao selo, Deus, como fez as mãos limpas, assim fez os lábios limpos, e a malícia está antes na tua cabeça perversa que na daquele casal de adolescentes… oh! minha doce companheira da meninice, eu era puro, e puro fiquei, e puro entrei na aula de S. José, a buscar de aparência a investidura sacerdotal, e antes dela a vocação. Mas a vocação eras tu, a investidura eras tu.(Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 195-196.)

a) Em que medida a imagem presente no título desse capítulo de Dom Casmurro define a natureza da narrativa do romance?

b) No emprego da segunda pessoa, não há coincidência do interlocutor. Indique duas marcas linguísticas que evidenciam essa não coincidência, explicitando qual é o interlocutor em cada caso.

RESPOSTAS:

a) O título remete denotativamente ao instante breve em que o Sol nasce ou se põe. No entanto, a primeira frase do texto amplia o seu significado ao sugerir uma reflexão sobre a efemeridade do tempo. O protagonista relembra momentos do passado, registra as suas impressões sobre episódios que o marcaram, como a cena de despedida com Capitu antes do seu ingresso no seminário. Dom Casmurro é narrado em primeira pessoa pelo protagonista  masculino que dá nome ao romance, já velho e solitário, desiludido e amargurado pela casmurrice, conforme lhe está no apelido. A visão, pois, que temos dos fatos é perpassada da sua ótica subjetiva e unilateral.

 b) O autor usa a segunda pessoa do singular nas frases “a malícia está antes na tuacabeça perversa” e em “a investidura eras tu” para se dirigir respectivamente ao leitor e a Capitu, explicitada no vocativo “oh! minha doce companheira da meninice”.

8. (PUC-SP) Machado de Assis escreveu o romance Dom  Casmurro. A respeito desta obra, é correto  afirmar que

a) divide-se em duas partes rigorosamente simétricas, das quais a primeira apresenta, seguindo uma ordem temporal rígida, o processo  que envolve a promessa da mãe de fazer  Bentinho padre.

b) é marcada por digressões, técnica em que o narrador interrompe o fluxo narrativo, dirige-se ao leitor e comenta algo que aparentemente produz  um deslocamento do assunto que vinha sendo 

c) apresenta um narrador cuja visão condiciona todos os acontecimentos à sua maneira de vê-los, induzindo o leitor à aceitação dos fatos, tais como  são, impedindo a reflexão e o afastamento crítico.

d) caracteriza a figura de Capitu, particularmente na primeira parte da narrativa, como uma jovem voluntariosa, em ações que justificarão sua infidelidade conjugal e a consumação do  adultério.

e) arrasta seus leitores por aventuras emocionantes, desvendando a vida de pessoas ilustres e dando realce à vida sentimental das  personagens, e desinteressando-se, absolutamente, de casos desimportantes de  pessoas comuns.

 9. O romance “Dom Casmurro” pode ser esquematizado da seguinte forma:
Com base nesse esquema, é correto afirmar:

Infere se desse texto que o narrador e o operário português haviam aprendido a falar francês
a) Na primeira parte do romance, Bentinho acredita que a dissimulação de Capitu está relacionada à classe social da moça. b) Na segunda parte do romance, os diversos capítulos de curta extensão atestam o ciúme de Bentinho.

c) Nas duas partes do romance, os fatos narrados provocam em Bentinho sentimentos prazerosos e amargurados.


d) Nas duas partes do romance, as fantasias de Bentinho aceleram as ações, encobrindo, propositalmente, os ciúmes em relação a Capitu.

10. (UEMG) Com relação às técnicas e estratégias narrativas adotadas na obra “DOM CASMURRO”

, SÓ NÃO é CORRETO afirmar que

a)o narrador estabelece diálogos com um suposto ‘leitor incluso’.

b)o texto apresenta relações intertextuais com a tradição filosófica, artística e literária.

c)a narrativa contém recursos metalinguísticos, sobretudo no diálogo narrador / leitor.

d)o memorialismo da narrativa é comprometido com a fidelidade dos fatos ocorridos.

11. (UNEMAT)  Considere as afirmativas sobre o romance Dom Casmurro de Machado de Assis.

I. A referência dada por Bentinho a Capitu, olhos de ressaca, demonstra o profundo fascínio que ela exerce sobre ele.

II. O amor de Bentinho por Capitu consegue vencer o ciúme e levar os dois à reconciliação.

III. Os desentendimentos entre Bentinho e Capitu são evidências do estilo romântico de Machado de Assis.

IV. É durante o velório de José Dias que Bentinho descobre que Ezequiel não é seu filho.

V. Em princípio, o sonho de Dona Glória era que Bentinho seguisse a carreira eclesiástica.

Assinale a alternativa correta.

a) Apenas I e III estão corretas.

b) Apenas II e IV estão corretas.

c) Apenas III e V estão corretas.

d) Apenas I e V estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

12. (PUC-MG) Só não é possível afirmar sobre a personagem Capitu:

a)José Dias, ao definir os olhos de Capitu como os  “ de cigana oblíqua e dissimulada”, dá início à pintura da personagem que será construída pelo narrador.

b) Feminilidade e sagacidade são os componentes da personalidade de Capitu, metaforizados na expressão olhos de ressaca.

c) A falta da manifestação da voz de Capitu é um dos elementos que contribui para que o enigma sobre o adultério se acentue na narrativa.

d) A construção dessa personagem mantém, ratifica os mitos tradicionais sobre o papel social da mulher.

13. (UFMG) Todas as afirmações sobre D. Casmurro, de Machado de Assis, estão certas, exceto:

a)Discurso em primeira pessoa favorece o clima de dúvida que paira sobre o adultério de Capitu, pois o que prevalece na narrativa são as impressões de Bentinho, o narrador.

b) Além da semelhança de Ezequiel com Escobar, outro fator acentua a dúvida de Bentinho, sobre a paternidade do filho: a capacidade de dissimulação de Capitu.

c) O adultério, núcleo da narrativa, é um pretexto para se discorrer sobre a existência humana, subordinada ao poder desintegrador do tempo, que atua de forma irreversível sobre todas as coisas.

d) A alegria do tenor italiano, que apresenta a vida como uma ópera composta por Deus e pelo diabo, projeta-se em todo o romance, mostrando que, na luta entre as virtudes e os vícios, o Bem sempre triunfa.

e) Ao tentar reproduzir no Engenho Novo a casa em que se havia criado na antiga rua Mata-cavalos, ou ao escrever suas memórias, Dom Casmurro tenta reconstituir o passado, logrando invocar-lhe as imagens e não as sensações.

14. (PUCCAMP-SP) O trecho abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis:
O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. Invocando aqui a memória e o testemunho do leitor de sua história, o narrador arremata a narrativa: a) lembrando que os ciúmes de Bentinho por Capitu poderiam perfeitamente ser injustificáveis. b) concluindo que a única explicação para a traição de Capitu é a força caprichosa de circunstâncias acidentais. c) citando uma passagem da Bíblia, à luz da qual acaba admitindo a possibilidade da inocência de Capitu.

d) pretendendo que a personalidade de Capitu tenha se desenvolvido de modo a cumprir uma natural inclinação.


e) se mostra reticente quanto à convicção de que fora traído, sugerindo que continuará ponderando os fatos.

15. (UNIUBE-MG) Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, considerando a leitura do texto Dom Casmurro.

1. “Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança.” (Cap. CXIII)

2. “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?” (Cap. CXLVIII)

3. “E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! Vamos à História dos Subúrbios.” (Cap. CXLVIII)

4. “Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho amigo Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor. Mas não adiantemos; vamos à primeira parte, em que eu vim a saber que já cantava, porque a denúncia de José Dias, meu caro leitor, foi dada principalmente a mim. A mim é que ele me  denunciou.” (Cap. X)

5. “É verdade que Capitu, que não sabia Escritura nem latim, decorou algumas palavras (…). Quantos às de São Pedro, disse-me no dia que estava por tudo, que eu era a única renda e o único enfeite que jamais poria em si. Ao que eu repliquei que minha esposa teria sempre as mais finas rendas deste mundo.” (Cap. CI)

( ) Estilo machadiano

( ) Visão realista da vida

( ) Caráter de Bentinho

( ) Visão romântica do amor

A sequência obtida é

a) 4 – 1 – 2 – 5

b) 3 – 4 – 2 – 1

c) 5 – 1 – 4 – 2

d) 4 – 3 – 1 – 2

16. (PUC-PR) Com base na leitura de Dom Casmurro, e considerando a importância de Machado de Assis para a literatura brasileira, identifique as alternativas como VERDADEIRAS ou FALSAS:
( ) Escrito quando o Realismo era a estética dominante, Dom Casmurro é antes um “romance filosófico” que um “romance social”.
( ) Ao contrário de diversas heroínas românticas, punidas com a morte por comportamentos inadequados para os padrões de sua época, a principal personagem feminina de Dom Casmurro não morre no final da narrativa. ( ) Ainda que acreditasse não ser pai de Ezequiel, Bento Santiago não deixou que isso interferisse na relação pai-filho, e sempre quis ter o rapaz muito perto de si.

( ) Assim como em Esaú e Jacó, a presença do Imperador e as referências à vida política brasileira são constantes em Dom Casmurro e interferem nos acontecimentos narrados.


A sequência correta é:

a) V, F, F, F

b) F, F, F, V

c) F, V, F, V

d) V, V, V, F

e) F, V, F, F

17. (U. F. UBERLÂNDIA-MG) Assinale a alternativa INCORRETA, considerando a leitura da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.

a) A linguagem do narrador é utilizada para recriar objetivamente o mundo social e também para refletir sobre o próprio ato de narrar.

b) A visão do passado que o narrador mostra constitui-se não só em uma interpretação dos fatos como também na apresentação de provas contundentes do adultério de Capitu.

c) A ambiguidade existente na obra destaca a impossibilidade que uma pessoa tem de explicar completamente outro ser humano.

d) O processo de construção literária de Machado de Assis revela-se, também, por um conjunto de intertextos.

18. (U. F. UBERLÂNDIA-MG) Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas que se seguem.

I. Dª Glória tentava impedir o casamento de Bentinho com Capitu, pois desejava que ele se unisse a Sancha.

II. Bento Santiago não teve problemas em homenagear o amigo Escobar, por ocasião de seu enterro, pois era seu melhor amigo.

III. A cena descrita no velório de Escobar (homens e mulheres chorando) é uma característica do Romantismo presente em todo o Dom Casmurro — obra que tem como tema os infelizes amores de Bentinho e Capitu.

IV. “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvimento e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar.

V. Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança, fazendo com que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu.

Assinale:

a) Se apenas IV é correta.

b) Se apenas III e V são corretas.

c) Se apenas I, II são corretas.

d) Se apenas V é correta.

 19. (U. F. UBERLÂNDIA-MG) Considerando a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, é

correto afirmar que:

a) o narrador em terceira pessoa permite a exploração psicológica de um adultério tanto por parte da adúltera, Capitu, quanto da vítima, Bentinho.

b) é uma narrativa ambígua porque mostra um retrato moral da esposa Capitu feito pelo próprio marido Bentinho, de forma a não permitir que se saiba se o adultério de fato ocorreu.

c) Bentinho é semelhante a Otelo, de Shakespeare, que não tem coragem de se matar e nem tem ódio e ciúme suficientes para assassinar a esposa.

d) a casa de Matacavalos refere-se à infância de Bentinho, enquanto a casa da Glória refere-se à época de convivência com Capitu, que lhe trouxe felicidades.

20. (U. UBERABA-MG )Em relação ao romance Dom Casmurro é correto afirmar que:

a) O leitor, em razão da ambiguidade do narrar, permanece na incerteza do que aconteceu e do que foi deturpado pelo ciúme.

b) Esta é, sem dúvida, uma narrativa ambígua, mas esta ambiguidade permanece apenas até certo ponto da narrativa, porque o próprio personagem narrador confessa que interpretou mal a realidade dos fatos.

c) Como neste romance há uma clara delimitação entre o que seja imaginário e realidade, o leitor percebe de maneira clara o que é real e o que é deformado pelo ciúme.

d) A intriga do romance é de tal maneira construída que o leitor vacila em aceitar a culpabilidade de Capitu. A hesitação só termina quando encontra no derradeiro capítulo a evidência cabal de que Capitu foi uma adúltera.

21. (UFPR) A propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar:
a) A narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica, o narrador pretende configurar a culpa de Capitu. b) O artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do narrador à medida que elas acontecem, mantendo-se assim a tensão. c) Elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com personagens idealizadas entregues à paixão amorosa. d) O espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando demonstrar que as mazelas sociais não são prerrogativa da Corte.

e) Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir culpado quando o ex-amigo morreu afogado.

22. (UNEMAT)  A respeito de Dom Casmurro, pode-se dizer que é um romance sobre:

a) dúvida e a ambiguidade, o amor e o ciúme.

b) a vida de Bentinho e sua escolha pelo celibato.

c) Capitu, a heroína romântica, que morre no final do romance.

d) a transição da República para a Monarquia na vida política brasileira.

e) a guerra do Paraguai e a vitória do Brasil.

23. (UFPR) No segundo capítulo de Dom Casmurro, o narrador-personagem expõe as razões que o levaram a escrever suas memórias. Relacionando esse capítulo com o romance, é correto afirmar que, ao procurar “atar as duas pontas da vida”, Bentinho: a) obtém um relato lúcido e imparcial a respeito do seu passado, vencendo os preconceitos característicos da classe a que pertencia, uma vez que, tendo sido, ele mesmo, vítima de um universo social baseado na rigorosa autoridade paternal, pôde, ao final da vida, avaliar o preço alto da solidão.

b) reconhece seu fracasso, apontando as lacunas de “um livro falho” próprio narrador que, apesar de todo o esforço empreendido para incriminar sua mulher, compromete a si mesmo, distorcendo as circunstâncias que o envolvem.

c) reconcilia-se com o seu passado e consigo mesmo, mostrando-se arrependido por ter sido injusto e extremamente cruel, nos seus julgamentos e atitudes, em relação às pessoas que mais amara: não apenas diante de Capitu e Escobar, mas, principalmente, em relação a Ezequiel. d) convence o leitor de que Capitu foi de fato infiel. Os argumentos apresentados pelo narrador são suficientes para fundamentar as vagas impressões de um homem que, apesar de apegado aos valores tradicionais da família patriarcal brasileira do final do século XIX, compreende a independência de espírito de sua mulher.

(E) não consegue convencer o leitor de que Capitu é infiel. Os argumentos apresentados pelo narrador não são suficientes para fundamentar as vagas impressões de um homem que, apesar de apegado aos valores tradicionais da família patriarcal brasileira do final do século XIX, compreende a independência de espírito de sua mulher.

A exposição retrospectiva

“Já sabes que a minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não ficou aí para um canto como uma flor lívida e solitária. Não lhe dei essa cor ou descor. Vivi o melhor que pude sem me faltarem amigas que me consolassem da primeira. Caprichos de pouca dura, é verdade.

Elas é que me deixavam como pessoas que assistem a uma exposição retrospectiva, e, ou se fartam de vê-la, ou a luz da sala esmorece. Uma só dessas visitas tinha carro à porta e cocheiro de libré. As outras iam modestamente, calcante pede, e, se chovia, eu é que ia buscar um carro de praça, e as metia dentro, com grandes despedidas, e maiores recomendações.

[…]”

E bem, e o resto?

“Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.

Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, ver. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti.” Mas eu creio que não. E tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me […] A terra lhes seja leve! […]”

24. (PUC-RS) O trecho em questão pertence à antológica obra de Machado de Assis.

a) Memórias póstumas de Brás Cubas.

b) Dom Casmurro.

c) Memorial de Aires.

d) Quincas Borba.

25. (UNEMAT)  No romance de Machado de Assis, Bento Santiago explica a origem da alcunha de Dom Casmurro que lhe foi dada, cujo motivo seria pelo fato de ser:

1.pão duro.

2.ensimesmado.

3.alegre.

4.esnobe.

5.traiçoeiro.

26. (PUC-RS) No trecho, _________, o narrador-personagem, expressa sua _________ diante da impossibilidade de desvendar os mistérios que pautam as ações humanas, elemento característico do ___________, que busca entender objetivamente os sentimentos.

a) Isaías/indignação/Romantismo.

b) Bentinho/discordância/Romantismo.

c) Escobar/insatisfação/Simbolismo.

d) Bentinho/inconformidade/Realismo.

e) Ezequiel/conformidade/Realismo.

27. (FUVEST) Podemos afirmar que na obra D. Casmurro, Machado de Assis: a) defende a tese de que o meio determina o homem porque descreve a personagem Capitu desde o início como uma futura adúltera. b) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina a futura tragédia. c) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final. d) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na formação de Capitu.

e) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre o meio e o fim trágico dos personagens.

28. (UNIFESP – modificada) Textos para a próxima questão.

Texto I
Ultimamente ando de novo intrigado com o enigma de Capitu. Teria ela traído mesmo o marido, ou tudo não passou de imaginação dele, como narrador? Reli mais uma vez o romance e não cheguei a nenhuma conclusão. Um mistério que o autor deixou para a posteridade. (Fernando Sabino, O bom ladrão)

Texto II
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que…
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. (Machado de Assis, Dom Casmurro)
No texto de Sabino

(I), o narrador questiona a traição de Capitu. Lendo o texto de Machado

(II), pode-se entender que esse questionamento decorre de:
a) os fatos serem narrados pela visão de uma personagem, no caso, o narrador em primeira pessoa, que fornece ao leitor o perfil psicológico de Capitu. b) a personagem ser vista por José Dias como oblíqua e dissimulada, o que gerou mal-estar no apaixonado de Capitu, deixando de vê-la como uma mulher de encantos. c) a apresentação da personagem Capitu ser feita no romance de maneira muito objetiva, sem expressão dos sentimentos que a vinculavam ao homem que a amava. e) os aspectos psicológicos de Capitu serem apresentados apenas pelos comentários de José Dias, o que lhe torna a caracterização muito subjetiva.

e) o amado de Capitu não conseguir enxergar nela características mais precisas e menos misteriosas, o que o faz descrevê-la de forma bastante idealizada.

29. (UNIFESP) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que…
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. (Machado de Assis, Dom Casmurro) Ao afirmar que Capitu tinha olhos de cigana oblíqua, José Dias a vê como uma mulher:

a) irresistível.

b) inconveniente.

c) compreensiva.

d) evasiva.

e) irônica.

30. (UNEMAT) José de Alencar e Machado de Assis, bastante próximos no tempo, realçaram a beleza de suas personagens femininas. Leia os fragmentos abaixo e assinale a alternativa correta quanto à diferença de tom dos autores ao caracterizar suas figuras.

1.“Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro” (p. 44-5).

2.“Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado […]. Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam-se a meter-se uns pelos outros…”(p. 15-6).

1.Iracema, como personagem secundária do romance, é a donzela pura que representa o ideal da Corte brasileira.

2.Capitu é a cortesã nobre voltada para os afazeres domésticos.

3.Iracema e Capitu encarnam o ideal do século XX, responsável pela transformação social da mulher.

4.Iracema representa a heroína idealizada e Capitu, a mulher maliciosa e desejada.

5.Iracema e Capitu têm em comum o fato de estarem presas às convenções românticas.

31. (UNIFESP) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que…
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. (Machado de Assis, Dom Casmurro) Para o narrador, os olhos de Capitu eram olhos de ressaca, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Entende-se, então, que ele: a) começava a nutrir sentimento de repulsa em relação a ela, como está sugerido em [seus olhos] entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que…

b) se sentia fortemente atraído por ela, como comprova o trecho: Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro…

c) passou a desconfiar da sinceridade dela, como está exposto em: mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. d) começava a vê-la como uma mulher comum, sem atrativos especiais, como demonstra o trecho: eu nada achei extraordinário…

e) deixava de vê-la como uma mulher enigmática, como está sugerido em: Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova.

32. (UFMS) Sobre o romance de Machado de Assis Dom Casmurro assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

(01) É um romance da fase realista do escritor, no qual as personagens são mostradas

superficialmente e a história é narrada em ordem cronológica linear.

(02) O personagem-narrador, Bentinho, pretende contar suas memórias ao leitor, através

de um livro, para espantar a monotonia.

(04) A expressão “olhos de ressaca”, utilizada na descrição de Capitu, significa que eram

olhos profundos e misteriosos como o mar, pois o narrador sentia que se afogava

neles e, ao mesmo tempo, não conseguia compreendê-los ou decifrá-los.

(08) José Dias, tio de Bentinho, é o personagem secundário utilizado pelo narrador para

revelar os costumes familiares do Rio de Janeiro em meados do século XIX.

(16) O ciúme de Bentinho, manifestado ainda na adolescência, acentua-se à medida que

Ezequiel fica, a cada dia, mais parecido com Escobar.

Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.

Soma: 22

33. (UEMG) Assinale a alternativa em que se identificou CORRETAMENTE elementos estruturais do romance Dom Casmurro.

a)A obra apresenta um texto em terceira pessoa, em que o protagonista central, Bentinho, é abandonado por Capitu, em virtude dos ciúmes exagerados desta.

b)O narrador de primeira pessoa escreve o romance, buscando a ilusão de resgatar o seu passado através de sensações revivenciadas no presente, tentando explicar a sua “casmurrice” e, com ela, a sua própria vida.

c)O romance é narrado em primeira pessoa por D. Casmurro, que deseja registrar, memorialisticamente, o seu passado glorioso e cheio de atos dignos de serem revivenciados.

d)A narração do romance obedece ao único propósito de registrar os momentos felizes de Bentinho, vivenciados ao lado de Capitu, o que explica, em parte, a tendência do narrador pelas minúcias e pelo detalhismo.

34. (UFPR) Sobre o escritor Machado de Assis e a sua obra Dom Casmurro, é correto afirmar:

a) Junto a José de Alencar, fundou o movimento realista na literatura brasileira. Enquanto Alencar buscava a constituição de uma identidade nacional através do retrato da história brasileira e da sua formação racial, Machado de Assis se ocupou do mundo urbano e de uma sociedade cuja moral estava em franca transformação.

b) Um dos principais temas de Dom Casmurro é a descrição da sociedade brasileira da época, mostrando, por exemplo, as tensões da passagem do mundo monárquico para o republicano e o conservadorismo resultante dessa mudança.

c) Em Dom Casmurro, a narrativa em primeira pessoa é a responsável pelo tom confessional do romance, ao mesmo tempo em que lhe atribui uma verdade indiscutível. Essas proposições estão explicitadas no próprio texto, especialmente quando o narrador “explica” o livro, ainda no início da narrativa.

d) As personagens Capitu e Escobar resumem em suas trajetórias as novas relações da sociedade naquele momento: o amor era mais importante que as aparências.

e) Os capítulos curtos que constituem o romance servem bem às intenções do narrador, possibilitando comentários, paradas e retrocessos para que a história se construa aos poucos com todas as informações que ele deseja oferecer e, consequentemente, que seja conduzida segundo o seu ponto de vista.

35. (FGV) Podemos afirmar que na obra D. Casmurro, Machado de Assis

a) defende a tese de que o meio determina o homem porque descreve a personagem Capitu desde o início como uma futura adúltera.

b) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina a futura tragédia.

c) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final.

d) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na formação de Capitu.

e) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre o meio e o fim trágico dos personagens.

Texto para as questões 35 .

“A enferma era uma senhora viúva, tísica, tinha uma filha de quinze ou de dezesseis anos, que estava chorando à porta do quarto. A moça não era formosa, talvez nem tivesse graça; os cabelos caíam-lhe despenteados, e as lágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos. Não obstante, o total falava e cativava o coração. O vigário confessou a doente, deu-lhe a comunhão e os santos óleos. O pranto da moça redobrou tanto que senti os meus olhos molhados e fugi. Vim para perto de uma janela.

Pobre criatura! A dor era comunicativa em si mesma; complicada da lembrança de minha mãe, doeu-me mais, e, quando enfim pensei em Capitu, senti um ímpeto de soluçar também (…)

A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há pouco, assim lhe encheu a boca de riso agora; (…) As tochas acesas, tão lúgubres na ocasião, tinham-me ares de um lustre nupcial… Que era lustre nupcial? Não sei; era alguma coisa contrário à morte, e não vejo outra mais que bodas.”

36. (MACKENZIE) Considere as afirmações.

I. Na descrição da filha da viúva (segundo período), o narrador-personagem apresenta um atitude romântica.

II. No fato narrado, o protagonista sobrepõe o mundo imaginário às circunstâncias objetivas da realidade circundante.

III. O texto foi extraído de romance brasileiro da primeira metade do século XIX.

Assinale:

a) se todas estiverem corretas.

b) se apenas I e III estiverem corretas.

c) se apenas II estiver correta.

d) se todas estiverem incorretas.

e) se apenas II e III estiverem corretas.

37. (UNEMAT) Bento Santiago, narrador de Dom Casmurro, sente-se confuso ao ver a morte injusta de Desdêmona, quando vai ao teatro assistir à peça Otelo, de Shakespeare.

Assinale a alternativa que está de acordo com tal sentimento.

1.Indiferença à traição da mulher.

2.Certeza de que Capitu o traiu.

3.Dúvida sobre a traição de Capitu.

4.Alegria por poder livrar-se da esposa.

5.Tristeza pela infidelidade de Capitu.

38. (UFU-MG) Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas que se seguem: I. Da Glória tentava impedir o casamento de Bentinho com Capitu, pois desejava que ele se unisse a Sancha. II. Bento Santiago não teve problemas em homenagear o amigo Escobar, por ocasião de seu enterro, pois era seu melhor amigo. III. A cena descrita no velório de Escobar (homens e mulheres chorando) é uma característica do Romantismo presente em todo o Dom Casmurro — obra que tem como tema os infelizes amores de Bentinho e Capitu. IV. “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvimento e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar. V. Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança fazendo com que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu. Assinale:

a) Se apenas IV é correta.

b) Se apenas I, II são corretas.

c) Se apenas III e V são corretas.

d) Se apenas V é correta.

e) Nenhuma delas é correta.

39. (CONC. FEDERAL) Machado de Assis, em Dom Casmurro, mostra Capitu como personagem de maior destaque. Bentinho nutria, em relação a ela, sentimentos de a) profunda admiração e respeito. b) amor desmedido. c) verdadeira veneração de ordem espiritual.

d) ciúme exacerbado, raiando os limites de doença mental.


e) nenhuma admiração ou respeito.

40. (PUC-RS) Para responder à questão, ler o texto que segue.

“– Seremos felizes!

Repeti estas palavras, com os simples dedos, apertando os dela. O canapé, quer visse ou não, continuou a prestar os seus serviços às nossas mãos presas, e às nossas cabeças juntas ou quase juntas.

[…]

Gurgel voltou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela. Eu levantei-me depressa e não achei compostura; metia os olhos pelas cadeiras. Ao contrário, Capitu ergueu-se naturalmente e perguntou-lhe se a febre aumentara.

[…]

Nem sobressalto nem nada, nenhum ar de mistério da parte de Capitu; voltou para mim, e disse-me que levasse lembranças a minha mãe e a prima Justina, e que até breve; estendeu-me a mão e enfiou pelo corredor. Todas as minhas invejas foram com ela. Como era possível que Capitu se governasse tão facilmente e eu não?

– Está uma moça, observou Gurgel olhando também para ela.

Murmurei que sim. Na verdade, Capitu ia crescendo às carreiras, as formas arredondavam-se e avigoravam-se com grande intensidade; moralmente, a mesma coisa. Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os pés até a cabeça.”

Todas as afirmativas que seguem estão associadas ao trecho selecionado de Dom casmurro, EXCETO:

a) O relato em primeira pessoa confere tom de parcialidade à narrativa.

b) O narrador compara-se com Capitu.

c) Capitu e Bentinho estavam num momento de cumplicidade quando Gurgel chegou.

d) Capitu sabe contornar a situação, o que provoca a inveja de Bentinho.

e) A personagem feminina é descrita de forma sugestiva e sentimentalista.

41. (UFRN) No painel dos personagens secundários, o agregado José Dias destaca-se porque:

a) tem comportamento peculiar que interfere nas reminiscências de Bentinho.

b) é um personagem culto, típico da época em que se passa a história.

c) participa do cotidiano familiar e influencia as decisões de dona Glória.

d) é o personagem que acoberta os interesses ardilosos da esposa do narrador.

42. (UFRN) O romance D. Casmurro pode ser esquematizado da seguinte forma: 1ª parte 2ª parte O amor adolescente entre Bentinho e Capitu O casamento de Bentinho e Capitu Com base nesse esquema, é correto afirmar:

a) Na primeira parte do romance, Bentinho acredita que a dissimulação de Capitu está relacionada à classe social da moça.

b) Na segunda parte do romance, os diversos capítulos de curta extensão atestam o ciúme de Bentinho.

c) Nas duas partes do romance, os fatos narrados provocam em Bentinho sentimentos prazerosos e amargurados.

d) Nas duas partes do romance, as fantasias de Bentinho aceleram as ações, encobrindo, propositalmente, os ciúmes em relação a Capitu.

43. (UNEMAT) Leia os excertos.

“Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes:

‘Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.’ (p.1).”

“Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimilo, mas vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu.” (p.2)

Nesses trechos, o narrador de Dom Casmurro pretende justificar aspectos de sua vida.

Assinale a alternativa correta.

1.Bentinho tinha o propósito de atar a infância à velhice.

2.O narrador não acreditava que a escrita pudesse reconstituir sua vida.

3.Dom Casmurro consegue comprovar a traição de Capitu.

4.Na essência, o narrador permanece sempre o mesmo: seguro e confiante.

5. Bentinho consegue restaurar o passado através da reconstrução da casa.

44. (UFBA)“Quando Pádua, vindo pelo interior, entrou na sala de visitas, Capitu, em pé, de costas para mim, inclinada sobre a costura, como a recolhê-la, perguntava em voz alta:

— Mas, Bentinho, que é protonotário apostólico?

— Ora, vivam! Exclamou, o pai.

— Que susto, meu Deus!

Agora é que o lance é o mesmo; mas se conto aqui, tais quais, os dois lances de há quarenta anos, é para mostrar que Capitu não se dominava só em presença da mãe, o pai não lhe meteu mais medo. No meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com a maior ingenuidade deste mundo. A minha persuasão é que o coração não lhe batia mais nem menos.

Alegou susto, e deu à cara um ar meio enfiado; mas eu, que sabia tudo, vi que era mentira e fiquei com inveja. Foi logo falar ao pai, que apertou a minha mão, e quis saber por que a filha falava em protonotário apostólico. Capitu repetiu-lhe o que ouvira de mim, e opinou logo que o pai devia ir cumprimentar o padre em casa dele; ela iria à minha. E coligindo os petrechos da costura, enfiou pelo corredor, bradando infantilmente:

— Mamãe, jantar, papai chegou!”

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1999. p. 64.

A leitura do fragmento e de todo o romance permite afirmar:

(01) Bentinho simboliza o indivíduo resistente às influências advindas das pessoas e das

circunstâncias que o rodeiam.

(02) As ações de Capitu retratam-na como uma personalidade que se impõe e que faz dela própria a autora do seu destino.

(04) O recurso frequente à fala direta das personagens dá-se em função de o autor imprimir naturalidade na divulgação do ideário religioso que pretende difundir.

(08) Os flagrantes em que os dois protagonistas são surpreendidos põem em realce a dissimulação de Capitu, um dado importante em favor da ideia de traição alimentada

por Bentinho.

(16) O relato de experiências frustrantes constitui estratégia do eu-narrador para justificar o conflito existencial que o marca.

(32) A possibilidade de ascensão na carreira sacerdotal, sinônimo de projeção social e de vantagem econômica, faz crescer na mãe de Bentinho a vontade de enviá-lo ao seminário.

(64) A ambiguidade da personagem feminina funciona como motivo para que conflitos e desajustes se instalem no espaço que deveria ser de harmonia e de realização pessoal.

SOMA: 90

45.(UFAC) Com base na leitura de Dom Casmurro, examine as assertivas abaixo. Depois, marque a alternativa correta.

I. Evidencia-se no romance um rico painel social da época a que se refere a narrativa.

II. As características atribuídas às personagens estão muito aquém das que predominavam à época machadiana.

III. O perfil de Capitu, a partir da ótica do narrador, assemelha-se ao da mulher romântica.

IV. A dúvida instaurada a respeito da fidelidade de Capitu resulta da postura assumida pelo narrador.

a) Apenas I, III e IV estão corretas.

b) Apenas II, III e IV estão corretas.

c) I e III são incorretas.

d) Apenas I, II e III estão corretas.

e) Apenas I e IV estão corretas.

46. (UFSE)

( ) No romance D. Casmurro, com as frases “o fim evidente de atar as duas pontas da

vida” e “recompor o que foi”, Machado de Assis mostra, muito além dos fatos em si,

as intenções e ressonâncias que os envolvem e que surgem das descrições das personagens

e comentários, aparentemente insignificantes, ao longo da narrativa.

( ) Senhora, apesar de ser um romance que se enquadra na época romântica, desvia-se

deste ideário estético, ao mostrar o dinheiro como elemento que conspurca o amor, o

qual, portanto, não se realiza.

( ) É correto afirmar-se que Amâncio, do romance Casa de pensão, foi um dos tipos

mais marcantes criados por Aluísio Azevedo — uma personagem forte que sobressai

no romance, no meio de uma galeria de outros tipos.

( ) Em D. Casmurro observa-se, em síntese, uma visão otimista da sociedade, na figura

de José Dias, o agregado, que é o exemplo dos hábitos e padrões familiares do Rio de

Janeiro nos meados do século XIX.

( ) Um cientificismo de sabor popular tangencia a narrativa de Casa de pensão, em que

os episódios da infância, mesmo os aparentemente insignificantes — e mais tarde o

meio — modelam o caráter

V-V-F-F-V

47. (UFRJ) O tema do ciúme foi abordado por Machado de Assis em Dom Casmurro:

“Capítulo CXXXV

OTELO

Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. (…) O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.

— E era inocente, vinha eu dizendo rua abaixo; — que faria o público, se ela deveras fosse

culpada, tão culpada como Capitu? (…)”

ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1982.

No fragmento acima, observa-se uma característica recorrente nos romances machadianos,

que é a:

a) crítica aos excessos sentimentais do personagem.

b) ausência de monólogos interiores.

c) preocupação com questões político-sociais.

d) abordagem de tema circunscrito à época realista.

e) análise do comportamento humano.

48. (FAAP)  Sobre o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é incorreto afirmar que:

a) houve o adultério, pois sendo Bentinho, personagem e narrador, tem uma visão onisciente dos fatos, descartando qualquer dúvida que se tenha em relação à traição.

b) o romance tematiza o adultério: Bentinho, Capitu e Escobar que formam o triângulo amoroso.

c) o leitor conhece todos os fatos narrados somente pela visão de Bentinho, que ao mesmo tempo que os expõe, analisa-os, pois é narrador-personagem.

d) é pela visão de Bentinho que formamos o perfil psicológico de cada uma das personagens do romance.

e) Bentinho caracteriza os olhos de Capitu como “olhos de ressaca” por causa de seu poder de atração

49. (PUC-PR) Sobre o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, o ensaísta português Helder Macedo afirmou:

“Na destruição de Capitu, na neutralização do desafio ao modo de ser alternativo que ela representa, reside o propósito fundamental da restauração procurada por Bento Santiago através da escrita do seu memorial. […] Ela era uma estranha, uma intrusa, uma ameaça ao status quo, um indesejável traço de união com uma classe social mais baixa, representando assim também, implicitamente, a emergência potencial de uma nova ordem política que ameaçasse o poder estabelecido. Acresce que algumas das outras características da sua rebelde personalidade – curiosidade intelectual, gosto pela aritmética, talento financeiro, capacidade de abstração e de previsão – eram qualidades convencionalmente associadas à mente masculina, não qualidades aquiescentemente femininas”. O narrador deixa entrever de forma sistemática quanto poderia haver de suspeito e de perigoso, social e sexualmente, nas suas motivações. Classe e sexo são assim fundidos na mesma ameaça representada pela moralidade supostamente dúbia de Capitu”.    MACEDO, Helder. Machado de Assis: entre o lusco e o fusco.

Qual dos trechos de Dom Casmurro exemplifica as ideias críticas de Helder Macedo?

a) “Capitu não achava bonito o perfil de César, mas as ações citadas por José Dias davam-lhe gestos de admiração. Ficou muito tempo com a cara virada para ele. Um homem que podia tudo! Que fazia tudo!” (Capítulo XXXI – “As curiosidades de Capitu”)

b) “Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura.” (Capítulo XXXIII – “O penteado”).

c) “Capitu ia agora entrando na alma de minha mãe. Viviam o mais do tempo juntas, falando de mim, a propósito do sol e da chuva, ou de nada; Capitu ia lá coser, às manhãs; alguma vez ficava para jantar.” (Capítulo LXVI – “Intimidade”).

d) “Capitu gostava de rir e divertir-se, e, nos primeiros tempos [de casados], quando íamos a passeios ou espetáculos, era como uma pássaro que saísse da gaiola. Arranjava-se com graça e modéstia.” (Capítulo CV – “Os braços”).

e) “Capitu e eu, involuntariamente, olhamos para a fotografia de Escobar, e depois um para o outro. Desta vez a confusão dela fez-se confissão pura. Este era aquele […].” (Capítulo CXXXIX – “A fotografia”)

50.(UFPB) No romance Dom Casmurro, ao lembrar o dia da revelação do amor de Capitu, o narrador escreve:

“Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha ‘orgias de latim’ e era virgem de mulheres.”

Nesse trecho do romance verifica-se que:

a) a narrativa é construída a partir dos registros escritos do narrador.

b) a passagem nega o comportamento ingênuo de Bentinho.

c) a frase “sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite” supõe que o narrador, agora velho, não confia inteiramente naquilo que narra.

d) o registro de detalhes é sinal inequívoco do desprezo do narrador pela personagem Capitu.

e) a passagem aponta para o desnível intelectual existente entre Bentinho e Capitu.

51. (UFMS)A respeito do romance Dom Casmurro, é correto afirmar que:

(01) como na obra de Shakespeare — Otelo —, consuma-se o desfecho trágico, motivado pelo ciúme: Bentinho suicida-se após matar Capitu e Escobar.

(02) há uma crítica explícita ao celibato, e as personagens são pintadas ao modo naturalista — bons tipos que a sociedade corrompeu ou mal encaminhados por fatalidades deterministas,

como a ascendência duvidosa.

(04) a narrativa é construída na primeira pessoa e tem Bentinho como narrador-personagem. Nessa condição, ele se propõe a reconstituir seu passado por meio da escrita, a fim de tentar revivê-lo e, quem sabe, reencontrar sua identidade.

(08) se insere no rol das produções da estética realista, que abarcou o que se produziu na

segunda metade do século XIX, uma época marcada pela crença no progresso propiciado

pela ciência e pela representação do mundo sem idealismo ou sentimentalismo.

(16) há alusões explícitas e implícitas a Otelo, obra do dramaturgo inglês William Shakespeare.

Do ponto de vista temático, Dom Casmurro é comparável à tragédia de Shakespeare,

posto que ambas as obras abordam o afloramento do ciúme obsessivo de um

homem em relação a sua mulher, ainda que haja evidências pouco consistentes quanto

a isso.

Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.

SOMA: 28

(UEL) As questões de 52 a 54 referem-se ao trecho do capítulo de Dom Casmurro (1900), de Machado de Assis (1839-1908.)

OLHOS DE RESSACA
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas…
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto, nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
Fonte: ASSIS, J. Maria Machado de. Obra Completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 927.

52. Com base no texto e seus conhecimentos sobre a obra, assinale a resposta correta nas questões de 22 a 24. A narração do momento em que Capitu fixa o olhar no cadáver de Escobar efetiva-se:

a) Muitos anos após a morte de Escobar, tendo por objetivo mostrar ao leitor a percepção do narrador da dissimulação de sua esposa, Capitu. b) Logo após o enterro de Escobar, mostrando-se o narrador solidário com a dor da viúva, Sancha, personagem caracterizada pela dissimulação. c) Através das palavras de Bento Santiago, melhor amigo de Escobar, tendo por objetivo registrar a dor dos amigos no momento do enterro. d) Logo após o enterro de Escobar, tendo por objetivo registrar o forte vínculo que unia sua família à do negociante e ex-seminarista.

e) Muitos anos após o enterro de Escobar, tendo por objetivo ressaltar o transtorno ocasionado pela imprudência do ex-seminarista.

53. De acordo com o texto, é correto afirmar: a) Diante do trecho acima transcrito, compete ao leitor acreditar ou não nas palavras do narrador uma vez que apenas suas palavras fazem-se presentes.

b) Capitu, embora seja vista apenas pelo narrador, apresenta um comportamento ambíguo, pois não quer que as pessoas notem seu amor por Escobar.

c) O comportamento dissimulado caracteriza Capitu, como deixam claras as palavras do narrador, seu marido, efetivadas logo após o enterro do amigo. d) Diante das palavras seguras do narrador, ex-seminarista e advogado, resta ao leitor a segurança de que Capitu era uma mulher adúltera.

e) As palavras do ex-seminarista e advogado competente são a garantia da veracidade da cena descrita na qual Capitu fixa apaixonadamente o cadáver do amigo.

54. A denominação do capítulo, “Olhos de ressaca”, é resultante da leitura que o narrador faz:
a) Do mal-estar de Sancha diante do corpo inerte do marido. b) Da agressividade incontida do olhar de Bentinho em direção a Capitu. c) Do desejo detectado no olhar de Capitu de apossar-se de Escobar. d) Da força e do ímpeto presentes nos olhos de Capitu dirigidos ao marido.

e) Do mal-estar de Capitu provocado pela noite passada em claro.

55. (U. F. RIO GRANDE-RS) “O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.”

O fragmento de Dom Casmurro, de Machado de Assis, deixa entrever:

a) um narrador que não interfere na vida da protagonista, Capitu.

b) o tema da dúvida que permeia todo o romance.

c) as dores de amor que apenas no final encontram solução.

d) a jocosidade e a brincadeira do narrador ao tratar seus personagens.

e) a preocupação com a identidade brasileira peculiar da prosa modernista.

56. (UFAM) Leia as alternativas abaixo, que se referem ao romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.

I. Não se tem certeza se Capitu de fato traiu Bentinho, principalmente se levarmos em conta que tudo é narrado do ponto de vista deste personagem, que é um ciumento extremado e possui uma natureza imaginativa ao extremo.

II. O autor-personagem é um cinquentão solitário que reproduz, no Engenho Novo, a casa em que se criara na antiga rua de Mata-Cavalos, com o intuito de restaurar a adolescência na velhice.

III. No estilo narrativo do romance observa-se a técnica dos capítulos quase sempre curtos e, dentro deles, as apóstrofes ao leitor e as digressões ora graves ora humorísticas.

IV. A humilde Capitu revela-se esperta e cativante, insinuando-se vitoriosamente no pequeno mundo de D. Glória, a mãe viúva de Bentinho, vindo a casar-se, posteriormente, com seu companheiro de meninice.

Estão corretas ou são admissíveis:

a) Somente II e III.

b) Somente I e III.

c) Somente I e IV.

d) Somente I, II e IV.

e) Todas as alternativas.

57. (.U. F. RIO GRANDE-RS) “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.” Este fragmento extraído de Dom Casmurro, de Machado de Assis, deixa entrever:

a) a recusa do narrador em lembrar-se do passado vivido com sua mãe, com a amiga vizinha e com José Dias, o agregado.

b) o objetivo do narrador em escrever suas memórias.

c) um tom melancólico, ainda que o romance narre as peripécias burlescas do protagonista, chamado Leonardo.

d) o tema do romance que é o sentido saudosista do romantismo brasileiro.

e) uma euforia incontida vivenciada pelo protagonista.

58. (UFLA) Todas as alternativas apresentam informações sobre D. Casmurro, de Machado de Assis, EXCETO: a) “A questão do adultério, tratada de forma ambígua pelo autor, permanece em aberto no fim da narrativa.” b) “O narrador, através do exercício da memória, busca ligar o presente ao passado, a velhice à adolescência.” c) “O narrador protagonista, ao assumir a primeira pessoa, apresenta uma visão parcial e tendenciosa dos acontecimentos.”

d) “O Autor, introduzindo-se na narrativa, fornece ao leitor informações que contradizem as opiniões do narrador.”


e) “A narrativa, marcada pela ironia, mantém uma relação intertextual com a tragédia Otelo, de Shakespeare.”

59. (UFLA) Todas as passagens de D. Casmurro, de Machado de Assis, são exemplos da dissimulação de Capitu, na visão de Bentinho, EXCETO: a) “A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira-lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas…”

b) ” – E você, Capitu, interrompeu minha mãe voltando-se para a filha do Pádua que estava na sala, com ela, – você não acha que o nosso Bentinho dará um bom padre?” ” – Acho que sim, senhora, respondeu Capitu cheia de convicção.”

c) “Capitu estava melhor e até boa. Confessou-me que apenas tivera uma dor de cabeça de nada, mas agravara o padecimento para que eu fosse divertir-me. Não falava alegre, o que me fez desconfiar que mentia (…)” d) “Eu levantei-me depressa e não achei compostura: meti os olhos pelas cadeiras. Ao contrário, Capitu ergueu-se naturalmente e perguntou-lhe se a febre aumentara (…) Como era possível que Capitu se governasse tão facilmente e eu não?”

e) “Ouvimos passos no corredor; era D. Fortunata. Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando a mãe apontou à porta, ela abanava a cabeça e ria. Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de acanhamento (…)”

60. (UFLA) De acordo com a leitura da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, julgue as proposições e, a seguir, marque a alternativa CORRETA. I. A narração é em primeira pessoa – Bentinho/Dom Casmurro é o personagem narrador que tenta “atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. II. O título se deve ao temperamento calado, ensimesmado de Bentinho, que, recolhido à solidão de sua casa, conta a sua própria vida. III. A desconfiança de Bentinho da traição de Capitu com Escobar intensificase com a morte deste. IV. Capitu não consegue esconder a imensa tristeza e agonia com a morte de Escobar, sendo assassinada pelo marido, que foge para a Europa com o filho. a) Apenas as proposições II, III e IV são corretas. b) Apenas as proposições I, III e IV são corretas. c) Apenas as proposições I e III são corretas. d) Apenas as proposições II, IV são corretas.

e) Apenas as proposições I, II e III são corretas.

61. (UFLA) Considere as seguintes afirmativas sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis e, a seguir, marque a alternativa que apresenta a ordem CORRETA conforme seja verdadeiro (V) ou falso (F). I. O romance é narrado em terceira pessoa, e o narrador é um crítico mordaz dos acontecimentos. II. Tematiza a traição – decorrência do pessimismo do autor, de sua visão descrente das relações humanas. III. É um romance de visão sentimentalista do mundo, representando o exemplo máximo de prosa poética em nossa literatura. IV. O título se deve ao temperamento sisudo de Bentinho que, recolhido à sua casa, conta sua própria vida.

a) V, V, V, F

b) F, V, F, V

c) F, F, F, V

d) V, V, F, V

e) F, V, V, F

62. (FAPA) Considere as seguintes afirmações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis: I – O narrador-protagonista rememora os acontecimentos do passado para tomar decisões que serão importantes para o seu futuro pessoal e profissional. II – Dom Casmurro, nas suas memórias, narra os acontecimentos de sua infância, as impressões do seminário, o retorno ao convívio familiar e o seu relacionamento com Capitu. III – Ao reproduzir, no Engenho Novo, a casa em que havia morado na antiga rua de Matacavalos e ao escrever um livro de memórias, o narrador quis recuperar a adolescência na velhice. Quais são as corretas ?

a) Apenas I

b) Apenas I e II

c) Apenas I e III

d) Apenas II e III

e) I, II e III

63. (UNIVALI-SC )Leia o texto e assinale o item que completa correta e respectivamente as lacunas:

“1998 marca o 90º aniversário da morte de Machado de Assis, escritor representativo do ……

brasileiro, introdutor …… em nossa Literatura. Criou personagens marcantes entre elas ……,

famosa pela polêmica em torno de sua traição. Também é lembrado por ser o fundador …… .”

a) Simbolismo – da sátira – Flora – da Imprensa Nacional

b) Naturalismo – da degradação – Conceição – da Academia Fluminense de Letras

c) Romantismo – do suspense – Marcela – da Academia dos Esquecidos

d) Realismo – da ironia – Capitu – da Academia Brasileira de Letras

e) 1ª fase do Modernismo – da irreverência – Virgília – do Teatro Municipal de São Paulo

64. (FUVEST ) O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.
É o que diz o narrador no segundo capítulo do romance Dom Casmurro. Afinal por que não teria ele alcançado o seu intento? a) Pelas dificuldades inerentes à estrutura do romance, na recuperação de outros tempos. b) Pelo receio de confessar suas fraquezas e a traição sofrida.

c) Porque era impossível recuperar o sentido daquele período, pois ele já não era a mesma pessoa.

d) Pela falta de bom senso e de clareza na apreensão das lembranças.

e) Porque o tempo, impiedoso, apaga todos os acontecimentos e transforma as pessoas.

65. (UFL) Todas as alternativas apresentam informações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis, exceto: a) A questão do adultério, tratada de forma ambígua pelo autor, permanece em aberto no fim da narrativa. b) O narrador, através do exercício da memória, busca ligar o presente ao passado, a velhice à adolescência. c) O narrador protagonista, ao assumir a primeira pessoa, apresenta uma visão tendenciosa dos acontecimentos.

d) O autor, introduzindo-se na narrativa, fornece ao leitor informações que contradizem as opiniões do narrador.


e) A narrativa, marcada pela ironia, mantém uma relação intersexual com a tragédia Otelo, de Shakespeare.

66. (UEL) O texto abaixo é o último capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é esse propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A Terra lhes seja leve! Vamos à História dos subúrbios. Pela leitura do texto, é correto afirmar que, depois de contar a história da sua vida e do seu amor por Capitu, Bentinho, o narrador: a) Conclui que Capitu não o traiu. b) Buscando conforto na Bíblia, chega à conclusão de que, apesar de Capitu o ter traído, ele deveria perdoar-lhe e não sentir ciúmes dela. c) Não tem certeza de que Capitu o traiu, embora acredite que ela tenha se transformado muito desde a adolescência, aparecendo quando adulta como uma cigana traiçoeira e dissimulada.

d) Chega à conclusão de que Capitu já possuía, quando menina, os traços psicológicos que a caracterizariam na fase adulta.


e) Constata que Capitu e seu amigo José Dias mantinham um romance desde a adolescência.

67. (PUC) A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas…
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a tinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

O trecho acima, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, autoriza o narrador a caracterizar os olhos da personagem, do ponto de vista metafórico, como

a) olhos de viúva oblíqua e dissimulada, apaixonados pelo nadador da manhã.

b) olhos de ressaca, pela força que arrasta para dentro.

c) olhos de bacante fria, pela irrecusável sensualidade e sedução que provocam.

d) olhos de primavera, pela cor que emanam e doçura que exalam.

e) olhos oceânicos, pelo fluido misterioso e enérgico que envolvem.

68. (PUC-RIO) A EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA
Já sabes que a minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não ficou aí para um canto como uma flor lívida e solitária. Não lhe dei essa cor ou descor. Vivi o melhor que pude sem me faltarem amigas que me consolassem da primeira. Caprichos de pouca dura, é verdade. Elas é que me deixavam como pessoas que assistem a uma exposição retrospectiva, e, ou se fartam de vê-la, ou a luz da sala esmorece. Uma só dessas visitas tinha carro à porta e cocheiro de libré. As outras iam modestamente, calcante pede, e, se chovia, eu é que ia buscar um carro de praça, e as metia dentro, com grandes despedidas, e maiores recomendações.(…)

E BEM, E O RESTO?
Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, ver. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti.” Mas eu creio que não. E tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! (…) O trecho em questão pertence à antológica obra de Machado de Assis:

a) Memórias póstumas de Brás Cubas

b) Dom Casmurro

c) Memorial de Aires

d) Quincas Borba

e) Senhora

69. (PUC-RIO) A EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA
Já sabes que a minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não ficou aí para um canto como uma flor lívida e solitária. Não lhe dei essa cor ou descor. Vivi o melhor que pude sem me faltarem amigas que me consolassem da primeira. Caprichos de pouca dura, é verdade. Elas é que me deixavam como pessoas que assistem a uma exposição retrospectiva, e, ou se fartam de vê-la, ou a luz da sala esmorece. Uma só dessas visitas tinha carro à porta e cocheiro de libré. As outras iam modestamente, calcante pede, e, se chovia, eu é que ia buscar um carro de praça, e as metia dentro, com grandes despedidas, e maiores recomendações.(…)

E BEM, E O RESTO?
Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, ver. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti.” Mas eu creio que não. E tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! (…) No trecho, _________, o narrador-personagem, expressa sua _________ diante da impossibilidade de desvendar os mistérios que pautam as ações humanas, elemento característico do ___________, que busca entender objetivamente os sentimentos. a) Isaías – indignação – Romantismo b) Bentinho – discordância – Romantismo c) Escobar – insatisfação – Simbolismo

d) Bentinho – inconformidade – Realismo


e) Ezequiel – conformidade – Realismo

70. Leia as alternativas abaixo, que se referem ao romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. I. Prima Justina é uma personagem caracterizada como secarrona, malévola sem ser maléfica, enquanto tio Cosme, um agregado à casa de Bentinho, se apresenta servil, formal e fanático pelos superlativos. II. A obsessão pelo passado é uma característica do romance: Bentinho repete o apego da mãe pelas coisas velhas e o filho de Capitu, apesar de parecido com Escobar, tem por paixão a arqueologia. III. A morte de Escobar, vítima de uma queda, perturba intensamente Capitu, o que desperta em Bentinho suspeitas de traição, que, aliás, se reforçam quando seu filho Ezequiel vai adquirindo os traços fisionômicos do amigo de seminário. IV. Dom Casmurro não é outro senão o Bentinho de Mata-Cavalos, que uma promessa da mãe destinara ao seminário, mas que o amor pela vizinha Capitu, a morena dos olhos de ressaca, desviará da batina.

Estão corretas ou são admissíveis:

a) I, II e III

b) Somente II e IV

c) I, II e IV

d) II, III e IV

e) I, III e IV

71. (UNEAL ) Capítulo CXXIII / Olhos de Ressaca.
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas…
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. Machado de Assis, Dom Casmurro

Sobre o texto e sobre a obra machadiana de onde ele foi retirado, analise as seguintes afirmações. 1) O capítulo CXXIII é de capital importância para o romance em questão, pois relata o momento em que, para Bento Santiago, Capitu deixou claros indícios de que o traía com Escobar. 2) “Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma”. Esse trecho indica que Capitu, ao contrário dos outros que estavam no velório, não sentia tristeza. 3) “Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala”. Ao se referir ao gesto furtivo de Capitu para enxugar as lágrimas, o narrador chama a atenção para a timidez e o recato da esposa, característica indicada em outros momentos do romance. Está(ão) correta(s):

a) 2 e 3 apenas

b) 3 apenas

c) 1 apenas

d) 1 e 2 apenas

e) 1, 2 e 3

72. Leia o fragmento abaixo, extraído de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. “Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver, tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas… As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.” Sobre esse fragmento, são feitas as seguintes afirmações. I – Capitu revela-se uma mulher forte e dissimulada, capaz de sair-se bem em situações difíceis, o que a torna uma personagem ainda mais ambígua. II – O jogo de contrastes e o uso de figuras de linguagem mostram que a história não se esclarece para Bento Santiago, embora provoque no leitor a certeza do adultério. III – O romance, como o fragmento, se constrói como um grande jogo de fatos, aparências, e de fantasias criadas em torno dessas aparências. Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas I e II.

c) Apenas I e III.

d) Apenas II e III.

e) I, II e III.

73. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.

I -O romance de Machado de Assis, narrado em terceira pessoa, expõe o triângulo amoroso entre Bentinho, Capitu e Escobar. O narrador, que ingressa na consciência de todas as personagens, revela ao leitor a traição de Capitu e a paternidade de seu filho Ezequiel.

II -O livro está estruturado em forma de diário, por isso guarda as lembranças mais íntimas de Dom Casmurro. A personagem registra que não quer ter suas memórias reveladas, pois isso macularia sua imagem ante a sociedade fluminense.

III -O agregado da família Santiago, José Dias, desempenha funções elevadas de conselheiro e rebaixadas de mandalete. Sua acomodação nessa família dá mostras dos arranjos sociais entre homens livres e classe dominante. Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas III.

c) I, II e III.

d) Apenas II.

e) Apenas II e III.

74. O personagem-narrador do romance “Dom Casmurro” encontra-se, no capítulo transcrito, angustiado pela dúvida: o possível adultério de sua esposa, Capitu, com seu melhor amigo, cujo velório ora se narra. O título “Olhos de Ressaca” pode ser justificado pela seguinte passagem: a) “Capitu olhou alguns instantes para o cadáver” b) “olhando a furto para a gente que estava na sala.” c) “Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la;”

d) “como se quisesse tragar também o nadador da manhã.”

75. Para responder a questão a seguir, tome como referência a seguinte informação sobre a obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Segundo Roberto Schwarz, “o livro [Dom Casmurro] tem algo da armadilha, com aguda lição crítica – se a armadilha for percebida como tal. Desde o início há incongruências, passos obscuros, ênfases desconcertantes, que vão formando um enigma”. Assinale a alternativa que NÃO contém elemento constitutivo do enigma, considerando-se o elemento narrador. a) narrativa em 1 pessoa.

b) autodescrição romântica pelo narrador.

c) narrador com perfil casmurro.

d) voz narrativa em tom irônico.


76.(PUC-MG) Todas as alternativas são verdadeiras quanto à construção do enredo de “Dom Casmurro”, EXCETO: a) ausência de linearidade. b) composição através de alternâncias e digressões.

c) condução da narrativa por diálogos.


d) tentativa de dispersão do raciocínio do leitor.


77. (PUC – SP) No romance “Dom Casmurro”, o narrador declara: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. Entre as duas pontas, desenvolve-se o enredo da obra. Assim, indique a seguir a alternativa cujo conteúdo não condiz com o enredo machadiano. a) A história envolve três personagens, Bentinho, Capitu e Escobar, e três projetos, todos cortados quando pareciam atingir a realização. b) O enredo revela um romance da dúvida, da solidão e da incomunicabilidade, na busca do conhecimento da verdade interior de cada personagem. c) A narrativa estrutura-se ao redor do sentimento de ciúme, numa linha de ascensão de construção de felicidade e de dispersão, com a felicidade destruída. d) A narrativa se marca por digressões que chamam a atenção para a inevitabilidade do que vai narrar, como o que ocorre na analogia da vida com a ópera e em que o narrador afirma “cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quattuor…”

e) O enredo envolve um triângulo amoroso após o casamento e todas as ações levam a crer na existência clara de um adultério.

78. Considere as afirmativas a seguir sobre o romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. 1. A obediência de Bentinho às convicções religiosas maternas é um exemplo da importância dada pelo autor, na construção do enredo, à presença do catolicismo na sociedade brasileira, importância que se reflete também na construção de outras personagens da obra. 2. O fato de o narrador-personagem deter-se mais demoradamente no relato do período da infância, adolescência e namoro de Capitu e Bento, do que no relato do período adulto, quando casados, está relacionado, sobretudo, ao sentimento de plenitude e de felicidade que representaram aquelas fases para o protagonista. 3. O narrador protagonista, homem de cultura refinada, apresenta em longos trechos metalinguísticos a típica ironia machadiana em relação à tradição literária e aos autores estabelecidos. 4. No processo de enxergar no filho Ezequiel a imagem e semelhança do seu amigo morto Escobar, Bento Santiago procura convencer tanto a si mesmo como ao leitor da traição de Capitu. 5. O personagem José Dias reflete o caráter precário da autonomia social de certos indivíduos que não eram escravos nem proprietários na sociedade brasileira da época. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 5 são verdadeiras.

e) Somente as afirmativas 4 e 5 são verdadeiras.


79. A respeito de Capitu, personagem do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, é correto afirmar que a) é a figura central da trama narrativa porque se envolve em uma situação de adultério que leva à destruição de seu casamento com Bentinho. b) tem um papel secundário e insignificante na ordem do enredo, já que todas as ações da narrativa convergem para um desfecho do qual ela não participa.

c) é caracterizada pelo agregado José Dias como cigana oblíqua e dissimulada e sobre ela incide ainda a metáfora de “olhos de ressaca”, que lhe é atribuída por Bentinho.

d) deixa transparecer uma relação clandestina com Escobar, explicitada nas lágrimas dela no momento da encomendação e partida do corpo do nadador da manhã.

e) recaem sobre ela incriminações de ordem moral que a fazem merecedora das desconfianças dos amigos e do fim trágico a que chegou.

80. (UFRGS) Leia o segmento abaixo. No Brasil novecentista, uma sociedade escravocrata e patriarcal, o espaço de atuação das mulheres era restrito. Elas aparecem representadas em Dom Casmurro, de Machado de Assis, e O cortiço, de Aluísio Azevedo. …….. escolhe ficar com o homem que desperta seu desejo, sem a necessidade de casar. Paira sobre …….. a desconfiança sobre sua motivação para casar com o vizinho. Por sua vez, …….. casa e descarta o marido, em busca de uma vida livre do domínio masculino. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do segmento acima, na ordem em que aparecem.

a) Rita Baiana – Capitu – Pombinha

b) Capitu – Rita Baiana – Pombinha

c) Pombinha – Capitu – Rita Baiana

d) Pombinha – Rita Baiana – Capitu

e) Rita Baiana – Pombinha – Capitu

81. Leia os fragmentos a seguir, selecionados de “Dom Casmurro”, e assinale a associação CORRETA: a) “José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias.” – Machado de Assis elogia a retórica vazia comum a certas estratégias culturais de seu tempo. b) “Tudo era matéria às curiosidades de Capitu” – traços da personalidade da Capitu menina, segundo o narrador, não permanecem na Capitu adulta. c) “Tudo isso vi e ouvi. Não, a imaginação de Ariosto não é mais fértil que a das crianças e dos namorados” – Dom Casmurro confessa ser imaginativo, mas isso não compromete a veracidade de sua narrativa. d) “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida e restaurar, na velhice, a adolescência.” – o narrador anuncia seu objetivo: recuperar a vida vivida, o que é feito com sucesso.

e) “Não é claro isto, mas nem tudo é claro na vida e nos livros.” – o narrador machadiano costuma deixar no texto pistas para o leitor atento.

82. As afirmações a seguir referem-se à obra “Dom Casmurro”: I) Bento Santiago ora manifesta certa condescendência diante do espetáculo do mundo, apreciando certos prazeres da vida, ora demonstra seu desencanto em reflexões melancólicas sobre a realidade. II) Explica-se a obra a partir da vida do autor: o desencanto diante da vida que ele deixa transparecer é o resultado de sua recusa em assumir a condição de mulato. Apesar disso, Machado apresenta com pouca profundidade e com bastante dubiedade a sociedade carioca e brasileira do século XIX, visto que expõe superficialmente sua estrutura de classes e seus mecanismos de poder. III) O rompimento representado por esta obra em relação à narrativa brasileira anterior ao seu aparecimento é bastante claro no plano da linguagem, da temática e da estrutura narrativa. Est(á) (ão) correta(s):

a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas I e III

d) Apenas II e III

e) Todas

83. Sobre DOM CASMURRO, é INCORRETO afirmar que:
a) o narrador em terceira pessoa, portanto onisciente, determina e esclarece os fatos mostrados no romance. b) Bentinho afirma ter sido traído pelas pessoas que mais amava: Capitu e Escobar. c) Ezequiel, na visão de Bentinho, tem aspectos físicos que o identificam com Escobar. d) O pai de Sancha teria notado uma possível semelhança entre Capitu e sua mulher.

e) Dona Glória havia prometido seu filho ao sacerdócio católico por uma questão íntima e religiosa.


84.O velho e melancólico narrador de “Dom Casmurro” faz ver, em meio à sua história de ciúmes e frustração que, em seu namoro com Capitu,
a) o desejo de ascensão social, desconsiderado pelo adolescente, fazia parte dos sentimentos de sua amada. b) não pesava o fato de D. Glória, além de ser uma mulher determinada e religiosa, ser também uma respeitada proprietária. c) não se manifestava ainda, por parte da adolescente, nenhum indício de desejo de escalada social. d) o romantismo da adolescência impedia que ambos soubessem lidar com os desafios reais que ameaçavam seus planos.

e) as diferentes condições sociais dos dois jovens ficavam à parte, naquela relação de adolescência.

85. Considere as seguintes referências a personagens do romance DOM CASMURRO, de Machado de Assis. I. “Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo.” II. “Aos quatorze anos, tinha já ideias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto não de salto, mas aos saltinhos.” III. “Faria, se pudesse, uma troca de promessas, dando parte de seus anos para conservar-me consigo, fora do clero, casado e pai.” Indique a alternativa em que as referências acima estão corretamente associadas às personagens. a) I – D. Glória; II – Sancha; III – José Dias; b) I – Capitu; II – Bentinho; III – D. Glória;

c) I – José Dias; II – Capitu; III – D. Glória;

d) I – Capitu; II – Sancha; III – José Dias;

e) I – José Dias; II – Bentinho; III – Capitu;


86. O narrador Bento Santiago constrói em DOM CASMURRO uma peça de acusação contra Capitu. A partir dessa afirmativa, podemos concluir:
a) A vida comportava, no entender de Bentinho, uma divisão clara entre os bons e os maus. E Capitu era má. Mas a narração deixa perceber que todas as personagens expressam os preconceitos sociais e culturais do narrador. b) É tão enfática a acusação contra Capitu que os leitores são imediatamente convencidos da culpa da esposa, embora desaprovem a crueldade da vingança contra o filho, vítima inocente. c) O narrador entende que a culpa de sua mulher nasceu da oportunidade que ela teve de traí-lo, de vez que Estácio Escobar frequentava sua casa como amigo. Ao final, Bentinho se lamenta por ter sido ingênuo ao permitir que o amigo entrasse em sua casa sem sua companhia. d) Ele nos apresenta Capitu como uma personagem mentirosa desde seu nascimento. Essa hipocrisia nata a teria levado à traição.

e) Perturbado por seu imenso amor e humilhado pela traição, Bentinho quer contar a todos como as pessoas que lhe eram mais queridas – a esposa e o amigo – são capazes de traições e mentiras.

87. Considere, as seguintes afirmações acerca do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis: I. A intenção declarada do narrador, ao escrever sua história, é atrair as duas pontas de sua vida. I. A ambiguidade central desta narrativa está no fato de Bentinho hesitar todo o tempo entre crer ou não crer que Capitu o tenha traído. II. O lugar de José Dias na ordem familiar é o de agregado, ou seja: bem considerado pela família, mas a ela vinculado pela dependência do favor. Está correto o que afirma em

a) III, apenas.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas

e) I, II e III.

88. “Dom Casmurro, obra de Machado de Assis publicada em 1899, tem como personagens principais Capitu e Bentinho e , como tema, uma polêmica questão de adultério, sobre a qual Carlos Heitor Cony se manifesta no texto acima. Após a leitura, conclui-se que a) a crônica de Carlos Heitor Cony confirma: não há dados autobiográficos na obra de Machado de Assis.

b) o cronista levanta a hipótese de que Machado de Assis viveu o papel de vértice de um triângulo amoroso, na vida real.

c) os argumentos apresentados por Cony para fundamentar sua hipótese foram extraídos de diários e crônicas publicados por ocasião do centenário de “Dom Casmurro”. d) M. de A. foi indicado para a recém-criada Academia de Letras por ser tratar de um jovem e promissor escritor.

e) na Academia, M. de A., autor de “Helena”, demonstrou ser tão discreto e competente quanto Machado de Assis.

89. Considerando a obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, é correto afirmar que a) o narrador em terceira pessoa permite a exploração psicológica de um adultério tanto por parte da adúltera, Capitu, quanto da vítima, Bentinho.

b) é uma narrativa ambígua porque mostra um retrato moral da esposa Capitu feito pelo próprio marido Bentinho, de forma a não permitir que se saiba se o adultério de fato ocorreu.

c) Bentinho é semelhante a Otelo, de Shakespeare, que não tem coragem de se matar e nem tem ódio e ciúme suficientes para assassinar a esposa.

d) a casa de Matacavalos refere-se à infância de Bentinho, enquanto a casa da Glória refere-se, à época de convivência com Capitu, que lhe trouxe felicidades.

90. D. Sancha, peço-lhe que não leia este livro; ou, se o houver lido até aqui, abandone o resto. Basta fechá-lo; melhor será queimá-lo, para lhe não dar tentação e abri-lo outra vez. Se, apesar do aviso, quiser ir até o fim, a culpa é sua; não respondo pelo mal que receber. O que já lhe tiver feito, contando os gestos daquele sábado, esse acabou, uma vez que os acontecimentos, e eu com eles, desmentimos a minha ilusão; mas o que agora a alcançar, esse é indelével. Vá envelhecendo, sem marido nem filha, que eu faço a mesma coisa, e é ainda o melhor que se pode fazer depois da mocidade. As afirmações que seguem referem-se ao excerto acima, do romance DOM CASMURRO, de Machado de Assis. I. Esse trecho praticamente constitui um capítulo inteiro do livro; é que o autor por vezes se preocupa mais com reflexões do escritor no presente do que com o ritmo de romance convencional. II. A invocação de Sancha é, aqui, uma variante das falas do autor a seu público, dirigindo-se agora a uma personagem de sua vida, suposta na mesma condição de viuvez e melancolia em que se acha o escritor. III. Bentinho envia carta a Sancha, apresentando-lhe seu livro, baseado num triângulo amoroso constituído por ele mesmo, por Sancha e por Capitu. Pode-se afirmar que

a) apenas I está correta.

b) apenas I e II estão corretas.

c) apenas I e III estão corretas.

d) apenas II e III estão corretas.

e) I, II e III estão corretas.


91. Em DOM CASMURRO, o narrador machadiano a) registra, de forma comovente, as memórias de sua adolescência, na qual veio a conhecer e a perder o grande amor de sua vida. b) rememora, de forma lírica, uma paixão antiga, que lhe valeu a ruptura definitiva com sua família conservadora.

c) rememora, com ressentimento, as origens, o desenvolvimento e o fim de uma paixão, destruída pelo ciúme.

d) recupera, em tom trágico, a história de seu grande amigo, traído pela mulher fútil e aventurosa.

e) registra, com ironia, a impiedade de seus injustificáveis ciúmes pela mulher cuja inocência tardiamente reconhece.


92. Os dois primeiros capítulos de DOM CASMURRO – “Do título” e “Do livro” – não tratam da história propriamente dita, mas da linguagem. Logo são metalinguísticos. Enquanto o primeiro esclarece o porquê do título do romance, o segundo apresenta o motivo das memórias do personagem-narrador. Considerando a importância destes capítulos, e sem perder de vista o romance, é correto declarar que o personagem-narrador: a) propõe-se a restaurar na velhice a adolescência, discutindo o que é indiscutível: o adultério de Capitu. b) indicia, no primeiro capítulo, que o romance será autobiográfico e que, nesse ato, tornará Capitu plana.

c) ilude-se (ou quer iludir-se) e ilude o leitor sagaz de que se autobiografou para quebrar a monotonia da sua vida.

d) tem como finalidade atar as duas pontas da vida e, nesse fazer, reconcilia-se consigo mesmo e harmoniza-se com as lembranças de Capitu e Ezequiel.

e) centra em si esses dois capítulos iniciais, porém, o seu caráter é recuperado nos demais capítulos quando revê Capitu em suas lembranças.

93. Com essa história enjoada de traiu ou não traiu, de Capitu ser anjo ou demônio, o leitor de Dom Casmurro acaba se esquecendo do fundamental: as memórias são do velho narrador, não da mulher, e o autor é Machado de Assis, e não um escritor romântico dividido entre mistérios. Aceitas as observações anteriores, o leitor de Dom Casmurro deverá a) identificar o ponto de vista de Capitu, considerando ainda o universo próprio da ficção naturalista.

b) reconhecer os limites do tipo de narrador adotado, subordinando-o ao peculiar universo de valores do autor.

c) aceitar os juízos do velho narrador, por meio de quem se representa a índole confessional de Machado de Assis. d) rejeitar as acusações do jovem Bentinho, preferindo-lhes a relativização promovida pelo velho narrador.

e) relativizar o ponto de vista da narração, cuja ambiguidade se deve à personalidade oblíqua de Capitu.

94. (PUC-RS) Para responder à questão, assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as afirmativas sobre a obra literária de Machado de Assis.

(__) Episódios de adultério e usurpação são construídos com clareza e objetividade.

(__) A visão de mundo de Machado de Assis constitui-se como uma reação ao determinismo histórico.

(__) O equilíbrio formal do autor rompe com a tradição de lugares-comuns e preciosismos linguísticos.

(__) O humor escrachado evidencia-se, principalmente, em Dom Casmurro.

(__) A quebra da estrutura linear traz a instância do leitor como inovação técnica.

A sequência correta, resultante do preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é.

a) V – V – F – F – V.

b) V – F – V – F – F.

c) V – F – V – V – V.

d) F – V – F – V – F.

e) F – F – V – F – V .

95. (UDESC) Analise os enunciados em relação à obra Dom Casmurro.

I – O romance Dom Casmurro é narrado em terceira pessoa; o narrador tem um distanciamento crítico em relação aos fatos narrados.

II – Algumas passagens da obra associam problemas individuais de Bentinho com elementos importantes do contexto histórico da época.

III – José Dias surge na família Albuquerque apresentando-se ao pai de Bentinho como médico homeopata e promove cura, sem remuneração. Convidado a permanecer com a família, aceita; entretanto, quando surgem outras doenças mais sérias, confessa-se charlatão.

IV – O protagonista da obra torna-se um homem muito rico, com a herança herdada de seu pai, que a acumulou durante o período que defendia as causas em seu escritório de advocacia. Depois da morte de Capitu, Bentinho vai para o Rio de Janeiro, para desfrutar sua fortuna na Corte.

V – Um aspecto da estrutura da obra é que há uma irregularidade em relação ao tamanho dos capítulos, o que contribui para a quebra da linearidade do enredo.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e V são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.

e) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.

96. Capitu deu-me as costas, ¦voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse”. […] “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? […] E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… ¨A terra lhes seja leve!” ASSIS, Machado de. “Dom Casmurro”. São Paulo: FTD, 1991, p. 65, 208 e 209. A respeito do TEXTO e da obra “Dom Casmurro”, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). (01) Em “Peguei-LHE dos cabelos…” (ref. 1), “…que LHE desciam” (ref. 2) e “Pedi-LHE que se sentasse” (ref. 3), a palavra destacada, embora sendo um pronome pessoal oblíquo, tem valor possessivo. (02) Os pronomes destacados em “Capitu deu-ME as costas” (ref. 4), “voltando-SE para o espelhinho” (ref. 5) e “… que SE sentasse” (ref. 3) são todos reflexivos, pois o mesmo indivíduo ao mesmo tempo que exerce a ação expressa pelo verbo, recebe os efeitos dessa ação. (04) Em “Em pé não dava jeito” (ref. 6), a elipse do sujeito nos remete a Capitu, que não conseguia pentear seus cabelos sem o auxílio do narrador. (08) “Dom Casmurro” é um romance com fortes tendências realistas, em que Machado exercita com maestria os longos textos descritivos e explicativos, prolongando a história e protelando o desfecho. (16) A narrativa gira em torno do triângulo Bentinho, Capitu e Escobar. Bentinho é o narrador que está vivo e relatando o triste desfecho da história de sua vida, cujos pilares foram Capitu e Escobar, que já estão mortos. (32) Bentinho tem certeza de que foi traído, e o romance oferece pistas para sua comprovação, como, por exemplo, a semelhança de Ezequiel com Escobar e uma carta reveladora deixada por Capitu. (64) Com a frase “A terra lhes seja leve!” (ref. 7), Bentinho revela acreditar que os dois possíveis amantes não merecem punição.

RESPOSTA: 08 + 16 = 24

97. (PUC-SP) No romance “Dom Casmurro”, Machado de Assis revela, no uso de uma metáfora teatral proferida pelo narrador Bento Santiago, o inevitável de um destino já traçado e as etapas da trajetória vivida pelo próprio narrador. Trata-se do seguinte trecho: a) “Ora, há só um modo de escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo.”

b) “Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um ‘duo’ terníssimo, depois um ‘trio’, depois um ‘quattuor’.”

c) “O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum incidente.” d) “… a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve!”

e) “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência.”

98. (MACKENZIE) Capítulo XXXII –  Olhos de ressaca

      Tudo era matéria de curiosidade de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as cousas, como eu. É o que contarei no outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha.

– Está na sala penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar um susto.
No fragmento acima, de Dom Casmurro:

a)o narrador antecipa o que contaria depois sobre Capitu  e se põe a contar a visita que fora fazer à sua amiga, a terceira personagem do triângulo composto também por ele e Capitu.

b) tem-se a evidência de que o relato é feito por um narrador onisciente, que, pleno conhecedor dos fatos, conta-os respeitando a ordem em que efetivamente ocorreram.

c) tem-se a evidência de que o narrador, evitando qualquer referência à metalinguagem, procura envolver o leitor na ilusão de que está diante dos fatos vividos pelas personagens.

d) o narrador brinca com quem lê ao deixar transparecer que, em terceira pessoa, conta livremente, sem nenhuma preocupação em sintetizar para o leitor os caminhos do relato.

e) o narrador deixa transparecer a relatividade do seu conhecimento sobre os fatos que relata, dado fundamental para a compreensão total do romance.

99. ( FUVEST-SP) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, faz-se em primeira pessoa, portanto do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta:

a)fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade.

b)viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador.

c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador.

d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade.

e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.

100. ( FUVEST-SP) Um tipo social que recebe destaque tanto nas Memórias de um Sargento de Milícias quanto em Dom Casmurro, merecendo, inclusive, em cada uma dessas obras, um capítulo cujo título o designa, é o:

a)traficante de escravos

b) malandro

c) capoeira

d) agregado

e) meirinho

101. (FATEC-SP) Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética pra dizer o que foram aqueles olhos de Capitu, Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade de estilo, o que eles foram e Me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova.

O fragmento permite afirmar corretamente que o narrador machadiano:

a)procura enriquecer a língua com vocábulos tão raros e construções tão artificiais, que acaba por dificultar o entendimento da frase ou distorcer o pensamento.

b) tenta alcançar a simplicidade da linguagem, abandonando qualquer preocupação com o rigor no emprego das palavras ou com a utilização de figuras de estilo.

c) põe a linguagem a serviço da expressão das emoções das personagens, carregando-a de imagens e comparações, tornando a palavra em si pouco significativa.

d) debruça-se sobre o próprio texto, à medida que o elabora, questionando se a linguagem e os estilos convencionais são capazes de traduzir a experiência.

e) busca a elegância e o requinte formal, valorizando o pormenor, perdendo-se na minúcia descritiva dos objetos e das personagens em busca da “ arte pela arte”.

102. (UNEMAT)  A propósito dos fragmentos transcritos da obra Dom Casmurro, assinale a alternativa em que não se identifica uma atitude típica e caracterizadora da personagem Capitu.

1. “Quando me perguntava se sonhara com ela na véspera, e eu dizia que não, ouvia-lhe contar que sonhara comigo, e eram aventuras extraordinárias, que subíamos ao Corcovado pelo ar, que dançávamos na lua, ou então que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a fim de os dar a outros anjos que acabavam de nascer” (p. 13).

2. “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas” (p. 15).

3. “As curiosidades […] eram de vária espécie, explicáveis e inexplicáveis, assim úteis como inúteis, umas graves, outras frívolas; gostava de saber tudo. No colégio onde, desde os sete anos, aprendera a ler, escrever e contar, Francês, Doutrina e obras de agulha, não aprendera, por exemplo, a fazer renda; por isso mesmo, quis que a prima Justina lho ensinasse” (p. 34).

4. “Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada’. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim” (p. 36).

5. “Os olhos […] claros como já disse, eram dulcíssimos; assim os definiu José Dias, depois que ele saiu, e mantenho esta palavra, apesar dos quarenta anos que traz em cima de si” (p. 79).

103. (FAAP) Leia as descrições dos olhos de Capitu feitas por Bento Santiago, protagonista do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. …olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.

Pelas descrições apresentadas, está incorreto afirmar que:

a) Capitu tinha olhos que queriam tragá-lo para dentro daquele mar, que era o olhar sedutor dela.

b) o olhar dissimulado de Capitu revela indícios de uma mulher forte e independente, dona de si, tão aos moldes da figura feminina do século dezenove.

c) importa em Capitu o olhar e não os olhos propriamente ditos.

d) o olhar compara-se ao movimento das ondas em ressaca, que tudo arrastava para dentro de si.

e) a irreverência de Capitu é julgada pelo narrador o tempo todo por ter muita dúvida sobre ela, como bem disse: “ um fluido misterioso e energético”.

104. (MACKENZIE) Leia as afirmações a seguir: I – DOM CASMURRO, MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS e QUINCAS BORBA são romances narrados em primeira pessoa. II – “Helena” e “Iaiá Garcia” encaixam-se na primeira fase dos romances machadianos, apresentando ainda alguns aspectos ligados ao Romantismo. III – Há exemplos do pessimismo e da ironia de Machado de Assis tanto em seus romances como em seus contos. Assinale: a) se todas estiverem corretas.

b) se apenas II e III estiverem corretas.

c) se apenas II estiver correta. d) se apenas III estiver correta.

e) se todas estiverem incorretas.

105. (UFRGS) Leia o capítulo abaixo, retirado de Dom Casmurro, de Machado de Assis.

CAPÍTULO VIII – É TEMPO Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia… Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A vida é uma ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu… E explicou-me um dia a definição, em tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena dá-la; é só um capítulo. Considere as afirmações abaixo, sobre o capítulo.

I – O narrador refere-se ao momento em que descobriu sua vocação para a vida religiosa.

II – O narrador recorda saudosamente as tardes familiares e a fala de José Dias saudando seus amores com a vizinha, Capitu.

III- O narrador diz que sua vida começou, quando ouviu José Dias denunciar seus amores com Capitu. Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas III.

d) Apenas I e II.

e) I, II e III.

106. (PUC-SP)  Os dois capítulos iniciais do romance Dom Casmurro,

de Machado de Assis, merecem considerações  especiais, porque

a) aparecem apenas para homenagear o poeta que se envolve em incidente, com o narrador, durante a viagem de trem.

b) prestam-se para justificar o estranhamento do título e a finalidade de elaboração da obra.

c) são desnecessários, visto que a simples leitura do livro é autoexplicativa.

d) não cumprem nenhuma função, pois não há relação entre eles e o resto da obra.

e) servem para justificar o comportamento antissocial, agressivo e ciumento do narrador.

107. (UECE) Assim como a obra D. Casmurro, são também obras pertencentes ao Realismo. a) Grande Sertão: Veredas e Os Sertões b) Luzia-Homem e Iracema c) Aves de Arribação e Iaiá Garcia

d) O Mulato e Memórias Póstumas de Brás Cubas

108. (PUC-PR) Leia o trecho de Dom Casmurro para marcar o item

correto sobre essa obra, entre os listados abaixo.

Capítulo CXXXV- OTELO

“Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. (…)O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.

– E era inocente(…) que faria o público se ela deveras fosse culpada, tão culpada como Capitu?” Fonte: Assis, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Catania Editora, s/d.

I. O trecho mostra por que é um romance tipicamente Realista, pois fala de traição.

II. O trecho nos mostra como o autor constrói a ambiguidade em torno da personagem, ao afirmar sua culpa, mas apresentar como referência uma personagem inocente.

III. A intertextualidade com a obra de Shakespeare é presença constante no texto machadiano. Neste romance, ela aparece como um recurso narrativo, dirigindo a leitura do texto.

IV. O trecho selecionado aponta para o leitor machadiano, crítico suficiente para entender a referência a Desdêmona como uma possibilidade para a personagem brasileira.

V. O importante não é se houve traição, mas como a dúvida se constrói.

a) Somente a alternativa I está correta.

b) A alternativa V está incorreta.

c) As alternativas I, II e IV estão corretas.

d) Somente a alternativa I está incorreta.

e) Todas alternativas estão todas corretas.

109. (UEMG) Sobre o conteúdo e a estrutura do romance Dom Casmurro, todos os comentários das alternativas abaixo são coerentes e adequados, EXCETO:

a) Pela leitura da trama que orienta o enredo, o leitor é levado à conclusão de que o narrador-protagonista foi, de fato, traído pela sua amada, Capitu.

b)A reconstrução da casa no Engenho Novo para recuperação do espaço perdido em Mata- Cavalos não permite ao narrador a recuperação do seu passado.

c)O título do romance constitui uma referência irônica ao narrador e aponta o seu estado de conflito em relação ao passado.

d)A força da narrativa não se concentra no enredo, mas nas reflexões, digressões e na maneira ambivalente com que o narrador tenta reconstituir os fatos

110. (UFVJM) Texto I

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso, porém, digamos os motivos que me põem a pena na mão.

Texto II

O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. FONTE: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fixação de texto e notas de Manoel M. S. Almeida; prefácio de John Gledson. São Paulo: Globo, 2008.

Com base nos textos III e IV de Dom Casmurro, da obra de Machado de Assis, é correto afirmar que:

a) o narrador é Bentinho, protagonista do romance, que se propõe a contar o passado vivido com Capitu.

b) a narradora é Capitu, antagonista do romance e esposa de Ezequiel, cuja traição é exposta no romance.

c) o narrador é Ezequiel, herói do romance e personagem secundário, cujo objetivo é juntar as pontas do passado com o presente por meio da narrativa.

d) o narrador é José Dias, agregado da família de Bentinho e personagem principal, que se dispõe, prontamente, a contar as peripécias de Bento Santiago.

111. (PUC-SP) Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto e estimei a coincidência. (…) O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.

O trecho acima é do romance Dom Casmurro de Machado de Assis. A personagem, na trama de Otelo, Desdêmona, leva o narrador do romance a estabelecer comparações com Capitu. Assim, indique nas alternativas abaixo, a que contém afirmação que as aproxima e as identifica.

a) Tanto Desdêmona quanto Capitu eram inocentes mas acabaram tendo o mesmo destino trágico.

b) Capitu era inocente, enquanto Desdêmona era culpada por ter traído Otelo e mereceu a morte que teve.

c) Desdêmona era inocente e foi alvo de calúnia, enquanto Capitu era sabidamente culpada por delito reconhecido.

d) Bentinho e Otelo tinham motivos claros e suficientes para vingarem-se do ultraje sofrido.

e) Tanto Desdêmona quanto Capitu foram alvos de ciúmes e tiveram seus destinos traçados pelos maridos.

112. (UFRGS) Leia as seguintes afirmações sobre os romances Dom Casmurro, de Machado de Assis, e Diário da queda, de Michel Laub.

I – Os dois romances são narrados em primeira pessoa, como processo de compreensão do vivido.

II – Os dois narradores apresentam uma relação amorosa com esposa e filhos, reproduzindo a tradição familiar.

III – O balanço final dos narradores de cada romance demonstra grande aprendizado, a partir das experiências vividas, repleto de esperança e de otimismo. Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas I e III.

d) Apenas II e III.

e) I, II e III.

113. (UFRGS) Considerando os estudos sobre o romance Dom Casmurro, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.

( ) No final do século XIX e início do XX, a interpretação do romance tende à aderência ao ponto de vista do narrador. Assim, em geral, os leitores aceitam os fatos narrados por Bentinho sem muita desconfiança da sua narração comprometida.

( ) Em torno de 1960, talvez por influência de leituras feministas, críticos problematizam a visão unilateral de Bentinho e passam a ponderar que o ponto de vista de Capitu não vinha sendo considerado e que a sua traição deveria ser ao menos discutida.

( ) Perto de 1980, são comuns as leituras que desviam o foco do debate sentimental para o social, e a diferença de classe entre o filho do deputado (Bentinho) e a filha do vizinho pobre (Capitu) passa a figurar como um dos tópicos do romance.

( ) Atualmente, e por obra das muitas adaptações do romance para o cinema e para a televisão, que revelaram conteúdos da narrativa antes ocultos, é consenso que a traição de Capitu é o centro do enredo e que esta pode ser comprovada pelas pistas deixadas no texto por Machado de Assis. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) F – F – V – F.

b) V – F – F – V.

c) V – V – V – F.

d) V – F – V – V.

e) F – V – F – F.

114. (UFRGS) ) O cortiço (1890) e Dom casmurro (1899) foram publicados na mesma década, porém apresentam registros de linguagem diferentes, como se pode ver nos trechos abaixo. No bloco superior, estão listados nomes de personagens de O cortiço e de Dom casmurro; no inferior, os trechos dos romances em que essas personagens são descritas. Associe adequadamente o bloco inferior ao bloco superior.

1 -Firmo (O cortiço)

2 -Escobar (Dom casmurro)

3 -Jerônimo (O cortiço)

4 -José Dias (Dom casmurro)

( ) [ … ] viera da terra, com a mulher e uma filhinha ainda pequena, tentar a vida no Brasil, na qualidade de colono de um fazendeiro, em cuja fazenda mourejou durante dois anos, sem nunca levantar a cabeça, e de onde afinal se retirou de mãos vazias e uma grande birra pela lavoura brasileira. Para continuar a servir na roça tinha que sujeitar- -se a emparelhar com os negros escravos e viver com eles no mesmo meio degradante, encurralado como uma besta, sem aspirações, nem futuro, trabalhando eternamente para outro.

( ) [ … ] era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira. Teria seus trinta e tantos anos, mas não parecia ter mais de vinte e poucos. Pernas e braços finos, pescoço estreito, porém forte; não tinha músculos, tinha nervos.

( ) Era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como a fala, como tudo. Quem não estivesse acostumado com ele podia acaso sentir-se mal, não sabendo por onde lhe pegasse. Não fitava de rosto, não falava claro nem seguido; as mãos não apertavam as outras, nem se deixavam apertar delas, porque os dedos, sendo delgados e curtos, quando a gente cuidava tê-los entre os seus, já não tinha nada.

( ) [ … ]apareceu ali vendendo-se por médico homeopata; levava um Manual e uma botica. Havia então um andaço de febres; [ … ] curou o feitor e uma escrava, e não quis receber nenhuma remuneração. Então meu pai propôs-lhe ficar ali vivendo, com pequeno ordenado. [ … ] recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) 1 – 2 – 3 – 4.

b) 2 – 3 – 4 – 1.

c) 3 – 2 – 4 – 1.

d) 1 – 3 – 2 – 4.

e) 3 – 1 – 2 – 4.

115. (UFPE)  A construção das personagens em Eça de Queirós e em Machado de Assis apresenta particularidades que distinguem os dois escritores. Partindo da leitura crítica dos dois textos que se seguem, analise as proposições seguintes.

Tinha dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha Voltaire marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:

_ Tu não te vais vestir, Luísa?

_ Logo.

Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão da manhã de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates. […] (Eça de Queirós – O primo Basílio)

Capitu

 Que é que você tem?

 Eu? Nada.

 Nada, não; você tem alguma coisa.

Quis insistir que nada, mas não achei língua. Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca fora. Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos.         (Machado de Assis – Dom Casmurro)

0-0) Os dois autores, do século XIX, revelam concepções díspares ao construir suas personagens, pois, enquanto Machado de Assis cria tipos femininos frágeis e sem vida, Eça de Queirós dá-lhes alma.

1-1) Os dois textos explicitam as diferenças sociais existentes entre as duas personagens. A primeira, Luísa, é descrita como uma autêntica burguesa, enquanto a segunda, Capitu, como uma adolescente pobre, cujo único objetivo é alcançar a ascensão social, ainda que para isso precise agir de modo a contrariar a moral vigente.

2-2) O discurso dos narradores revela emoções resultantes das experiências por eles próprios vivenciadas, o que torna ambas as narrativas comprometidas, de tal modo, que o adultério não se confirma, contribuindo para que as histórias não se concluam com a comprovação do triângulo amoroso, pois ambas terminam em aberto.

3-3) Capitu é uma personagem acerca da qual, “embora não possamos ter a imagem nítida da sua fisionomia, temos uma intuição profunda de seu modo de ser”. Por sua vez, Luísa, de acordo com Machado de Assis, “resvala no lodo, sem vontade, sem repulsa, sem consciência”.

4-4) O Primo Basílio e Dom Casmurro possuem personagens femininas, que, apesar de se integrarem plenamente à classe burguesa, nutrem um profundo respeito à instituição familiar e se caracterizam por serem simplesmente criadas para vivenciarem circunstâncias e acontecimentos, sem que tenham o menor poder de decisão sobre os mesmos.

RESPOSTA: FFFVF

(UFSCAR) Leia o texto para responder às questões de números 116 e 117.

Pádua era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra. Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que morava,

Assobradada como a nossa, posto que menor, era propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis. A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar vir da Europa alguns pássaros, etc.; mas a mulher, esta D. Fortunata que ali está à porta dos fundos da casa, em pé, falando à filha, alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse que o melhor era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir às moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. (Machado de Assis. Dom Casmurro, 1997.)

116. O narrador descreve D. Fortunata como uma mulher

a) esbanjadora, de gostos refinados e preocupada com a aparência, ao que se percebe pelo interesse em adquirir um adereço de brilhantes.

b) submissa, dedicada à família, o que se percebe pela disposição em cuidar da casa e da filha, sem questionar as decisões do marido.

c) ambiciosa, disposta a melhorar de vida a qualquer custo, o que se percebe pelo casamento arranjado com Pádua, um funcionário de alta patente do Exército.

d) sonhadora, sempre pensando em melhorar de vida, o que se percebe pela sua obstinação em investir o pouco dinheiro da família em bilhetes de loteria.

e) prudente, com espírito prático, o que se percebe pela preocupação em usar o dinheiro do marido para comprar uma casa e economizar para as enfermidades.

117. A frase – Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. – está corretamente reescrita, sem alteração de sentido e de acordo com a norma-padrão da língua em seu registro formal, em:

a) Pádua hesitou muito; se deixou levar, afinal, pelos conselhos de minha mãe, que D. Fortunata solicitou apoio.

b) Pádua hesitou muito; afinal, deu o braço a torcer para os conselhos de minha mãe, que D. Fortunata pediu amparo.

c) Pádua hesitou muito; convenceu-o, afinal, os conselhos de minha mãe, de quem D. Fortunata chamou para ajudar.

d) Pádua hesitou muito; afinal, precisou acatar os conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata recorreu.

e) Pádua hesitou muito; teve que dobrar-se, afinal, aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata encontrou suporte.

118. (UEMG) Leia o fragmento da obra de Dom Casmurro, abaixo.

“Enfim chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas.”

A partir do trecho acima, e tendo em vista o enredo da obra, SÓ É CORRETO afirmar que

a)a cena descrita é tipicamente romântica, de acordo com o estilo da obra, que tematiza a felicidade amorosa de Bentinho e Capitu.

b)o instante focalizado enfatiza a extrema sensibilidade de Bento Santiago, diante do cadáver do amigo Escobar.

c)o momento descrito é crucial para o relacionamento de Bentinho e Capitu, pois, uma vez instaurada a dúvida na mente do marido, o casamento se deteriorará, encaminhando-se para a separação.

d)o trecho comprova que Sancha é uma personagem trágica, pois, após a morte dos filhos, ela perde o marido num naufrágio.