Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos

Você já sabe que diversas vacinas protegem de muitas doenças causadas por vírus e bactérias, que são os agentes infecciosos.

Mas você sabe como as vacinas funcionam?

Ao invadir um organismo, bactérias e vírus se multiplicam e atingem diferentes estruturas e órgãos.

Para proteger nossa saúde, as vacinas precisam estimular o sistema imunológico – também chamado de sistema imunitário ou imune – a produzir anticorpos, um tipo de proteína, agentes de defesa que atuam contra os micróbios que provocam doenças infecciosas.

Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Como as vacinas funcionam.

Memória imunológica

O sistema imune também tem a capacidade de se lembrar das ameaças já combatidas, por isso, sempre que os mesmos agentes infecciosos entram em contato com nosso organismo, o complexo processo de proteção é reativado. Em alguns casos, a memória imunológica é tão eficiente que não deixa uma doença ocorrer mais de uma vez na mesma pessoa. Isso acontece, por exemplo, quando contraímos sarampo ou catapora (varicela) ou quando nos vacinamos contra essas doenças.

Mas não é sempre assim. No caso da doença meningocócica, da difteria, do tétano e da coqueluche, tanto as infecções quanto as vacinas que as previnem não geram proteção para toda a vida, seja porque o estímulo do sistema imune não é suficiente a ponto de produzir uma ótima memória imunológica, seja porque ter memória imunológica, nesses casos, não basta para manter a proteção no longo prazo. É por isso que às vezes precisamos tomar doses de reforço de algumas vacinas.

Embora seja muito eficiente, o sistema imunológico precisa de certas condições para funcionar bem e o tempo é uma delas. Por exemplo: na primeira vez em que uma criança é exposta a um micróbio, seu sistema imune não consegue produzir anticorpos em um prazo inferior ao que o agente agressor leva para se instalar e provocar os sintomas. Assim, apesar do esforço de proteção natural do organismo, a criança ficará doente. Por essa razão, as vacinas têm importância crucial: elas permitem a imunização preventiva, o que elimina o risco de adoecimento e de complicações muitas vezes fatais.

Eficácia e segurança das vacinas

A maioria das vacinas protege cerca de 90% a 100% das pessoas. O pequeno percentual de não protegidos se deve a muitos fatores – alguns estão relacionados com o tipo da vacina, outros, com o organismo da pessoa vacinada que não produziu a resposta imunológica adequada.

Quanto à segurança, ou seja, à garantia de que não vai causar dano à saúde, é importante saber que toda vacina, para ser licenciada no Brasil, passa por um rigoroso processo de avaliação realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esse órgão, regido pelo Ministério da Saúde (MS), analisa os dados das pesquisas, muitas vezes realizadas ao longo de mais de uma década, e que demonstram os resultados de segurança e eficácia da vacina obtidos em estudos com milhares de humanos voluntários de vários países. O objetivo é se certificar de que o produto é de fato capaz de prevenir determinada doença sem oferecer risco à saúde. 

Composição das vacinas

As vacinas atenuadas contêm agentes infecciosos vivos, mas extremamente enfraquecidos. Já as vacinas inativadas usam agentes mortos, alterados, ou apenas partículas deles. Todos são chamados de antígenos e têm como função reduzir ao máximo o risco de infecção ao estimular o sistema imune a produzir anticorpos, de forma semelhante ao que acontece quando somos expostos aos vírus e bactérias, porém, sem causar doença.

As vacinas atenuadas podem produzir condições semelhantes às provocadas pela doença que previne (como febre, por exemplo), mas em pessoas com o sistema imunológico competente isso é muito raro e, quando ocorre, os sintomas são brandos e de curta duração. Já as pessoas com doenças que deprimem o sistema imunológico, ou que estão em tratamento com drogas que levam à imunossupressão, não podem receber esse tipo de vacina. O mesmo vale para as gestantes.

Quanto às vacinas inativadas, elas nem chegam a “imitar” a doença. O que fazem é enganar o sistema imune, pois este acredita que o agente infeccioso morto, ou uma partícula dele, representa perigo real e desencadeia o processo de proteção. São vacinas sem risco de causar infecção em pessoas imunodeprimidas ou em gestante e seu feto.

Além dos antígenos (atenuados ou inativados), as vacinas podem conter quantidades muito pequenas de outros produtos químicos ou biológicos, como: água estéril, soro fisiológico ou fluidos contendo proteína; conservantes e estabilizantes (por exemplo, albumina, fenóis e glicina); potencializadores da resposta imune, chamados “adjuvantes”, que ajudam a melhorar a eficácia e/ou prolongar a proteção da vacina; e também podem conter quantidades muito pequenas de material como a proteína do ovo de galinha, empregada para fazer crescer a bactéria ou o vírus do qual será extraído o antígeno. Algumas vacinas apresentam ainda traços de antibiótico na composição, para evitar o crescimento de microrganismos durante a produção e o armazenamento do produto final.

Estes ingredientes ajudam a preservar as vacinas e contribuem para manter sua eficácia ao longo do tempo.

O timerosal é um conservante que contém mercúrio. Ele é adicionado em quantidades muito pequenas apenas em frascos de vacinas com mais de uma dose, e tem a finalidade de evitar a contaminação e o crescimento de bactérias potencialmente prejudiciais.

Pessoas com história prévia de reações alérgicas graves a alguma destas substâncias devem consultar o médico antes da vacinação.

Prevenção

As vacinas são poderosas ferramentas, com comprovada capacidade para controlar e eliminar doenças infecciosas que ameaçam a vida.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 2 a 3 milhões de mortes a cada ano sejam evitadas pela vacinação e garante ser a imunização um dos investimentos em saúde que oferecem o melhor custo-efetividade para as nações. Isso significa que as vacinas possibilitam excelente resultado de prevenção a baixo custo, quando comparadas com outras medidas, o que é muito importante, principalmente nos países sem condições adequadas para realizar diagnóstico e tratamento de doenças.

Quanto mais pessoas são vacinadas, menor é a circulação de vírus e bactérias entre a população, logo, menos pessoas adoecem.

Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Coqueluche - Incidência x cobertura vacinal, de 1990 a 2017.
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Difteria - Incidência x cobertura vacinal, de 1990 a 2017.
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Meningite por Hib - Incidência x cobertura vacinal, de 2001 a 2013.
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Rubéola - Incidência x cobertura vacinal, de 1993 a 2016.
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Poliomielite - Incidência x cobertura vacinal, de 1968 a 2017.

Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos
Por que as vacinas contem antigenos em vez de anticorpos

Você já se vacinou? Você conhece a importância das vacinas? Aprenda, no artigo a seguir, como é a criação de defesa do nosso organismo, a relação entre o sistema imunitário, também conhecido como sistema imune, e a vacinação e veja a importância desse assunto nos vestibulares.

O que é o Sistema Imunitário?

O sistema imunitário, também conhecido como sistema imunológico, é responsável pela defesa do nosso organismo. A imunologia, área das ciências biológicas que estuda a defesa corporal humana, reconhece diferentes tipos celulares envolvidos na resposta imune. Por meio dela, o corpo pode reconhecer, processar e neutralizar microrganismos patogênicos.

Por meio desse conhecimento, é possível a criar mecanismos de proteção contra diferentes tipos de doenças. Esse é o caso das vacinas, dos soros, dos remédios que controlam a atividade imunológica, entre outras tecnologias que lidam com esse sistema. 

Sistema Imunitário: conceitos importantes

O estudo do sistema imunitário para o Enem requer o entendimento de conceitos importantes. Essas definições precisam estar bem estabelecidas durante o entendimento da resposta imune, uma vez que esses temas têm sentidos parecidos e não podem ser confundidos entre si. 

  • Imunidade: esse conceito representa toda o sistema de ativação, defesa e neutralização imunológica; 
  • Resposta Imune ou imunológica: é a atividade corporal que se inicia após o contato com algum “agressor biológico”. Por exemplo, uma bactéria instalada no intestino pode gerar uma resposta imunológica;
  • Antígeno: é a molécula, substância ou microrganismo que tem a capacidade de desencadear a resposta imunológica. A partir do exemplo anterior, a bactéria representa o antígeno;
  • Patógeno: é a denominação específica para os organismos que estimulam a atividade imune quando se hospedam no corpo. Nesse grupo estão os vírus, as bactérias, os fungos, os protozoários, os helmintos, entre outros; e
  • Anticorpo: é a molécula que consegue reagir com o antígeno (ou patógeno) para que ocorra sua neutralização e/ou morte — esse é um dos principais mecanismos envolvidos na resposta imunológica e no desenvolvimento de vacinas. 

Composição do Sistema Imunitário

Assim como nos outros sistemas da fisiologia humana, a imunidade possui um conjunto de órgãos e células especializadas na defesa do corpo. Todo esse complexo é formado desde a gestação, quando a embriologia nota o desenvolvimento de células de defesa, e se aprimora até o fim da vida humana.

Glóbulos Brancos

Os glóbulos brancos são células presentes no sangue e que são responsáveis por ativar a resposta imunológica, sinalizar a presença de antígenos, neutralizá-los e destruí-los. 

Em geral, destacam-se os seguintes tipos: macrófagos, neutrófilos, linfócitos T auxiliadores, linfócitos T citotóxicos, linfócitos B, monócitos, basófilos, eosinófilos, entre outros. A nível de vestibular é importante compreender as seguintes funções:

Tipo de glóbulo brancoFunção
MacrófagoFaz a destruição do antígeno a partir de fagocitose
Linfócito T auxiliador (também chamado de CD4)Sinalizam os linfócitos B para a continuidade da resposta imunológica e da produção de anticorpos
Linfócito T citotóxico (também chamado de CD8 ou matador)São responsáveis pela detectar e destruir células infectadas por antígenos intracelulares, como os vírus
Linfócito BProduzem os anticorpos necessários para a paralisação do antígeno

Órgãos Linfáticos

Os principais órgãos imunológicos que possuímos são o baço, os linfonodos, as tonsilas, o apêndice cecal, a medula óssea e o timo. Eles podem ser divididos segundo a classificação:

  • Órgãos imunológicos primários: são responsáveis pela formação e amadurecimento das células de defesa. Nesse grupo estão o timo, que dá origem aos linfócitos do tipo T, e a medula óssea, que forma os linfócitos B; e
  • Órgãos imunológicos secundários: estão relacionados com a ativação da imunidade quando ocorre uma sinalização antigênica. Aqui estão contados os linfonodos e o baço.

Esses órgãos estão conectados por meio dos vasos linfáticos, estruturas vasculares responsáveis pela drenagem da linfa no corpo. Mas, afinal, o que é a linfa? Ela é a mistura dos líquidos que ficam entre as células com leucócitos (tipo celular responsável pela defesa).

Por meio da comunicação da linfa com os sistemas do corpo humano, é possível que a resposta imunológica seja ativada e integrada com rapidez e eficiência. Para isso, é muito importante que todo o corpo possua sinalizadores imunológicos.

O sistema respiratório, por exemplo, possui conjuntos de células responsáveis por detectar e inutilizar antígenos inspirados. No decorrer do trato gastrointestinal também existem mecanismos de imunidade capazes de paralisar a ação de patógenos e antígenos.

Sistema imunitário: vacinas e soros 

O funcionamento dessas ferramentas é necessário em diversas situações. Enquanto as campanhas de vacinação são essenciais para a prevenção e contenção de surtos epidemiológicos, os soros são capazes de paralisar a ação de antígenos com letalidade potencial. Veja nos tópicos abaixo!

Vacinas

As vacinas possuem antígenos mortos, processados ou inativos que são administrados com a intenção de gerar uma resposta imunológica no paciente. Com isso, o sistema imunitário é ativado e começa a produzir anticorpos e células de defesa contra aquele antígeno em específico.

Como a infecção não é capaz de se propagar, já que o patógeno está inativo, o corpo continua com suas funções normais e algumas das células geradas na resposta imune são “guardadas”. Elas são denominadas células de memória e são responsáveis pela neutralização daquele antígeno quando o indivíduo tiver um novo contato com ele. 

É dessa forma que as vacinas contra a covid-19 funcionam, elas são capazes de gerar memória imunológica. Assim, quando um cidadão contatar outra vez o Sars-CoV-2, já possuirá células de defesas prontas para lidar com o vírus. 

Perceba que elas não têm a função de evitar que o paciente se contamine, mas facilitam a resposta imunitária para que o organismo responda mais rapidamente à infecção — o que diminui o tempo da doença e aumenta as chances de sobrevivência e recuperação. 

Soro

Os soros, por sua vez, são necessários nas situações em que o indivíduo teve contato com um antígeno potencialmente letal e precisa de uma resposta rápida do sistema imunitário. 

Como muitas vezes o corpo não dá conta de neutralizar sozinho o agente infeccioso, opta-se por administrar um soro que contém os anticorpos necessários para detectar e destruir o antígeno.

Isso é muito comum quando ocorre a picada de animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões. O paciente é levado ao hospital e recebe os anticorpos prontos para lidar com o veneno desses bichos.

Questão de sistema imune

Agora que você já conhece os principais componentes, células e mecanismos do sistema imunitário, responda a questão abaixo sobre o tema e confira a resolução proposta pelo Estratégia Vestibulares.

UFRGS 1997

Quando uma pessoa é picada por um animal peçonhento, deve procurar socorro através de

a) soro, que induzirá a formação de anticorpos.b) soro, porque é composto por antígenos específicos.c) soro, porque contém anticorpos prontos.d) vacina, porque fornecerá ao organismo elementos de defesa.

e) vacina, para eliminar quimicamente o veneno.