Qual foram os dois movimentos políticos que se destacaram durante o governo constitucional?

Resumo

Com a reconstitucionalização do país em 1934, após a Revolução Constitucionalista de 1932, alteraram-se as regras do jogo político nacional, viabilizando novos enfrentamentos entre o poder central e as correntes políticas regionais que pretendiam ampliar sua margem de influência através da defesa do federalismo. Além disso, no período imediatamente posterior à promulgação da carta constitucional de 1934, constituiu-se uma arena de divergências políticas radicais, na qual a emergência de outras correntes ideológicas tornava-se inevitável. Este artigo pretende analisar as articulações políticas entre o Governo Federal de Getúlio Vargas e as lideranças partidárias do Rio Grande do Sul, principalmente acerca da sucessão do Governo do Rio de Janeiro entre 1934-35.

With the reconstitutionalization of the country in 1934 after the Constitutional Revolution of 1932, some rules of the national political game changed, enabling new clashes between the central power and regional political trends that wanted to expand its scope of influence by advocating for federalism. Moreover, in the period immediately after the promulgation of the Constitutional Charter of 1934, an arena of radical political dissents was constituted, in which the emergence of other ideological currents became inevitable. This article aims to analyze the political articulations between the Federal government of Getúlio Vargas and party leaders of Rio Grande do Sul, mainly about the succession of the Government of Rio de Janeiro between the years of 1934-35.

Referência

ELÍBIO JÚNIOR, Antônio Manoel. O Governo Constitucional de Getúlio Vargas e a crise fluminense (1934-1935). Teoria & Pesquisa: revista de ciência política, São Carlos, v. 21, n. 2, p. 73-86, jul./dez. 2012.

O Governo constitucional de Getúlio Vargas iniciado em 1934 criou uma expectativa de volta da democracia representativa ao Brasil, apesar da restrita liberdade de organização e expressão. O cenário político e social seguia o contexto mundial, com os grupos político-ideológicos apresentando seus programas de organização da sociedade brasileira, polarizado entre o grupo da extrema-direita fascista, a Ação Integralista Brasileira, e a esquerda organizada em volta da Aliança Nacional Libertadora (ANL), cuja preponderância cabia ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ao mesmo tempo Vargas mantinha uma centralização do poder, apesar da vigência da Constituição de 1934.

O primeiro dos dois grupos que surgiu foi o integralista, em 1932. Apontando o descrédito com a democracia liberal e adotando o modelo de organização e princípios do fascismo europeu, tendo como líder Plínio Salgado, as propostas se baseavam no lema nacionalista de conservação de algumas instituições sociais, “Deus, Pátria e família”, apontando a necessidade da intervenção do Estado na economia e o rígido controle sobre a sociedade, além do combate ao comunismo. O próprio nome integralismo surgia da premissa de que o Estado deveria chefiar integralmente a nação, lutando contra a especulação do capitalismo financeiro e buscando harmonizar a relação capital/trabalho com o objetivo de se alcançar a verdadeira harmonia social entre trabalhadores e empresários, negando desta forma a luta de classe.

Com uma proposta oposta, a ANL foi a público, em março de 1935, com um programa de suspensão do pagamento e cancelamento da dívida externa, nacionalização de empresas, defesa das liberdades individuais, combate ao fascismo com a criação de um governo popular e reforma agrária. Apesar de ter preponderância do PCP e a liderança de Luís Carlos Prestes, a ANL era uma aliança entre diversos grupos políticos e sociais que se opunham ao governo autoritário de Getúlio Vargas.

Quatro meses depois de apresentada, Vargas declarou a ilegalidade da ALN com base em um manifesto assinado por Prestes, cuja palavra de ordem “Todo poder à ANL” era apontada como um posicionamento contrário à Lei de Segurança Nacional, criada pouco tempo antes. A ilegalidade levou o grupo a atuar na clandestinidade, o que fortaleceu o papel do PCP, por ser o único grupo com experiência e capacidade organizativa para funcionar clandestinamente.

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A consequência direta da medida de Vargas foi a aceleração do projeto de luta armada revolucionária da ANL. Com o apoio do Komintern (órgão da Internacional Comunista, com sede em Moscou na URSS), a ANL preparou uma ação conhecida como Intentona Comunista, nome dado pelos opositores da ação, querendo depreciá-la ao apontar seu caráter irrealista. A ação revolucionária teve início em novembro de 1935 e fracassou em razão da falta de articulação e comunicação entre os focos de sublevação armada nos vários pontos do país, ocorrendo nos dias 23 de novembro em Natal e Recife e apenas no dia 27 no Rio de Janeiro, a então capital do país. Além disso, não houve um maciço apoio popular como era esperado.

Este foi o pretexto para Vargas intensificar a repressão a seus opositores, conseguindo a aprovação do estado de sítio e do estado de guerra por parte do Congresso Nacional e criando ainda o Tribunal de Segurança Nacional e a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo. Essas medidas fortaleceram o poder executivo e enfraqueceram o legislativo, anulando na prática a democracia liberal e a constituição.

Neste clima de tensão política que ocorreria a eleição em 1937. Com a apresentação de três candidaturas, a do paulista Armando Sales Oliveira, a do paraibano José Américo de Almeida e a do integralista Plínio Salgado. Vargas não tinha interesse em deixar o poder, e se apresentava a setores do exército e da burguesia nacional como o único capaz de manter a estabilidade social.

Frente a isso, aproveitou o aparecimento na imprensa de um falso plano de conspiração comunista, o Plano Cohen, para ordenar ao exército o fechamento do Congresso Nacional em 10 de novembro de 1937, extinguindo os partidos políticos, suspendendo a campanha presidencial e apresentando uma nova constituição. Foi assim inaugurado o Estado Novo, pelo qual o ditador Getúlio Vargas permaneceu no poder até 1945.

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Quais foram os dois movimentos políticos que se destacaram durante o governo constitucional?

Os grupos antagônicos que mais conflitavam na época eram a Aliança Nacional Libertadora e a Ação Integralista Brasileira.

Quais os movimentos que surgiram durante o governo constitucional?

Esta fase foi marcada por greves de operários, pela Revolta Comunista, o combate das ideias de esquerda e a radicalização da política. Foi um período de fortalecimento do Poder Executivo e debilidade do legislativo.

Quais foram os partidos que se destacaram no governo constitucional de Vargas?

No lado da esquerda, formou-se, a partir de 1934, a Aliança Nacional Libertadora (ANL), grupo que tinha inspiração no comunismo. A ANL tinha um forte apoio do Partido Comunista do Brasil (PCB) e tinha como principal objetivo o combate ao fascismo no Brasil.

Quais foram os dois principais grupos políticos que surgiram no governo constitucional de Vargas e o que defendiam?

Disso dois grandes grupos políticos surgiram: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Esses grupos tinham inspirações ideológicas distintas e eram adversários.