Sobre a passagem do mito ao logos marque o que for correto

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do Mito ao Logos. E) A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações/conhecimentos, a observação/assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da passagem do Mito ao Logos. 8 – (Ifsp 2011) Comparando-se mito e filosofia, é correto afirmar o seguinte: A) A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana, sendo independente da pessoa do filósofo. B) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de realidades passadas a partir da interação entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao da ciência. C) Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de todos os homens. D) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo processo de conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico. E) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser comprovadas pela observação direta ou pela experiência. 9 – (Unimontes 2011) A passagem da mentalidade mítica para o pensamento racional e filosófico foi gestada por fatores considerados relevantes para a construção de uma nova mentalidade. Algumas novidades do período arcaico ajudaram a transformar a visão que o mito oferecia sobre o mundo e a existência humana. Nesse aspecto, são todos fatores relevantes: A) a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita e a imprensa. B) a invenção da escrita e do telefone, a lei escrita e o nascimento da pólis. C) a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita e o nascimento da pólis. D) a invenção da escrita e da religião, a lei escrita e o nascimento da pólis. 10 – (Unimontes 2011) “Nenhum homem me fará descer à casa de Hades contrariando o meu destino. Nenhum homem, afirmo, jamais escapou de seu destino, seja covarde ou bravo, depois de haver nascido”. (Homero, Ilíada). Hades, na filosofia antiga, designa A) o nome do deus das águas. B) o nome do deus da beleza. C) o nome do deus do mundo subterrâneo e dos mortos. D) o nome do deus da guerra. 11 – (Unioeste 2011) "Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as duas ordens de fenômenos os vínculos são demasiado estreitos para que o pensamento racional não apareça, em suas origens, solidário das estruturas sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim recolocada na história, a filosofia despoja-se desse caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi atribuído, saudando, na jovem ciência dos jônios, a razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo. A escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela construiu uma razão, uma primeira forma de racionalidade". Jean Pierre Vernant. Sobre a Filosofia seguem as seguintes afirmações: I. Ela foi revelada pela deusa Razão a Tales de Mileto quando este afirmou que o princípio de tudo é a água. II. Ela foi inventada pelos gregos e decorre do advento da Polis, a cidade organizada por leis e instituições que, por meio delas, eliminou todo tipo de disputa. III. Ela rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos; problematiza, discute e põe em questão até mesmo as teorias racionais elaboradas com rigor filosófico. IV. Surgiu no século VI a.C. nas colônias gregas da Magna Grécia e da Jônia, apenas no século seguinte deslocou-se para Atenas. V. Ocupa-se com os princípios, as causas e condições do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; põe em questão e problematiza valores morais, políticos, religiosos, artísticos e culturais. Das afirmações feitas acima A) I, III e V são corretas. B) I e II são incorretas. C) II, IV e V são corretas. D) todas são corretas. E) todas são incorretas. 12 - Analise os itens abaixo e marque a alternativa CORRETA em relação ao significado de FILOSOFIA = PHILOS + SOPHIA. A) Amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber. B) Ideais, sabedoria, sábio. C) Verdade, amor, convicções. D) Caminho, saber, confiança. RESPONDA AS QUESTÕES 13 À 18 NO CADERNO. 13 – O que significa a palavra Filosofia? 14 – Como as pessoas explicavam o mundo antes da formação pela Filosofia pelos gregos? Explique. 15 – As navegações, o calendário e a moeda, a escrita e a política contribuíram com a mudança no modo de pensar dos homens na Antigüidade Grega. Você considera que, hoje, a informática, com a virtualidade, pode está mudando o nosso modo de pensar? Explique. 16 – Escolha algo que você admira e: a) desenhe-o. b) explique-o (escreva como ele é, pense no porquê de sua existência, se precisa de mudanças, como funciona, qual a sua causa... Enfim, filosofe). 17 – Quais são as questões que Tales e os primeiros filósofos quiseram resolver? 18 – Os primeiros filósofos queriam desvendar qual era o princípio do mundo? Você considera que esta questão já foi resolvida? Explique. 19 – (Ufsj 2013) A construção de uma cosmologia que desse uma explicação racional e sistemática das características do universo, em substituição à cosmogonia, que tentava explicar a origem do universo baseada nos mitos, foi uma preocupação da Filosofia a) medieval. b) antiga. c) iluminista. d) contemporânea. 21 – (Unioeste 2012) “É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social pode tornar-se entre os gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis a sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida. Assim se destacou e se definiu um pensamento propriamente político, exterior a religião, com seu vocabulário, seus conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este pensamento marcou profundamente a mentalidade do homem antigo; caracteriza uma civilização que não deixou, enquanto permaneceu viva, de considerar a vida pública como o coroamento da atividade humana”. Considerando a citação acima, extraída do livro As origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant, e os conhecimentos da relação entre mito e filosofia, é INCORRETO afirmar que a) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas e delas se serviam para constituir um ideal de pensamento que deveria orientar a vida pública do homem grego. b) a discussão racional dos Sábios que traduziu a ordem humana em fórmulas acessíveis a inteligência causou o abandono do mito e, com ele, o fim da religião e a decorrente exclusividade do pensamento racional na Grécia. c) a atividade humana grega, desde a invenção da política, encontrava seu sentido principalmente na vida pública, na qual o debate de argumentos era orientado por princípios racionais, conceitos e vocabulário próprios. d) a política, por valorizar o debate publico de argumentos que todos os cidadãos podem compreender e discutir, comunicar e transmitir, se distancia dos discursos compreensíveis apenas pelos iniciados em mistérios sagrados e contribui para a constituição do pensamento filosófico orientado pela Razão. e) ainda que o pensamento filosófico prime pela racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o declínio do pensamento mitológico, recorreram a narrativas mitológicas para expressar suas ideias; exemplo disso e o “Mito de Er” utilizado por Platão para encerrar sua principal obra, A República. 22. (ENEM 2015 )  0 A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as

A filosofia nasceu com o surgimento de uma nova forma de investigar a realidade (physis). O pensamento filosófico representou uma ruptura com a tradição mitológica, que explicava os fenômenos da natureza, as estruturas sociais e outros acontecimentos por meio da ação dos deuses.

O verão e a primavera, por exemplo, eram causados pela visita de Perséfone ao Olimpo, e sua volta ao reino de Hades tinha como efeito o outono e o inverno. A tempestade e o trovão eram causados por Zeus, deus dos raios e autoridade máxima entre os deuses. Os nobres gregos seriam descendentes dos deuses do Olimpo, portanto, tinham linhagem divina. Esses são exemplos do pensamento mítico que será superado pelos primeiros filósofos.

As primeiras investigações racionais

A investigação racional da physis, que tem sua origem com Tales de Mileto, inaugura uma postura investigativa que abandona, em certa medida,  as explicações mitológicas.

A tradição filosófica, graças à obra de Aristóteles (que registrou o pensamento dos pré-socráticos), considera que Tales foi o primeiro a perguntar pelo princípio originário de todas as coisas (Arché).

Motivado pela admiração típica dos filósofos, Tales observou o movimento de geração e corrupção da natureza, e concluiu que na multiplicidade dos seres existe uma unidade, um elemento comum a todos. Através da indução, o primeiro filósofo avaliou casos particulares para concluir que a água é o princípio da existência, elemento sem o qual a physis não seria possível.

Percebe-se assim uma forma de investigar baseada na observação e no pensamento racional sem recorrer à mitologia. Os demais filósofos pré-socráticos seguirão o exemplo de Tales. Anaxímenes, Anaximandro, Parmênides, Heráclito e outros irão também investigar a natureza e chegar a outras respostas. Entre eles teremos ainda duas fases: uma que busca o princípio físico e outra conceitual, que investiga o ser.

A razão universal ou logos

Heráclito sugere que a realidade é ordenada por uma razão universal (logos). A razão, portanto, não é propriamente humana. O homem apenas consegue exprimir o logos através da linguagem. A contemplação da physis nos leva a perceber essa razão universal.

Esses pensadores têm uma característica marcante: a ruptura com a mitologia, a investigação racional e a busca pela unidade na multiplicidade. Não são explicações que repousam na tradição simbólica de um povo, mas explicações de homens que não deram mais ouvidos ao mito, mas ao logos.  Trata-se do início daquilo que será chamado, séculos depois, de pensamento científico.

Como exemplo, observe esta explicação de Anaximandro, que não recorre aos mitos para explicar o relâmpago:

Segundo Anaximandro, os ventos produzem-se quando os vapores mais sutis do ar se separam e quando são postos em movimento por congregação; a chuva resulta da exalação que se eleva das coisas que estão ao sol, e o relâmpago origina-se sempre que o vento se desencadeia e fende as nuvens. (HIPÓLITO apud REZENDE, 2008, pg. 22 )

Apesar disso, o pensamento mítico não foi totalmente abandonado. A riqueza simbólica dos mitos são um sofisticado recurso de linguagem para falar sobre coisas de difícil compreensão. Aquilo que pode ser compreendido pela razão é desmistificado (como o relâmpago).

Contudo, para aquilo que permanece mistério os mitos são ainda nosso melhor recurso. Talvez por isso Tales tenha afirmado que “tudo está cheio de Deuses“, e Heráclito, ao surpreender alguns convidados com a simplicidade de sua casa, afirmou: “mesmo aqui, os deuses estão presentes“. 

O logos e o surgimento da Filosofia

Heráclito criou o termo Logos para referir-se à razão dinâmica que governa a physis. “Tudo flui” (Panta Rhei), e “o mesmo homem não se banha duas vezes no mesmo rio”. Na natureza tudo nasce, cresce e perece. E volta a nascer em eterno devir. Heráclito comparou o Logos ao fogo. A realidade é eterna e circular, não existindo um momento de criação. Essa perspectiva circular é radicalmente oposta da linear, estabelecida por Platão, pelo judaísmo e pelo cristianismo, em que a realidade tem início, criador e fim. Heráclito foi profundamente admirado por Nietzsche.

Esse momento da história da humanidade, ocorrido na Grécia entre os séculos VII  e V  a.C, foi chamado de passagem do mito ao logos. O logos corresponde a uma racionalidade que governa a natureza, uma harmonia íntima que parece organizar a physis e que foi percebida pelos primeiros filósofos. Assim, os pré-socráticos passaram a “dar ouvidos ao logos“, e não mais à tradição mitológica. Essa forma de pensar marcou a civilização ocidental.

Aqui devemos tomar cuidado com o sentido da palavra logos, ora referindo-se a uma razão universal que ordena a realidade, ora referindo-se à linguagem e pensamento racional dos homens. Então, o logos como linguagem seria nada mais que o homem conseguindo exprimir essa racionalidade da natureza. A razão, portanto, não é uma característica propriamente humana.

Heráclito foi enfático nesse ponto ao afirmar que “dando ouvidos não a mim, mas ao logos, é certo afirmar que tudo é um“.  Muitos séculos depois, Albert Einstein, um dos maiores cientistas da história, parece ter a mesma percepção de Heráclito ao afirmar que “sem a convicção de uma harmonia íntima do universo, não poderia haver ciência“.

O termo “pré-socrático” tornou-se pejorativo, pois seria uma filosofia inicial, ainda não amadurecida, que iria brilhar de fato apenas com Sócrates, Platão e Aristóteles. Mas Nietzsche e Heidegger irão chamar a atenção para o vigor do pensamento desses filósofos e combater essa visão negativa.

Heidegger os chamou de “originários” e Nietzsche chegou a afirmar que a verdadeira filosofia era feita somente pelos pré-socráticos, pois valorizava a vida, o mundo e a riqueza simbólica dos mitos, enquanto que a filosofia iniciada com Platão seria um erro, pois voltava-se para um suposto mundo espiritual, desconectando o homem da realidade da vida, tornando-o fraco e doente.

Esse é apenas um panorama do pensamento desses filósofos incríveis, e um aprofundamento em suas filosofias leva-nos a perceber e contemplar a delicada harmonia que ordena a realidade. Assim como ocorreu com os primeiros filósofos, talvez as palavras e a razão humana não sejam suficientes. Talvez, como eles, sejamos obrigados a dizer: “Tudo está cheio de deuses“.

Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

Referências Bibliográficas

  1. ROHDEN, Humberto. O Pensamento Filosófico da Antiguidade. São Paulo: Martin Claret, 2008
  2. REZENDE, Antônio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008
  3. SCHOPKE, Regina. Dicionário Filosófico.  São Paulo: Martins, 2010
  4. NIETZSCHE, Friedrich. Obras Incompletas, Coleção Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978

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