Qual o tamanho do prefixo ipv6 necessário para que aconteça a técnica de configuração slaac?

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Para que serve este artigo
O presente artigo tratar� da autoconfigura��o statelessvia router advertisement, ou seja, uma das t�cnicas que permite configurar os computadores automaticamente, sem que haja armazenamento das configura��es no roteador, no atual cen�rio do Protocolo Internet vers�o 6 (IPv6).

As informa��es contempladas neste artigo ampliam o conhecimento de redes IPv6, mostrando uma das maneiras de se configurar endere�os nos computadores. Deste modo, um administrador de redes poder� se atualizar e assim julgar qual � a melhor t�cnica para se alocar endere�os em diversas situa��es.

Com o iminente esgotamento do IPv4, a cada dia que passa, mais e mais o assunto IPv6 fica em evid�ncia. As pesquisas de medi��o mais recentes demonstram um crescente aumento no n�mero de dados trafegados neste protocolo. A conscientiza��o das empresas provedoras de servi�os na web,em conjunto com os provedores de acesso a internet, tem acelerado o processo de implanta��o. H�, portanto, uma grande demanda de profissionais, tais como administradores de rede, t�cnicos de TI e professores que possuam conhecimento na �rea. Assim, estar atualizado neste cen�rio do IPv6 significa ter um diferencial no mercado de trabalho.

Tendo isso em vista, este artigo se prop�e a explanar uma das funcionalidades essenciais do IPv6, a autoconfigura��o de m�quinas. Desta forma, a partir de uma �nica configura��o no roteador, todas as m�quinas que estiverem conectadas � rede configurar-se-�o a si mesmas. Evita-se, com isso, o problema de ter que digitar, repetidamente, todas as informa��es em cada uma das m�quinas.

O m�todo de autoconfigura��o de m�quinas que ser� descrito � o stateless, que significa aus�ncia de armazenamento de estado. Desse modo, nenhuma m�quina saber� das informa��es configuradas nas outras m�quinas, al�m da sua pr�pria configura��o. � diferente do DHCP, que mant�m as informa��es centralizadas em um servidor.

Por motivos did�ticos, o artigo foi dividido em duas partes: uma te�rica, que explicar� como a autoconfigura��o statelessvia router advertisementfunciona; e uma pr�tica, na qual o leitor poder� seguir o passo a passo para implementar a funcionalidade numa rede qualquer.

Revis�o sobre IPv6

Antes de entrar no assunto do artigo, alguns conceitos elementares sobre IPv6 precisam estar bem consolidadas na mente do leitor. Para isso, uma pequena revis�o foi escrita para ajudar. Caso j� tenha lido o artigo sobre DHCPv6 ou j� possua conhecimento b�sico sobre IPv6, a leitura da revis�o ser� desnecess�ria para a compreens�o geral do texto.

Endere�o IPv6

O endere�o IPv6 � composto por 128 bits, dispostos em oito campos separados pelo caractere dois pontos (�:�). Cada campo possui quatro d�gitos hexadecimais, que por sua vez s�o compostos por quatro bits (multiplicando oito campos com quatro hexadecimais e quatro bits, chega-se ao valor total de 128 bits). Um exemplo de endere�o IPv6 �:

2001:0DB8:0000:F0F0:CA00:0ADA:00E0:B100

Sobre os n�meros hexadecimais utilizados no endere�o IPv6, conv�m lembrar que estes podem variar entre 0 a 9 e de A a F (independente se for mai�scula ou min�scula).

Regras de abrevia��o

Tr�s regras de abrevia��o podem ser aplicadas para melhorar a legibilidade dos endere�os. A primeira exp�e que devem ser omitidos todos os casos de zeros � esquerda. A segunda fala que � poss�vel representar quatro zeros, pertencentes ao mesmo campo, com apenas um �nico zero. Por fim, a terceira permite substituir uma �nica sequ�ncia continua de zeros, relativos a um ou mais campos, por �::� (dois pontos, dois pontos). Para ilustrar melhor como estas regras operam, a seguir apresentamos um exemplo:

Sem regras: 2001:0DB8:0000:0000:C0CA:DA00:0000:D0CE

Com regras: 2001:DB8::C0CA:DA00:0:D0CE

Prefixo IPv6

Todo endere�o IP pode ser separado em duas partes: uma que identifica a rede e outra que identifica uma interface de uma m�quina na rede. O que delimita essa separa��o � o valor chamado prefixo. O prefixo � constitu�dopor um n�mero decimal que varia de 0 a 128 (tamanho m�ximo do endere�o). Esse n�mero representa uma simples contagem de bits, da esquerda para a direita, que comp�e a identifica��o da rede. O resto dos bits forma a identifica��o da interface de uma m�quina. A Figura 1 exp�e como o endere�o IPv6 � formado com um prefixo.

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Figura 1. Endere�o IPv6 com prefixo

Nesta figura, a rede � composta pelos 64 primeiros bits (2001:DB8:CAFE:C0AD:), enquanto que o resto identifica a m�quina (0123:4567:89AB:CDEF).

Classifica��o dos endere�os

Os endere�os IPv6 podem ser categorizados em tr�s tipos: unicast, anycast ou multicast. O endere�o unicast serve para designar uma �nica interface de uma m�quina. J� os endere�os anycast e multicast, por sua vez, s�o utilizados para identificar um grupo de interfaces. A diferen�a entre os dois � que se um pacote � enviado com o destino anycast, somente a m�quina mais pr�xima da origem receber� e responder� o pacote, enquanto que se o destino for multicast, todas as m�quinas do grupo receber�o e responder�o o pacote.

Autoconfigura��o Stateless de endere�os IPv6

Ap�s a compreens�o dos conceitos b�sicos sobre o endere�o IPv6, podemos iniciar a explica��o sobre a autoconfigura��o stateless de endere�os via router advertisement. Para tal, ser� detalhado o protocolo que transmitir� as informa��es e o procedimento que as m�quinas envolvidas realizar�o.

Pr�-condi��o

Como se sabe, os endere�os IPv6 possuem in�meros bits em sua composi��o. Este n�mero excessivo foi criado devido ao esgotamento de endere�os da vers�o anterior, que n�o conseguiu acompanhar o crescimento da internet. Agora, com o novo endere�o de 128 bits, � poss�vel n�o s� prover identifica��o para as m�quinas j� existentes, como tamb�m para mais de um undecilh�o de novas m�quinas distribu�das pelo mundo todo.

Todavia, novas recomenda��es do Internet Engineering Task Force (IETF) sugerem que sejam reservados 64 bits para identifica��o das interfaces de m�quina. Isto significa que sobrar�o outros 64 bits para serem usados na gera��o de identificadores de redes e sub-redes. A Figura 2 mostra como ficar� essa separa��o no endere�o IPv6.

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Figura 2. Recomenda��o de utiliza��o de 64 bits para o identificador de interface.

Refletindo sobre esta recomenda��o, percebe-se que uma rede, de um enlace qualquer, ter� a possibilidade de conter 2^64 dispositivos conectados. � um n�mero enorme para um enlace comum atualmente e, portanto, o leitor deve ter percebido que nem todos os endere�os disponibilizados ser�o utilizados. Haver�, portanto, um enorme desperd�cio de endere�os, mas isso n�o � um problema. � um novo paradigma que os administradores de redes ter�o que assimilar!

Tendo em vista a recomenda��o do IETF, novas aplica��es e funcionalidades surgiram utilizando este conceito de separa��o do endere�o IPv6 pela metade (64 bits para o identificador de rede e outros 64 para o identificador de interface). Uma delas � o assunto desse artigo, a autoconfigura��o statelessviarouter advertisement. Para que as m�quinas se configurem automaticamente, � preciso trabalhar com identificadores de interface com exatos 64 bits (nem mais, nem menos).

Identificador de interface

O identificador de interface, como j� foi dito, � uma das duas partes que comp�em o endere�o IPv6. Num determinado enlace, ele serve para diferenciar as interfaces das m�quinas com o mesmo prefixo. Ademais, o mesmo identificador pode ser reutilizado em mais de um endere�o na mesma interface. Todavia, os dois precisam obrigatoriamente estar em sub-redes diferentes (ou seja, prefixos distintos).

Normalmente com 64 bits, o identificador de interface pode ser gerado de diferentes maneiras: manual, rand�mica, tempor�ria ou algor�tmica. A autoconfigura��o stateless, na maioria dos sistemas operacionais, utiliza o algoritmo baseado no endere�o MAC (camada de enlace) EUI-64. Por causa disso, ele � essencial para a compreens�o da parte pr�tica mais adiante. Seu funcionamento est� detalhado a seguir:

1. Obt�m-se o endere�o MAC, padr�o IEEE 802, que � composto por 48 bits, como por exemplo, A9:BD:12:87:0C:EF;

2. Inverte-se o s�timo bit, da esquerda para a direita, desse endere�o (lembre-se que cada hexadecimal � formado por quatro bits). No exemplo A9:BD:12:87:0C:EF, o s�timo bit se localiza dentro do campo A9, que convertido em bin�rio � 10101001. Invertendo o bit em vermelho, o resultado fica 10101011, que em hexadecimal � representado por AB. Ent�o, ap�s o t�rmino desse passo, teremos AB:BD:12:87:0C:EF;

3. Adiciona-se os d�gitos hexadecimais FF:FE entre o terceiro (em verde) e o quarto byte (em azul) do resultado do passo anterior (AB:BD:12:87:0C:EF). Logo, o exemplo ficaria assim: AB:BD:12:FF:FE:87:0C:EF;

4. Por fim, transforme o resultado do passo antecedente usando o padr�o do endere�o IPv6, onde cada campo � composto por quatro hexadecimais. Para isso, � preciso concatenar os campos dois a dois do endere�o AB:BD:12:FF:FE:87:0C:EF (para melhorar a compreens�o, diferentes cores foram utilizadas para demonstrar os campos que devem ser concatenados) para formar o identificador de interface ABBD:12FF:FE87:0CEF.

A partir da�, ao adicionar o identificador gerado no �ltimo passo com um prefixo, cria-se um endere�o IPv6. Isto posto, se fosse acrescentado o prefixo 2001:DB8:B010:D0CE::\64, ter-se-ia o endere�o mostrado a seguir:

Prefixo: 2001:DB8:B010:D0CE::\64 + Identificador: ABBD:12FF:FE87:0CEF

Forma o endere�o IPv6: 2001:DB8:B010:D0CE:ABBD:12FF:FE87:0CEF

Protocolo ICMPv6 (Internet Control Message Protocol version 6)

O ICMPv6 � um dos novos protocolos que surgiram para trabalhar com o IPv6. Baseado na vers�o anterior, o ICMPv4, ele apresenta as mesmas funcionalidades antigas, por�m com algumas modifica��es adicionais. Isto �, al�m de informar caracter�sticas da rede, realizar diagn�sticos e relatar erros de processamento, ele tamb�m possui novas funcionalidades como o mapeamento de endere�os da camada 3 para a camada 2 (e vice-versa) e o gerenciamento de grupos multicast. No cen�rio do IPv4, estas funcionalidades pertenciam a protocolos distintos, como o ARP, RARP e o IGMP. No IPv6, eles n�o s�o mais necess�rios!

Este protocolo � essencial, ou melhor, vital para a comunica��o via IPv6. Sem ele, n�o existe troca de mensagens entre quaisquer dispositivos. Al�m de realizar fun��es b�sicas que possibilitar�o que pacotes encontrem seu pr�ximo destino no enlace, este protocolo tamb�m permite que outros protocolos escrevam sobre ele. Esse � o caso do Neighbor Discovery Protocol, que possui a mensagem Router Advertisement utilizada na autoconfigura��o stateless. A Figura 3 mostra o formato do cabe�alho ICMPv6.

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Figura 3. Cabe�alho ICMPv6.

Protocolo NDP (Neighbor Discovery Protocol)

O Neighbor Discovery Protocol � um protocolo desenvolvido para ser a base da arquitetura do IPv6. Ele � escrito sobre o protocolo ICMPv6, com o objetivo de transmitir informa��es a respeito da vizinhan�a, como configura��es da rede e das m�quinas. Seus dados atuam em n�vel de enlace e, portanto n�o podem ser repassados pelos roteadores.

Ele � composto por cinco tipos de mensagens: Neighbor Solicitation, Neighbor Advertisement, Redirect, Router Solicitation e Router Advertisement. Cada uma possui suas pr�prias particularidades e objetivos distintos, sendo assim utilizadas em diversas funcionalidades b�sicas. Nesse artigo, explicaremos somente as duas �ltimas, pois s� estas participam da autoconfigura��o stateless via router advertisement.

Router Solicitation

Essa mensagem serve para um dispositivo localizar os roteadores que estiverem presentes no enlace. Em outras palavras, ele solicita que os roteadores se apresentem ao receber esta mensagem. Os demais dispositivos ignorar�o o seu recebimento e continuar�o com seus pr�prios processamentos.

Ela � enviada quando a interface de um dispositivo for habilitada (no momento em que ele se conecta na rede). Ao chegar ao roteador, este enviar� uma resposta Router advertisement.

Router Advertisement

Essa mensagem serve para um roteador anunciar sua presen�a no enlace. Ou seja, ela informa aos dispositivos que roteador est� presente e operante. Logo, todos os dispositivos que receberem a mensagem Router Advertisement a interpretar�o e adicionar�o em seus caches as informa��es transmitidas.

Ela � enviada em tr�s ocasi�es. Uma � em resposta � mensagem router solicitation enviada por um dispositivo qualquer no enlace. A segunda � quando existe uma nova modifica��o na configura��o do roteador que precisa ser informada aos outros dispositivos no enlace. E a terceira, que � enviada de tempos em tempos, serve para atualizar o cache de todos os dispositivos do enlace, atuando como uma esp�cie de mensagem �keep alive� (aviso de que o roteador continua operante).

Em seus campos, ela carrega diversas informa��es de configura��o, como prefixo para gera��o de endere�os, MTU, DNS, entre outras. Ao se configurar o roteador, este replicar� todas essas informa��es, e as divulgar� para que todas as m�quinas conectadas se configurem.

Procedimento: detalhando a Autoconfigura��o Stateless

Ap�s a explica��o das duas mensagens, Router Solicitation e Router Advertisement, falta explicar como elas se juntam para realizar a autoconfigura��o de endere�os.

Para ingressar em uma rede, a m�quina precisa ter o m�nimo de conhecimento sobre ela. Para adquirir essas informa��es, a m�quina utiliza mensagens. Ela as envia como uma forma de pergunta para os roteadores, que armazenam os dados da rede, responderem com as informa��es desejadas.

Essa mensagem �pergunta� � a Router Solicitation, que procura os roteadores presentes e ativos no enlace. Ela � enviada com o destino multicast ALL Routers (identificado pelo endere�o IPv6 ff02::2), que atinge todos os roteadores. Estes, ent�o, interpretar�o e processar�o a mensagem, enquanto que todas as demais m�quinas simplesmente ignorar�o seu recebimento.

A mensagem Router Solicitation ocasiona a cria��o de uma mensagem de resposta, chamada Router Advertisement. Tal mensagem, gerada no roteador, � enviada com diversas informa��es sobre a rede para a m�quina se autoconfigurar e assim poder se comunicar. Dentre os dados transmitidos, um que merece destaque � o prefixo de rede. Ao ser mandado em conjunto com o flag AdvAutonomous setado na mensagem, faz com que a m�quina receptora elabore um endere�o IPv6 pr�prio (juntando o prefixo recebido com a identifica��o da interface da pr�pria m�quina). Nesse momento, dependendo do dispositivo, um algoritmo para formar o identificador de interface � utilizado, sendo o mais comum o baseado no MAC Address.

A mensagem Router Advertisement pode ser enviada para dois tipos de destino: o unicast da m�quina solicitante, ou para o grupo de m�quinas pertencentes ao multicast ALL Nodes (identificado pelo endere�o IPv6 ff02::1, que atinge todos os n�s do enlace). Isso depende da implementa��o de cada roteador, uma vez que ambas est�o corretas de acordo com a Request for Comment (RFC4861). Em roteadores comerciais, normalmente se encontra a segunda op��o, uma vez que essa mensagem tamb�m serve para informar que o roteador est� ativo e operante (ou seja, algo parecido com um Keep Alive) e assim evitar novas trocas de mensagens.

Exemplo pr�tico

Nesse t�pico eremos como configurar o roteador para trabalhar com a autoconfigura��o stateless via router advertisement. Como existem diversas aplica��es e roteadores no mercado, com diferentes sistemas operacionais, que podem realizar esta funcionalidade, para o exemplo a seguir demos prefer�ncia a uma op��o gratuita que permita implementar adequadamente o protocolo IPv6.

Radvd � uma aplica��o daemon open-source, gratuita, que implementa o envio de Router Advertisements. Ele funciona tanto em sistemas operacionais Linux como BSD. Sua instala��o e configura��o b�sica s�o bem simples, o que ajuda ainda mais no aprendizado. Uma de suas principais vantagens � a sua integra��o com a ferramenta Dibbler, exposta no artigo sobre DHCPv6. Ao se trabalhar com os dois em conjunto, � poss�vel fazer com que o DHCP distribua prefixos (ao inv�s de endere�os) para que sejam repassados via router advertisement. Esta � uma funcionalidade nova do IPv6 chamada prefix delegation, por�m esse � um enfoque para outro artigo.

Equipamentos

Para realizarmos o exemplo pr�tico, precisaremos de dois tipos de equipamentos: um computador e um roteador, ambos utilizando o sistema operacional Ubuntu na vers�o 11.10. O Radvd ser� instalado somente no roteador, na vers�o 1.7. Na Figura 4 est�o apresentados os diagramas esquem�ticos que representam cada equipamento que ser� utilizado nas experi�ncias.

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Figura 4. Equipamentos do exemplo pr�tica.

Instala��o do radvd

Antes de come�ar a instala��o � preciso verificar se a ferramenta j� est� instalada e qual � a respectiva vers�o. Para isso, no roteador, digite o seguinte comando no terminal:

$ radvd -v

No exemplo utilizaremos o Radvd na vers�o 1.7. Acredita-se que em outras vers�es da ferramenta (pouco antigas) a autoconfigura��o stateless tamb�m funcione corretamente.

Caso o Radvd n�o esteja instalado no sistema, basta digitar o seguinte comando no terminal:

$sudo apt-get install radvd

Na se��o Links � indicada a URL do site que possui o fonte do Radvd para download. Dessa maneira, se houver algum problema com o comando informado, � poss�vel se obter o c�digo fonte e instal�-lo.

Implementa��o

Neste exemplo, montaremos uma topologia simples composta por um roteador e um computador. Ambos precisam estar conectados por algum meio de comunica��o, podendo ser Wi-Fi, cabo ethernet ou outro qualquer. A Figura 5 mostra um desenho da rede que dever� ser criada.

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Figura 5. Cen�rio do exemplo da autoconfigura��o stateless.

Depois de criada a topologia da rede, � importante observar as configura��es de cada uma das m�quinas. Repare nas caracter�sticas das interfaces conectadas entre si. Desta forma, fica f�cil entender a troca de mensagens e saber quando o endere�o foi adicionado na interface do computador. Para isso, em cada uma das m�quinas, digite o seguinte comando:

$ ip addr show

Ap�s a execu��o desse comando, descubra qual interface est� conectada em cada m�quina e anote para utilizar nas configura��es subsequentes.

M�quina roteador

Nesta etapa, trabalharemos com a configura��o do Radvd no roteador. Em seguida, veremos a configura��o do computador. Portanto, em um terminal do roteador, edite o arquivo que se encontra no caminho /etc/radvd.conf (caso ele n�o exista, crie-o e remova a permiss�o dos outros, com o comando: $ sudo chmod o-w /etc/radvd.conf). Um editor f�cil de operar � o �nano�, mas existem outros, como o vi, vim, emacs, pico, etc. A escolha sobre qual ferramenta de edi��o utilizar deve ser feita de acordo com o conhecimento que o administrador de rede possui. Para abrir o arquivo de configura��o em modo de edi��o com o nano, digite o seguinte comando no terminal do roteador:

$ sudo nano /etc/radvd.conf

Feito isso, coloque as linhas da Listagem 1 dentro do arquivo.

Listagem 1. Arquivo de configura��o do Radvd no roteador.


  interface eth0
  {
       AdvSendAdvert on;
       prefix 2001:DB8:C0CA:C01A::/64
       {
                  AdvOnLink on;
                  AdvAutonomous on;
       };
  };

A seguir, explicaremos o motivo do uso de cada uma das linhas presente no arquivo de configura��o da Listagem 1:

interface eth0: determina o nome da interface na qual se definir� um escopo de configura��o. A partir deste escopo, o administrador de rede poder� tanto delimitar as fun��es que ser�o habilitadas na interface como tamb�m escolher os tipos de dados que ser�o transmitidos. No nosso caso, trabalharemos com a eth0, mas o leitor dever� colocar a interface previamente anotada (usando o comando ip addr show);

AdvSendAdvert on;: habilita um flag para indicar que o roteador dever� enviar mensagens router advertisements atrav�s da interface definida, independentemente se o motivo for o envio peri�dico ou em resposta � mensagem router solicitation;

prefix 2001:db8:1::/64: determina um escopo para o prefixo de rede que ser� divulgado nas mensagens router advertisement. Escolha o prefixo do endere�o da sua interface no roteador. Dessa forma, o computador, ao se configurar, poder� se comunicar com o roteador utilizando o endere�o gerado. N�o se esque�a de utilizar um prefixo do tamanho de 64 bits, que � o necess�rio para a autoconfigura��o funcionar;

AdvOnLink on;: habilita um flag que indica se o prefixo divulgado pertence ao enlace. � a partir dessa configura��o que a m�quina saber� para onde enviar os dados de determinado destino, se � diretamente para a m�quina que est� presente no enlace ou para um roteador.
Como queremos que a funcionalidade de autoconfigura��o de endere�o IPv6 no enlace ocorra, conv�m setar esse flag para que, dessa maneira, todos os computadores conectadas saibam que o prefixo enviado est� sendo utilizado em endere�os no enlace;

AdvAutonomous on;: habilita um flag que indica que as m�quinas receptoras da mensagem devem realizar a autoconfigura��o de endere�os utilizando o prefixo enviado.

Outras linhas de configura��o podem ser adicionadas para transmitir mais informa��es sobre a rede, como por exemplo: AdvLinkMTU 1280;, que serve para informar as m�quinas sobre o tamanho m�ximo de MTU (1280) dos pacotes que podem trafegar no enlace; e RDNSS 2001:DB8:1:1::1 {};, que informa o endere�o da m�quina de DNS (nesse caso foi utilizado um endere�o fict�cio). Para adicionar novos comandos, veja na se��o Links o manual do Radvd.

Depois de gerado o arquivo de configura��o, podemos iniciar o Radvd no roteador. Para isso, digite o seguinte comando no terminal:

$ sudo radvd -C /etc/radvd.conf

M�quina cliente

Finalizada a inicializa��o do Radvd do roteador, podemos observar a interface da m�quina conectada para ver o novo endere�o configurado. Portanto, digite o seguinte comando na m�quina do cliente e repare no endere�o IPv6 que possui o mesmo prefixo enviado pelo Router Advertisement (2001:DB8:C0CA:C01A::/64, configurado no Radvd anteriormente):

$ ip addr show

Caso nenhum endere�o apare�a, conv�m analisar se o computador est� configurado para aceitar o an�ncio de router advertisements. No Linux, a regra � que esta configura��o venha �setada�, mas vale a pena conferir! Para isso, digite o comando a seguir e observe se aparece o valor 1 na tela:

$ sudo nano /proc/sys/net/ipv6/conf/eth0/accept_ra

Vale ressaltar que eth0 corresponde � interface conectada no enlace. Caso a interface seja outra, esta deve ser trocada nesse comando.

Se aparecer o valor 0, edite para o valor 1 e salve. Repita o mesmo processo para o arquivo /proc/sys/net/ipv6/conf/eth0/accept_dad, que determina se a m�quina deve ou n�o realizar a funcionalidade de detec��o de endere�os duplicados. Antes de um endere�o IPv6 ser adicionado a uma interface de uma m�quina, esta precisa ter certeza que o endere�o � �nico no enlace. Sendo assim, a m�quina precisa executar essa funcionalidade.

Por fim, reinicie as configura��es da interface da m�quina com o comando:

$ sudo service networking restart

Resultado

Para entender melhor a troca de mensagens e observar as informa��es que est�o sendo transmitidas, pode ser utilizado o programa Wireshark. Dessa maneira, o administrador de rede conseguir� observar os erros nas mensagens trafegadas e propor solu��es. No sistema operacional que estamos trabalhando no exemplo, o Ubuntu, a instala��o do Wireshark � bem simples, basta digitar no terminal:

$ sudo apt-get install wireshark

Feito isso, aproveite o programa para iniciar a captura dos pacotes que est�o passando pela interface de rede da m�quina. Assim, poder� observ�-los e estud�-los para compreender melhor a funcionalidade autoconfigura��o stateless de endere�os.

Como conseguir um endere�o IPv6?

Caso o leitor n�o possua endere�o IPv6 do seu provedor para reproduzir o exemplo pr�tico, � poss�vel conseguir atrav�s de um tunnel broker. Existem algumas op��es desse servi�o na internet, contudo citaremos duas que s�o gratuitas e que possuem boa reputa��o. A primeira delas � a Hurricane Eletric, uma empresa que possui o maior backbone IPv6 do mundo, medido em quantidades de redes conectadas. A outra � a SixXs, que oferece servi�os de forma colaborativa para v�rias organiza��es e possui o enfoque de prover uma boa conectividade IPv6. Ambas fornecem blocos de endere�os mediante um simples cadastro; basta preencher os formul�rios nos endere�os expostos na se��o Links.

Ao receber o bloco IPv6 � preciso garantir que o prefixo possua exatamente 64 bits. Para isso, o leitor pode utilizar um divisor de sub-redes, como o demo do NIC.br ou o aplicativo Android chamado Subnet6 do SimpleBit. Os dois utilizam algoritmos padronizados pela RFC 3531 para a divis�o de redes e suas URLs tamb�m se encontram na se��o Links. Dessa forma, n�o haver� dificuldades em se trabalhar com o novo protocolo.

Conclus�o

Com a crescente migra��o para o IPv6, os profissionais ligados � �rea de redes devem estar sempre atualizados para trabalhar com as funcionalidades do novo protocolo. Neste cen�rio, o presente artigo trouxe uma das configura��es poss�veis que facilitar�o o processo de sua implanta��o. Al�m dos conceitos b�sicos de IPv6, que j� foram abordados em outro artigo, foi apresentada a t�cnica de autoconfigura��o stateless via router advertisement.

Enfim, espera-se que todos os ensinamentos transmitidos neste artigo ajudem o leitor a implementar IPv6 na sua rede. Quanto maior o n�mero de computadores operando com o novo protocolo, melhor ser� o futuro da internet.

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Qual o tamanho do prefixo ipv6 necessário para que aconteça a técnica de configuração slaac?

Por Eduardo Em 2013

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O que é Slaac IPv6?

Endereços unicast IPv6. Configuração automática do endereço de vida curta (SLAAC) é um método que permite que um dispositivo obtenha o prefixo, tamanho do prefixo, e informações do endereço do gateway padrão de um roteador IPv6 sem o uso de um servidores DHCPv6.

Qual protocolo Suporta a configuração automática Stateless Slaac?

Configuração de host IPv6 Para usar a configuração automática de endereço sem estado (SLAAC) ou DHCPv6, você deve revisar os endereços unicast globais (GUAs) e os endereços locais de link (LLAs).

Quais são as duas características do método Slaac para configuração de endereço IPv6 escolha dois?

O processo de autoconfiguração dos endereços em redes baseadas no IPv6 consiste basicamente em duas etapas: (i) configuração do prefixo e (ii) configuração do sufixo de host.

Quantas redes 64 distintas se pode obter com o prefixo 48?

Cada sub-rede /48 pode ter 65536 sub-redes /64.